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Aula 2: O deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira:

o modelo substitutivo de importações

Apresentação

Esta aula discute a tentativa de se criar um modelo de desenvolvimento nacional e autônomo por
meio do modelo de substituição de importações, tendo como protagonista principal o Estado
brasileiro.

Objetivos
Discutir a importância das crises internacionais como elemento catalizador do deslocamento do
centro dinâmico da Economia brasileira; Apontar a importância da “Revolução” de 1930 para a
decolagem do processo de industrialização nacional; Explicar o Processo de Substituição de
Importações (PSI), destacando a importância do papel do Estado para alavancar o processo de
industrialização.

Tentativa de um modelo de desenvolvimento nacional: o papel do Estado brasileiro


No período compreendido entre os anos de 1930 e 1940, tinha-se todo um contexto de grandes
dificuldades na economia mundial e havia uma crise na economia brasileira que acabava sendo
agravada pela fase conturbada no âmbito internacional.

Nesse sentido, nos anos de 1930, com a Grande Depressão1, os países, de maneira geral,
buscavam sua própria saída econômica, pois os fluxos comerciais internacionais haviam caído de
maneira significativa. Diante dessa constatação, havia questões da economia brasileira que
exigiam respostas. Dentre estas, qual seria o papel (ou papéis) do setor público no
desenvolvimento capitalista brasileiro.

Na verdade, é importante informar que a elite que assumiu o poder nos anos de 1930 não tinha
um planejamento que pudesse fazer com que o Brasil tomasse novos rumos que,
consequentemente, alavancassem seu desenvolvimento socioeconômico.

O contexto histórico demonstra que, na realidade, essa elite se dispunha apenas a alavancar o
capitalismo brasileiro por meio das suas ideias e percepções, a partir das necessidades
momentâneas da época.

Porém, para colocar o Brasil nesse contexto mais avançado, seria necessário dar prioridade à
industrialização do país, sem descuidar da agricultura, principalmente a do café. Assim, o
processo de industrialização brasileira baseou-se na empresa nacional.

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A chamada empresa nacional tinha, para o governo Vargas, a responsabilidade de conduzir e
gerar adequadamente o processo de acumulação de capital. Ao mesmo tempo, deveria
desenvolver e diversificar atividades produtivas em função das suas próprias condições
econômicas. Para que isso acontecesse, no entanto, o apoio do Estado brasileiro era
fundamental.

Saiba mais

Segundo Souza e Machado (2019), dado este novo contexto do capitalismo mais avançado para
a economia brasileira, por meio da priorização da industrialização, tendo como agente de fomento
o Estado, no plano social buscava-se também ampliar a geração de empregos. Com isso,
objetivava-se integrar a mão de obra à sociedade moderna na época com o apoio de uma política
salarial que visava elevar o poder aquisitivo dos trabalhadores, além de possibilitar o acesso
desses trabalhadores à previdência social.

Em função da sua situação da época — uma industrialização tardia em relação aos países
pioneiros —, o Brasil estava na condição de país periférico em comparação a esses pioneiros do
capitalismo mundial, como os EUA e certa parte dos países europeus. Tal realidade levava a crer
que as condições econômicas exigiam a existência de um Estado-gestor forte para abrigar,
proteger e conduzir o processo de desenvolvimento capitalista brasileiro.

Além disso, é importante destacar que a sociedade brasileira era altamente complexa: a
burguesia encontrava-se frágil e o empresariado nacional era pouco produtivo e competitivo, por
isso a importância da presença do Estado para administrar essas.

Dada a importância da presença do Estado na gestão econômica do capitalismo brasileiro, exigia-


se elevados investimentos, especialmente em infraestrutura e na produção de insumos básicos.

Comentário

 Não havia, na época, suficientes capitais privados no Brasil nem empreendedores capitalistas
que dispusessem de uma visão sobre investimento e gestão que garantisse uma evolução do
desenvolvimento industrial brasileiro. Além disso, o país sofria também com a ausência de
disponibilidade de capitais estrangeiros em decorrência da Grande Depressão desencadeada a
partir da crise da Bolsa de Nova York, em 1929.

