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Requisitos da Personalidade do Estado

O Estado soberano nasce como novo sujeito quando reune os três elementos que, com base na noção de Estado proposta por Jellinek no século
XIX, são considerados pela doutrina como elementos consitutivos do conceito de Estado: 1) Povo: que é o elemento humano como conjunto de
pessoas que lhe ligam por um vínculo de cidadania; 2) elemento territorial: que é o território, que representa o âmbito espacial de projecção da
sua Ordem Jurídica e; 3) elemento funcional: que é a soberania, que se traduz, na esfera interna, no poder máximo de auto-organização - a
kompetenz - e na esfera internacional, na independência e igualdade frente a outros poderes.

Em primeiro lugar o Estado tem a plenitude da competência interna, no duplo plano da competência
territorial e da competência pessoal. É o único sujeito do DI a quem essa plenitude da competência
interna é reconhecida pelo Direito Internacional Comum que, ao contrário, limita a competència de
outros sujeitos;

Quanto à competência territorial, a plenitude da competência significa exclusividade: o Estado


soberano tem o direito de recusar o exercício de qualquer acto de autoridade por parte de um outro
Estado no seu territódio. Trata-se de uma regra consuetudinária (caso Reimbow Warrior, nome de
navio pertencente ao Greenpeace que em Junho de 1985 foi danificado pelos serviços secretos
Competência Interna franceses na Nova Zelância e a França reconheceu a exclusividade da NZ ao pedir mais tarde
desculpas formais por essa violação de DI e em consqe quência disso de indemnizar o movimento
ecologista e a NZ)

No que se refere à competência pessoal, para aprendermos a plenitude da competência interna do


Estado soberano temos que atender ao conceito da nacionalidade: o Estado soberano detém a
competência exclusiva para atribuir a sua nacionalidade a pessoas singulares e colectivas, a navios e
aviões, satélites e a outros engenhos espaciais; essa exclusividade só poderá encontrar-se limitada
por convenções internacionais, concluídas livremente pelo Estado.

Ius Legationis (o direito da legação) - o direito de enviar e receber agentes diplomáticos,


ou seja, o direito de exercer as relações diplomáticas.
Estado Soberano As Competências do
é principal sujeito, ou seja, o Estado Ius Tractuum (direito de celebrar tratados internacionais) - Representa a faculdade
sujeito por excelência do concediida para celebrar tratados internacionnais, nela se incluindo todos os restantes
Direito Internacional; é o único actos que acessoriamente se podem inscrever na dinâmica que é própria da contratação
que "possui na sua totalidade internacional.
os direitos e os deveres O direito de reclamação internacional - o direito de usar internacionalmente de fazer
internacionais reconhecidos valer os seus direitos, como os protestos, os pedidos de inquérito, o recurso à arbitragem,
pelo DI. o recurso à jurisdicção internacional etc. Estes meios são, em princípio, reconhecidos
Ao contrário de outros sujeitos apenas aos Estados (Artigo 34.º, n.º 1 do ETIJ que prevê que só os Estados podem pleitear
de DI, cuja a personalidade é peranto o Tribunal).
criada e cuja capacidade é
delimitada por tratado e muito Ius Belli (Direito de fazer a guerra) - o direito de usar a força para manter o seu direito,
raramento pelo costume Competência Externa nos casos permitidos pelo DI. Mas, hoje, com a proibição do usi da força no moderno DI.
internacional, "os Estados hoje Con. Artigo 2.º, n.º 4, Carta da ONU - o ius belli apenas é admitido em legitima defesa e
a forma política essencial por somente nas condições do artigo 51.º da mesma Carta.
meio da qual toda a
colectividade tem acesso à vida
internacional. Estes quatro direitos acrescente-se o direito à igualdade soberana da parte do Estado
soberano como sujeito de DI. - Este princípio consta do artigo 2.º. n.º 1 da Carta das
Nações Unidas como princípio fundamental da Ordem Jurídica das NU que o herdou do
pacto da SDN.
Reconhecimento de
Estado Os Estados nascidos da descolonização sempre defenderam a manutenção deste princípio
(esquema própria) e o seu desenvolvimento para que na AG da ONU nunca fosse poste em causa o princípio
de um Estado um voto que confere aos Estados do 3.º Mundo o poder de influenciar as
ESTADOS E ENTIDADES

votações da AG. Esse princípio foi renovado na Acta de Helsínquia em 1975. Contudo, a
evolução do DI e do conceito de soberania foram pondo em causa em crise a igualdade
soberana dos Estados.
PARA-ESTADUAIS

