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MINISTÉRIO DO URBANISMO E

HABITAÇÃO RELATÓRIO DO
ESTADO DE
E

ORDENAMENTO DO
REOTN

TERRITÓRIO
NACIONAL
Maio 2013

VOLUME I

Estado do Ordenamento do Território na


optica institucional e das comunidades
locais

1.ª Versão
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME I - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO E ÂMBITO DO RELATÓRIO ......................................................................................................... 4


2. CONSTRANGIMENTOS VERIFICADOS NO ÂMBITO DA RECOLHA DE INFORMAÇÃO .................................... 8
3. METODOLOGIA E FASEAMENTO DE ELABORAÇÃO ....................................................................................... 11
3.1 Análise Qualitativa: Entrevistas de Profundidade ...................................................................................... 11
3.2 Análise Qualitativa: Grupo de discussão .....................................................................................................11
3.3 Análise Quantitativa: Inquéritos a realizar nos Ministérios .........................................................................12
3.4 Participação pública.......................................................................................................................................12

4. ESTADO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NA ÓPTICA INSTITUCIONAL ................................................. 13


4.1 Visões do território ............................................................................................................................................14
4.2 Principais problemas ao nível do ordenamento do território ..................................................................20
4.3 Sistematização de expectativas relativamente ao ordenamento do território ..................................24
4.4 Sistematização de acções e medidas estratégicas ................................................................................. 30

5. ESTADO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NA ÓPTICA DAS COMUNIDADES LOCAIS ........................... 35


5.1 Área Territorial Urbana .....................................................................................................................................35
5.1.1 Visões do território ....................................................................................................................................36
5.1.2 Principais problemas ao nível do ordenamento do território .......................................................... 40
5.1.3 Expectativas .............................................................................................................................................. 45
5.2 Área Territorial Rural .........................................................................................................................................49
5.2.1 Visões do território ....................................................................................................................................49
5.2.2 Principais problemas ao nível do ordenamento do território .......................................................... 51
5.2.3 Expectativas .............................................................................................................................................. 53

ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1: Ordenamento do Território - Sectores muito problemáticos ........................................................... 14
Quadro 2: Ordenamento do Território – Sectores problemáticos .....................................................................15
Quadro 3: Ordenamento do Território - Sectores de alta relevância ............................................................... 17
Quadro 4: Ordenamento do Território - Sectores de média relevância .......................................................... 18
Quadro 5: Ordenamento do Território – Ranking dos Sectores muito problemáticos e dos Sectores de
alta relevância ............................................................................................................................................................ 19
Quadro 6: Ordenamento do Território – Principais problemas por Província .................................................. 22
Quadro 7: Ordenamento do Território – Visão de futuro do Ordenamento do Território para os próximos
10 anos (por Província) .............................................................................................................................................. 25
Quadro 8: Ordenamento do Território – Principais acções e medidas estratégicas (por Sector e
Província) ......................................................................................................................................................................30
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades
locais

1. INTRODUÇÃO E ÂMBITO DO RELATÓRIO

O presente Relatório do Estado do Ordenamento do Território Nacional, adiante designado


por REOTN, corresponde ao primeiro documento dando resposta aos conteúdos previstos
nos Termos de Referencia e no Artigo 63º da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, Lei do
Ordenamento do Território e Urbanismo.

Segundo o estabelecido no referido artigo," O Governo apresenta, de dois em dois anos, à


Assembleia Nacional um relatório sobre o estado do ordenamento do território e
urbanismo, no qual deve ser feito o balanço das principais opções de ordenamento do
território e do urbanismo e análise das causas e graus da sua inexecução.

Os governadores provinciais apresentam, de dois em dois anos, ao órgão de tutela


relatórios sobre o estado do ordenamento do território provincial e do cumprimentos dos
planos territoriais provinciais, inter-provinciais, intermunicipais e respectiva articulação com
os planos directores municipais, com parecer das Comissaões Consultivas Provinciais.

Os administradores municipais apresentam, de dois em dois anos, aos respectivos


governadores provinciais relatórios sobre o estado de cumprimento dos respectivos planos
directores municipais."

A Lei do Ordenamento do Território e Urbanismo, no seu Artigo 68º, refere também que,
"enquanto não forem criadas as estruturas a nível local, o orgão técnico central presta
atravéz dos seus serviços centrais, toda a colaboração no sentido de colmatar as faltas e
insuficiências de recursos, elaborando com a colaboração das autoridades provinciais
locais, os projectos ou estudos necessários, devendo para tal ser estruturado e
compensado na dotação transitória de meios técnicos e financeiros."

A Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, Lei do Ordenamento do Território e Urbanismo, completa 10


anos de existência este ano, o que atesta a incipiencia do Sistema de gestão integrada de
Ordenamento do Território Nacional, continuando em implementação e aperfeiçoamento.

Tratando-se do primeiro Relatório, e na ausência das Principais Opções de Ordenamento


do Território Nacional, o presente documento faz uma análise sectorial de todas as
materias que pela multidisciplinariedade do tema em análise, compreendem directrizes e
normas para o Ordenamento do Território.

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VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades
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Segundo o Artigo 2º, da Lei n.º 3/04, de 25 de Junho, Lei do Ordenamento do Território e
Urbanismo, o Ordenamento do Território, é a aplicação no território das políticas
economico-sociais, urnanísticas e ambientais, visando a localização, organização e gestão
correcta das actividades humanas.

O presente relatório inside sobre os vários sectores de actividade com relevância para o
Ordenamento do Território, mas também faz, uma análise sobre a percepção destas
matérias nas instituições com competências intrinsecas e nas comunidades locais.

O Relatório integra 8 Volumes, com as seguintes temáticas:

▪ Volume I - Nota Introdutória e análise sobre o Estado do Ordenamento do


Território na optíca institucional e das comunidades locais;

▪ Volume II - Quadro Normativo

▪ Volume III - Tendências Sociais e Economicas

▪ Volume IV - Recursos Agrícolas, Florestais, Geológico, Hídricos, Mar e Zonas


Costeiras, Conservação e Biodiversidade, Qualidade do Ar e Alterações
Climáticas;

▪ Volume V - Estrutura Urbana

▪ Volume VI - Rede Viária e Transportes, Infraestruturas Urbanas, Energia e


Telecomunicações.

▪ Volume VII - Riscos e Vulnerabilidades à Ocupação do Solo

▪ Volume VIII - Resumo Técnico

O Volume I, compreende o presente volume e integra 3 capítulos, a referir: 1) Metodologia;


2) Estado do ordenamento do território na óptica institucional; 3) Estado do ordenamento
do território na óptica das comunidades locais.

