Você está na página 1de 9

Trabalho de Bioengenharia

BIORREATORES

João Pedro Tesini Rocha e Luis Jardim

UTFPR – Ponta Grossa


1. Fluxograma de um Biorreator em Batelada

Nesta figura podemos observar os principais componentes de um biorreator


funcionando em processo de batelada. Neste tipo de processo o composto é
colocado dentro do biorreator, onde ele será transformado no produto final a partir
das rotas estipuladas, sem fluxo de massa, ou seja, a partir do momento em que o
composto é colocado dentro do equipamento, ele somente será retirado após a
finalização do processo.

2. Controles do Biorreator em Batelada

Dentre os principais componentes de m biorreator estão os seus controles,


dentre os quais identificamos os seguintes:

 Agitador;
 Aerador;
 Sonda de pH;
 Sonda de oxigênio;
 Bomba de ácido/base;
 Coletor de amostra;
 Condensador de gases;
 Camisa térmica;
 Chapa de aquecimento e
 Controlador.
O controlador é o principal responsável por basicamente todos os outros
controles, de forma que é ele quem fica lendo as medições das sondas de pH e de
oxigênio, acionando quando necessário as bombas de ácido e base para controlar
o pH de meio, ou o aerador para manter o nível ótimo de oxigênio no composto.
Os outros controles como o agitador, o coletor de amostra e o controle da
temperatura, devem ser realizados de forma manual, uma vez que esse controles
raramente são conectados ao controlador.
Portanto, cabe ao responsável analisar a temperatura de forma constante a
fim de tomar as medidas necessárias para mantê-la em condições ótimas, seja
ligando a camisa de água para diminuir a temperatura, seja ligando a chapa de
aquecimento para aumentá-la.

3. Processo de Operação do Biorreator

3.1 Etapas anteriores ao processo de operação do Biorreator

Antes de iniciarmos um processo no nosso Biorreator, temos que realizar


alguns procedimentos antes para garantir que o resultado seja obtido sem nenhum
tipo de interferência além da reação que ocorre dentro do equipamento.
Primeiro temos que limpar e esterilizar o Biorreator e os equipamentos que
serão utilizados no processo para que não haja contaminação nem interferência de
um processo anterior em outro posterior. Geralmente essa limpeza dos materiais é
realizada com o auxílio de um autoclave ou pela aplicação direta de vapor.
Já com o processo que será realizado em mente, devemos então preparar o
inóculo (microorganismo) já selecionado para aquele processo, de acordo os
nossos objetivos. Dependendo do inóculo utilizado e dos objetivos do experimento,
essa preparação deve acontecer dias antes de colocá-lo dentro do Biorreator para
realizar o processo juntamente com os outros compostos necessários do processo.
Temos também que preparar o meio de cultura, que será o substrato sobre o
qual o inóculo irá atuar durante o processo. Temos que buscar um substrato que
garanta condições ótimas no quesito nutrientes para que consigamos obter o
produto em sua melhor forma. Temos também que garantir que não existam outros
microorganismos presentes na amostra a ser utilizada, para isso deve ser feita a
esterilização do meio de cultivo antes de adicionar os inóculos do processo que
será realizado.
Muitas vezes poderá ser necessário também adicionarmos substâncias a esse
substrato como vitaminas e açúcares para torná-lo ótimo para os microorganismos
escolhidos e assim termos uma produção o mais eficiente possível.
Uma informação que é importante de termos em mente no momento de
determinar as condições ótimas para o processo é que as condições que permitem
a reprodução máxima dos microorganismos no meio celular não são
necessariamente as mesmas que permitem a máxima produção de um
determinado produto. No caso do Aspergillus niger, por exemplo, os melhores
rendimentos de ácido cítrico são obtidos quando seu crescimento é restringido por
concentrações de semi-inanição de nitrogênio, fósforo, em um meio com alta
concentração de açúcar.
Com o substrato e os inóculos prontos para o processo, o último passo antes de
começarmos é definir para o sistema as condições padrão necessárias como pH,
temperatura, nível de oxigênio dissolvido, e todos os outros pontos sobre os quais
será necessário mantermos um controle durante o processo. Pois assim o nosso
controlador estará calibrado para coletar os dados e fazer os ajustes necessários
para que sejam mantidas as condições ideais.
Após estas etapas realizadas, agora simplesmente devemos adicionar o
substrato e os microorganismos no biorreator para iniciarmos o nosso processo.
Após a adição destes no equipamento, devemos fechá-lo seguindo as normas de
segurança para que não ocorra nenhum acidente, ligar os equipamentos
necessários como o aerador, o agitador, as sondas de pH e oxigênio, bem como o
controlador e deixar o processo ocorrer durante o prazo estipulado, que depende
do inóculo usado, do substrato sobre o qual ele age e dos produtos que são
esperados ao final do processo.

