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Introdução à

Comunicação
não violenta

Alex F. de Oliveira
Psiquiatra,
Ms em Filosofia
Prof. do curso de medicina da UFV
Plano da atividade
1. Definição e importância da CNV;
2. Componentes da CNV;
3. Dificuldades no emprego;
1. Introdução
Vinheta clínica
Roberto, 29 anos, é atendido na UBSF com queixa de
lombalgia recorrente. O problema central da consulta, entretanto, é
que por tratar-se de paciente borderline, ele tende a ser explosivo,
instável emocionalmente, propenso a brigas ou à manipulação, além
do apresentar sentimento de vazio crônico e várias tentativas de
automultilação. Esse paciente reclama das demoras do sistema de
saúde e da incompetência do médico em resolver seu problema,
criando uma relação hostil e desagradável. O modo de expressão dele
para com médico tende a gerar reações negativas no médico:
afastamento, posição “defensiva”, raiva, se sentir intimidado, etc.
Diante dessa situação (simulada na atividade passada), se pergunta:
1) Mesmo sabendo “em teoria” as necessidades do paciente
com transtorno de personalidade, como não se perder em meios aos
sentimentos negativos despertados pelo paciente?
1. Introdução
• Definição:
– Violência: tudo o que tende a afastamento e desconexão;
– A Comunicação não violenta é uma mudança de
consciência e linguagem que aumenta o desejo natural dos
envolvidos de se conectar e contribuir um com o outro;
• Importância:
– Ferramenta de gestão de conflitos;
– Ferramenta de cuidado da relação;
– Ferramenta de autocuidado;
2. Consciência e linguagem que
conectam ou desconectam
• Exercício 1:
– Pense uma situação que alguém lhe desagradou bastante;
– Reconheça uma palavra ou frase que lhe vem à mente
sobre essa pessoa nessa situação e ESCREVA GRANDE em
uma folha;
– Vamos passear com essa frase...
2. Consciência e linguagem que
conectam ou desconectam
• Linguagem do chacal (que desconecta):
– Julgamentos moralizantes (induz culpa) e generalizações;
– Ignora os sentimentos e necessidades dos envolvidos;
– Punição e recompensa verbais;
– Ordem e imposição;
– Superficial e estática;
– Automática (ativada pelo sistema de ameaça-defesa)
2. Consciência e linguagem que
conectam ou desconectam
• Sistemas neurobiológicos nos relacionamentos:
– Sistema de luta-fuga-congelamento:
• Vinculado á sobrevivência;
• Ativado pela ameaça, restringe a percepção a tudo que
possa ser ameaçador;
• Cultura: constante ameaça social e psicológica
• Recursos limitados (luta, fuga, congelamento)
2. Consciência e linguagem que
conectam ou desconectam
• Sistemas neurobiológicos nos relacionamentos:
– Sistema mamífero de cuidado:
• Vinculado à sobrevivência;
• Tendência natural dos mamíferos a estabelecer
cuidado e vínculos de longo prazo;
• Ativado pela cooperação e sensação de ambiente
seguro;
• Se associa a emoções positivas e grande capacidade de
acessar recursos;
3. Giros de linguagem e consciência