A informação que se apresenta reflecte a perspectiva dos representantes institucionais que


foram auscultados, directamente, através de entrevistas de profundidade, e que
partilharam e discutiram os seus pontos de vista em processo de grupo, no contexto de
dinâmicas colectivas com o formato de seminários/oficinas de trabalho. Seguidamente
apresenta-se a informação resultante de um conjunto de 16 grupos de discussão,
realizados em 15 das 18 províncias do país.

Com este capítulo pretende-se sistematizar a informação recolhida sobre a apreensão dos
temas inerentes ao Ordenamento do Território, tanto na óptica institucional como das
comunidades locais, incidindo sobre: identificação dos sectores muito problemáticos e

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problemáticos, sectores de alta e média relevância, principais problemas por província. A


titulo de sistematização apresenta-se a Visão de futuro do Ordenamento do Território (10
anos) e as Principais acções e medidas de âmbito sectorial e provincial.

O Volume II - Quadro Normativo, compreende uma análise à regulamentação jurídica


actual e aos Instrumento de Ordenamento do Território públicados, em elaboração e
previstos. Compreende ainda uma análise sobre a aplicação dos Isntrumentos de
Ordenamento do Territorio e termina com recomendações para o desenvolvimento do
quadro normativo e aperfeiçoamento dos processos de planeamento territorial.

O Volume III - Tendências Sociais e Económicas, trata os temas alusivos às grandes linhas
de desenvolvimento territorial, dinamicas sociodemográficas e a evolção económica de
âmbito nacional e provincial e por fim realiza-se uma análise ao sector turístico, pela fase
incipeinte de desenvolvimento em que esta actividade se encontra e pela necessidade de
se prevêr a sua integração nos instrumentos de Ordenamento do Território.

O Volume IV - Recursos Agrícolas, Florestais, Geológicos e Hídricos, Mar e Zonas Costeiras,


Conservação e Biodiversidade, Alterações Climáticas e Qualidade do Ar. Neste capítulo
pretendeu-se sistematizar todas as componentes que integram o ordenamento do Solo
Rural e das Áreas de Conservação. Atendendo à importância das zonas costeiras
enquanto interface de ligação terra-mar, com sensibilidades ecológicas distintas e
actividades diversificadas, onde se verifica o crescente peso da ocupação humana,
considerou-se essencial a elaboração de um capítulo autónomo.

O capítulo inicia-se com a apresentação dos conceitos básicos e a sua relação com a
disciplina do ordenamento do território e o seu enquadramento na legislação nacional.

De seguida é feita uma caracterização geral para cada recurso em análise, seguindo-se
uma analise sobre os programas e estratégias que de alguma forma podem dar
indicações sobre o ordenamento territorial do Solo Rural.

Mediante a caracterização feita do território, procede-se à avaliação das fragilidades e


potencialidades, tanto do território como do seu ordenamento.

Por fim é feita uma sistematização de Medidas de implementação, visando tanto o


território propriamente dito, como o seu ordenamento, objecto de avaliação no presente
estudo.

O Volume V - Estrutura Urbana. Incide sobre todos os aspectos do ordenamento territorial e


planeamento urbanístico dos aglomerados populacionais nacionais. Numa primeira análise

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faz-se uma caracterização de âmbito nacional e numa segunda, é caracterizada cada


província quanto: 1)Acções de planeamento urbano em curso, nomeadamente, Planos
Provínciais, Planos Urbanístivos (Planos Directores Municipais, Planos de Urbanização e
Planos de Pormenor) e Reservas Fundiárias; 2) Dinamicas urbanísticas, povoamento e
evolução urbanística; 3) Rede Urbana; 4) Património; 5) Diagnóstico Conclusivo e 6) Metas
e Medidas Propostas.

O Volume VI - Rede Viária e Transportes, Infraestruturas Urbanas, Energia e


Telecomunicações. Neste documento efectua-se o enquadramento estratégico dos
sectores, realiza-se a caracterização da situaçao presente (âmbito nacional e provincial),
realiza-se um diagnostico das fragilidades e potencialidades. Identificam-se os desafios
territóriais e por fim as metas e medidas de implementação.

O Volume VII - Riscos Naturais, Ambientais e Tecnológicos. A identificação dos Riscos, é


matéria dos Instrumentos de Ordenamento do Território, uma vez que, em certa medida,
pressupõem restrições ao uso do solo. Este documento tem como objectivos a
caractrização dos Riscos presentes no território nacional e analisar como estão
presentemente a ser considerados nos Instrumentos em vigor.

O Volume VIII - Resumo Técnico, sistematiza todos os temas tratados e serve de apoio a
uma pesquisa rápida ao Relatório.

Os Volumes integram a regulamentação jurídica especifíca das matérias que desenvolve,


a caracerização da situação actual, diagnóstico conclusivo e metas e medidas de
implementação no âmbito do Ordenamento do Território. Em anexo encontram-se listados
os indicadores de que deverão integrar o Sistema Nacional de Indicadores a criar para a
monitorização do Estado do Ordenamento do Território e Planeamento Urbano.

A sistematização e tratamento de dados para a realização do 2ª Relatório do Estado do


Ordenamento do Território Nacional deverá apoiar-se no conjunto de Indicadores agora
apresentados.

Tratando-se do primeiro Relatório sobre o Estado do Ordenamento do Território Nacional, o


documento avança com uma análise integral e abrangente ao Ordenamento do Território,
obedecendo em primeira instância a uma caracterização dos sectores e temáticas em
questão, o que contribuiu para que o relatório seja extenso e por vezes exaustivo. No
entanto, teve o propósito de compilar matérias dispersas e disponibilizar informação que
possa servir de apoio aos intrumentos territóriais que estão em curso e previstos, uma vez

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que o acesso à informação continua a ser um dos constrangimentos identificados neste


processo.

2. CONSTRANGIMENTOS VERIFICADOS NO ÂMBITO DA RECOLHA DE


INFORMAÇÃO

Para a prossecução dos objectivos definidos no âmbito do REOTN, a recolha de


informação revelou-se uma etapa fundamental do processo, sendo que se considera de
grande relevância: os dados estatísticos, os instrumentos territoriais existentes e em
elaboração, os Planos Sectoriais e os Planos Estratégicos existentes. Tendo em vista a
compilação sectorial desta informação, elaboraram-se listagens com pedidos de
elementos que possibilitam a sistematização e análise de conteúdos.