Portanto, o desenvolvimento do capitalismo brasileiro, por meio da industrialização, passava a ser


dirigido pelo Estado. Essa direção é exercida tanto pela função de produtor, isto é, o Estado-
empresário2, como pela função de protetor da indústria nacional perante a concorrência das
empresas estrangeiras.

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Logo, o Estado assumiu para si toda uma grande responsabilidade de ser o principal gestor da
evolução do capitalismo no Brasil por meio do grande incentivo à industrialização no país.

Atenção

Cabe destacar, no que diz respeito às principais funções do Estado, que Gremaud e Vasconcellos
(2017) complementam essa discussão chamando atenção para as seguintes incumbências dessa
entidade: adequação do arcabouço institucional à indústria; geração de infraestrutura básica;
fornecimento de insumos básicos; e captação e distribuição de poupança.

Tal incentivo se fez mediante utilização de capitais indispensáveis da poupança interna, por meio
da criação de empresas estatais em setores básicos da economia, do direcionamento de
investimentos privados e do estabelecimento de reservas de mercado cujo objetivo era o de
proteger a indústria nacional nascente, que, ao mesmo tempo, acabava recebendo estímulos,
subsídios e incentivos fiscais para  alavancar seus empreendimentos industriais, permitindo à
burguesia nacional acelerar o seu processo de acumulação de capital.

Segundo Rego e Marques (2018), o Estado brasileiro como empresário, assumindo a função de
provedor da infraestrutura e da produção de insumos básicos, responsabilidades essas
indispensáveis ao processo de acumulação do capital, fazia isso diante da fraqueza do
empresariado nacional. Ao mesmo tempo, acabava suprindo as deficiências desse empresariado
e ocupando espaços disponíveis para dirigir o processo do novo modelo de desenvolvimento
nacional.

A Revolução de 1930 e a decolagem do processo de industrialização nacional


A Revolução de 1930 gerou alterações na composição da elite socioeconômica no Brasil. Melhor
colocando, a hegemonia política cafeeira dava lugar à classe industrial ascendente, pois até esse
ano, as oligarquias de Minas Gerais e de São Paulo conseguiam manter o país com
características agroexportadoras.
Havia alternâncias de poder na presidência da República realizadas por essas oligarquias. Por
meio de tais alternâncias, as elites defendiam seus interesses, mantendo um sistema político que
ficou conhecido como a “política do café com leite” (ou “política dos governadores”).
A crise de 1929 que atingiu a economia brasileira (provocando dificuldades financeiras e elevado
índice de desemprego no país) acabou contribuindo para o clima de insatisfação popular com o
Governo (de Washington Luís).
Além disso, os militares liderados por Getúlio Vargas e Juarez Távora convergiram para a capital
— na época, o Rio de Janeiro —, formando a Junta Governativa. Essa junta prendeu o presidente
Washington Luís e, com isso, Getúlio Vargas tornou-se chefe do governo provisório com amplos
poderes, revogando a Constituição de 1891 e governando o Brasil por meio de decretos.3

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Contudo, os aliados de Getúlio Vargas acreditavam que ele ainda convocaria eleições gerais para
formar uma Assembleia Constituinte, mas essa solicitação era sempre adiada, o que fez com que
ocorresse uma série de movimentos no Brasil pedindo eleições presidenciais e uma nova
constituição.
Contudo, tais movimentos foram atacados (muitas vezes, violentamente) pelo governo de Getúlio
Vargas, que havia se declarado presidente da República por meio do que ficou denominado como
a “Revolução de 1930”.
 
