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I. O Casamento.

A título de nota prévia ou de introdução e em termos muito genéricos


dir-se-á que a Lei portuguesa admite simultaneamente como válidos
dois tipos de casamento: o casamento civil e o casamento católico
(artigo 1587.º do Código Civil). De entre os vários sistemas possíveis, o
legislador português consagrou o sistema de casamento civil facultativo,
ou seja, os nubentes podem livremente escolher entre o casamento civil
e o casamento católico, regendo-se o casamento católico pela Lei Civil
excepto no que à sua nulidade diz respeito1.
Assim, duas pessoas que escolham casar pela lei civil, sempre mais tarde
poderão casar pela lei católica (submetendo o casamento também ao
Direito Canónico). Já se optarem pelo casamento católico, e porque
este tem automaticamente efeitos civis, não poderão posteriormente
casar pela lei civil (cfr. artigo 1589.º do Código Civil).

A Lei prevê, também, a possibilidade de se efectuar uma promessa de


casamento, uma promessa solene, um verdadeiro contrato através do
qual duas pessoas se comprometem a contrair matrimónio uma com a
outra (1591.º). Este contrato promessa não está – nem pode estar, já
que se trata de um acto pessoal – sujeito a execução específica, mas
pode gerar a obrigação de indemnizar (artigo 1594.º) e obrigar a
restituições (artigo 1592.º e 1593.º).

a) O João e a Maria resolveram casar…

O casamento é um contrato celebrado obrigatoriamente entre duas


pessoas (nem mais, nem menos) cuja finalidade é “...constituir família

1O artigo 1625.º do Código Civil refere-se à nulidade e à “dispensa do casamento rato


e não consumado”, que apenas podem ser declaradas pelos tribunais eclesiásticos e
são reguladas exclusivamente pelo Direito Canónico. A “dispensa de casamento rato
ou não consumado” equivale à inexistência civil e decorre do facto de o casamento
nunca ter sido consumado.
mediante uma plena comunhão de vida,…” tutelada pela Lei (artigo
1577.º do Código Civil).
Como qualquer contrato, o casamento está sujeito a determinados
pressupostos, determinadas limitações e exigências que se prendem
quer com as características dos nubentes, quer com o processo formal
de casamento. São os chamados “impedimentos matrimoniais”.
Assim, “a celebração do casamento é precedida de um processo,
regulado na lei do registo civil e destinado à verificação da inexistência
de impedimentos” (artigo 1610.º). Este processo tem como finalidade a
verificação da capacidade nupcial dos nubentes e encontra-se
regulado nos artigos 1610.º e seguintes do Código Civil e 134.º e
seguintes do Código do Registo Civil.
Ora, “impedimentos matrimoniais” são factos que obstam juridicamente
à celebração do casamento. Se o obstáculo é tal que o casamento
celebrado apesar dele é anulável, o impedimento diz-se dirimente,
absoluto ou relativo.
O impedimento diz-se impediente se dele apenas podem resultar
sanções de ordem penal, civil ou disciplinar para os cônjuges ou para o
funcionário celebrante, sendo o casamento válido.
A lei estabelece como impedimentos dirimentes absolutos
(impedimentos que obstam ao casamento do impedido com qualquer
pessoa) a idade inferior a 16 anos, a demência notória (ainda que
durante intervalos de lucidez) e a interdição ou inabilitação por
anomalia psíquica, e ainda o casamento anterior não dissolvido (cfr.
artigo 1601.º do Código Civil). Como acima ficou dito, um casamento
contraído por uma pessoa numa destas situações é anulável (artigo
1631.º), mas essa anulabilidade tem sempre que ser declarada em
acção intentada especialmente para o efeito.
Mas, e porque o casamento é um acto de vontade pessoal, o legislador
admitiu que a sanção pudesse não ser aplicada e o casamento
validado. Assim, desde que a sentença de anulação não tenha
transitado em julgado, a anulabilidade considera-se sanada e o
casamento válido desde o momento da sua celebração:
a) Se o menor o confirmar perante o funcionário do registo civil e duas
testemunhas depois de atingir a maioridade;
b) Se o interditado ou inabilitado por anomalia psíquica o confirmar nos
mesmos termos depois de levantada a interdição ou inabilitação;
c) Se o “notoriamente demente” fazer verificar judicialmente o seu
estado de sanidade mental (tudo cfr. o disposto no artigo 1633.º n.º 1,
alíneas a) e b) do Código Civil);
d) Se for declarado nulo ou anulado o primeiro casamento do bígamo.