No entanto, os constrangimentos verificados na recolha de informação revelam naturezas


diferenciadas e níveis de dificuldade distintos: em primeira instância, os dados estatísticos
disponíveis ainda não traduzem o conhecimento "numérico" do país. O último
recenseamento da população realizou-se em 1970 e, desde então, os inúmeros e díspares
valores populacionais divulgados não passam de projecções, realizadas por organismos
internacionais e pelo Instituto Nacional de Estatística. Em Maio de 2014, procedeu-se a um
novo Recenseamento Geral da População e da Habitação, um investimento e um
momento crucial para o País, uma vez que permitirá confirmar se o rumo das políticas em
curso está ajustado às necessidades efectivas. Conhecendo o volume populacional do
país e a sua distribuição territorial, o Estado poderá melhorar a capacidade de
planificar e prever os programas, bem como as acções governativas, uma vez que
sem esta ferramenta as instituições do Estado dificilmente funcionam. Será, então,
possível definir prioridades aos apoios humanitários - nomeadamente no combate à
fome, na saúde e na alfabetização - e, consequentemente, apoios a nível
socioeconómico, para um crescimento sustentado da população e decisivo para o
crescimento nacional.

Outra questão de grande relevância, é a qualificação dos quadros técnicos, tendo-se


verificado que a ausência de respostas à solicitação de dados/informações enviada,
decorre em parte do desconhecimento das matérias em causa e da ausência da
sistematização de dados. A informação existente apresenta-se , dispersa, e os dados não
se encontram manipulados.

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Outra questão a referir, é a ausência de dados georreferenciados em formatos editáveis.


Nestas matérias de ordenamento do território, a existência de informação editável que
permita realizar análises espaciais e tendenciais é essencial, o que nos remete para a
importância de existir informação cartográfica de âmbito nacional, provincial e municipal
actualizada. Presentemente as ferramentas existentes (software) permitem um
conhecimento profundo dos territórios e um apoio à tomada de decisão consciente,
fundamentada nos recursos disponíveis e nas estratégias de desenvolvimento definidas.

Por último, mas sobejamente relevante, é a necessidade de as matérias de ordenamento


do território, urbanismo, sustentabilidade, habitação, estarem nas agendas politicas e
constituírem a base da gestão urbanística, sendo assumidas enquanto ciência ao serviço
do desenvolvimento sustentável do país. Presentemente, estes processos ainda ocorrem
empiricamente, sem que haja grande disponibilidade de agenda para estas matérias,
aliás, o que traduz a dificuldade ocorrida no agendamento das dinâmicas de grupo
realizadas no âmbito do presente relatório, nas 18 províncias.

De salientar que os constrangimentos verificados no âmbito da recolha de informação,


não são exclusivos das Matérias de Ordenamento do Território, permitindo estabelecer
prioridades e eixos de intervenção.

A titulo de resumo das Dinâmicas de Grupo realizadas os principais problemas


identificados, são:

1. Ausência de instrumentos de ordenamento do território, aprovados;


2. Ocupação desordenada do perímetro urbano;
3. Sistemas de produção e distribuição de energia eléctrica insuficientes;
4. Redes de captação, tratamento e distribuição de água insuficientes;
5. Falta de incentivos e medidas de dinamização do sector agrícola e
agroindustrial

Importa referir, que os supramencionados problemas identificados encontram-se


generalizados por quase todas as províncias, sendo que algumas referem também a
necessidade de reforço da rede de equipamento colectivos e de utilização comum e a
falta de habitação disponível.

Ainda neste contexto as potencialidades territoriais identificadas, predominantemente,


são:

1. Agricultura
2. Recursos hídricos

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3. Recursos minerais
4. Património histórico-cultural e natural
5. Turismo
6. Pecuária.

As potencialidades Identificadas não se encerram nestes seis pontos, sendo particulares a


cada território analisado, esmiuçando-se esta matéria na fase seguinte do presente
trabalho.

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3. METODOLOGIA E FASEAMENTO DE ELABORAÇÃO

Como referido o REOTN, compreendeu uma fase de Diagnóstico que integrou recolha de
informação/dados, e a realização de entrevistas de profundidades e de grupos de discussão.
Procedeu-se também, à recolha de informação sectorial, nos ministérios com relevância para o
tema em análise (descritos e elencados no Relatório de Progresso). Esta fase culminou com a
entrega do Relatório de Campo.

A presente fase corresponde ao Estudo Preliminar do Relatório, a sujeitar à apreciação das


entidades envolvidas.

É nesta fase que se procede à Participação Pública e à apresentação do Relatório Preliminar


sobre o Estado do Ordenamento do Território Nacional. Pretende-se a realização de uma
apresentação pública direccionada a todas as entidades envolvidas, a ocorrer num hotel da
cidade de Luanda e simultaneamente a promoção do debate de âmbito nacional através da
difusão numa rádio de abrangência nacional.

A versão Final do Relatório, compreenderá a introdução dos contributos recolhidos no âmbito da


discussão pública e da solicitação de pareceres, que se passará a designar por; Versão Final do
Relatório.

3.1 ANÁLISE QUALITATIVA: ENTREVISTAS DE PROFUNDIDADE

As entrevistas foram realizadas a Suas Excelências Sr. Governadores e Vice Governadores, com os
seguintes objetivos:

Objetivos Obtenção de feedback de opinião sobre Ordenamento do Território, visando:


Qualidade de vida
Governação
Problemas
Expectativas
Investimentos prioritários
Recomendações

3.2 ANÁLISE QUALITATIVA: GRUPO DE DISCUSSÃO

No âmbito dos Grupos de Discussão dirige-se a analise às comunidades Urbanas, Periurbanas


Rurais e Rurais Profundas, procedendo-se desta forma à recolha de informação sobre as
realidades rurais do país.

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Para a realização desta dinâmica procede-se à convocação dos seguintes participantes,


através dos respectivos Coordenadores de Bairro:

▪ dois jovens (entre os 18 e 25 anos de idade) – homem e mulher

▪ dois adultos (entre os 30 e 40 anos de idade) – homem e mulher

▪ dois adultos (entre os 50 e 60 anos de idade) – homem e mulher

Os participantes, eram trabalhadores locais do sector público (com excepção de cargos que
estejam directamente ligados à administração municipal ou comunal), privado e do sector
informal ou doméstico. Dirigiu-se aos habitantes do município com residência à mais de cinco
anos, com consciência do crescimento e desenvolvimento da região urbana e periurbana, com
capacidade analitica sobre as principais necessidades e prioridades relativamente ao
Ordenamento do Território e tendências de desenvolvimento.

3.3 ANÁLISE QUANTITATIVA: INQUÉRITOS A REALIZAR NOS MINISTÉRIOS

A 2ª Fase de recolha de informação foi direccionada para os Ministérios, tendo como objectivo
suprir a ausência de informação verificada e introduzir a visão de âmbito nacional no que se
refere à realidade actual e previsão de acções de desenvolvimento dos sectores em particular e
do país como um todo.

3.4 PARTICIPAÇÃO PÚBLICA

Considera-se que os dados e informação recolhidos permitiram a realização do presente relatório


com um grau de detalhe e aproximação às diferentes escalas abrangidas, retratando fielmente
a situação aferida para o território nacional.

