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INSTITUTO SUPERIOR DE TECNOLOGIA ALBERTO CHIPANDE


Ciências Jurídicas e Investigação Criminal
Pôs Laboral
HIPS
Tema:
Pensamento Politico de Péricles

Discente:
Francisco Feijão Zacarias

Docente:
Dr. Eusébio Lambo
Msc. Edmar Bareto

Beira, Setembro de 2020


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Índice
Introdução..........................................................................................................................3

1. Vida e obra de Péricles..................................................................................................4

1.1. Infância de Péricles.....................................................................................................4

2. Carreira política.............................................................................................................6

2.1. Início na política.........................................................................................................6

2.2. Péricles e a democracia clássica.................................................................................7

2.3. O público e o privado na democracia.........................................................................9

2.4. Antiga e nova educação na democracia....................................................................10

3.1. As limitações da democracia ateniense....................................................................12

Conclusão........................................................................................................................14

Bibliografia......................................................................................................................15
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Introdução

Em 495 a.C., no demo de Colargo, a norte de Atenas, nasceu um homem que é


considerado o Pai da democracia, ele fez muito pela politica de Atenas e do mundo, esse
homem chama – se Péricles era filho do político Xantipo, que, embora tivesse sido
condenado ao ostracismo em 484-484 a.C., retornou a Atenas para comandar o
contingente ateniense durante a vitória grega na Batalha de Mícale cinco anos antes, e
dele que vai se falar nesse trabalho, restritamente sobre o seu pensamento politico.
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1. Vida e obra de Péricles.

1.1. Infância de Péricles

Péricles nasceu em 495 a.C., no demo de Colargo, a norte de Atenas. Era filho do


político Xantipo, que, embora tivesse sido condenado ao ostracismo em 484-484 a.C.,
retornou a Atenas para comandar o contingente ateniense durante a vitória grega
na Batalha de Mícale cinco anos antes. A mãe de Péricles, Agarista, pertencia à nobre e
poderosa família dos Alcmeônidas, e suas ligações familiares desempenharam um papel
crucial no início da carreira de Xantipo. Agarista era bisneta
do tirano de Sícion, Clístenes, e sobrinha do supremo reformista ateniense, também
chamado Clístenes, e também Alcmeônida. De acordo com Heródoto e Plutarco,
Agarista teria sonhado, algumas noites antes do nascimento de Péricles, que ela dava à
luz um leão Uma interpretação da anedota trata o leão como um símbolo tradicional de
grandeza, porém a história também pode estar aludindo ao tamanho incomum da cabeça
de Péricles, que se tornou um alvo popular dos comediantes da época. Embora Plutarco
tenha afirmado que esta deformidade era o motivo pelo qual Péricles sempre era
retratado vestindo um elmo, este elmo na realidade tinha o papel de simbolizar seu
cargo oficial como estratego  (general).

Péricles pertencia à tribo local de Acamante (Ἀκαμαντὶς φυλὴ). Sua infância foi


tranquila; introvertido, o jovem Péricles evitava aparições públicas, preferindo dedicar
seu tempo aos estudos.

Figura 1- imagem de estátua de Péricles


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Péricles foi um nobre ateniense, homem inteligente e sábio, que abrilhantou a apreciada
figura do estadista culto, moderado e cívico através da sua defesa da democracia (ainda
hoje o “século de Péricles” é conhecido como o período áureo da democracia ateniense)

Uma das razões para Péricles ter tido a importância que teve em Atenas, prende-se com
o facto de ter nascido no seio da família dos Alcmeónidas, família de sua mãe, que era
uma das mais ricas e influentes em Atenas. Parar além disso, como pôde viajar e ter
contacto com gentes e costumes de outros lugares, ganhou muita experiência de vida.