Comentário
No entanto, cabe chamar atenção para o fato de que a chamada “Revolução de 1930” foi
simplesmente um golpe de Estado, e não uma revolução propriamente dita. Uma revolução
recebe amplo apoio da população e acaba gerando mudanças significativas no perfil do poder do
Estado. Assim, os acontecimentos de 1930 foram nada mais do que uma luta pelo poder entre as
diferentes elites, com margem de vitória para uma delas, e que pouco mudou a estrutura social
brasileira de maneira significativa.
A partir daí, considerando a nova realidade política brasileira e o contexto internacional de crise, a
implantação de um projeto de desenvolvimento nacional com base em um capitalismo autônomo
e independente era a estratégia de Getúlio Vargas para contemplar a decolagem do processo de
industrialização nacional.
A nova orientação para alavancar a economia brasileira compreendia a implantação de medidas
cujo objetivo principal era a redução da dependência externa, com melhor aproveitamento dos
nossos recursos naturais, bem como das matérias-primas nacionais.
Ao mesmo tempo, cabe destacar que o Brasil fez frente à crise existente na época mudando a
dinâmica produtiva, pois a atividade econômica ficou voltada para atender ao mercado interno e
deixou a demanda externa (como era característica de uma economia agroexportadora) em
segundo plano. Essa transformação refere-se a uma resposta dada ao que ocorreu na Revolução
de 1930.
Contudo, cabe chamar atenção para o fato de que a decolagem do desempenho da economia
brasileira ao longo dos anos de 1930, quando efetivamente a atividade industrial passou a ser
uma preocupação do Estado, dependia não somente desse “deslocamento” da demanda, mas
também de uma política de manutenção da renda. Tal política refere-se à proteção e à defesa da
produção do café brasileiro, que sofreu fortes consequências nos anos de 1930.
Entende das Consequências

Inicialmente, a manutenção da renda (e neste caso, da renda dos cafeicultores, já que eles ainda
tinham forte peso político), foi paga pela própria sociedade brasileira, por meio da desvalorização
do câmbio e da alta dos preços dos produtos importados pelo país. Contudo, com a queda
internacional dos preços do café, os cafeicultores vendiam o seu produto em maior quantidade
para tentar manter o seu nível de renda. Porém, tal procedimento gerava problemas para esses
produtores, pois acabava por fortalecer os grupos importadores que controlavam a distribuição de
café no mercado mundial. Em suma, o aumento quantitativo do volume pressionava ainda mais a
queda do preço do produto.

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Em função do que estava acontecendo com esses cafeicultores, o governo Vargas tomou como
posição a redução da quantidade ofertada do café. Como lógica econômica, fez-se necessária a
queima de um terço dos excedentes do estoque, que ocorreu não somente no início dos anos de
1930, mas também ao longo de toda essa década.

Nesse contexto, é importante salientar que a aquisição do café pelo governo Vargas para a
posterior queima tinha um preço, que era pago diretamente pela tributação que existia na época
sobre a exportação do café, assim como pela expansão do crédito.

A questão que fica é por que o governo Vargas adotou essa política de manutenção da renda dos
cafeicultores. Pela teoria econômica, tais medidas tinham como objetivo uma maior intervenção
estatal na economia brasileira, assim como preconizavam a teoria de Keynes, que defende o
Estado como um agente ativo contra a recessão e a alta do desemprego econômico.

Nesse sentido, o financiamento com recursos públicos pela compra dos excedentes e a queima
do café brasileiro tinham como objetivo manter o nível de emprego e da demanda agregada. Além
disso, assim, garantia-se o lucro dos cafeicultores, sendo que parte desse lucro acabava sendo
destinada a investimentos na atividade industrial.

No entanto, o fator dinâmico principal, ao longo de toda a década de 1930 e em décadas


posteriores a essa, era a importância que se deu ao mercado interno, de onde surgiu a expressão
“deslocamento do centro dinâmico da economia brasileira”. Melhor colocando, a preocupação
com a demanda externa acabou dando lugar à preocupação com o setor público, com a demanda
doméstica/interna.