A consciencialização da situação presente, levou à definição de metas de implementação


coadunantes com o Desenvolvimento Nacional desejado.

A participação pública e a discussão alargada permitiram a auscultação no sentido lato da


população e das entidades envolvidas.

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4. ESTADO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NA ÓPTICA


INSTITUCIONAL

A informação que se apresenta neste capítulo reflecte a perspectiva dos representantes


institucionais que foram auscultados, directamente, através de entrevistas de profundidade, e
que partilharam e discutiram os seus pontos de vista em processo de grupo, no contexto de
dinâmicas colectivas com o formato de seminários/oficinas de trabalho.

As entrevistas em profundidade foram sustentadas num guião orientador e administradas a


representantes institucionais posicionados em áreas de poder político e técnico a nível provincial.
Foram entrevistados quatro Governadores Provinciais (Benguela, Bié, Cabinda e Cunene), 12
Vice Governadores para a Área Técnica (Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cuanza Norte,
Huambo, Huíla, Malange, Moxico, Namibe, Uíge e Zaire), quatro Vice Governadores para a área
Económica (Benguela, Cuanza Norte, Huíla e Namibe), três Vice Governadores para a área
Social (Cuanza Norte, Huíla e Namibe) e um Responsável do Gabinete de Estudos Planeamento e
Estatística - GEPE (Huambo).

Os responsáveis Provinciais foram solicitados a partilhar as respectivas Visões sobre o


Ordenamento do Território na Província bem como a informação disponível sobre Políticas e
Instrumentos de Ordenamento do Território, a inventariar Desafios e Prioridades em matéria de
Ordenamento do Território e a identificar a Relevância e projectos de investimento previstos no
médio e longo prazo relacionados com os diferentes sectores com influência no ordenamento do
território.

Os seminários/oficinas de trabalho foram realizados em todas as províncias, com excepção da


Huíla e Zaire. Os participantes foram Administradores Municipais, Administradores Municipais
Adjuntos e responsáveis pelos vários sectores de responsabilidade municipal (Educação, Saúde,
Assuntos Sociais, Urbanismo, Transportes, entre outros). O objectivo dos seminários/oficinas de
trabalho foi entender a percepção dos responsáveis municipais acerca da realidade, problemas
e potencialidades das diferentes Províncias. Efectuou-se, para cada província, o levantamento
dos pontos criticos dos principais sectores do ordenamento do território, hierarquizou-se a
relevância actual dos principais sectores do ordenamento do território, inventariaram-se as
principais acções e medidas estratégicas a implementar, desenharam-se as estratégias de
comunicação associadas à intervenção no sentido do ordenamento do território e auscultou-se
a visão de futuro do ordenamento do território para um horizonte situado nos próximos 10 anos.

A apresentação da informação recolhida e sistematizada é efectuada, sempre que possível, a


nível nacional e provincial, procurando evidenciar-se os aspectos comuns e as principais
especificidades detectadas.

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4.1 VISÕES DO TERRITÓRIO

A informação recolhida sugere que, no contexto nacional, a visão dos responsáveis institucionais
a nível municipal, sobre a situação das respectivas províncias em termos de ordenamento do
território revela uma perspectiva relativamente aproximada, indicativa de que muitos dos
problemas identificados são comuns às diferentes áreas do território.

Dez províncias ou mais identificaram como sectores muito problemáticos em termos de


ordenamento do território, as Infra-estruturas e Equipamentos Colectivos, a Água, Energia,
Transportes, Urbanismo e Saneamento. A distribuição desta perspectiva em termos territoriais
sugere que se trata de problemas transversais a todo o território referenciados em províncias mais
e menos desenvolvidas, localizadas quer no litoral, no interior, no norte, centro, leste e sul do
território nacional.

Quadro 1: Ordenamento do Território - Sectores muito problemáticos

Províncias

Transportes
Saneamen
Agricultura

Urbanismo
Ambiente
Indústria

Minerais
Energia

Pesca
Água
Peca

PHC

IEC
to

Bengo x x x x x x x 7

Benguela x x x x x x x 7

Bié x x x 3

Cabinda x x x x x x 6

Cuando x x x x x x 6
Cubango
Cuanza x x x x x 5
Norte
Cuanza x x x x x x 6
Sul
Cunene x x x x x x 6

Huambo x x x x x x x x 8

Huíla

Luanda x x x x x x 6

Lunda x x x x x 5
Norte
Lunda Sul x x x x x 5

Malange x x x x x x 6

Moxico x x X x x x 6

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Províncias

Transportes
Saneamen
Agricultura

Urbanismo
Ambiente
Indústria

Minerais
Energia

Pesca
Água
Peca

PHC

IEC
to
Namibe x x x x x x 6

Uíge x x x x x 5

Zaire

4 3 7 2 12 1 12 12 14 12 3 1 10
Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

A leitura horizontal do quadro revela alguma homogeneidade na visão que os responsáveis a


nível municipal apresentam sobre os sectores mais problemáticos: oitodas províncias identificam
seis sectores problemáticos (estatisticamente, este valor corresponde à moda da série de dados),
destacando-se o Huambo em que foram identificado oito ectores muito problemáticos e no pólo
oposto o Bié em que apenas foram referenciados três sectores muito problemáticos.

À escala nacional, como sectores problemáticos emergem o Ambiente e o Turismo & Lazer,
merecendo ainda destaque a Pecuária e a Agricultura.

Quadro 2: Ordenamento do Território – Sectores problemáticos


Transportes
Saneamea
Agricultura
Províncias

Ambiente

Def&Seg

Petroleo
Minerais
Tur&Laz

Industri

mento

Pesca
Urban

Energ
Água
Peca

PHC

IEC

Bengo X x x x x 5

Benguela x x x x x 5

Bié x X x x x x x x 8

Cabinda x x x x x 5

Cuando x x x x x 5
Cubango
Cuanza x x X x x x 6
Norte
Cuanza x x X x x x 6
Sul
Cunene x X x x 4

Huambo x X x x x 5

Huíla

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Luanda x x x x x 5

Lunda x x x x x 5
Norte
Lunda Sul x X x x x x 6

Malange X x x x x 5

Moxico X x x x x 5

Namibe x X x x x 5

Uíge X x x x x x 6

Zaire

6 7 11 5 12 5 4 6 3 4 2 4 4 1 5 6

Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

O Cunene apresenta o registo mais baixo de identificação de sectores problemáticos (apenas


quatro por oposição ao Bié, cujos representantes identificaram oito sectores problemáticos no
que reporta ao ordenamento do território. No caso da identificação dos sectores problemáticos,
os representantes municipais fixaram como mais frequente cincosectores em cada província.