Os seus tutores foram de grande importância para o seu desenvolvimento, primeiro


como General e, em seguida, como político. Em primeiro lugar, o pai, Xantipo, que era
um grande político. Depois, Dámon, Anaxágoras e Zenão de Eleia, com quem Péricles
passou grande parte da sua infância e adolescência. Dámon foi o seu professor de
música e, para além da teoria musical, ensinou-lhe as suas relações com a ética e a
política. Aliás, Dámon levava tão a sério a sua arte, que costumava afirmar: "Não se
pode tocar nas regras da música sem perturbar, no mesmo instante, as leis fundamentais
do Estado... Façamos da música a cidadela do Estado". Anaxágoras e Zenão de Eleia
foram os seus principais mestres de pensamento. Com Anaxágoras, aprendeu a usar a
razão para explicar o mundo físico que o rodeava em vez dos tradicionais mitos da
religião grega. Era este homem que ensinava que a inteligência pura tirara o mundo do
caos inicial, o organizava e o continuava a reger. Com Zenão de Eleia, aprendeu a
doutrina monoteísta: "Há só um Deus... sem trabalho, pela simples força do espírito, põe
em movimento todas as coisas.".

Péricles reúne na sua pessoa quatro virtudes. Em primeiro lugar, tem a inteligência, isto
é, a capacidade de analisar uma situação política, de prever exactamente o
acontecimento e responder-lhe com um acto. Em segundo lugar, é dono de uma grande
eloquência. Dir-se-ia que cada vez que fala perante a Assembleia, depõe a sua coroa de
chefe, só a voltando a colocar com o consentimento de todos. É um grande orador que
tem sempre um relâmpago na língua. A terceira virtude é o patriotismo mais puro: para
Péricles, nada está acima do interesse da comunidade dos cidadãos, acima da honra da
cidade de Atenas.

Péricles reúne quatro grandes virtudes: 


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1) Tem a capacidade de analisar uma situação política, de prever o acontecimento e


responder-lhe com um acto justo;

2) É senhor de grande eloquência;

3) Inteiramente dedicado à sua polis, nada põe acima do interesse da comunidade dos
cidadãos ou da honra de Atenas e, por último,  

4) É inacessível a qualquer tipo de corrupção.  

Com estas qualidades e a preparação que recebeu, Péricles tornou-se um político


notável, dotado de um inigualável poder de oratória. Segundo Tucídides, os seus
discursos eram exemplos da eloquência dedutiva, alimentados pelas paixões vivas do
jovem ateniense. Dir-se-ia que cada vez que falava perante a Assembleia, depunha a sua
coroa de chefe, só a voltando a colocar com o consentimento de todos. 

A nobreza e a riqueza de sua família permitiram-lhe dar sequência a esta sua inclinação
para a educação. Aprendeu música com os mestres de seu tempo (Dámon ou Pitóclides
podem ter sido seus professores)  e é considerado o primeiro político a atribuir grande
importância à filosofia. Apreciava a companhia dos filósofos Protágoras, Zenão de
Eleia e Anaxágoras. Este último, em especial, tornou-se um grande amigo seu, e o
influenciou enormemente.  Sua maneira de pensar e seu carisma retórico podem ter sido
em parte frutos da ênfase dada por Anaxágoras à calma emocional diante dos
problemas, e de seu cepticismo a respeito dos fenómenos divinos,  Sua célebre calma e
auto-controle também são vistos como advindos desta influência do filósofo.

2. Carreira política

2.1. Início na política


Na primavera de 472 a.C. Péricles foi córrego durante a apresentação da peça Os Persas,
de Esquilo, no festival da Grande Dionísia, onde apresentou a peça na forma de liturgia
- o que indica que já era um dos cidadãos mais ricos de Atenas. O classicista inglês
Simon Hornblower, professor da University College, de Londres, argumentou a escolha
de Péricles para este peça, que apresenta uma visão nostálgica da célebre vitória de
Temístocles na Batalha de Salamina, mostra que o jovem político apoiava Temístocles
contra seu oponente político, Címon, cuja facção conseguiria lograr uma condenação de
Temístocles ao ostracismo pouco tempos depois.
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Para Plutarco Péricles teria sido o primeiro entre os atenienses por quarenta anos. Se
isto for verdade, ele provavelmente obteve um cargo de liderança já no início da década
de 460 a.C.. Ao longo destes anos fez um esforço para proteger sua privacidade, e
tentou se apresentar como um modelo para seus concidadãos. Evitava, por exemplo,
participar de banquetes, tentando ser frugal.

Em 463 a.C. Péricles foi o principal promotor encarregado de processar Címon, líder da
facção conservadora, acusado de negligenciar os interesses vitais de Atenas na
Macedónia. Embora Címon tenha sido inocentado, o embate mostrou que o principal
rival político de Péricles estava vulnerável.