O legislador consagrou, também, impedimentos dirimentes relativos no


artigo 1602.º, impedimentos esses que obstam ao casamento com
certas e determinadas pessoas, como sejam os parentes na linha recta
(pais, filhos, avós, netos), no segundo grau da linha colateral (irmãos) e
os afins na linha recta (sogro, sogra, nora, genro, os pais dos sogros, os
filhos da nora/genro). Estabeleceu-se, ainda, como impedimento a
condenação de um dos nubentes enquanto autor ou cúmplice pela
prática de homicídio doloso – ainda que na forma tentada – contra o
cônjuge do outro.
O casamento celebrado contra qualquer um destes impedimentos
pode sempre ser anulado, não havendo lugar à sua validação.

Finalmente, encontram-se consagrados, ainda, os chamados


“impedimentos impedientes”, como sejam a falta de autorização dos
representantes legais para o casamento do nubente menor, a violação
do prazo internupcial, o parentesco no terceiro grau da linha colateral
(tios/sobrinhos), o vínculo de tutela ou curatela ou administração legal
de bens e a qualidade de arguido em processo-crime enquanto autor
ou cúmplice pela prática de homicídio doloso – ainda que na forma
tentada – contra o cônjuge do outro até ao trânsito em julgado do
despacho de não pronúncia ou à sentença de absolvição2.

O casamento, sendo um acto de vontade pessoal, consiste numa


declaração de vontade, num consentimento que deve ser puro e
simples (não deve ser feito sob condição ou a termo); deve ser pessoal
(devem ser os próprios nubentes a exprimir a aceitação do casamento –
sendo admissível que um dos nubente – e apenas um! – case por
procuração); deve ser perfeito (as declarações de vontade devem ser
coincidentes e, além disso, deve haver uma concordância efectiva
entre a vontade real e a declarada), e deve ser livre.

A invalidade do casamento é diferente do regime das invalidades


consagrado Direito Civil: se o casamento não for válido, só poderá sofrer
de um de dois vícios: ou é inexistente ou anulável.
O artigo 1628.º prevê expressa e taxativamente os casamentos que são
inexistentes e que, como tal, não produzem qualquer efeito e nem
sequer necessitam de uma declaração judicial que confirme ou declare
essa inexistência.
Nos artigos 1631.º e seguintes estabelece-se o regime da anulabilidade
do casamento e as respectivas consequências.
A anulação de um casamento é sempre declarada pelo tribunal, em
acção intentada especialmente para o efeito. Quer a legitimidade,
quer o prazo para a propositura da acção dependem do fundamento
invocado (artigos 1639.º e seguintes).
O casamento anulado (ou declarado nulo pela Santa Sé) – o chamado
“casamento putativo” – ainda assim poderá produzir alguns efeitos
jurídicos quer entre os cônjuges, quer face a terceiros (artigos 1647.º e
seguintes).

2 Se o arguido for condenado, o impedimento impediente transforma-se em


impedimento dirimente relativo; se for absolvido ou não pronunciado o impedimento
extingue-se…
Finalmente, o processo do casamento obriga, ainda, ao registo do
casamento, por inscrição ou transcrição, no Registo Civil (artigos 1651.º
e seguintes).

b) E casaram mesmo!

Naturalmente, da celebração do contrato de casamento resultam


efeitos. Efeitos pessoais e efeitos patrimoniais. E antes de os elencar e
regular, o legislador entendeu reforçar o princípio constitucional da
igualdade, consagrando que “o casamento baseia-se na igualdade de
direitos e deveres dos cônjuges” (artigo 1671.º n.º 1).

• Efeitos pessoais do casamento.

A celebração do contrato de casamento vem fazer nascer na esfera


jurídica dos cônjuges um conjunto de deveres recíprocos – e
correspondentes direitos – decorrentes da relação matrimonial, deveres
esses que nascem do casamento, por causa do casamento e apenas
quando há casamento3.
Esses deveres encontram-se elencados no artigo 1672.º do Código Civil:
respeito, fidelidade, coabitação, cooperação e assistência.

O dever de respeito é um dever que recai sobre cada um dos cônjuges


perante o outro e vai muito para além da ideia imediata de um
tratamento deferente e correcto, de não ofender direitos de
personalidade. De facto, a partir do casamento os cônjuges
representam uma “equipa”, e o dever de respeito traduz-se, também, e
muito, numa postura pública de salvaguarda do bom nome do cônjuge,

3O que significa que estes deveres e direitos não existem – ou não são legalmente
tutelados e consagrados – nas uniões de facto…
ou seja, de assumir publicamente um comportamento que não ofenda
o bom nome do cônjuge ou até da sua família.

O dever de fidelidade consiste na exclusividade do estabelecimento de


relações afectivas de cariz sexual ou de relações carnais com o
cônjuge.
Este dever é, também ele, um dever genérico ou vago e que na prática
pode ser violado em vários graus de gravidade ou censurabilidade:
pode ir de um mero relacionamento sentimental até ao adultério4.

O dever de coabitação é, de uma forma prosaica ou pragmática, o


“dever de viver juntos”, que não se esgota numa vida sob o mesmo
tecto. De facto, o dever de coabitação implica que entre os cônjuges
haja uma efectiva comunhão de leito, mesa e habitação, uma efectiva
partilha de vida em comum.

