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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA


DISCIPLINA: REPRODUÇÃO ANIMAL
PROFESSORA: EMMANUELLE LIMA
ALUNA: FRANCISCA NAYARA NASCIMENTO COSTA

CAPACITAÇÃO ESPERMÁTICA INDUZIDA

SOBRAL /CE

2021
INTRODUÇÃO

Os espermatozoides existem no ejaculado de qualquer espécie masculina, porém,


se colocados em contato direto com óvulos, são incapazes de fecunda-los, tudo isto
acontece porque eles ainda não passaram por um processo de amadurecimento, também
chamado de capacitação espermática.

Na fecundação natural, os espermatozoides são capacitados ao “nadar” em direção


às tubas uterinas. Neste trajeto, eles entram em contato com diversas proteínas e
substancias existentes nas secreções do colo do útero, endométrio e tubas uterinas, que
promovem a capacitação dos espermatozoides. Capacitação é o nome dado ao processo
que torna o espermatozoide capaz de fecundar um óvulo. Sendo que este processo pode
ser realizado artificialmente em laboratório através de algumas técnicas.

A capacitação espermática é um processo de bastante importância para a


reprodução animal, que sem ela, os espermatozoides não estão aptos para a fecundação,
e está diretamente relacionada as mudanças fisiológicas e bioquímicas que ocorrem na
membrana plasmática, que irá desestabilizar a bicamada lipídica e consequentemente
iniciará a reação acrossômica. O local que esse processo ocorre depende da espécie. Com
isso é muito improvável que todos os espermatozoides reajam aos estímulos indutores e
aos desencadeadores da capacitação.

CAPACITAÇÃO ESPERMÁTICA INDUZIDA

O trato reprodutor do macho é composto basicamente por pênis, glândulas anexas,


ducto deferente epidídimo, testículo e bolsa escrotal. Os espermatozoides ficam
armazenados na cauda do epidídimo até a ejaculação e aqueles que porventura ficarem,
serão reabsorvidos e excretados pela urina. Após a ejaculação os espermatozoides não
são capazes de fecundar o oócito, mesmo já apresentado motilidade e características
normais, a sua maturação só acontece após a permanência no trato genital feminino por
um determinado período de tempo, esse processo é denominado capacitação espermática.

O local que a capacitação se inicia e termina, dependerá necessariamente da


espécie em questão, podendo ser intra-vaginal ou intra-uterina. Além disso, para que o
processo ocorra são necessários alguns desencadeadores que são extremamente
essenciais, como o bicarbonato, a albumina, os íons de cálcio e os glicosaminoglicanos.

Devido à membrana plasmática estar diretamente exposta ao ambiente de


capacitação, não é de se surpreender que as mudanças mais significativas ocorram nela
durante o processo. O processo de capacitação é essencial para a qualidade seminal e o
sucesso da fertilização.

Para que a capacitação ocorra e o espermatozoide cumpra seu papel de


fecundação, alguns fatores são importantes para que o chamamos de capacitação
espermática. Sendo esses fatores o bicarbonato, albumina, íon cálcio e
glicosaminoglicanos.

Então o bicarbonato, ativa de forma direta um adenilato ciclase espermatozoide


específico, que se liga a proteína quinase A que, via fosforilação proteica da tirosina, ativa
de forma direta ou indiretamente o deslocamento de fosfolipídios de membrana celular.
Dessa forma, a célula adquire uma assimetria, resultando em células espermáticas
capacitadas. O deslocamento de fosfolipídios de membrana é dose dependente de
bicarbonato, sendo que na presença de fosfodiesterase eles podem se movimentar. Essa
fosfodiesterase inibe a quebra do AMPc, ativam a PKA e inibe a fosfatase 1 e 2 pela
adição de análogos do AMPc. A concentração de bicarbonato na cauda do epidídimo é
baixa, e esse é o local de armazenamento dos espermatozoides. Quando essas células
chegam ao trato genital feminino, encontram concentrações de bicarbonato muito mais
elevadas. Os níveis intracelulares de bicarbonato também podem aumentar pela entrada
do mesmo na célula, por via canais iônicos na membrana plasmática.

A albumina está diretamente relacionada à extração do colesterol da membrana


plasmática que irá ocorrer em áreas restritas da membrana, havendo, devido a isto, um
deslocamento dos fosfolipídios, levando a um arranjo de sua arquitetura molecular
permitindo o aumento de sua fluidez. Nas espécies que a membrana plasmática é rica em
colesterol, tais eventos não são evidenciados na mesma velocidade como em espécies
como caprinos e suínos que possuem menores quantidade de colesterol na membrana
celular. Dito isto, o tempo de capacitação é variável, sendo que o tempo para espécies
como bovinos e humanos é maior.

O outro componente capacitante é o cálcio extracelular, o seu papel direto sobre a


fosforilação proteína tirosina é difícil de se avaliar, pois vários processos necessitam dele
e diferem entre as espécies.

Os glicosaminoglicanos poderiam atuar sobre a capacitação removendo os fatores


decapacitantes ou por modificações direta na membrana plasmática, induzindo um
aumento na captação de cálcio ou pela ativação da proteína kinase dependente do AMPc.

Alguns eventos acontecem no interior dos espermatozoides, principalmente na


fase de capacitação e esses eventos variam conforme a espécie. Mudanças em íons
celulares existem mais potássio dentro da célula do que fora dela, e mais sódio fora da
célula do que dentro e esse equilíbrio é mantido pela bomba de sódio e potássio ATPase
dependente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AGUIAR, G. V. et al. Desenvolvimento testicular, espermatogênese e concentrações


hormonais em touros Angus . Revista Brasileira de Zootecnia. v. 35, n. 4 , p. 162 9-
1638, 2006.
FERRAR I, S. Meios de capacitação espermática na espécie ovina (Ovis áries, Linnaeus
, 1758): reação acrossômica e penetração in vitro em oocitos zona -free de hamster. Tese
(Doutorado em Medicina Veterinária), Faculdade de Medicina Veterinária e
Zootecnia, Universidade de São Paulo, 1997.71p.
Lemes KM, Jaimes JD. Métodos de avaliação da morfologia e função espermática:
momento atual e desafios futuros. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.35,
p.145-151, 2011.

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