2.2. Péricles e a democracia clássica


Com a vitória sobre os persas em Maratona e Salamina. Atenas, voltando-se para o mar
e a democracia. Tornou-se no século V a primeira potência do mundo grego. Com o
pretexto de impedir o retorno dos persas e de libertar as cidades jónicas, os atenienses
criaram a Liga Deloatica, cujas cidades - membros reconheciam sua hegemonia sobre o
mar Egeu. Quanto mais Atenas desenvolvia-se como potência marítima. Maior era a
necessidade de democratizar suas estruturas, pois o grosso da tripulação da frota era
recrutado entre os demes. Assim, quanto mais a cidade assentava-se numa política naval
e dependia do povo, mais este exigia uma maior participação na direcção do Estado
contra qualquer critério político de exclusão [ CITATION Jos91 \l 1033 ].

C.Mosse encontra na Atenas da pós-guerra uma mudança, qualitativa. E que, pela


primeira vez, a vida politica passou a girar em torno do povo e de dois partidos
propriamente políticos chamados "povo" (democrático) e "minoria" (oligárquico).
Segundo a testemunha de Plutarco apresentada pela autora: " A princípio, Péricles (do
partido democrático), empenhado em contrabalançar a influência de Címon (do partido
oligárquico), procurou captar a mercê popular. Címon, todavia, dispondo de meios e
maiores recursos, aproveitou-se desse fato para atrair os pobres, e todos os dias provia
jantar pata os atenienses carentes e vestia os anciãos, Péricles, desfavorecido diante do
povo, recorreu a prodigalidades feitas com as receitas do Estado [ CITATION Jos91 \l
1033 ].

De facto, a conjuntura política era cada vez mais favorável ao partido democrata.
Hediante lei de Efialtes, o Areópago, o ultimo bastlio aristocrático, foi privado das suas
prerrogativas Políticas doravante atribuídas ao conselho, Assembleia e aos Tribunais.
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Tão drástica foi a medida que provocou o afastamento de Címon em 461 e a morte de
Efialtes em 4600.

Depois da morte de Címon e do exilio de Tucídides, filho de Helésias e chefe do partido


oligárquico, Péricles manteve-se durante 15 anos sendo reeleito cada ano como líder
indiscutível do Estado ateniense. Assinadas as pazes com a Pérsia em 449 e com
Esparta em 445, Atenas converteu-se num centro de grande riqueza material e espiritual,
enquanto sua democracia atingia seu modelo clássico. Aristóteles considerou a
democracia como o mais estável dos regimes políticos tomando em conta a experiência
ateniense. Uma das razões básicas da estabilidade democrática foi o projecto de
dominação política implementado por Péricles que articulava poder político, saber e
discurso [ CITATION Jos91 \l 1033 ].

Primeiramente, está fora de dúvidas a vocação hegemónica de Péricles no sentido


originário do termo. Com o controle do Estado como estrategos autokrator dominou
tanto os aliados quanto os adversários, ora por coerção (punição, guerra, ostracismo),
ora por influência (discursivo persuasivo, promoção do emprego público e das artes).
Quando um agente controla o Estado, explica R.Dahl, pode empregar o monopólio que
este te. Sobre a coerção física a fim de obter aquiescência a sua política. Entretanto, não
é somente através de punições que se obtém a aquiescência, mas também por meio de
recompensas. Segundo o autor. O controlo do Estado igualmente proporciona recursos
que podem ser empregados tanto para criar benefícios (coerção negativa), quantas
punições severas (coerção negativa). Ambas as formas são muitas vezes englobadas no
termo "poder". Contudo, o poder não deixa de ser um caso especial de influência, isto é,
uma relação entre agentes em que um deles induz outros a agirem duma forma que de
outra maneira não agiriam (Dahl 1966:88-91).

Em segundo lugar, Péricles teve muito que ver com o auge de um novo saber racional e
uma nova educação. Especialmente, esteve ligado ao aparecimento da sofística em
Atenas, não só criando as condições políticas para o sucesso desse ensino, como
também discutindo problemas da cidade com Protágoras, o primeiro dos sofistas.

Com o primeiro aprendeu a concatenar o raciocínio e a arte dialéctica; com o segundo, a


relação causal e lógica entre os factos, e com o terceiro, a arte retórica e política.
Também estavam entre seus achegados o arquitecto Hipodamos, o escultor Fídias, o
poeta Sófocles, o historiador Heródoto e até mesmo Sócrates. E por isso que Tucídides
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afirmou: " A influência que Péricles exerceu deveu-se à profundidade de sua


inteligência".