O dever de cooperação encontra-se definido na própria lei: o artigo


1674.º estabelece que este dever “… importa para os cônjuges a
obrigação de socorro e auxílio mútuos e a de assumirem em conjunto as
responsabilidades inerentes à vida da família que fundaram.”. Ou seja, o
dever de cooperação desdobra-se no socorro e auxílio mútuos (defesa
da vida, da saúde, da segurança pessoal etc.) e na assunção das
responsabilidades inerentes à vida familiar (entende-se que estas

4 Tem-se entendido que o adultério consiste na prática de relações sexuais


consumadas com uma terceira pessoa de sexo diferente acompanhada da
consciência de se estar a violar o dever de fidelidade (excluem-se, assim, os casos de
violação).
A prática de uma relação homossexual foi desde sempre considerada uma violação
não do dever de fidelidade, mas sim do dever de respeito. Porém, hoje em dia é
perfeitamente legítimo questionar este conceito de adultério, já que o preconceito
face a relações homossexuais diminuiu de tal forma, que acabou por se admitir o
casamento entre pessoas do mesmo sexo. Assim, é adultério qualquer relação sexual
mantida com um terceiro ou apenas se esse terceiro for de sexo diferente do adúltero?
E no caso dos casamentos homossexuais, o que é o adultério? A relação sexual com
pessoa do mesmo sexo? E se for de sexo diferente é uma violação do dever de
respeito?
responsabilidades são as responsabilidades pessoais, como a educação
dos filhos, o apoio e assistência aos parentes do cônjuge, etc.).

Finalmente, consagra-se na lei o dever de assistência, que


“…compreende a obrigação de prestar alimentos e a de contribuir
para os encargos da vida familiar.” (artigo 1675.º). Esta obrigação de
alimentos estende-se para além da vida em comum, sendo imposta até
durante a separação de facto. O artigo 1676.º vem esclarecer este
dever de contribuir para os encargos da vida familiar, nomeadamente
quando um dos cônjuges “abdica” de uma carreira profissional em prol
da família.

Um último efeito pessoal repercute-se sobre o nome da pessoa: o artigo


1677.º admite que cada um dos cônjuges adopte apelidos do outro até
ao máximo de dois, por forma a criar o nome de família.

• Efeitos patrimoniais do casamento.

Por força do disposto no artigo 36.º n.º 3 da Constituição da República


Portuguesa, o princípio fundamental que orienta a disciplina dos efeitos
patrimoniais do casamento é, ainda, o princípio da igualdade.
Por outro lado, enquanto os efeitos pessoais do casamento são fixados
imperativamente pela própria lei, quanto aos efeitos patrimoniais vale,
em regra, o princípio da autonomia da vontade. Os efeitos patrimoniais
do casamento dependem, pois, do regime de bens convencionado,
havendo porém efeitos que são os mesmos, independentemente do
regime de bens escolhido.

1. O Regime de bens do casamento.

O regime de bens do casamento é o estatuto que regula as relações


patrimoniais entre os cônjuges e entre estes e terceiros e pode ser não
só livremente escolhido pelos nubentes como pode, até, ser criado
pelos nubentes, que misturam cláusulas dos vários regimes consagrados.
Os regimes-tipo previstos no Código Civil são 3:
a) A comunhão de adquiridos – artigos 1721.º e seguintes;
b) A comunhão geral de bens – artigos 1732.º e seguintes; e
c) A separação de bens – artigos 1735.º e seguintes.

Como se disse, nesta fase de escolha do regime de bens, prévia ao


casamento, os cônjuges podem escolher livremente o regime de bens.
Mas esta liberdade não é absoluta, havendo casos em que a Lei,
imperativamente fixa ou exclui um dos regimes de bens. Assim, são
obrigatoriamente contraídos sob o regime da separação de bens os
casamentos em que não houve processo preliminar de casamento e o
casamento celebrado por quem tenha completado sessenta nos de
idade (artigo 1720.º).
Por outro lado, não pode ser convencionada a comunhão geral de
bens em casamento celebrado por quem tenha filhos (artigo 1699.º n.º
2).