Percebe-se que o atendimento ao mercado interno era fundamental. Para isso, dentro de um
explícito contexto nacionalista, havia a necessidade de gerar estímulo à indústria, incentivando,
também, a sua modernização. Com um programa de valorização ao mercado interno, entre outras
prioridades, eram primordiais a diversificação da agricultura, a implantação de uma indústria de
insumos básicos e a modernização do sistema de transportes para atender à demanda
doméstica.

O resultado de todo esse processo, portanto, estava vinculado à ascensão da indústria para
atender ao mercado interno e, por conseguinte, alavancar a renda nacional. Dessa maneira, a
decolagem da industrialização nacional se fazia por meio da ruptura do modelo primário-
exportador da economia brasileira em favor de um modelo (nacional) de desenvolvimento voltado
para o mercado interno. Toda essa condição tinha como base o desenvolvimento de indústrias
destinadas a substituir importações.

O Processo de Substituição de Importações (PSI): os governos Dutra e Vargas

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Desde o período autoritário de Vargas, acentuado durante o mandato provisório (e sobretudo no
período da ditadura do Estado Novo, a partir de 1937), passando pelo governo do presidente
Eurico Gaspar Dutra (1946–1951) até chegar à fase democrática do governo de Getúlio Vargas
(1951–1954), o chamado Processo de Substituição de Importações (PSI) foi o processo
responsável por mudanças de cunho econômico que ocorreram no Brasil. Esse processo acabou
ampliando e diversificando a capacidade produtiva da indústria nacional, fazendo com que o
centro dinâmico do país fosse deslocado do setor exportador para o mercado interno, sendo
liderado pelo Estado.

Entretanto, o PSI era um modelo fechado e parcial, pois a base exportadora continuava a ser uma
estrutura agrária ultrapassada que acabava aprofundando as diferenças de produtividade entre o
campo e os centros urbanos.

De qualquer forma, pode-se definir o PSI como um modelo de política industrial que favoreceu a
formação de uma indústria nacional e o comércio de seus produtos, criando barreiras
alfandegárias e cambiais aos produtos que eram importados, o que acabava desfavorecendo a
importação de produtos que vinham de outros países. O lema desse modelo destacava que a
indústria nacional era fundamental para a independência econômica do país.

Segundo Rego e Marques (2018, p. 354), uma indústria que estava voltada para o mercado
interno nos anos de 1940 e 1950 foi defendida para os países latino-americanos pela Comissão
Econômica para a América Latina e Caribe (CEPAL), órgão da ONU. Para a CEPAL, o PSI se
constituía como um modelo para diferentes esforços necessários à redução da dependência
econômica dos países latino-americanos em relação aos países mais industrializados.

O Brasil, ao longo das décadas de 1930 e 1940 e chegando aos anos de 1950, tinha um mercado
interno consumidor expressivo, mas que precisava ser abastecido corretamente, de maneira mais
ampla, por produtos de origem nacional. Neste sentido, ao longo de todo esse período, a
substituição de importações se deu, inicialmente, a partir de produtos mais simples até chegar
aos mais complexos e sofisticados, cuja produção demandava mais capital, empresas maiores,
mais tecnologia, maior capacidade gerencial e dinamismo empresarial.

Na evolução do PSI, pode-se distinguir três fases: a fase da produção de bens de consumo não
duráveis, a de produção de bens de consumo duráveis e a fase de produção de bens de capital e
de insumos básicos. Essas etapas são caracterizadas de acordo com as prioridades definidas
pela política do governo, em função da importância e do grau dos investimentos e do volume e
valor da produção resultantes desses investimentos.