Em terceiro lugar, o sucesso político de Péricles na democracia não se explicaria sem


um componente linguístico decorrente da nova educação sofística. Trata-se da sua
competência na arte da eloquência. Segundo Da Rlaschke "o único poder de Péricles era
a palavra". Para H.Sodré foi o maior orador da antiguidade: "Pelo menos, nenhuma
outra palavra eloquente se conhece que tenha exercido uma tão longa influência e
produzido tão vastos efeitos" (Ibidem). E não é essa uma opinião apenas actual. Plutarco
disse que "tinha uma eloquência sublime, longe da afectação e da baixeza de estilo
popular". Para o poeta Eupolis, contemporâneo de Péricles: "Foi o maior dos homens
na arte de falar. Quando se apresentava numa tribuna, deixava longe atrás de si, como
fazem os bons corredores, todos os outros oradores. A persuasão habita em seus lábios,
tanto os seus discursos possuíam encanto. Único entre tantos oradores, deixava o
aguilhão no espírito de seus ouvintes" (IbideM:62-3).

Verdadeiramente, foi por sua eloquência que Péricles recebeu o cognome de olihpico, e
precisamente o seu discurso fúnebre. Pronunciado em memória dos atenienses mortos
durante a Guerra do Peloponeso constitui o melhor documento para explicar em que
medida a singularidade da democracia ateniense contribuiu para o surgimento da
sofística.

2.3. O público e o privado na democracia


Péricles sustentou, não sem jactância, que Atenas foi a escola da Hélade graças à
originalidade do seu regime político: "vivemos sob uma forma de governo que não se
baseia nas instituições de nossos vizinhos”... Seu nome. Como tudo depende não de
poucos mas da maioria, é democracia".

Segundo Péricles, só Atenas e nenhuma outra cidade teve o segredo e a exclusividade


de combinar o interesse pelos negócios particulares com a participação na vida pública:
"Conduzimo-nos livremente em nossa vida, e não observamos com uma curiosidade
suspicaz a vida privada de nossos cidadãos... Ver-se-á em uma mesma pessoa ao mesmo
tempo o interesse em actividades privadas e Publicas... " (Ibidem). Desse modo. Péricles
procurava mostrar um forte contraste com Espartano esquecer que se trata do discurso
onde Péricles persuade os atenienses para liberar a guerra contra essa cidade onde era
quase absoluta a ausência de vida particular. Segundo Plutarco: "Licurgo acostumou os
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cidadãos (espartanos) a não quererem, a nem mesmo saber viver sós, a estarem sempre,
como abelhas, unidos pelo bem público, em torno de seu chefe (in Marrou 1971:45).

O processo de desenvolvimento conjunto, mas diverso da esfera publica (política) e da


esfera particular (económica) que Péricles ressaltou como exclusivo da democracia
ateniense foi o mesmo que determinou a constituição da educação e das artes em
geral como instâncias mediadoras e contraditórias entre o público e o privado. Eis aí as
bases do paradoxo da sofística que os próprios sofistas não deixaram de discutir e que
os filósofos tão ardorosamente criticaram.

Nos tempos de Péricles a agricultura, a industria e o comercio aumentaram como


nunca, assim como a produtividade e a divisão do trabalho entre o campo e a
cidade, e entre os distintos urbanos (ofícios manuais, artísticos comerciais). A
transformação dos produtos em mercadorias e o uso generalizado do dinheiro, a
mercadoria universal, monitorizou por completo a economia ateniense. Péricles afirmou
que, ao contrário de Esparta que não tem riquezas públicas nem privadas (in Tuc.I:141),
Atenas era o maior empório da Grécia: "Nossa cidade é tão importante que os produtos
de todas as terras fluem para nos. " (Ibidem:II:38).

2.4. Antiga e nova educação na democracia


Assim como fez com a política e a economia, Péricles ressaltou também as implicações
singulares que a democracia produziu na educação ateniense. Atenas tinha sido a
primeira cidade a perder carácter militar, tornando-se predominantemente civil.