A combinação da atribuição de muito problemáticos e de problemáticos aos diferentes sectores


revela que há um conjunto de quatro sectores (Energia, Saneamento, Transportes e Urbanismo)
que fazem o pleno (16 referências em 16 províncias sobre as quais existe informação disponível)
enquanto os sectores dos Petróleos e da Mineração surgem como os menos referenciados nessa
categorização.

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A informação recolhida nos seminários revela que os participantes consideraram como sectores
de alta relevância para o ordenamento do território a Energia, Agricultura, Água, Urbanismo,
Infra-estruturas e Equipamentos Colectivos e Saneamento.

Quadro 3: Ordenamento do Território - Sectores de alta relevância

Saneamento

Transportes
Agricultura

Urbanismo
Províncias

Ambiente

Def&Seg
Indústria

Minerais
Energia
Água
Peca

PHC

IEC
Bengo x x x x x 5
Benguela x x x x x x x 7
Bié x x x x x x 6
Cabinda x x x x x x 6
Cuando x x x x x 5
Cubango
Cuanza x x x x x x 6
Norte
Cuanza Sul x x x x x x x 7
Cunene x x x x x x 6
Huambo x x x x x x x x x 9
Huíla
Luanda x x x x x x 6
Lunda x x x x x x 6
Norte
Lunda Sul x x x x 4
Malange x x x x x x 6
Moxico x x x x x x 6
Namibe x x x x x x 6
Uíge x x x x x 5
Zaire
15 5 4 2 5 11 14 15 8 6 1 10
Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

O Huambo destaca-se por ser a Província que enuncia uma gama mais alargada de sectores
considerados de alta relevância para o ordenamento do território (para além dos seisque são
referidos pela maioria das províncias, a Agricultura, a Indústria e o Ambiente ão também
mencionados) por contraste com a Lunda Sul que apenas identifica quatro sectores nessa
categoria (Agricultura, Defesa e Segurança, Energia e Mineração)

Como sectores considerados de média relevância sobressaem o Património Histórico-Cultural, a


Pesca e o Ambiente (referenciados por pelo menos nove províncias), merecendo ainda
referência os sectores do Turismo e Lazer e da Defesa e Segurança.

17
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Quadro 4: Ordenamento do Território - Sectores de média relevância

Ambiente

Saneame
Urbanism
Província

Transport
Def&Seg
Indústria

Minerais

Petróleo
Tur&Laz

Pesca
Água
PHC
Pec

IEC
nto

es
o
s

Bengo x x x x x 5
Benguela x x x x x 5
Bié x x x x x x x x x x 10
Cabinda x x x x x x 6
Cuando x x x x x x x 7
Cubango
Cuanza x x x x 4
Norte
Cuanza x x x x 4
Sul
Cunene x x x x 4
Huambo x x x x x 5
Huíla
Luanda x x x x x 5
Lunda x x x x x x 6
Norte
Lunda Sul x x x x x x 6
Malange x x x x x x 6
Moxico x x x x x 5
Namibe x x x x x 5
Uíge x x x x x x 6
Zaire
9 9 6 9 8 5 11 2 6 8 3 2 6 5

Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

A província do Bié é a que apresenta um leque mais alargado de sectores considerados


relevantes em termos de ordenação do território, identificando um total de 10 sectores, surgindo
as Províncias do Cuanza Norte, Cuanza Sul e Cunene como as que referenciam menos sectores
considerados relevantes (apens 4 em cada província). Apenas três sectores são referenciados
como de alta relevância ou de média relevância pelas 15 províncias sobre as quais existe
informção: Água, Energia e Urbanismo.

O ranking dos seis sectores mais problemáticos e dos seis sectores mais relevantes apresenta-se
no quadro seguinte.

18
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Quadro 5: Ordenamento do Território – Ranking dos Sectores muito problemáticos e dos


Sectores de alta relevância

Ranking Sectores Mais Problemáticos Alta Relevância

1 Saneamento Energia

2 Água Agricultura

3 Energia Água

4 Transportes Urbanismo

5 Urbanismo Infra-estruturas e Equipamentos


Colectivos
6 Infra-estruturas e Equipamentos Saneamento
Colectivos
Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

Relativamente aos principais problemas, a perspectiva dos responsáveis municipais não difere da
visão global que é apresentada pelos decisores que se situam a um nível de responsabilidade
mais elevado. A título de exemplo, o Governo Provincial do Bié apresenta a seguinte visão do seu
território (entrevista ao Governador Provincial):

▪ Pontos Fortes – reabilitação das infra-estruturas físicas e institucionais; recuperação


das vias de circulação e construção de novas centralidades; potencial agro-
pecuário elevado e grande quantidade e diversidade de recursos minerais; boas
condições climáticas e recursos hídricos abundantes; melhorias nos sectores da
saúde e educação; e população maioritariamente jovem;

▪ Pontos Fracos – actividade empresarial inexpressiva; existência de um extenso


mercado informal; insuficiências nos sectores comercial, industrial, agro-pecuário
e de serviços; déficit significativo nas infra-estruturas básicas, nomeadamente na
rede de energia eléctrica, na rede de esgotos, no sistema de recolha de lixo e nas
habitações sociais; inadequação das infra-estruturas aeroportuárias; insuficiência
de quadros capacitados, com baixos níveis de qualificação superior e reduzida
abrangência de formação profissional; sistema de informação sobre a província
não integrado, pouco seguro e de reduzida fiabilidade; e recursos tecnológicos
insuficientes.

Por sua vez, o Governo Provincial de Cabinda analisa a situação da província da seguinte forma
(entrevista à Governadora Provincial):

19
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

▪ Pontos Fortes – abundância de recursos minerais; elevado potencial da fileira


florestal; elevado potencial agrícola e de cultivo das terras disponíveis; e mão de
obra jovem disponível para o mercado de trabalho;

▪ Pontos Fracos – Insuficiências nas infra-estruturas de água, energia e saneamento;


recursos humanos com qualificação escolar e profissional reduzida e deficiente;
déficit do parque habitacional e assentamentos em áreas de elevado risco; e
déficit no acesso aos serviços sociais, nomeadamente educação e saúde.

No caso do Governo Provincial do Moxico, a avaliação efectuada à situação da província


identificou: (entrevista ao Vice-Governador Provincial):

▪ Pontos Fortes – território vasto; reduzida densidade populacional; potencial


agrícola significativo; flora que permite exploração de madeira; parques naturais
que permitem desenvolver o turismo; abundância de recursos hidrícos; subsolo
rico em minérios; reconstrução da rede viária; funcionamento do caminho de
ferro de Benguela;

▪ Pontos Fracos – acesso precário aos municípios; acesso insuficiente e instável a


energia eléctrica produzida por centrais térmicas; deficit na produção de água
potável; proliferação de assentamentos anárquicos; recursos humanos com
qualificação escolar e profissional reduzida e deficiente; insuficiência no acesso
aos serviços sociais, nomeadamente educação e saúde; e ausência de
instrumentos de ordenamento do território elaborados e aprovados.