• Exercício 2:
1. Pense uma declaração de outra pessoa que lhe
desagradou recentemente e escreva essa fala;
2. Reconheça os sentimentos despertados em você e suas
necessidades contrariadas nessa situação;
3. Exercício de conjectura empática: que sentimentos e
necessidades não atendidas o outro deve ter
experimentado para te dizer o que disse?
3. Giros de linguagem e consciência
• Linguagem da girafa (que conecta):
– Declara observações em vez de julgamentos;
– Reconhece sentimentos próprios e do outro:
– Reconhece as necessidades (de sobrevivência ou
necessidades psicológicas de alto nível) e as estratégias (ás
vezes trágicas) que usamos para satisfazê-las;
– Faz um pedido em vez de exigências;
3. Giros de linguagem e consciência
• Linguagem da girafa (que conecta):
– Observações X julgamentos:
• O que é objetivo e todos são “obrigados” a concordar
• Atribuir qualidades ou generalizações são julgamentos,
não observações:
– “Ele foi egoísta”
– “Você é irresponsável”
– “Você sempre se atrasa”
3. Giros de linguagem e consciência
• Linguagem da girafa (que conecta):
– Sentimentos X julgamentos:
• Sentimento explica como aquilo nos afeta ou impacta:
– “Me sinto irritado”
• Diferenciar de pensamentos e juízos :
– “Me sinto ignorado”
– “Sinto que isso não faz sentido”
3. Giros de linguagem e consciência
• Linguagem da girafa (que conecta):
– Necessidades X estratégias:
• Necessidades são universais e vinculadas à nossa
condição humana (de sobrevivência ou necessidades
psicológicas de alto nível);
– Segurança, alimento, abrigo, liberdade, sentido,
luto, criatividade, pertencimento, lazer, descanso...
• Estratégias são os meios para atender as necessidades:
– Namorar, praticar esporte, ira a um congresso...
• Necessidades são compartilhadas, estratégias é que
geram conflito;
3. Giros de linguagem e consciência
• Linguagem da girafa (que conecta):
– Pedidos X exigências:
• No pedido reconhecemos a autonomia e liberdade da
pessoa em não atender;
• Exigência é um pedido que não aceita “NÃO” como
resposta...
• Pedidos devem ser específicos, mensuráveis, atingíveis
(SMART):
3. Giros de linguagem e consciência

“Toda violência é a expressão


trágica de uma necessidade não
atendida”
(Marshal Rosenberg)
3. Giros de linguagem e consciência
• Complexidades:
– Há estratégias inaceitáveis em que se deve fazer uso
protetivo da força;
– A habilidade mais complexa é falar de forma objetiva (sem
declarar seu pensamento e julgamento automáticos);
– Autoempatia: reconhecer e legitimar seus próprios
sentimentos e necessidades. Isso gera autocuidado;
– Nomear desativa amigdala e ativa córtex pré-frontal;
– Uso da CNV não é instrumento para se conseguir o que
quer, mas para ir mudando a consciência pessoal e das
pessoas em volta;
4. Treinando a linguagem de girafa

• Exercício 3:
1. Pense em uma pessoa/situação com a qual você
experimenta conexão;
2. Reconheça os sentimentos despertados em você e suas
necessidades atendidas;
3. Envie um texto de reconhecimento dessa conexão por
whatsapp com as ideias:
“ Fulano, quando você faz ____ (observação), eu sinto _____
porque minhas necessidades _____ são atendidas.”
4. Treinando uma linguagem de girafa

• Criando condições de conexão:


1. É preciso primeiro se conectar com as próprias
necessidades ;
2. Mindfulness e estratégias de nomeação do sentimento
podem reverter o “sequestro cerebral” feito pelas
emoções;
3. Compaixão, que é o desejo saudável de aliviar o
sofrimento do outro, tende a aparecer quando fazemos
conexão interna e externa;
Referências Bibliográficas
1. ROSENBERG, M. Comunicação não violenta: técnicas para
aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. Trad.
Mário Vilela. São Paulo : Ágora, 2003.
Referências Bibliográficas
https://www.4shared.com/folder/71z0P33z/Biblioteca_do_Professor.html

3. FELDMAN, M.D., CHRISTENSEN, J.F., SATTERFIELD, J.M. Behavioral


medicine: a guide for clinical practice. 4rt Ed. Dados Eletrônicos:
McGraw-Hill Education, 2014. Referência básica para o estudo da
medicina comportamental. Será acessado quando precisarmos de mais
teoria (por exemplo, sobre como reagem psicologicamente as pessoas
quando adoençem?)

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