O nascimento a partir de um processo de secessão, com


manutenção do Estado anterior, assim reduzido, surgindo
Vicissitudes Políticas: um novo Estado através de um acto de separação
corporizam mutações no territorial
sistema político dos Estados, Vicissitudes aquisitivas apontam
com óbvias implicações em para o momento do nascimento do O nascimento a partir de um processo de descolonização
cada sistema constitucional, Estado, o que do ponto de vista política, com fundamento no movimento da
como sucede com o fenomenológico pode acontecer descolonização internacional
reconhecimento dos governos por diversas vias.
provisórios, bom como nos
casos em que a capacidade O nascimento por fusão num novo Estado de territórios
internacional dos Estados se que pertenciam a outros Estados, que ao mesmo tempo
altera. se dissolvem.

Vicissitudes Territoriais: A aquisição de parcelas territoriais, seja por fenómenos


designam alterações no naturais, como o aluvião e o avulsão, em conjunto a
Vicissitudes do Estado elemento territorial, que se acessão, seja por actos jurídicos, como a ocupação de
modifica total ou parcialmente, terras res nullius, a ocupação autorizada ou a adjudicação
determinando uma mutação na onerosa.
respectiva configuração, sendo Vicissitudes modificativos, não
estas, de longe, as mais usuais implicando o desaparecimento do
na vida internacional, já que A perda da parte do seu território, por cataclismos
Estado, apenas o modificanndo
directamente interferem no territorialmente, concretizam-se naturais, como terramotos ou inundações
respectivo posicionamento. segundo diversas hipóteses: permanentes.
Uma melhor dilucidação das
vicissitudes territoriais depara A cessão parcial voluntária, havendo a decepação de
com três categorias, parcela do seu território, a integrar noutro Estado ou a
acompanhando o Estado nas erigir-se, autonomamente, em novo Estado, através de um
suas alterações vitais, assim processo convencional.
sendo: aquisitivas,
modificativas, extinssivas.
Desaparecimento do seu território, como terá sido o caso
da lendária atlântida, que se afundou no Oceano Atântico.
Os beligrantes correspondem a grupos de rebeldes armados, desenvolvem
uma actividade bélica em prol da mudança do sistema político do Estado em
que se integram. UNITA (Angola)
A secessão extintiva, quando o Estado se desagrega, as
suas partes se integrando noutros Estados já existentes ou
Os insurectos representam, tal como os beligrantes de rebeldes que levam Vicissitudes extinsivas, dá-se dando origem a novos Estados.
por diante uma luta armada com objectivo de derrubar o sistema político o desaparecimento do Estado, o
vigente, mudando depois a ordem constitucional estabelecida. RENAMO que pode suceder de acordo
(Moçambique) com vários fenómenos Usucapião, quando a posse sobre território alheio,
sem que seja contestada, se convola em direito de
Entidades Para Movimentos de libertação nacional (Minorias Nacionais) que
soberania territorial:
Estaduais visam à independência de povos. A sua personalidade jurídica dá.se
em trrês âmbitos: no direito humanitário, no direito dos tratados e
nas relações internacionais. (ex. OLP). A decisão unilateral de um governo de facto ou de
uma organização internacional.
As regiões infra-estaduais ainda dentro do leque de sujeitos que,
não sendo estaduais, se aproximam bastante das características que
estes ostentam, é de mencionar as regiões infra-estaduais, que
corporizam espaços territoriais, dotados de autonomia jurídico
pública e com poderes, embora limitados, na vida internacional. Ex.
Região autónomas Macau

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