4.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS AO NÍVEL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

De acordo com a informação reunida, os principais problemas ao nível do ordenamento do


território estão associados às seguintes situações:

▪ Sistemas de produção e distribuição de energia eléctrica insuficientes;

▪ Rede de captação, tratamento e distribuição de água insuficientes;

▪ Urbanismo (nomeadamente, a ocupação desordenada do território, quer em


meio rural e urbano; também são referidos a ausência de instrumentos de
ordenamento do território aprovados e publicados e a deficiente gestão urbana);

▪ Mau estado de conservação das vias primárias, secundárias e terciárias, em


particular as correspondentes às duas últimas categorias

20
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

As referências a estes problemas são gerais, cobrindo a maioria das províncias,


independentemente da sua localização geográfica, do seu grau de desenvolvimento ou da sua
especialização produtiva. No caso da Energia, apenas duas Províncias, Bié e Cunene não
colocam o acesso à energia eléctrica como um dos principais problemas da província tal como
sucede em relação ao acesso a água com as Províncias do Bié e Lunda Sul.

Benguela, Cabinda e Cuanza Sul não colocam a questão dos transportes como um dos seus
principais problemas relacionados com a ordenação do território do mesmo modo que Bengo,
Cuando Cubango e Namibe não consideram que as questões ligadas ao Urbanismo sejam um
problema prioritário.

Uma segunda linha de problemas inclui:

▪ Insuficiência de infra-estruturas e equipamentos colectivos (neste domínio é


também varias vezes referenciada a insuficiência de recursos humanos
qualificados para assegurarem o funcionamento, com qualidade e
sustentabilidade, dessas infra-estruturas e equipamentos).

▪ Agricultura (insuficiente mecanização da agricultura e insuficiente actividade


agro-industrial).

Nove províncias elegeram como um dos seus cinco principais problemas a questão da
insuficiência de infra-estruturas e equipamentos colectivos (Bengo, Benguela, Bié, Cuando
Cubango, Cuanza Norte, Cuanza Sul, Cunene, Huambo e Namibe). Quanto à Agricultura apenas
cinco províncias identificaram como prioritários os problemas relacionados com este sector (Bié,
Cabinda, Cuando Cubango, Cuanza Norte e Cuanza Sul).

Na hierarquia de preocupações dos responsáveis municipais surgem os problemas relacionados


com:

▪ Ambiente (surgimento e agravamento de ravinas, erosão dos solos, abate


indiscriminado da fauna e flora);

▪ Indústria (ausência de infra-estruturas industriais; ausência de pólos/parques


industriais);

▪ Ordenamento do território (divisão Político Administrativa desajustada);

▪ Outros (base cartográfica da província desatualizada).

Lunda Norte, Lunda Sul, Malange e Moxico são as províncias que revelam preocupações sérias
com a preservação do meio ambiente enquanto Bengo, Lunda Sul e Namibe elegem as

21
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

questões relativas à actividade industrial como um dos cinco principais problemas das
respectivas províncias.

O quadro seguinte apresenta a identificação dos principais problemas por província, com base
na informação recolhida nos seminários/oficinas de trabalho com os responsáveis municipais.

Quadro 6: Ordenamento do Território – Principais problemas por Província

Províncias Sectores Principais Problemas


Bengo Indústria • Ausência de infra-estruturas nos pólos/parques industriais
Rede de Transportes e • Mau estado de conservação da rede viária secundária e terciária
Acessibilidades • Insuficiência dos sistemas do abastecimento de água e na
Água manutenção das existentes
Energia • Insuficiências na cobertura da rede eléctrica
Infra-estruturas e • Insuficiência nas infra-estruturas escolares e sanitárias
equipamentos colectivos
Benguela Urbanismo • Ocupação desordenada do território
Infra-estruturas e • Inexistência de instrumentos de ordenamento do território
equipamentos coletivos aprovados e publicados
• Deficiente gestão urbana
• Insuficiência de infra-estruturas básicas (água, energia, tratamento
dos RSU, saneamento e vias de comunicação)
• Base cartográfica da província desatualizada
Bié Rede de Transportes e • Mau estado de conservação das vias primárias, secundárias e
Acessibilidades terciárias
Urbanismo • Crescimento desordenado dos aglomerados urbanos
Agricultura • Ausência de indústrias transformadoras (ramo agro-industrial)
Infra-estruturas e • Insuficientes equipamentos e infra-estruturas básicas
equipamentos colectivos • Falta de Quadros Técnicos
Cabinda Urbanismo • Ausência de instrumentos de ordenamento do território aprovados
Energia • Ocupação desordenada do perímetro urbano
Água • Sistemas de produção e distribuição de energia eléctrica
Agricultura insuficientes
• Rede de captação, tratamento e distribuição de água
insuficientes
• Actividade agrícola e agro-industrial insuficiente
Cuando Rede de Transportes e • Vias de acesso deficientes
Cubango Acessibilidades • Insuficiente acesso à energia e água potável
Energia e Água • Equipamentos colectivos insuficientes
Infra-estruturas e • Insuficiente formação e superação de quadros
equipamentos colectivos • Inexistência de agricultura mecanizada
Agricultura
Cuanza Infra-estruturas e • Rede de equipamentos colectivos insuficiente
Norte equipamentos colectivos • Rede Viária Secundária e Terciária em mau estado de
Rede de Transportes e conservação
Acessibilidade • Crescimento Desordenado dos Assentamentos Urbanos
Urbanismo • Rede de Infra-estruturas Básicas de Saneamento, Energia Eléctrica
Água, Energia e e Água insuficiente
Saneamento • Inexistência de Agricultura Industrializada
Agricultura
Cuanza Sul Água • Ausência de água potável
Infra-estruturas e • Rede Infra-estruturas de Saúde e Educação insuficiente
equipamentos colectivos • Construção habitacional desordenada
Urbanismo • Dificuldade na delimitação de terrenos rurais comunitários
Agricultura • Rede de distribuição de energia ineficaz
Energia
Cunene Água • Insuficiente capacidade de retenção e aproveitamento de águas
Rede de transportes e superficiais e subterrâneas
acessibilidade • Rede viária secundária e terciária insuficiente e em mau estado de
Urbanismo conservação

22
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Sectores Principais Problemas