Se não se verificar nenhuma destas restrições aplica-se, então, o


princípio da liberdade de escolha e esta escolha tem, obrigatoriamente,
que ser efectuada antes da celebração do matrimónio através da
celebração de uma convenção antenupcial5.
Na celebração da convenção antenupcial os nubentes podem não só
escolher um regime-tipo, como podem escolher um dos regimes e
clausurarem e regulamentarem o que bem entenderem. Ou quase: não
podem alterar o regime sucessório, os direitos e deveres parentais e
conjugais e as regras sobre a administração de bens (artigo 1699.º n.º 1).
Por outro lado, após o casamento o regime de bens fixado não pode
ser alterado: é imutável (artigo 1714.º). Há, naturalmente, excepções a

5A convenção antenupcial é celebrada por escritura pública ou por declaração


prestada perante funcionário do registo civil (artigo 1710.º)
esta imutabilidade, previstas no artigo 1715.º e que resultam, a mais das
vezes, de decisão judicial.
A convenção antenupcial, como contrato que é, pode caducar por
decurso do tempo: se o casamento não for celebrado no prazo de um
ano a contar da data da sua celebração, a convenção caducará. Mas
mais: uma vez que é um contrato condicional – depende de um outro
contrato que é o casamento, também se este for declarado nulo ou
anulado a convenção antenupcial caducará (artigo 1716.º).

a) A comunhão de adquiridos.
O regime da comunhão de adquiridos é o regime patrimonial de bens
que vigora supletivamente no direito português, ou seja, que se aplica
na falta de convenção antenupcial ou nos casos de caducidade ou
invalidade desta (artigo 1717.º).
No regime da comunhão de adquiridos existem bens próprios de um e
de outro cônjuge, e bens comuns, e estes bens comuns são,
imperativamente, metade para cada um (artigo 1730.º).

Próprios são:
• Todos os bens levados pelos cônjuges para o casamento (artigo
1722.º n.º 1, alínea a));
• Os bens que advierem ao cônjuges a título de sucessão ou
doação (artigo 1722.º n.º 1, alínea b)), excepto se for
estabelecida uma cláusula de comunicabilidade (artigo 1729.º);
• Os bens adquiridos na constância do matrimónio por direito
próprio anterior (artigo 1722.º n.º 1, alínea c))6;
• Os bens sub-rogados no lugar de bens próprios (artigo 1723.º)7;

6 São bens que só são adquiridos na constância do matrimónio mas o direito a eles é
prévio a celebração do casamento. É o caso típico das indemnizações: A sofre um
acidente e tem direito a uma indemnização. Mas antes de a mesma ser paga ou até
fixada casa. A indemnização é paga na constância do matrimónio, mas o direito a ela
é anterior.
• Bens adquiridos com dinheiro ou bens próprios e comuns se
aquela parte for mais elevada (artigo 1726.º)8;
• Os bens indivisos adquiridos em parte por um dos cônjuges que
deles já tinha outra parte (artigo 1727.º)9;
• Os bens adquiridos em virtude da titularidade de bens próprios
que não sejam frutos destes (artigo 1728.º)10;
• E outros bens que sejam considerados próprios por natureza, por
disposição da lei ou por vontade dos nubentes11.

Bens comuns são:


• bens adquiridos pelos cônjuges no constância do matrimónio não
exceptuados por lei (artigo 1724.º alínea b));
• frutos e rendimentos de bens próprios e as benfeitorias úteis
efectuadas nesses bens (artigo 1728 n.º 1 a contrario senso e
artigo 1733.º n.º 2);
• bens adquiridos com dinheiro ou bens próprios e comuns se esta
parte for mais elevada (artigo 1726.º);
• o produto o trabalho dos cônjuges (artigo 1724.º alínea a));

7O próprio artigo 1723.º dá-nos exemplos nas suas diversas alíneas: troca ou permuta
de bens, preço e bens alienados ou bens comprados com dinheiro próprio. Quanto a
estes últimos, exige-se que a proveniência do dinheiro ou dos valores seja mencionada
por ambos os cônjuges no acto de aquisição, por forma a acautelar os interesses de
terceiros. Todavia, se não estiver em causa o interesse de terceiros, a proveniência dos
bens ou valores deve poder ser provada por qualquer meio (registos bancários, por
exemplo).

8Em caso de partilha em vida, haverá lugar ao pagamento de uma compensação ao


património comum.

9 Tal como no caso anterior, se para a aquisição da parte do direito houver recurso o
património comum, em caso de partilha o bem será tido como próprio mas haverá
lugar a uma compensação a pagar ao património comum.
10 Os frutos são sempre bens comuns.

11Bens próprios por natureza – prémios, troféus, condecorações, diplomas, etc.,


recordações de família como cartas, escritos, fotografias e os bens de uso pessoal;
bens próprios por disposição da lei – os bens elencados no artigo 1733.º; bens próprios
por vontade dos nubentes – bens excluídos da comunhão por convenção antenupcial.
Parece estranho excluir da comunhão de adquirido bens que ainda não se adivinham,
mas é possível, por exemplo, excluir os frutos da comunhão, ou um determinado
rendimento. E, nesse caso, os bens adquiridos por força dos rendimentos excluídos
auferidos serão próprios “por vontade dos nubentes”.
• os bens doados ou deixados a favor da comunhão (sendo
importante verificar se é doado ou deixado aos dois ou só a um a
cláusula de comunicabilidade); e
• os móveis, salvo prova em contrário (artigo 1725.º);

b) A comunhão geral de bens.