3.2 Etapas durante o processo de operação do Biorreator


Como no processo em batelada não ter entrada nem saída significativa de
materiais, os únicos cuidados que devemos tomar durante a formação do produto é
o de observar e controlar as condições tidas como ótimas para o produto esperado,
ou seja, devemos sempre analisar as condições de temperatura, pH, oxigenação
(que podem ser controlados pelo painel do controlador).
Caso seja necessária a aplicação de ar no sistema, o mesmo deve ser
esterilizado antes de ser colocado no processo para não contaminar o meio e
modificar o produto.
Fora esses pontos, devemos também ficar atentos aos gases que estão sendo
liberados e condensados no condensador e realizando as análises necessárias por
meio das amostras coletadas durante o processo, verificando se o processo está
seguindo como o esperado.
É importante ressaltar que no processo em batelada, durante o processo de
fermentação nada é adicionado ou removido do biorreator (apenas ácidos e bases
para controle de pH, antiespumante, dentre outros compostos para controle do
ambiente e em quantidades que não influenciem significantemente no volume
final).
Portanto, durante o processo precisamos apenas ficar atentos aos dados
fornecidos (e geralmente plotados em um gráfico no computador) para analisar se
a reação está ocorrendo dentro das condições esperadas e dos níveis de
segurança estabelecidos.
3.2 Etapas posteriores ao processo de operação do Biorreator

Após o processo no biorreator é necessário desligar os motores e abrir o


Biorreator de forma controlada; por exemplo, se o processo foi realizado sob
pressão e/ou temperatura elevados, é necessário resfriar e diminuir a pressão aos
poucos e de forma controlada dentro do tanque antes de abri-lo.
No caso específico de fermentação, após a abertura do equipamento de forma
controlada, começamos a retirada do caldo fermentado, que contém o produto
misturado com outras substâncias produzidas na fermentação, bem como as
células de microorganismos responsáveis pela fermentação.A partir do caldo
retirado nós começamos os processos de separação para obtenção do produto
puro.
Começamos fazendo uma filtração para retirar as células presentes
(microorganismos) que são responsáveis pelo processo de fermentação e, em
alguns casos, podem ser reutilizados em um novo processo.
Do caldo filtrado nós separamos o produto desejado de outros compostos que
foram formadas no processo, mas que não sejam de interesse. Este caso nem
sempre é necessário, e quando é, varia de acordo com o produto esperado e com
as substâncias misturadas nele. Além da separação destes outros componentes do
caldo de fermentação, pode ser necessária a purificação do produto, de acordo
com a sua utilização posterior.
As substâncias separadas do produto principal também podem ter um processo
de tratamento após essa separação, caso sejam substâncias tóxicas e/ou nocivas
á saúde, precisam passar por um tratamento antes do descarte. Da mesma forma,
caso sejam substâncias de interesse econômico ou que possam ser utilizadas em
outro momento, passam por um tratamento para posterior armazenamento.
Por fim, após a retirada de tudo o que havia dentro do biorreator, devemos
limpá-lo e esterilizá-lo, bem como as ferramentas e equipamentos utilizados. Desta
forma, ele estará pronto para o próximo processo (considerando um processo em
batelada).
4. Resumo do Processo em Batelada

Por fim, após o estudo das etapas dos processos do biorreator, podemos
elencar algumas vantagens e desvantagens da produção em batelada:
Vantagens:
 Fácil operação;
 Menor risco de contaminação;
 Construção e instrumentação simples e barata;
 Processo adequado para curtos períodos de tempo;
 Versatilidade de usos

Desvantagens:
 Esgotamento do meio de cultivo e acúmulo de compostos tóxicos ou
degradação do produto;
 Menor produtividade volumétrica;
 Preparo do reator entre uma batelada e outra reduz tempo útil e aumenta
custos.

Portanto, destacamos que o principal problema desta forma de operar é


decorrente de fenômenos de inibição pelo substrato, produto, ou outros
metabólitos, pois é fato bem conhecido que a célula viva polui seu ambiente com
produtos do seu metabolismo até fazer cessar o crescimento e, eventualmente,
perder sua viabilidade, fenômeno conhecido como inibição pelo produto.
Com isso, podemos entender o porquê o processo em batelada raramente é
utilizado em processos industriais, salvo algumas exceções, tendo maior uso em
testes menores realizados em laboratório e em processos específicos como o de
fermentação.

Você também pode gostar