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Aplicação Da Lei Penal No Espaço
Aplicação Da Lei Penal No Espaço
A lei penal é feita para exercer a sua eficácia sobre uma determinada região. Mas,
como coexistem soberanias de vários Estados, e considerando que cada Estado tem a
sua própria legislação penal torna-se necessário delimitar territorialmente a eficácia das
respectivas legislações, em relação ao facto delituoso, ou seja, de se saber, em face de
um facto cujos elementos se verificam em diferentes Estados, qual desses Estados é
competente para o julgar. Em suma, o objectivo é saber qual é o limite de aplicação da
lei penal de um determinado Estado.
Noção de Território
O Território compreende o espaço físico delimitado onde o povo exerce o seu poder
político.
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de diligências processuais, pois é no território do Estado onde foi cometido o acto onde
se pode recolher facilmente os elementos de prova e descobrir os infractores.
O nº 2 deste artigo conjugado com o artigo 48 do CPP prevêem que a lei penal
moçambicana é aplicável a bordo de embarcações e aeronaves moçambicanas de
natureza pública ou ao serviço do Estado onde quer que se encontrem pois estes
assimilam-se/consideram-se territórios do Estado Moçambicano.
No mar territorial, naturalmente, domina a lei da nação a que ele pertence. Todavia, o
Direito Internacional abre excepções relativamente aos navios. Estes dividem-se em
públicos ou privados. Os primeiros são os navios de guerra, os empregados em
serviços militares, em serviços públicos (alfandega, polícia marítima, etc.), e os que
transportam chefes de Estado e ou representantes diplomáticos. Tais navios quer em
alto mar, quer no territorial, ficam sujeitos a sua lei. Os crimes praticados são da
competência da justiça do país a que pertencem.
O alto-mar não esta sujeito a soberania de qualquer Estado. Regem-se os navios que
lá navegam pelas leis nacionais do pavilhão que os cobre, no tocante aos actos civis ou
criminais a bordo deles ocorridos. No tocante ao espaço aéreo, sobre a camada
atmosférica da imensidão do alto-mar e dos territórios terrestres não sujeitos a
qualquer soberania, também não existe o império da ordem jurídica de Estado algum,
salvo o pavilhão da aeronave, para actos neles verificados, quando cruzam esse
espaço tão amplo. Assim, cometido um crime a bordo de navio pátrio em alto mar, ou
de aeronave moçambicana no espaço livre, vigoram as regras sobre a territorialidade,
os delitos assim cometidos se consideram como praticados em território nacional.
O n°3 deste artigo estabelece que a lei penal moçambicana aplica-se a crimes
praticados a bordo de aeronaves estrangeiras de propriedade privada desde que se
encontrem em território Moçambicano. Importa referir que tratando-se de Aeronaves
estrangeiras de natureza pública, regra geral a lei penal moçambicana não se aplica.
Os navios privados (mercantis, de recreio, etc.), em alto mar, estão sujeitos a lei do
pavilhão que ostentam.
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o seu corolário, o princípio do pavilhão, que é por excelência um princípio dos estados
soberanos, pois no interior das suas fronteiras os Estados são competentes para
aplicar a sua lei penal a toda infracção praticada independentemente de ter sido
cometida por um cidadão estrangeiro ou nacional.
Sede do delito
a) Soluções unilaterais
Recorrendo a estas soluções, os autores costumam considerar realizado o delito no
lugar onde se levou a cabo a actividade do agente (actos de execução), ou seja, onde
se cometeu a acção ou omissão (teoria da actividade). Outros consideram como lugar
do crime aquele onde se produzem os resultados, ou o evento criminoso (teoria do
resultado). Finalmente, outro grupo considera como lugar do crime, aquele onde foi
ofendido o interesse protegido pela lei. Estas soluções são muito criticadas pois
revelam conflitos de competência negativa.
b) Solução plurilateral
Tendo em conta esta solução, considera-se local do facto o lugar onde se verificou
qualquer dos elementos indicados. Na verdade, o artigo 46 do CPP, resolvendo a
questão da competência territorial supõe uma solução plurilateral. Em outras palavras,
o ordenamento jurídico moçambicano adopta as teorias plurilaterais ou da ubiquidade
que resulta da teoria da actividade ou da acção (em que o lugar do crime é aquele em
que se cometeu a acção ou omissão) e da teoria do resultado (em que o lugar do crime
é aquele em que se produziu o resultado). Em outras palavras, a teoria da unidade,
ubiquidade ou mista tem por lugar do delito aquele em que for realizado qualquer um
de seus elementos integrantes, seja o da execução, seja o do momento consumativo.