O regime da comunhão geral de bens encontra-se previsto nos artigos
1732.º e seguintes e o princípio geral é o de que “todos os bens são
considerados comuns”. Todos, salvo os exceptuados por lei…
O artigo 1733.º estabelece quais os bens que, apesar do regime de bens
do casamento ser o da comunhão geral, são considerados bens
próprios de um dos cônjuges.
Assim, serão bens próprios, os doados ou deixados com cláusula de
incomunicabilidade; os bens doados ou deixados com cláusula de
reversão ou fideicomissária; o usufruto, uso e habitação e demais
direitos estritamente pessoais; as indemnizações devidas por facto
praticado contra um dos cônjuges ou contra bens próprios de um dos
cônjuges; os seguros vencidos; os objectos de uso pessoal; e as
recordações de família de valor diminuto12 (artigo 1733.º n.º 1).
Caso um dos cônjuges aliene um bem próprio, o respectivo produto
será havido como próprio, já que o artigo 1734.º do Código Civil admite
a aplicação ao regime da comunhão geral de bens de normas
consagradas para a comunhão de adquiridos. Como exemplo temos as
disposições consagradas nos artigos 1723.º, 1736.º ou 1727.º.

Finalmente, sempre se dirá que existe, ainda, um outro tipo de bens


considerado como próprio no regime da comunhão geral de bens: os
bens doados por um cônjuge ao outro são bens próprios do donatário
(artigos 1757.º e 1764 n.º 2).

12 Jóias valiosas já serão um bem comum…


c) A separação de bens.
No regime da separação geral de bens, a regra é de que apenas
existem bens próprios, não existindo qualquer bem comum.
Em caso de dúvida sobre a propriedade exclusiva de um dos cônjuges,
os bens móveis ter-se-ão como pertencentes em compropriedade
ambos os cônjuges (artigo 1736.º n.º 2).
A principal diferença entre a comunhão e a compropriedade é que na
primeira os bens não podem ser partilhados ou divididos apenas por
mera vontade dos cônjuges, enquanto na compropriedade a todo o
tempo pode ser exigida a divisão da coisa comum. De facto, quando
existe comunhão, e por força do princípio da imutabilidade do regime
de bens, a partilha só se faz ou quando cessa o casamento por divórcio
ou por morte de um dos cônjuges, ou judicialmente, em acção
intentada propositadamente para o efeito, de separação judicial de
bens ou de separação judicial de pessoas e bens.

2. A administração dos bens do casal.

O artigo 1678.º enuncia as regras gerais de administração dos bens do


casal e o que está em causa são os actos de administração do
património e de quem os pode praticar. As regras de administração de
bens estão intimamente ligadas às regras da titularidades dos bens, pelo
que é sempre importante distinguir entre a administração de bens
próprios e a administração de bens comuns.

Assim, e quanto aos bens próprios, o artigo 1678.º do Código Civil


estabelece a regra geral: “cada um dos cônjuges tem a administração
dos seus bens próprios”. Porém, há três casos em que a administração
de um bem próprio de um cônjuge cabe ao outro: quando o utilize
como instrumento de trabalho (artigo 1678.º n.º 2, alínea e)); no caso de
ausência ou de impedimento do outro cônjuge (alínea g)) ou quando
tais poderes lhe sejam conferidos por mandato (alínea h)).

Quanto à administração de bens comuns, os actos de administração


ordinária podem ser praticados por qualquer um dos cônjuges, os de
administração extra-ordinária apenas podem ser praticados pelos dois
em conjunto (artigo 1678.º n.º 3).
Os proventos do trabalho, os direitos de autor, os bens comuns levados
para o casamento e os bens adquiridos por sucessão ou doação,
apesar de serem bens comuns, são administrados pelo cônjuge que os
aufere (artigo 1678.º n.º 2).

Os actos que tem previsão ou regulamentação expressa são os actos


de disposição ou oneração dos bens. Quando se trate de um acto de
disposição, para além das regras gerais vertidas no artigo 1678.º, tem
que se atender a regras especiais.
Assim, tratando-se da alienação ou oneração de bens imóveis, a
validade do acto dependerá sempre do consentimento de ambos os
cônjuges, quer o bem seja próprio ou comum, excepto no caso de o
regime de bens do casamento ser o da separação de bens. Ainda
assim, se o acto de disposição ou oneração do imóvel recair sobre a
casa de morada de família, terá sempre que haver o consentimento de
ambos os cônjuges (artigo 1682.º-A).
O artigo 1683.º diz-nos que para a aceitação de doações ou heranças
não é necessário o consentimento do outro cônjuge – afinal, vai
aumentar o património comum. Já o repúdio exige o consentimento de
ambos (excepto se vigorar o regime da separação de bens).