Infra-estruturas e • Ausência de instrumentos de Ordenamento do Território
equipamentos colectivos • Rede de equipamentos de uso colectivo insuficiente (em meio
Ordenamento do urbano e rural)
Território • Divisão Político Administrativa desajustada
Huambo Água • Rede de distribuição de água potável deficitária
Energia • Rede de distribuição de energia deficitária
Rede de transporte e • Rede viária secundária e terciárias (município <> comunas <>
acessibilidades ombalas) deficitárias e/ou em mau estado de conservação
Urbanismo • Construção habitacional anárquica
Infra-estruturas e • Falta de infra-estruturas socias nos municípios e comunas
equipamentos colectivos
Huíla - -
Luanda Água • Insuficiência no fornecimento de água
Energia • Insuficiência no fornecimento de energia
Urbanismo • Deficiente planeamento e gestão urbanistica
Saneamento • Rede de saneamento básico ineficaz e insuficiente
Rede de transporte e • Rede viária insuficiente e em mau estado de conservação
acessibilidades
Lunda Rede de Transportes e • Rede viária secundária e terciária insuficiente e em mau estado de
Norte Acessibilidades conservação
Energia • Rede de produção e distribuição de energia eléctrica insuficiente
Urbanismo • Crescimento habitacional desordenado e informal (nas zonas
Ambiente suburbanas e rurais)
Água • Crescimento desordenado das Ravinas
• Rede de tratamento e distribuição de água potável insuficiente
Lunda Sul Energia • Défice na produção e cobertura de energia eléctrica
Urbanismo • Défice de Habitação
Ambiente • Surgimento e agravamento de ravinas
Indústria • Ausência de pólos e/ou parques industriais
Rede de Acessibilidades e • Vias secundárias e terciárias em mau estado de conservação
Transportes
Malange Rede de transporte e • Vias de acesso secundárias e terciárias em mau estado de
Acessibilidades conservação
Água e Energia • Insuficiência da rede de distribuição de água potável e energia
Ambiente eléctrica
Urbanismo • Abate indiscriminado da fauna e flora
• Dispersão territorial (êxodo das comunidades rurais)
• Crescimento desordenado dos aglomerados urbanos
Moxico Urbanismo • Ausência de instrumentos de ordenamento do território
Água, Energia e • Ocupação desordenada dos terrenos (meio rural e urbano)
Saneamento • Ausência de infra-estruturas integradas (água, energia e
Ambiente saneamento)
Rede de transporte e • Erosão acelerada dos solos
acessibilidades • Rede viária insuficiente e em mau estado de conservação
Namibe Água e Energia • Insuficiência na produção, tratamento e distribuição de água e
Saneamento energia
Rede de transportes e • Deficiente sistema de saneamento básico (rede de esgotos,
Acessibilidades aterros, tratamento dos resíduos)
Infra-estruturas e • Rede viária (secundária e terciária) em mau estado de
equipamentos colectivos conservação
Indústria • Insuficiência de equipamentos sociais
• Ausência de infra-estruturas industriais
Uíge Rede Viária e • Rede Viária primárias, secundária e terciária em mau estado de
Acessibilidades conservação
Água • Captação, tratamento e distribuição de água potável insuficiente
Energia Produção e distribuição de energia eléctrica insuficiente
Agricultura • Ausência de cadastro agrícola
Infra-estruturas e • Falta de equipamentos colectivos (escolares, sanitários, culturais,
Equipamentos Colectivos desportivos, turisticos, administrativos)
Zaire - -
Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

23
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

4.3 SISTEMATIZAÇÃO DE EXPECTATIVAS RELATIVAMENTE AO ORDENAMENTO


DO TERRITÓRIO

A nível nacional, a expectativa para o horizonte dos próximos 10 anos é a da resolução dos
principais problemas que são actualmente os grandes desafios ao desenvolvimento do país .

A expectativa referida pelos representantes institucionais a nível municipal é a de que os


problemas do abastecimento energético e de água, para consumo industrial e residencial, bem
com a operacionalização da rede de transportes viários e a progressiva resolução dos problemas
associados à ocupação anárquica e não estruturada do território estejam superados ou em vias
de superação.

A generalidade dos representantes provinciais exprimiu a sua confiança de que, em cada


província, os problemas de base estejam resolvidos, de forma a poderem alavancar as bases de
um crescimento económico, inclusivo e sustentável.

Um outro denominador comum é o do alargamento/extensão da rede de infra-estruturas e


equipamentos colectivos, nomeadamente na área da educação, saúde e saneamento, de
modo a que a generalidade da população deles possa usufruir, o que que pressupõe também a
indispensável qualificação de recursos humanos afectados à sua gestão/manutenção.

Expectativa igualmente partilhada, em termos gerais, mas com os ajustamentos decorrentes das
especificidades correspondentes a cada uma das províncias, é a do relançamento da
actividade agrícola e da produção agro-industrial e industrial bem como do turismo,
endereçados a um processo de diversificação da economia nacional orientado para reduzir os
factores de dependência e para aumentar o nível e qualidade de vida dos cidadãos angolanos.

O quadro seguinte apresenta as expectativas globais e sectoriais para os próximos 10 anos,


formuladas pelos responsáveis municipais que estiveram presentes nos seminários/oficinas de
trabalho provinciais.

24
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Quadro 7: Ordenamento do Território – Visão de futuro do Ordenamento do Território para os


próximos 10 anos (por Província)

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

Bengo Num sentido geral, a expectativa reporta ao crescimento e desenvolvimento da província.


