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b) E casaram mesmo!
3O que significa que estes deveres e direitos não existem – ou não são legalmente
tutelados e consagrados – nas uniões de facto…
ou seja, de assumir publicamente um comportamento que não ofenda
o bom nome do cônjuge ou até da sua família.
a) A comunhão de adquiridos.
O regime da comunhão de adquiridos é o regime patrimonial de bens
que vigora supletivamente no direito português, ou seja, que se aplica
na falta de convenção antenupcial ou nos casos de caducidade ou
invalidade desta (artigo 1717.º).
No regime da comunhão de adquiridos existem bens próprios de um e
de outro cônjuge, e bens comuns, e estes bens comuns são,
imperativamente, metade para cada um (artigo 1730.º).
Próprios são:
• Todos os bens levados pelos cônjuges para o casamento (artigo
1722.º n.º 1, alínea a));
• Os bens que advierem ao cônjuges a título de sucessão ou
doação (artigo 1722.º n.º 1, alínea b)), excepto se for
estabelecida uma cláusula de comunicabilidade (artigo 1729.º);
• Os bens adquiridos na constância do matrimónio por direito
próprio anterior (artigo 1722.º n.º 1, alínea c))6;
• Os bens sub-rogados no lugar de bens próprios (artigo 1723.º)7;
6 São bens que só são adquiridos na constância do matrimónio mas o direito a eles é
prévio a celebração do casamento. É o caso típico das indemnizações: A sofre um
acidente e tem direito a uma indemnização. Mas antes de a mesma ser paga ou até
fixada casa. A indemnização é paga na constância do matrimónio, mas o direito a ela
é anterior.
• Bens adquiridos com dinheiro ou bens próprios e comuns se
aquela parte for mais elevada (artigo 1726.º)8;
• Os bens indivisos adquiridos em parte por um dos cônjuges que
deles já tinha outra parte (artigo 1727.º)9;
• Os bens adquiridos em virtude da titularidade de bens próprios
que não sejam frutos destes (artigo 1728.º)10;
• E outros bens que sejam considerados próprios por natureza, por
disposição da lei ou por vontade dos nubentes11.
7O próprio artigo 1723.º dá-nos exemplos nas suas diversas alíneas: troca ou permuta
de bens, preço e bens alienados ou bens comprados com dinheiro próprio. Quanto a
estes últimos, exige-se que a proveniência do dinheiro ou dos valores seja mencionada
por ambos os cônjuges no acto de aquisição, por forma a acautelar os interesses de
terceiros. Todavia, se não estiver em causa o interesse de terceiros, a proveniência dos
bens ou valores deve poder ser provada por qualquer meio (registos bancários, por
exemplo).
9 Tal como no caso anterior, se para a aquisição da parte do direito houver recurso o
património comum, em caso de partilha o bem será tido como próprio mas haverá
lugar a uma compensação a pagar ao património comum.
10 Os frutos são sempre bens comuns.
14O que significa que o credor que tenha interesse em se garantir pelo património
comum do casal terá que provar esse interesse comum, a comunicabilidade da dívida.
entendido que é necessário analisar se o facto subjacente à dívida
beneficia ambos os cônjuges, atendendo-se ao fim visado pelo cônjuge
que a contraiu e não ao resultado obtido15.
Pelas dívidas comuns do casal e pelas dívidas comunicáveis responde o
património comum do casal e, na falta ou insuficiência destes,
solidariamente os bens próprios de cada um dos cônjuges (artigo 1695.º)
– qualquer um dos cônjuges responde com os seus bens próprios pela
totalidade da dívida. Ora, caso tal situação se verifique, a Lei
estabeleceu um Direito de Compensação (artigo 1697.º), que equivale
ao Direito de Regresso no Direito das Obrigações.
Se o regime matrimonial for o da separação de bens, os bens que
respondem pelo cumprimento das dívidas são sempre bens próprios dos
cônjuges, dado que não existem bens comuns. Todavia, a
responsabilidade não é solidária: os bens próprios de cada um dos
cônjuges respondem por metade das dívidas (artigo 1695.º n.º 2).
15 A dívida contraída no jogo, por exemplo, será sempre uma dívida incomunicável,
ainda que por força dessa dívida o cônjuge consiga um jackpot e um elevado prémio
que vai beneficiar a família.
16 Cfr. Artigos 1692.º a), b), c) e 1693.º n.º 1.
II. A união de facto.
19Dos vários benefícios ou direitos reconhecidos n Lei, o único que, até à data, não
exige comprovação documental é o previsto na alínea d) do artigo 3.º da Lei n.º
7/2001, de 11 de Maio, ou seja, o benefício fiscal.
cônjuges há 2 ou mais anos20. Mas além deste documento, a lei exige,
ainda, uma declaração emitida sob compromisso de honra de ambos
os membros da união de facto de que vivem em união de facto há
mais de dois anos.
Em caso de morte de um dos membros da união, a declaração da
Junta atesta que o interessado residia há mais de dois anos com o
falecido e deve ser acompanhada dessa mesma declaração emitida
pelo interessado sob compromisso de honra (artigo 3.º n.º 4).
Diz-nos o n.º 5 do artigo 3.º que “as falsas declarações são punidas nos
termos da Lei penal”, não fazendo qualquer referência à eventual
restituição de quaisquer benefícios indevidamente recebidos.
Para além destes direitos elencados no artigo 3.º da Lei n.º 7/2001,
sabemos que o membro sobrevivo de uma união de facto tem direito a
exigir alimentos da herança do falecido (artigo 2020.º do Código Civil)
na medida em que deles necessitar.