Tratando-se de bens móveis, as regras relativas à respectiva disposição


ou oneração ligam-se também às regras relativas á respectiva
administração, pelo que haverá necessidade e conjugar as disposições
constantes dos artigos 1678.º e 1682.º do Código Civil.
Finalmente, quanto aos poderes de disposição por morte, cada um dos
cônjuges só pode dispor dos seus bens próprios e de metade dos bens
comuns (artigo 1685.º, onde se fixam também alguma excepções a
esta regra).

3. A responsabilidade por dívidas.

De acordo com o disposto no artigo 1690.º n.º 1, qualquer um dos


cônjuges pode contrair dívidas, não necessitando do consentimento do
outro cônjuge. Isto não significa, porém, que seja o único responsável
pelo respectivo pagamento.
Vejamos:
A alínea a) do artigo 1691.º n.º 1 diz-nos o óbvio: que as dívidas
contraídas por ambos os cônjuges ou por um com o consentimento do
outro, independentemente da data em que são contraídas, são
comuns. Sendo comuns, são da responsabilidade de ambos.
Depois, a Lei vem consagrar o que as chamadas dívidas comunicáveis –
dívidas que, apesar de contraídas apenas por um dos cônjuges, são da
responsabilidade de ambos, como acontece com aquelas contraídas
para acorrer ao encargos normais da vida familiar, contraídas em
proveito comum do casal, as dívidas comerciais, as que oneram
heranças, doações ou legados que integram o património comum do
casal, as que oneram bens comuns ou ainda as dívidas que recaiam
sobre rendimentos de bens próprios, quando esses rendimentos sejam
comuns13.
É importante preencher este conceito de “proveito comum do casal”,
tanto mais que este não se presume (artigo 1691.º n.º 3) 14 . Tem-se

13 Atente-se no disposto nos artigos 1691.º, 1693.º n.º 2 e 1694.º.

14O que significa que o credor que tenha interesse em se garantir pelo património
comum do casal terá que provar esse interesse comum, a comunicabilidade da dívida.
entendido que é necessário analisar se o facto subjacente à dívida
beneficia ambos os cônjuges, atendendo-se ao fim visado pelo cônjuge
que a contraiu e não ao resultado obtido15.
Pelas dívidas comuns do casal e pelas dívidas comunicáveis responde o
património comum do casal e, na falta ou insuficiência destes,
solidariamente os bens próprios de cada um dos cônjuges (artigo 1695.º)
– qualquer um dos cônjuges responde com os seus bens próprios pela
totalidade da dívida. Ora, caso tal situação se verifique, a Lei
estabeleceu um Direito de Compensação (artigo 1697.º), que equivale
ao Direito de Regresso no Direito das Obrigações.
Se o regime matrimonial for o da separação de bens, os bens que
respondem pelo cumprimento das dívidas são sempre bens próprios dos
cônjuges, dado que não existem bens comuns. Todavia, a
responsabilidade não é solidária: os bens próprios de cada um dos
cônjuges respondem por metade das dívidas (artigo 1695.º n.º 2).

As dívidas incomunicáveis são aquelas que responsabilizam apenas o


cônjuge que as contraiu, que não se comunicam. São as dívidas
contraídas antes ou depois do casamento por cada um dos cônjuges
sem o consentimento do outro, aquelas que decorrem de factos
pessoais como crimes, indemnizações, multas ou custas judiciais, as
dívidas que oneram bens próprios ou que onerem heranças, doações
ou legados que integre o património próprio do cônjuge16.
Por estas dívidas respondem os bens próprios do cônjuge que as
contraiu e, subsidiariamente, a sua meação nos bens comuns (artigo
1696.º). Respondem, ainda, os bens elencados nas várias alíneas do n.º 2
do mesmo preceito legal.

15 A dívida contraída no jogo, por exemplo, será sempre uma dívida incomunicável,
ainda que por força dessa dívida o cônjuge consiga um jackpot e um elevado prémio
que vai beneficiar a família.
16 Cfr. Artigos 1692.º a), b), c) e 1693.º n.º 1.
II. A união de facto.

A união de facto encontra-se prevista e regulada na Lei n.º 7/2011, de


11 de Maio e caracteriza-se, nos dizeres da própria Lei, por ser “…a
situação jurídica de duas pessoas que, independentemente do sexo,
vivam em condições análogas às dos cônjuges há mais de dois anos.”
Esta exigência de “… condições análogas às dos cônjuges…” afasta a
possibilidade de ser reconhecida a união de facto entre, por exemplo,
patrão e empregada, entre amigos que partilhem uma casa, entre
proprietário da casa e o hóspede, etc.
Ao contrário do casamento, não há aqui qualquer contrato, qualquer
declaração de vontade, qualquer acção por parte dos unidos. Pelo
contrário: a união de facto nasce dessa não vontade de casar, de não
assumir quaisquer obrigações legalmente tutelada perante o parceiro.
O reconhecimento da união de facto é uma mera constatação de um
facto que, por força do decurso do tempo, de um determinado prazo
legalmente fixado, faz nascer na esfera jurídica dos unidos um conjunto
de direitos.