A preparação militar na educação de Atenas teve um papel tão apagado que o


historiador, privado de testemunhos, tem o direito de duvidar ate de sua existência
(1971:67).

Certamente, a educação ateniense orientou-se num sentido muito diferente da espartana.


O objectivo da educação espartana era a formação do bom soldado, e o da ateniense a
formação do cidadão. Se bem que os lacedemónios achavam preferível que as crianças
não aprendessem música, artes e letras, os atenienses consideravam absurdo ignorá-las.

Em correspondência com sua sociedade, a educação ateniense seguiu um modelo mais


livre e novo. Foi isso que Péricles sublinhou quando disse: "Na educação, ao contrário
de outros que impõem desde a adolescência exercícios penosos para estimular a
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coragem, nós, com nossa maneira livre de viver, enfrentamos pelo menos tão bem
quanto eles perigos comparáveis. "(in Tuc.II:42).

3.1. Pensamentos políticos de Péricles

Aos 31 anos, decorria o ano de 463 a.c.. Mas este aparecimento tardio pensa-se ter sido
uma estratégia cuidada. Aparentemente, Péricles esperou que Temístocles e Aristides,
dois gigantes políticos da geração anterior, desaparecessem de cena, e aproveitou o
facto de Címon, que tinha sido a face dominante em Atenas durante uma década, estar
sempre fora em campanhas militares.

Assim, Péricles dedicou-se ao serviço militar, tomando parte em diversas expedições,


para provar que era suficientemente corajoso e que não tinha medo dos perigos, algo
essencial para alguém que quisesse prosseguir uma carreira política. Péricles, devido às
suas características, foi eleito General. Mais tarde, chegou ao poder, devido a um
movimento democrático popular, uma vez que, devido à sua grande capacidade oratória,
virou os populares contra Címon, fazendo-os ver que este defendia os interesses dos
aristocratas, recebendo subornos destes.

Por vezes, fala-se em Péricles como sendo o fundador da democracia, algo que não é
totalmente exacto. Na verdade, ele apenas modificou o sistema democrático existente,
de uma "democracia limitada" para uma democracia onde todos os cidadãos podiam
participar (cidadãos, atente-se...). Tanto que se Clístenes é considerado o pai da
democracia grega, Péricles é considerado o fundador da Idade de Ouro da mesma,
chamando, outros ainda, ao século V A.C., o século de Péricles. Isto porque, com
Clístenes, era uma democracia limitada, onde os aristocratas ainda ditavam leis, e com
Péricles este facto alterou-se, passando os cidadãos a governar não apenas em teoria,
mas também na prática.

A partir de 450 A.C., foram passando na Assembleia uma série de leis que
progressivamente foram estabelecendo um sistema democrático que o mundo nunca
tinha visto antes. Foram dados aos cidadãos o poder directo da Assembleia e dos
tribunais populares, onde as decisões eram tomadas por maioria.

Assim, as suas medidas vão incidir sobre vários aspectos. Em primeiro lugar, vai alargar
o campo de recrutamento das magistraturas, antes apenas limitada às duas classes
superiores. No entanto, a sua sensibilidade política vai mais longe, ao constatar que esta
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participação das classes inferiores seria puramente teórica, se estes elementos, que
tinham poucos recursos económicos, não fossem pagos. Assim, alarga o campo dos
arconatos à terceira classe (pequena burguesia e artífices de poucos rendimentos),
deixando de fora a quarta e última classe, a dos operários e serventes. Criou também
indemnizações para os membros do Conselho dos Quinhentos, para os militares e para a
participação dos cidadãos nas numerosas festas da República. No entanto, nunca deu
dinheiro para a participação na Assembleia do Povo, uma vez que era considerado um
dever a frequência desta.

Na sua apologia pela democracia, Péricles defendia um modelo de democracia directa,


e caracterização regime vigente em Atenas como um regime em que o Estado era
administrado em função do povo e não das minorias. Deste modo, este pensador
entende que as regras principais da democracia seriam a igualdade e a liberdade:
igualdade, na medida em que as leis asseguravam a todos um tratamento por igual, e,
no que dizia respeito à vida pública, cada um obtinha uma igual
consideração em função dos seus méritos e valores pessoais (e não em valor da classe
social a que se pertence);- a liberdade, seria um princípio fundamental, uma vez
que estimulava a participação da opinião pública, mesmo nos debates que
envolvessem as grandes questões do Estado (pois Péricles entendia que as grandes
questões só tinham a ganhar com a livre discussão e argumentação das opiniões).

