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Prof. ‪Marcelo Bicalho V.

de Araújo
Lote econômico de compra
Estoque de segurança
Just in time
Gargalo e OPT (Teoria das Restrições)
Retorno sobre investimento em estoque
Retorno sobre o ciclo financeiro
Determinando a política de estoque pelos
demonstrativos contábeis.
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 Em muitos setores é um dos mais relevantes na gestão do
capital de giro
 Capacidade de interromper o ciclo operacional se calculado
inadequadamente
 Falta de estoque significa perder oportunidade de venda e/ou
utilização plena de capacidade instalada (desperdício de
investimento)
 Excesso de estoque também é desperdício de investimento

Situação ideal: estocar o mínimo possível sem risco de interromper o


fluxo contínuo das operações da empresa
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Também podem influenciar no nível dos estoques:
 Aproveitamento de preços com descontos de fornecedores para
quantidades elevadas de compra (custo da estocagem x
desconto)
 Vantagens de aquisições antes de aumentos de preço já
conhecidos

Quando e Quanto comprar?

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Suposições do Modelo LEC de gestão de estoque:
 Demanda constante, regular e previsível do seu produto ao
longo do período (estimável).
 Novos pedidos de estoque prontamente estregues, sem risco.
 Inexistência de desconto (falta de incentivo financeiro para
adquirir maiores quantidades).
 Moeda com poder de compra mais constante.
 Dois tipos de custo: a) custo de estocagem (gastos em manter o
estoque); b) custo de realizar o pedido (processo de fazer um
pedido)
 Independência entre produtos (estoque de diferentes produtos)
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Quantidade

Volume constante de uso do estoque. Ao atingir zero, é


feito (e recebido) novo estoque no nível de referência Q*

Q*

Tempo

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Lote estratégico, onde é necessário:
 Calcular a quantidade inicial (igual aos subsequentes pedidos).

 Calcular quantos pedidos serão realizados ao longo do período.


 Atingir o objetivo de otimizar (minimizar) o custo total (inclui
custo de estocagem e custo do pedido)

Quantidade por pedido que minimiza os custos da empresa com


estocagem (Q*), considerando a demanda constante.

Volume de unidades a serem adquiridas a cada pedido para atingir um


custo mínimo, considerando a demanda constante.

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Variáveis do Modelo: (2 . V .Cp)
O que acontece: Q* = [ _____________ ] 1/2
a) Com aumento em custo de Ce
estocagem?
b) Com aumento de volume de Q* = Quantidade de cada pedido ao fornecedor
vendas? V = Volume de vendas do período
c) Com aumento de custo por Cp = Custo de cada pedido
pedido? Ce = Custo de estocagem de cada unidade

Estoque Médio = Q/2

CT = Cp . (V/Q*) + Ce . (Q*/2)

CT = custo total (pedido + estocagem)


V/Q* = número de pedidos

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 Vendas: 250 unidades ao mês
 Custo de cada pedido $ 2,50
 Custo de estocagem por produto ($ o,2)

Calcule Q*, a quantidade inicial (e subsequentes dos pedidos) que minimiza


os custos totais com a gestão de estoque.
Qual o estoque Médio?
Qual o número de pedidos para o período de um ano?
Qual o intervalo entre um pedido e outro?
Qual o estoque do ponto de recompra se o pedido demorar 5 dias para ser
recebido (lembre que o consumo é constante)
Qual o custo total para pedidos de 30 unidades? e 150 unidades?

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Considerações:
 Os pedidos do lote econômico pode servir de referência, porém
em cada pedido a quantidade Q* pode ser considerada no ponto
de recompra caso o saldo realizado não tenha seguido a
constância estimada
 Avalie essa situação no exemplo anterior (ajuste do pedido para
alcançar Q* programado.
 O custo de estocagem pode ser estimado por % do preço do
estoque
 A quantidade também pode ser um intervalor em torno do Q*
calculado.

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Uma empresa decide estabelecer o LEC para um item.
A demanda anual é de 100.000 unidades, cada uma
custando $8. O custo do pedido é de $ 32 por pedido e
o custo de manutenção de estoques é de 20% aa.
Calcule:
a) Q* (LEC)
b) O número de pedidos no ano;
c) O custo do pedido, o de manutenção e o custo total
para este item.

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 O LEC parte do pressuposto do conhecimento da demanda
(determinístico)
 Porém, nem sempre existe absoluta previsibilidade
 O estoque de segurança tenta reduzir o risco de falta de estoque
em virtude de imprevisibilidades
 Qual o nível de segurança?
 Se existe um fluxo contínuo, com alguma instabilidade e
variações, pode-se avaliar a probabilidade de falta do produto.