Todavia, tal como ao casamento, há factos que obstam à união de


facto. E porque o legislador não pode nem quer imiscuir-se na vida
privada das pessoas, não impede a vida “em condições análogas às
dos cônjuges”, mas evita que a união de facto produza efeitos,
nomeadamente que atribua direitos ou benefícios, em vida ou por
morte.
Tais factos constam do artigo 2.º do referido diploma legal e
reconhecemo-los como alguns dos impedimentos matrimoniais já
estudados:
a) “Idade inferior a 18 anos à data do reconhecimento da união de
facto” – é a transcrição do impedimento dirimente absoluto que
impede os menores de 16 anos de casar17. Se a união de facto é
reconhecida às pessoas que vivem em condições análogas às
dos cônjuges há mais de dois anos, e se o seu reconhecimento se
dá antes de um dos membros do casal atingir os 18 anos de
idade, então quando iniciou a vida em comum ainda não tinha
16 anos de idade, ainda não tinha atingido a idade núbil. E se o
casamento pode ser anulado com base em tal facto, já a união
de facto não o pode.
b) “Demência notória, mesmo com intervalos lúcidos, e a interdição
ou inabilitação por anomalia psíquica, salvo se a demência se
manifestar ou a anomalia se verificar em momento posterior ao
do início da união de facto” - se atentarmos no disposto na alínea
b) do Artigo 1601.º do Código Civil encontramos aqui o espelho
de outro dos impedimentos dirimentes absolutos.
É óbvio que se a demência ou a anomalia se demonstrarem ou
verificarem depois de iniciada a vida em comum, não impedem
a produção de efeitos, tal como no casamento não determinam
qualquer consequência.
c) “Casamento não dissolvido, salvo se tiver sido decretada a
separação de pessoas e bens” – encontramos aqui a aplicação à
união de facto de outro impedimento dirimente absoluto, que é o
casamento. Se um dos membros da união é casado, não podem
ser reconhecidos quaisquer direitos ou benefícios decorrentes
dessa união.
Todavia, o legislador admite a atribuição de direitos e benefícios
apesar de existir um casamento, se tiver sido decretada a
separação de pessoas e bens18.

17Artigo 1601.º alínea a) do Código Civil.


18 Há pessoas que não se querem divorciar. Seja por uma questão religiosa, por
princípio, por teima. E assim, o legislador reconheceu aqui direitos a pessoas unidas de
facto apesar de uma (ou até ambas, quem sabe?) se encontrar casada, mas
judicialmente separada de pessoas e bens. A separação judicial de pessoas e bens
determina a suspensão dos deveres de coabitação e assistência (artigo 1795.º-A), mas
já não do dever de fidelidade. Ora se a união de facto pressupõe a vida “em
d) “Parentesco na linha recta ou 2.º grau da linha colateral ou
afinidade na linha recta” – Encontramos aqui o espelho dos
impedimento dirimentes relativos consagrados nas alíneas a), b) e
c) do artigo 1602.º do Código Civil. Não são reconhecidos direitos
ou benefícios decorrentes da união de facto a pais e filhos ou
avós e netos ou irmãos ou sogro e nora ou sogra e genro, etc.,
ainda que vivam em condições análogas às dos cônjuges.
e) Finalmente, “condenação anterior de uma das pessoas como
autor ou cúmplice por homicídio doloso, ainda que não
consumado, contra o cônjuge do outro” – é a transcrição do
impedimento dirimente relativo constante do artigo 1602.º, alínea
d).

a) Prova da união de facto.

Não dependendo de um acto específico das partes, sendo a união de


facto a mera constatação de uma situação, certo é que ainda assim
ela deve, de alguma forma, ser reconhecida ou declarada.
A Lei, no n.º 1 do artigo 2.º-A, refere-nos que “… a união de facto prova-
se por qualquer meio legalmente admissível.”, a não ser que se exija
prova documental específica19.
Essa “prova documental específica” é normalmente um documento
elaborado pela Junta de Freguesia do local de residência e no qual se
atesta que aquelas duas pessoas vivem em condições análogas às dos

condições análogas às dos cônjuges”, então o legislador parece estar a admitir a


violação do dever de fidelidade…

19Dos vários benefícios ou direitos reconhecidos n Lei, o único que, até à data, não
exige comprovação documental é o previsto na alínea d) do artigo 3.º da Lei n.º
7/2001, de 11 de Maio, ou seja, o benefício fiscal.
cônjuges há 2 ou mais anos20. Mas além deste documento, a lei exige,
ainda, uma declaração emitida sob compromisso de honra de ambos
os membros da união de facto de que vivem em união de facto há
mais de dois anos.
Em caso de morte de um dos membros da união, a declaração da
Junta atesta que o interessado residia há mais de dois anos com o
falecido e deve ser acompanhada dessa mesma declaração emitida
pelo interessado sob compromisso de honra (artigo 3.º n.º 4).
Diz-nos o n.º 5 do artigo 3.º que “as falsas declarações são punidas nos
termos da Lei penal”, não fazendo qualquer referência à eventual
restituição de quaisquer benefícios indevidamente recebidos.

b) Efeitos da união de facto.