Gremaud e Vasconcellos (2017) chamam atenção para as particularidades do modelo do


PSI. Leia e entenda um pouco mais.
PECULIARIDADES DO MODELO DO PSI

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Gremaud e Vasconcellos (2017) chamam atenção para as particularidades do modelo do PSI:

inicia-se com um estrangulamento externo — a queda do valor das exportações, por exemplo.
Este, junto com a manutenção de pelo menos parte da demanda interna, mantendo a demanda
por importações, gera escassez de divisas;

i. para contrapor-se à crise cambial (o estrangulamento externo), o governo toma medidas, para
controlar essa crise, que acabam por proteger a indústria nacional preexistente, aumentando a
competitividade e a rentabilidade da produção doméstica;

ii. gera-se uma onda de investimentos nos setores substituidores de importação, produzindo-se


internamente parte do que antes era importado, aumentando a renda nacional e a demanda
agregada;

iii. observa-se, no entanto, um novo estrangulamento externo, em função do próprio crescimento


da demanda, que se traduz em aumento das importações e de parte dos investimentos que se
transformam em matérias-primas e equipamentos importados; como em geral o ritmo de
crescimento das importações é mais rápido do que o crescimento das exportações, nova crise
recoloca-se, retomando-se o processo.

Considerando os argumentos anteriores, faz-se necessário destacar as fases do modelo de PSI


no Brasil. A primeira fase, que durou do início da década de 1930 até meados da década de
1950, compreendeu a produção de bens de consumo não duráveis e tinha como objetivo principal
o atendimento das necessidades imediatas dos consumidores brasileiros.

Nessa fase, destacaram-se ramos industriais tais como o têxtil, o de alimentação, bebidas,
vestuário, calçados etc.

Outros ramos com relativa importância também podem ser citados, segundo Souza e Machado
(2019), como a produção de utensílios domésticos, instrumentos de trabalho, equipamentos
simples, bens de uso caseiro etc.

Cabe destacar que a Segunda Guerra Mundial e a imigração criaram condições para que muitas
oficinas de conserto se transformassem em indústrias de máquinas e equipamentos, embora de
limitado nível de sofisticação.

No entanto, o advento da atividade industrial dessa fase acabava, em sua maior parte,
dependendo de importações, pois havia déficit de produção da indústria de base de insumos
(como de ferro e aço), assim como de máquinas e equipamentos modernos de tecnologia de
ponta.
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A segunda fase do PSI diz respeito à produção de bens de consumo duráveis e acabou se
tornando a fase mais dinâmica da economia brasileira. Durante esse período, estruturou-se, mais
fortemente, o mercado nacional. Tratava-se da produção de bens mais sofisticados, cujos preços
garantiam boas perspectivas de lucro, tanto para a indústria como para as redes de
revendedores, e que, progressivamente, de acordo com Gremaud e Vasconcellos (2017), foi
cobrindo toda a extensão do país.

Devido a essa segunda fase do PSI, passou-se a exigir a ampliação e o aperfeiçoamento de


infraestrutura, principalmente nas áreas de energia, comunicação e transportes. Ou seja, exigia-
se uma terceira fase do PSI. Essa última fase diz respeito à fase de produção de bens de capital
e de insumos básicos.

Dadas as considerações anteriores, percebe-se que tanto na primeira como na segunda fase do
PSI, destaca-se a necessidade de investimentos nas áreas de bens de capital e insumos básicos,
além da área de infraestrutura.

Sobre esse contexto, Oliveira (apud. Rego e Marques, 2018) informa que:

desse ponto de vista que se entende o bloco de atividades produtivas, que se materializaram sob
a forma de empreendimentos estatais, consubstanciados na criação da Petrobras, na entrada em
operação da Companhia Siderúrgica Nacional, na tentativa de pôr em funcionamento a
Companhia Nacional de Álcalis, na já modesta performance da Companhia Vale do Rio Doce e
no projeto da Eletrobras, enviado ao Congresso Nacional e apenas aprovado dez anos após.
Esse conjunto de atividades produtivas, com exceção da Eletrobras, na verdade foi formulado
como projeto ainda nos anos da ditadura Vargas, com a ressalva de que o projeto da Petrobras
finalmente aprovado pelo Congresso Nacional em 1953 diferia, em muitos aspectos, de suas
anteriores formulações.