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Princípio da Nacionalidade, também chamado da personalidade, determina
que a lei a ser aplicada é sempre a do país de origem do delinquente, onde quer
que ele se encontre. Este princípio desdobra-se em activo e passivo, ou seja,
princípio da nacionalidade activa e princípio da nacionalidade passiva. O
primeiro aplica-se a lei do país a que pertence o agente, sem se levar em
consideração o bem jurídico. O segundo, a lei aplica-se somente quando o bem
jurídico ofendido pertença a pessoas da mesma nação.
Este princípio defende que a lei penal moçambicana aplica-se aos seus cidadãos onde
quer que pratiquem os factos criminais, desde que se encontrem em território
moçambicano (vide os nº 6 e 7 do art. 56 do CP). A aplicação deste princípio exige a
verificação dos seguintes requisitos:
Este princípio justifica-se pelo facto de se violar interesses superiores do Estado tais
como a segurança interior e exterior do Estado, a falsificação de selos públicos, da
moeda moçambicana, de papéis de crédito público ou de notas de banco nacional, cuja
intenção do Estado é protegê-los.
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Princípio da aplicação universal da lei penal
Este advoga que os Estados modernos devem proteger certos interesses considerados
como fundamentais pela comunidade internacional, independentemente de quem seja
o agente do crime ou o lugar onde o facto ocorra. Este princípio encontra-se previsto no
n°9 do artigo 56 do CP. A aplicação universal da lei penal moçambicana resulta de
tratado ou convenção internacional que o Estado tenha ratificado.
As sentenças proferidas por tribunais estrangeiros não têm valor jurídico em território
moçambicano. A razão de ser deste facto encontra-se no n° 8 do artigo 56 do CP “ se
nos casos dos n°s 5 e 6 do presente artigo, o infractor havendo sido condenado no
lugar do crime, se tiver subtraído ao cumprimento de toda a pena ou de parte dela,
formar-se-á novo processo perante os tribunais moçambicanos que, se julgarem
provado o crime, aplicarão a pena correspondente prevista na legislação
moçambicana, descontando-se o tempo cumprido”. Isto significa que não se executam
sentenças estrangeiras, todavia apenas toma-se em conta, como mero facto a pena já
sofrida.
Extradição é o acto pelo qual um governo remete um individuo que se refugiou no seu
território ao governo de um outro Estado para que ele aí seja julgado pelos respectivos
tribunais, ou, quando aí já tenha sido julgado, para cumprir a pena que lhe foi aplicada.
Em outras palavras, a extradição é o acto pelo qual uma nação entrega a outra um
criminoso para ser julgado ou punido.
A extradição justifica-se pois ela convém aos dois Estados, ao que extradita porque se
vê livre de um criminoso e ao que pede a extradição pois pode punir o autor de um
delito. Inicialmente, a extradição fazia-se por acordos particulares, mais tarde, à partir
do século XVII, começou a ser regulada por acordos internacionais.
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Quem pode pedir a extradição? A extradição pode ser pedida por todo o Estado que,
segundo as leis de competência internacional, deve punir um determinado facto. Assim
sendo, pode surgir uma acumulação ou concurso de pedidos de vários Estados. Daí
surge o problema de se saber em favor de qual Estado decidir.
Mas pode acontecer que vários Estados venham pedir a extradição do mesmo
criminoso com base no mesmo princípio da territorialidade. Será o caso de o mesmo
criminoso praticar factos diferentes, nomeadamente o furto, o homicídio e ofensas
corporais nos respectivos países. Qual é a solução?
Segundo Beleza dos Santos, a solução está em aplicar por analogia, a lei interna
reguladora dos conflitos de competência territorial que se encontra prevista no artigo 55
do CPP. Por consequência deve dar-se preferência ao Estado em que se praticou o
facto mais grave segundo a lei moçambicana (al. a) do n 2 do art.8 da lei da
extradição).
Deve atender-se o pedido do país que em primeiro lugar houver solicitado a entrega do
extraditando.
Condições da extradição:
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Causas excludentes da extradição
2ª Não se extradita com base em crimes políticos (n° 2 do art. 67 da CRM) e crimes
militares;
4ª Havendo fundado receio de que o pedido de extradição foi apresentado tem em vista
a punição da pessoa em razão da sua raça, religião, nacionalidade, origem étnica, sexo
ou estatuto;
5ª Havendo fundadas razões de que o extraditando possa vir a ser sujeito a tortura,
tratamento desumano, degradante ou cruel;
Processo de extradição:
Uma vez verificado que o criminoso se refugiou num país estrangeiro, o Ministério
público fará uma exposição em que apresentará o assunto devidamente instruído com
as provas justificativas, que será transmitido ao Ministério dos Negócios estrangeiros
do país onde o criminoso se refugiou.
Efeitos da extradição: Esta tem como efeito a entrega do indivíduo ao governo que
pede a extradição.
Limites da extradição
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poderia pedir a extradição tendo em vista a punição de outros factos diferentes dos que
motivaram a extradição, como é o caso de crimes políticos que não são admitidos
como fundamento da extradição.