Como acima ficou dito, o regime da união de facto visa garantir ou


reconhecer determinados benefícios e direitos àquelas pessoas que
apesar de não terem casado, vivem em condições análogas às dos
cônjuges há um período de tempo que o legislador considera revelador
de uma certa estabilidade – 2 anos.
A consagração ou reconhecimento destes direitos e benefícios prende-
se fundamentalmente com a ideia de extensão aos unidos de facto da
protecção de que gozam os cônjuges ao nível da casa de morada de
família, dos direitos ou benefícios laborais, de direitos ou benefícios
fiscais e direitos ou benefícios por morte.

Assim, os membros da união de facto beneficiam do regime jurídico


aplicável às pessoas casadas em matéria de férias, feriados, faltas e

20A Junta emite o documento a pedido de um ou ambos os membros do casal com


base nas declarações dos próprios ou de testemunhas e pode ser indicada um “data
de início” da união de facto. O documento, porém, é específico, ou seja, deve ser
indicado o fim para o qual o mesmo é requerido e apenas pode ser utilizado par esse
mesmo fim.
licenças e de preferência na colocação dos trabalhadores da
administração pública (artigo 3.º, alíneas b) e c).
Os membros da união de facto podem ver-lhes aplicado o regime do
imposto sobre o rendimento das pessoas singulares nas mesmas
condições dos sujeitos passivos casados (artigo 3.º, alínea d)).
Gozam, ainda, de protecção social por morte do beneficiário, por
acidente de trabalho ou doença profissional, ou por pensão de preço
de sangue e por serviços excepcionais e relevantes prestados ao País,
independentemente da necessidade de alimentos (artigos 3.º, alínea s
e), f) e g) e 6.º).

O artigo 7.º da Lei 7/2001 estabelece, ainda, que as pessoas de sexo


diferente que vivam em união de facto podem adoptar nos mesmos
termos que as pessoas casadas, mandando aplicar analogicamente o
disposto no artigo 1979.º do Código Civil.

Para além destes direitos elencados no artigo 3.º da Lei n.º 7/2001,
sabemos que o membro sobrevivo de uma união de facto tem direito a
exigir alimentos da herança do falecido (artigo 2020.º do Código Civil)
na medida em que deles necessitar.

• A casa de morada da família.


Em caso de ruptura, os membros de uma união de facto gozam da
mesma protecção que os cônjuges em caso de divórcio ou separação
judicial de pessoas e bens face à casa de morada de família, quer se
trate de casa arrendada (artigo 1105.º do Código Civil), quer se trate de
casa própria (artigo 1793.º do Código Civil, ambos aplicáveis por força
da remissão constante do artigo 4.º da Lei n.º 7/2001, de 11 de Maio).

Se um dos membros da união de facto falecer, rege o disposto no artigo


5.º:
- Se o falecido fosse o proprietário do imóvel e do respectivo recheio, o
membro sobrevivo pode permanecer na casa pelo prazo de cinco anos
– ou mais, se a união tiver durado mais do que esse período (ns.º 2 e 4
do artigo 5.º) – como titular de um direito real de habitação e um direito
de uso do recheio;
- Se os membros da união eram comproprietários da casa de morada
da família e do respectivo recheio, o membro sobrevivo goza desses
mesmos direitos (e pelo mesmo prazo) “em exclusivo”. Este “em
exclusivo” parece querer dizer que durante um determinado período de
tempo o membro sobrevivo pode habitar a casa sozinho, excluindo da
mesma outras pessoas que vivessem em economia comum e que
fossem herdeiros, como filhos ou pais ou irmãos, etc. do falecido.
Esgotados estes prazos, o membro sobrevivo pode, ainda, permanecer
no imóvel, mas agora na qualidade de arrendatário, nos termos e com
as excepções previstos no n.º 7 do artigo 5.º.
- Se a casa for arrendada, o membro sobrevivo beneficia da protecção
consagrada no artigo 1106.º do Código Civil.

Se o membro sobrevivo não habitar voluntariamente a casa de morada


da família por mais de um ano, aqueles direitos caducam (artigo 5.º n.º
5). Por outro lado, se o membro sobrevivo tiver casa própria na área do
concelho da casa de morada de família (ou em concelho limítrofe,
tratando-se de Lisboa ou Porto), o direito real de habitação não lhe é
reconhecido (artigo 5.º n.º 6).
Finalmente, enquanto o membro sobrevivo tem direito de preferência
no caso de alienação do imóvel enquanto habitar o imóvel, seja a que
título for.

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