Maiores variabilidades (variância), maior o estoque de segurança.

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 Com isso, produtos com maiores instabilidades tendem a gerar
maiores custos para um pré-determinado nível de segurança.
 Risco (não atender a produção ou cliente) vs. Retorno
 O custo da falta do produto deve ser comparado com os níveis
de investimento em estoque
 Necessário: demanda média e variância (estimativa com base no
histórico)
 Pressuposto: Distribuição Normal.
 Objetivo: Probabilidade de existir estoque sempre que for
demandado

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ES = z . Dp

ES = Estoque de Segurança
z = número de desvios padrões que representam o nível de segurança desejado
Dp = Desvio padrão da demanda diária

 O z padrão (valor de z na Tabela de Distribuição normal para o


intervalo de confiança) – Consultar Tabela

Exemplo: Calcular o estoque de segurança para uma empresa com


consumo diário médio de 500 unidades, desvio padrão histórico de 25
unidades diárias, para um intervalo de confiança de 95%? E 99%?

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 O LEC procura respostas de quando e quanto comprar na gestão
de estoques para minimizar custos (parâmetro de decisão)
 O Just in time, filosofia criada no Japão, tem duas bases: a)
eliminar estoques e b) produção em virtude de demanda.
 Aproveitamento de capacidade instalada e diluição de custos
fixos não devem ser orientadores de volume de produção e
estoques de acordo com essa filosofia.
 O processo deve ser iniciado com a demanda do cliente e menor
preocupação com o fluxo contínuo per si
 A partir disso, o processo deve ser aprimorado para se adaptar à
demanda dos clientes.

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Eliminação de:
 Defeitos
 Estoques
 Tempo que não agrega valor
 Movimentação de estoque
 Complexidades de produção (desenho produtivo).
Melhora contínua de eficiência para reduzir custos
(crítica contínua)
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 Nada deve ser produzido, transportado ou comprado antes
da hora exata.
 O produto ou matéria prima chega ao local de utilização
somente no momento exato em que for necessário.
 Produção por demanda
 Matérias primas com nível mínimo e suficiente para poucas
horas de produção.
 Poucos fornecedores capacitados e conectados (entregas de
pequenos lotes na frequência desejada).

Porém - Vulnerabilidade do fornecimento


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 O just in time tem os pedidos dependentes da demanda
externa, enquanto o LEC tem seus pedidos para reduzir custo
(estocagem e de solicitação)
 O just in time requer: relacionamento com fornecedores,
demanda previsível, menor diversidade de produtos e a
demanda ter tempo para ser atendida.
Solução na prática
Aprimoramento do processo, com redução de estoques,
com menos movimentação na linha de produção e
melhor planejamento de demanda, mas sem total
eliminação dos estoques
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 Planejamento de produção e sistema de controle de estoque
com objetivo de mapear “gargalos” (constraints).
 A capacidade total não pode ser utilizada todo o tempo, sendo
que o mais importante é manter o fluxo contínuo com
redução de estoques e custos.
 Todo fluxo possui etapas: a plena utilização da capacidade de
cada etapa não é, na maioria dos casos, a melhor utilização da
capacidade do fluxo total.

 Teoria de base: Teoria das Restrições

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 A otimização das partes não otimiza o todo.

 Restrição: Limitação para que a meta da empresa seja


alcançada. Pode ser de recurso, mercado ou de política.

▪ Gargalo: tipo de restrição de recurso, limitação por


insuficiência de capacidade produtiva.
Processo Geral de tomada de decisão (5 etapas):
(Guerreiro, 2006; Jones e Dugdale, 1998; Rahman, 1998; Kendall, 1998; Dettmer, 1998)

 1 - Identificar as restrições do sistema

 2 - Decidir como explorar as restrições do sistema

 3 - Subordinar qualquer outro evento à decisão


anterior

 4 - Elevar as restrições do sistema

 5 - Voltar ao passo 1 (quebra da inércia)


 Etapa 1 – Identificar as restrições do sistema

Todo o sistema deve ter pelo menos uma restrição

 Capacidade produtiva (horas do trabalhador, horas máquina,


horas disponíveis de operação)

 Demanda do mercado (limite de aceitação pelo mercado)

▪ Se o limite de aceitação de um produto no mercado for 100


pecas, existe algum gargalo na operação? Se negativo, a
restrição é o mercado
 Empresa ABC (fábrica de fio de algodão)
Preco Custo Hora Máquina
Produto Unitario Unitario Dep Y Demanda
A $ 10 $5 2 hm/u 400 u/mês

B $ 15 $ 7,5 5 hm/u 200 u/mês


C $ 20 $ 12 4 hm/u 300 u/mês

 Capacidade instalada Dep Y: 1.800 horas-máquina (o gargalo)


 Dep X e Dep Z (Cada unidade requer 1 hm e cada departamento
possui 3.000 horas de capacidade)
 Despesas fixas comuns $ 4.000 mês
Qual o lucro ótimo mensal?
 Se a restrição for o mercado: Demanda
Produto Quantidade Ganho Ganho total
A 400 5 2.000
B 200 7,5 1.500
C 300 8 2.400
Total 5.900
Despesas Fixas (4.000)
Lucro 1.900

O lucro máximo será de 1.900 por mês?