Deste modo, facilmente se conclui que todo o seu discurso fica indelevelmente marcado
pela apologia do equilíbrio, da tolerância e moderação da acção política, demonstrando
particular atenção pelas leis sociais, e defendendo a possibilidade dos mais pobres
saírem da sua débil situação através do trabalho. Durante o tempo que governou Atenas
(mediante 15 eleições sucessivas para o cargo de estratego), Péricles privilegiou a
qualidade de vida (o desporto, a cultura e os espectáculos), exacerbou a
prosperidade económica da cidade (bem como a sua abertura ao exterior), além de
elogiar os que morriam como heróis em defesa da Pátria, exortando aos vivos para que
saibam honrar o exemplo dos que pereceram no cumprimento do dever.

3.1. As limitações da democracia ateniense


A democracia ateniense apresentava, contudo, algumas imperfeições e limitações.
Caracterizava-se por ser uma democracia directa, na qual somente participavam os
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cidadãos de Atenas, ou seja, os indivíduos que eram filhos de pai e mãe atenienses, com
mais de 21 anos de idade, e com serviço militar cumprido.

As mulheres não possuíam poderes/direitos cívicos nem jurídicos, não podiam possuir
propriedades e era-lhes vedado o ensino. Facilmente se constata que Atenas era palco de
uma sociedade esclavagista, na qual os míticos (os cidadãos estrangeiros, como veio a
ser o caso de Aristóteles, por exemplo) eram obrigados a cumprir determinados
deveres, como pagar impostos e cumprir serviço militar, além de não poderem participar
da vida política da cidade.
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Conclusão
Após o termino do trabalho concluiu – se que Péricles nasceu em 495 a.C.,
no demo de Colargo, a norte de Atenas. Era filho do político Xantipo, que, embora
tivesse sido condenado ao ostracismo em 484-484 a.C., retornou a Atenas para
comandar o contingente ateniense durante a vitória grega na Batalha de Mícale cinco
anos antes, pertencia à tribo local de Acamante (Ἀκαμαντὶς φυλὴ). Sua infância foi
tranquila; introvertido, o jovem Péricles evitava aparições públicas, preferindo dedicar
seu tempo aos estudos.

Péricles foi um nobre ateniense, homem inteligente e sábio, que abrilhantou a apreciada
figura do estadista culto, moderado e cívico através da sua defesa da democracia (ainda
hoje o “século de Péricles” é conhecido como o período áureo da democracia ateniense)

Péricles reúne na sua pessoa quatro virtudes. Em primeiro lugar, tem a inteligência, isto
é, a capacidade de analisar uma situação política, de prever exactamente o
acontecimento e responder-lhe com um acto. Em segundo lugar, é dono de uma grande
eloquência. Dir-se-ia que cada vez que fala perante a Assembleia, depõe a sua coroa de
chefe, só a voltando a colocar com o consentimento de todos. É um grande orador que
tem sempre um relâmpago na língua. A terceira virtude é o patriotismo mais puro: para
Péricles, nada está acima do interesse da comunidade dos cidadãos, acima da honra da
cidade de Atenas.

Na sua apologia pela democracia, Péricles defendia um modelo de democracia directa, e


caracterização regime vigente em Atenas como um regime em que o Estado era
administrado em função do povo e não das minorias. Deste modo, este pensador
entende que as regras principais da democracia seriam a igualdade e a liberdade:
igualdade, na medida em que as leis asseguravam a todos um tratamento por igual, e,
no que dizia respeito à vida pública, cada um obtinha uma igual
consideração em função dos seus méritos e valores pessoais (e não em valor da classe
social a que se pertence).
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Bibliografia
S'nchez, J. G. (1991). A CONTRIBUICAO HISTORICA DA SOFISTICA A EDUCACAO:. A RELACAO
ENTRE PODER, SABER E DISCURSO , pp. 34-55.

AUSTIN, M. e VIDAL-NAQUET, P. Economia e sociedade na Grécia antiga. Lisboa,


Edições 70, 1986.

VIDAL-NAQUET, Pierre. Os gregos, os historiadores, a democracia: o grande desvio.


(Trad.) Jônatas Batista Neto. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

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