Logo, conforme podemos entender, o projeto de Vargas tentava alavancar o processo de


industrialização com o desenvolvimento da indústria pesada e a produção de bens intermediários
por meio das empresas estatais. Também é necessário compreender que, em 1952, foi criado o
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE). A criação dessa instituição estava
relacionada ao financiamento de projetos nas áreas de energia, transportes, infraestrutura, bem
como de projetos vinculados à implantação industrial.

ATIVIDADES

1. Caracterize a elite socioeconômica que assumiu o poder central nos anos de 1930.

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Gabarito comentado

Gabarito comentado: Essa elite não tinha um planejamento, propriamente dito, para o Brasil, mas
apenas o que podemos definir como ideias gerais. Contudo, essa mesma elite queria
operacionalizar essas ideias à medida que os problemas econômicos iam surgindo em função
das necessidades existentes, pois tentava traçar os novos rumos para o país.

2. Explique o Processo de Substituição de Importações (PSI) a partir da década de 1930.

Gabarito comentado

Gabarito comentado: De uma maneira geral, o PSI tinha como principal objetivo gerar um
desenvolvimento econômico menos dependente da exportação de bens primários. Além disso,
esse processo teve início a partir do setor de produção de bens de consumo não duráveis para
atender à necessidade mais imediata dos consumidores, de acordo com os padrões da época,
cabendo destacar que a industrialização derivada do PSI foi realizada por etapas, nas quais as
necessidades de importação acabavam ditando os investimentos em cada setor de produção da
indústria.
3. Com relação ao PSI, nas décadas posteriores à Grande Depressão, leia as afirmações a
seguir:

I: Foi um modelo fechado que, utilizando diferentes mecanismos (tarifários, cambiais), acabou
protegendo a produção doméstica, criando, assim, uma reserva de mercado frente aos
concorrentes externos.

II: Mesmo que se possa dizer que, em um primeiro momento, involuntariamente, as políticas de
enfrentamento da crise de 1930 acabaram por se constituir como uma promoção de substituição
de importações, nas crises seguintes, a opção deliberada do governo pela industrialização fez
com que ocorresse uma substituição de importações.

III: A adoção, como decorrência necessária, de uma política de valorização da taxa de câmbio.
Dadas as considerações apresentadas, assinale a afirmativa correta.

a) I, II e III são verdadeiras.

b) I, II e III são falsas.

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c) Somente I e III são falsas.

d) Somente I e II são verdadeiras.

e) Somente II e III são verdadeiras.

Gabarito comentado: letra d. A afirmação III é falsa. A política correta não é de valorização, e sim
de desvalorização cambial, pois é usada para proteger a produção doméstica das importações,
alavancando as exportações de produtos da economia brasileira.

4. Pode-se dizer que o início do processo de industrialização por substituição de importações no


Brasil foi resultado de uma crise externa? Justifique.
Gabarito sugerido: Sim, visto que essa crise externa ocorreu em função de uma deterioração dos
termos de trocas, bem como da queda na capacidade de importação brasileira. Contudo, cabe
destacar que a principal dificuldade para que houvesse o avanço desse processo estava no fato
de que, ao mesmo tempo em que havia a substituição das importações pela produção doméstica,
acabavam surgindo novas necessidades diversificadas de importações. Tais necessidades
estavam atreladas à escassez de importações qualitativamente mais distintas, o que fazia com
que, obrigatoriamente, houvesse novas rodadas de substituição.
5. Explique a ideologia nacionalista de Getúlio Vargas dentro da constituição do PSI no plano
econômico.

Gabarito sugerido: No plano econômico, o nacionalismo de Getúlio Vargas expressava a


utilização independente das potencialidades da economia brasileira, assim como a busca de um
desenvolvimento autônomo com forte base industrial. Nesse contexto, pode-se informar que a
indústria era tida como um elemento importante para a independência econômica do Brasil.

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