 1 – Porém, existe alguma outra restrição no
sistema (mais restritiva que o mercado)?
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 Restrição da Empresa
Capacidade Instalada (1.800 horas-máquina Dep Y)
Horas Total de
Produto Máquina Demanda Horas
A 2 hm/u 400 u/mês 800
B 5 hm/u 200 u/mês 1.000
C 4 hm/u 300 u/mês 1.200

Com base na demanda, total de horas necessária = 3.000 horas-


máquina do Dep Y. Existe um gargalo na produção

Conclusão Escolhas
 Etapa 2 – Como explorar as restrições do sistema
Máximo aproveitamento das restrições identificadas
 Melhor resultado possível com a existência do gargalo

 Se fosse mercado -> elevar a aceitação: serviços, satisfação,


pontualidade, etc
 Identificado o gargalo da operação, qual produto deve ser
priorizado? Como avaliar?
▪ Margem de contribuição de cada produto? (Global)
▪ Margem de contribuição de cada hora do recurso restrito?
Resposta: A restrição governa o ganho da empresa
 O que Escolher?
 Produto com maior margem de contribuição?
Margem Contribuição:
A = $5 (400),
B = $7,5 (200)
C = $8 (300) Priorizar C > B > A? Lucro = ? (Calcule)

OU

 Explorar a restrição do sistema


Ganhar o máximo por hora-máquina
A questão correta é: Qual o produto com maior margem por
unidade do fator limitante?
 Margem Contribuição por fator limitante: A = $2,5 (400), B =
$1,5 (200) e C = $2 (300)

O fator limitante são as horas máquina do Dep Y

Ganho
Produto Unitario Hora / unidade Ganho / hm

A $5 2 hm $ 2,5

B $ 7,5 5 hm $ 1,5

C $8 4 hm $2

 Priorizar A > C > B Lucro = ?


 A) Qual o novo lucro priorizando a margem de contribuição
por fator limitante do Dep Y?

 B) Existe possibilidade de se utilizar toda a capacidade


instalada do Dep X dentro do sistema?

 C) Se for feito, quais os tipos de consequência considerando


os fatores limitantes do Dep Y e da demanda de mercado?

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 Etapa 3 – Subordinar os outros eventos à decisão anterior
 Medida exata daquela que otimiza a exploração da restrição
 Utilizar mais do que aquela medida terá como resultado um
aumento desnecessário de estoques -> custos
 O potencial é definido pelo gargalo
 Achados os valores de produção que otimizam o uso do gargalo -
> o mesmo deve ser seguido para os outros recursos não
restritivos
 Essa é a maior eficiência para o sistema global, foco no ganho e
não na eficiência isolada de cada recurso
 Etapa 4 – Elevar as restrições do sistema
Ataque às restrições
 Restrição de mercado: localizar novos segmentos
 Restrição produtiva: Contratar novo operador, nova máquina,
tecnologia para o gargalo, etc

Lógico
 O acréscimo de lucro com o ataque da restrição deve ser
avaliado em virtude do investimento necessário (Analise de
viabilidade do investimento - pay back, VPL, TIR)
 Etapa5 - DEP Y deixará de ser o gargalo? Então existe outra
restrição? -> Etapa 1 (melhoria continua)

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 Sempre existem recursos (etapas) “gargalo” e “não-gargalo”,
se não for interno, sempre há o mercado como fator
restritivo.
 O recurso (etapa) gargalo deve ser o maior foco de atenção
 Os recursos que não são restrição devem seguir o ritmo da
restrição (“determinar o ritmo de toda a tropa“).

Indicação de filme : A META


 http://www.dailymotion.com/video/xyejn9_filme-a-meta_shortfilms

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 Em suma, a decisão de nível de estoque é uma decisão de
investimento, de acordo com o nível de risco e otimização
desejada para manutenção do fluxo
 A ideia é que quanto maior a disponibilidade sem
necessariamente aumento do “inventário”, melhor o retorno
sobre o investimento em estoque.
 Como reduzir ao mínimo esse investimento para um dado nível
de disponibilidade? R: Just in time e OPT.
 Com saber então o resultado do investimento em estoque?
 Quais fatores interferem nessa rentabilidade? R: Principalmente
Prazo/Giro do Estoque e a Margem entre compra e venda
conjuntamente.
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 Em suma, o Retorno sobre o investimento em estoque (RSIE)
deve relacionar margem e giro do estoque

Margem x Giro Est.


