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TRIAGEM E AVALIAÇÃO
NUTRICIONAL EM ADULTOS
Lúcia Caruso
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Tabela 1: Descrição do Malnutrition Screening Tool (MST) 2.1. Avaliação Nutricional Subjetiva
Questionário A Avaliação Nutricional Subjetiva (ANS) foi proposta
por Detsky et al. em 1984. Trata-se de um questionário que
Pergunta Escore
considera alterações da composição corporal (perda de
Você vem perdendo peso, mesmo sem querer? peso, redução de massa gordurosa e muscular e presença
de edema); alterações na ingestão alimentar e no padrão
( ) Não 0
( ) Sim 2
de dieta; função gastrointestinal (náuseas, vômitos,
( ) Não sabe 2 diarreia e anorexia); demanda metabólica associada ao
diagnóstico; e, também, alterações da capacidade fun-
Se sim, quanto peso em kg você perdeu?
cional do paciente.
( ) 1 a 5 kg 1 Permite um diagnóstico nutricional mais rápido e sub-
( ) 6 a 10 kg 2 jetivo. Na Tabela 2 está descrito o questionário adaptado
( ) 11 a 15 kg 3 que é utilizado no Hospital Universitário, o qual agrega
( ) > 15 kg 4 algumas outras informações e é baseado na proposta de
Você vem se alimentando mal porque seu apetite Garavel (Waitzberg e Ferrini, 1995), cujo diagnóstico final
diminuiu? é obtido a partir da somatória dos pontos conferidos a
cada etapa.
( ) Não 0
( ) Sim 1 Esse método tem a vantagem de ser simples, ter baixo
custo, não ser invasivo e poder ser realizado à beira do
Somatória total do Escore _______ leito. Por ser subjetivo, a desvantagem apontada é que
Interpretação: Score total ≥ 2 indica que o sua precisão depende da experiência do observador e,
paciente encontra-se em risco nutricional por isso, o treinamento anterior à execução é funda-
mental. A avaliação subjetiva permite o conhecimento
Fonte: adaptado de Ferguson et al. 1999
do estado nutricional prévio para aqueles pacientes que
não contaram com um diagnóstico nutricional anterior à
A partir do resultado da triagem nutricional e levando admissão, sendo de grande valia para o direcionamento
em conta a condição clínica, é possível estabelecer o nível da terapia nutricional, bem como da necessidade da rea-
de assistência nutricional, que pode ser descrito resumi- lização da avaliação objetiva.
damente como: A rotina do Serviço de Nutrição Clínica é aplicar a ANS
• Primário: Paciente não apresenta risco nutricional e nos pacientes cuja triagem nutricional foi positiva, isto é
não requer terapia nutricional específica; ≥ 2, indicando risco (Tabela 1).
• Secundário: Paciente com risco nutricional mediano
ou que apresenta condição clínica que implica em 2.2. Avaliação Nutricional Objetiva
determinada alteração dietética; Neste item são abordados alguns dos principais
• Terciário: Paciente com alto risco nutricional e com parâmetros utilizados na avaliação nutricional objetiva,
necessidade de terapia nutricional específica. lembrando que o leitor interessado deverá recorrer à
O estabelecimento do nível de assistência permite literatura específica.
a sistematização do atendimento nutricional de forma Nessa avaliação é essencial levar em conta alguns
a priorizar o acompanhamento de pacientes em risco conceitos atuais. Em virtude do reconhecimento da contri-
nutricional. buição do estado inflamatório no processo de desnutrição,
a caquexia tem sido caracterizada como um processo pró-
-inflamatório sistêmico, associado a anorexia e alterações
metabólicas, como a resistência a insulina e proteólise
2. AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
(Jensen et al. 2009). Neste contexto, para o diagnóstico das
A avaliação nutricional pode ser realizada de forma síndromes de má nutrição no adulto, sugere-se que o pro-
subjetiva ou objetiva, conforme abordado a seguir. cesso inflamatório seja considerado, conforme o Figura 1.
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Tabela 2: Formulário da Avaliação Nutricional Subjetiva Global utilizado no Hospital Universitário
A – Anamnese
1. Peso corpóreo
Altura _______ IMC _______
[1] Mudou nos últimos seis meses ( ) Sim ( ) Não
[1] Continua perdendo atualmente ( ) Sim ( ) Não
Peso atual _______ Kg Peso habitual _______ Kg
Perda de peso (PP) _______ % [2] se>10% ( ) Em quanto tempo? _______
[1] se<10% ( )
Total parcial de pontos _______
2. Dieta
(1) Mudança de dieta ( ) Sim ( ) Não
A mudança foi para:
[1] ( ) Dieta hipocalórica
[2] ( ) Dieta pastosa hipocalórica
[2] ( ) Dieta líquida > 15 dias ou solução de infusão intravenosa > 5 dias
[3] ( ) Jejum > 5 dias
[2] ( ) Mudança persistente > 30 dias
Total parcial de pontos _______
(0) Normal
(+1) Leve ou moderadamente depletado
(+2) Gravemente depletado
( ) Perda gordura subcutânea (tríceps, tórax)
( ) Músculo estriado
( ) Edema sacral
( ) Ascite
( ) Edema tornozelo
Total parcial de pontos _______
C – Categorias da ANSG
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Da mesma forma que a albumina, é uma proteína de Com a síntese diminuída na reação de fase aguda,
fase aguda negativa, ou seja, cuja concentração é dimi- também não constitui um indicador do estado nutricional
nuída durante a reação de fase aguda, não refletindo a nessa situação (Rossi et al. 2010).
subnutrição nesse caso. No entanto, em virtude da meia No Quadro 1 está relacionada a classificação da
vida mais curta, reflete de forma mais sensível o retorno subnutrição segundo os níveis das proteínas séricas.
à fase anabólica. Se for possível obter um valor inicial na Reforçando-se que o diagnóstico nutricional é possível por
admissão do paciente na UTI, será uma boa referência meio desses indicadores quando refletem que a síntese foi
para monitorar o estresse fisiológico. Quando os níveis diminuída por deficiência da oferta nutricional.
começarem a se elevar, há indicação de que o estresse
está diminuindo, sendo um indicador de prognóstico mais
Balanço Nitrogenado
sensível (Rossi et al 2010).
O balanço nitrogenado permite a avaliação do ritmo do
catabolismo proteico, bem como a monitoração da terapia
C - Transferrina nutricional frente a esse catabolismo, podendo direcionar
de forma mais eficaz a oferta proteica. É um dos parâ-
metros mais utilizados em UTI, no entanto deve-se estar
atento para suas limitações. Em situações de diarreias,
Fórmula 1: Estimativa da Transferrina Plasmática
fístulas digestivas de alto débito ou sudorese excessiva,
Quadro 2: Classificação do estado nutricional de adultos (20 a < 10% / > 10% / > 20% /
60 anos) segundo o IMC 6 meses 6 meses 6 meses
< 18,50 Baixo peso Quadro 5: Fatores intervenientes nos parâmetros objetivos
convencionais para o diagnóstico e acompanhamento nutri-
18,50 – 24,99 Normal cional da subnutrição.
≥ 30 Obesidade
20 Manual da Equipe Multidisciplinar de Terapia Nutricional (EMTN) do Hospital Universitário da Universidade de São Paulo – HU/USP
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