RSIE = _________________________
1 - Margem

 Quanto maior a margem?


 Quanto maior o giro?
 Um maior giro pode proporcionar redução de preço de venda?
 Menor preço de venda e menor margem podem aumentar giro?
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 Considere uma empresa que vende sapatos, em seu estoque
tem um giro de 12 no ano. O valor de custo médio de seus
sapatos são de $50,00, com valor de venda médio de $70,00.
 O proprietário perguntou para o gerente se uma redução de
preço elevariam as vendas em quanto. O gerente relatou que
poderiam vender aproximadamente 60% a mais, mantendo um
nível de estoque 20% maior e reduzindo o preço médio de venda
em $5,00.
 Porém, o gerente iria verificar com o assistente financeiro da
rede se o retorno sobre o investimento em estoque compensa?
 O assistente financeiro é você.

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 O ideal sempre é aumentar retorno sobre investimento em
estoque, seja pela redução do nível de estoque (eficiência na
gestão de estoque) ou por maior giro.
 Aumentando o retorno sobre cada unidade investida em
estoque é ótimo indicador de comportamento e desempenho da
gestão de estoque.
 Produto com maior margem não são necessariamente os que
trazem maior retorno sobre o investimento em estoque, pois
pode ter baixo giro.

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 O RSIE estudado anteriormente, incluindo o exemplo, considera
que a venda do produto é realizada à vista.
 Porém, e se o produto for vendido a prazo? O valor investido em
estoque passaria para um investimento em qual capital de giro?
 Essa analise de retorno poderia ser adaptada para sempre
considerar o período desde a “aplicação do recurso” até o
“recebimento do recurso”?
 Qual a denominação desse período?
Margem x Giro Financeiro
RSCF = _________________________
1 - Margem

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 Se giro do estoque é igual a 1 dividido por PME, então giro
financeiro é 1 dividido por “prazo médio financeiro” ou, melhor,
1 dividido por ciclo financeiro.

 Exemplo:
Refaça o exemplo utilizado para RSIE considerando que para garantir
o aumento de 60% nas vendas, deverá ser alterada a forma de
pagamento para 50% a vista e 0 restante em 30 dias. (O ciclo
financeiro passará de 30 para 45 dias)

Com os novos dados de venda a prazo solicitado pelo gerente, refaça


a analise de viabilidade para aumento de retorno sobre investimento
na ótica do RSCF
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 Como buscar informações da política, estratégia e gestão de
estoque da empresa por meio de seus demonstrativos
contábeis?
 Informações importantes e básicas: Estoque, CMV e Vendas
 Informações calculadas: PME e giro do estoque
 Etapa seguinte: calcular RSIE, pois a margem pode ser estimada
a partir de Vendas e CMV e o giro já foi estimado acima
 Lembrando a fórmula do lote econômico de compras:
(2 . V .Cp)
Q* = [ _____________ ] 1/2
Ce Estoque Médio = Q/2
Q* = Quantidade de cada pedido ao fornecedor
V = Volume de vendas do período
Cp = Custo de cada pedido
Ce = Custo de estocagem de cada unidade
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(2 . V .Cp)
 Logo,
Estoque Médio = 2 x [ _____________ ] 1/2
Ce

 Do demonstrativo temos a informação de Volumes de Venda do


período, mas não de Cp e Ce
 Porém, pode ser isolada a relação (Cp/Ce) para avaliar se o nível de
estoque está ficando “mais ou menos ótimo”.
Cp
Estoque Médio / 2 x [2 x V] ½ = _______
Ce

 Limitações: parte-se do pressuposto que quanto menor relação


(Cp/Ce) menor probabilidade de excesso e períodos de maior razão -
maior excesso. Análise apenas relativa
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Informações sobre a empresa Delta (externas):
De acordo com a aplicação dos conceitos de Lote econômico de
compra, a empresa Delta está com nível de estoque mais ou menos
“ótimo” de X0 para X1?
Valores em 31.12 X0 X1

Estoques 1.000 1.100


Vendas 30.000 29.200
CMV 27.500 26.400
PME X0 (?) Margem X0 (?)
PME X1 (?) Margem X1 (?)
Giro X0 (?) RSIE X0 (?)
Giro X1 (?) RSIE X1 (?)

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