Alguns sectores registarão significativos progressos:
• Indústria - melhoria no ramo da indústria, com aumento do emprego de jovens e melhoria do
nível de vida da população, sem descurar a protecção do meio ambiente;
• Transporte e acessibilidades – aumento da capacidade de deslocação da população,
através da construção e manutenção das estradas;
• Água e Energia - ampliada a rede de abastecimento de água potável e de nergia eléctriac
em toda a extensão da provincia, conservando e mantendo as instalações; melhorada a
qualidade da água e do abastecimento eléctrico; aumentada a quantidade e qualificação
dos recursos humanos responsáveis pela manutenção e gestão dos respectivos sistemas;
• Equipamentos – aumento significativo do número e qualidadedas infra-estruturas sociais
como escolas, hospitais, centros culturais, campos de futebol e polidesportivos e bibliotecas.
Perspectiva-se também o crescimento da produção agropecuária e pescas e o aumento da
qualidade dos serviços oferecidos no sector da saúde e no sector cultural/ensino, com reflexos a
nível do aumento da qualidade de vida.
Benguela A expecactiva é a de uma provincia com um crescimento ordenado dos aglomerados
populacionais. O que implica um desenvolvimento sustentável a nível industrial, com
centralidades organizadas, com novos bairros organizados e com condições para uma mente
sã e um corpo saudável.
Perspectiva-se uma provincia competitiva no plano nacional e internacional, estratégica,
atractiva e que seja a capital económica do país, estruturada em função dos seguintes
objectivos:
• Afirmar Benguela como a segunda aglomeração urbana do país;
• Afirmar a vocação de plataforma de internacionalização: intercontinental (porto e
aeroporto) e africana (caminho de ferro);
• Desenvolver o pólo de desenvolvimento industrial do Lobito/Catumbela, orientado para a
exportação (agro-industrial, derivados da pesca, do petróleo e gás);
• Desenvolver um forte sector turistico.
• A concretização dos objectivos enunciados pressupõe:
• Alavancar as infrasestruturas de logistica e transporte;
• Eliminar os défices de abastecimento de energia e água;
• Ordenas e infra-estruturas os espaços urbanos e rurais;
• Potenciar os recursos turisticos;
• Reforçar o sector empresarial;
• Melhorar as condições sanitárias e de saúde;
• Aumentar os indices de ensino e formação profissional;
• Capacitar as administrações públicas.
Bié Tendo em conta as potencialidades que a província possui - solos férteis, recursos hídricos
abundantes, recursos minerais (ferro, diamantes, cobre, zinco e inertes) e florestais e fauna rica
em animais únicos no mundo, como a palanca negra gigante - e resolvidos os
constrangimentos que impediam o crescimento e aproveitamento, aponta-se o seguinte
quadro:
• Resolvido o problema da auto-suficiência alimentar,
• Aumento do poder aquisitivo das famílias,
• Reduzida taxa de desemprego da população e uma economia activa (sustentada por
melhores equipamentos e infra-estruturas básicas, com o sector industrial em funcionamento,
nomeadamente no fabrico de tijolos e telhas e com o investimento no sector do turismo)
• Redução do déficit habitacional,
• Melhoria na qualidade das vias de acesso e na circulação de pessoas e bens (através da
reabilitação e construção das vias primárias, secundárias e terciárias),
• Melhoria na prestação de serviços de saúde (alargamento da rede de clinicas gerais, centros
e postos de saúde em rede nos diferentes municípios);
• Melhoria dos serviços de educação e aumento da qualificação da força de trabalho (com
base na reforma do ensino técnico profissional (básico e médio) na construção de infra-
estruturas do ensino superior e na melhoria da qualidade do ensino);
• Crescimento ordenado dos perímetros urbanos, sustentado numa fiscalização urbana
permanente.
O resultado combinado destes processos permitirá elevar o nível de qualidade de vida da
população.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

Cabinda Espera-se a aprovação dos instrumentos de ordenamento do territorio, o que permitirá aplicar as
estratégias e acções no desenvolvimento dos sectores económicos e social na vida das
populações, nomeadamente:
• bairros mais antigos requalificados;
• surgimento de novos focos habitacionais com respeito a padrões internacionais de
urbanização;
• um abastecimento aceitável de energia e água à população;
• ocupação ordenada dos solos em toda a extensão da provincia;
• desenvolvimento da actividade agricola mecanizada;
• desenvolvimento da actividade agro-industrial;
• avanço significativo na exploração dos recursos minerais, fora do âmbito do Petróleo,
promovendo maior actividade industrial e emprego;
• criação de infra-estruturas para promoção do turismo em toda a extensão da provincia;
• existência de um parque industrial funcional na área do Fútila;
• novo porto de águas profundas em funcionamento;
• desenvolvimento da industria de transformação de Madeira;
• desenvolvimento da pesquisa cientifica a nível da floresta.
• implementação dos instrumentos de ordenamento do território e urbanização território;
• auto-suficiência alimentar e agro-industrial
Cuando A visão da provincia traduz-se em expectaivas em diferentes dimensões:
Cubango • Território desminado;
• Estradas e vias de acesso melhoradas e melhor redes de transporte públicos;
• Mais salas de aula, postos de saúde, hospitais, quadras desportivas;
• Mais abastecimento de energia e água potável para as populações;
• Mais quadros formados/qualificados;
• A prática da agricultura em grande escala para suprir o défice alimentar e combate à
pobreza;
• Cidades e vilas requalificadas com melhores condições de habitabilidade para as
populações;
• Melhor redes de transporte públicos no seu subsistema;
• Rede de telecomunicações para todos os municipios
• Desenvolvimento da exploração de recursos minerais e florestais;
Cuanza Com base nas potencialidades conhecidas ( solos férteis; clima propicio para a agropecuária;
Norte recursos minerais, hidricos e humanos; capacidade de geração de energia eléctrica;
localização geográfica com a fácil circulação de pessoas e bens por via fluvial, rodoviária,
ferroviária e aérea) e em função dos problemas identificados, augura-se :
• Uma rede de equipamentos colectivos, capaz de garantir o bom funcionamento das
instituições;
• Uma malha rodoviária completamente reabilitada, facilitando a livre circulação de pessoas e
bens;
• Melhor assentamentos das populações nas cidades, vilas e aldeias, na base dos planos
directores, urbanisticos e de requalificação;
• Que os bairros, vilas e cidades tenham as redes de saneamento básico em funcionamento,
bem como 90% da população com acesso a água potável e energia eléctrica.
• Agricultura industrializada e um número considerável de unidades de transformação dos
produtos agrícolas em pleno funcionamento.
Cuanza Sul A água e energia, a agricultura, o saneamento, são os problemas com maior incidência nas
decisões políticas, já que compreendem também as áreas de maior solicitação pelas
populações. Vários programas e disponibilização financeira estão dirigidos para estes sectores.
Prevê-se que diferentes sectores irão melhorar tendo em conta os seguintes aspectos:
Agricultura:
• Aposta do governo pelo programa de combate à fome e à pobreza;
• Progressiva mecanização da agricultura;
• Decisão e desejo da população em praticar agricultura;
• Formação de recursos humanos tecnicamente no sector;
• Relançamento do café robusto e arábico, cereais, fruticultura, pecuária, construção de
centros de conservação de produtos agrícolas nos municípios de Seles, Amboim, Quibala,
Ebo e Libolo
Saneamento:
• Plano do governo em requalificar as redes de saneamento básico.
Energia e Água:
• Reabilitação e construção de barragens hidrelétricas;

26
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

• Extensão e distribuição para os municípios;


• Cumprimentos do programa Água para Todos;
• Construção de vários sistemas de água (chafariz e fontanários);
• Existência de vários projectos de extensão e de potencialização de energia hídrica da rede
de Cambambe com a construções de subestações da transformação, assim como a revisão
dos actuais sistemas de distribuição e alargamento para todas as áreas da província, bem
como a existência de projectos em curso para a captação, tratamento e distribuição de
Águas que abarcam inclusive o meio rural;
Indústria:
• Espera-se alguma reanimação. com o recurso ao aproveitamento das potencialidades
agropecuárias e pesca complementadas com pequenas actividade diversas, a que se
acrescentam o arranque da fábrica de cimento, a construção do porto em Porto Amboim,
prospeção de 4 furos de petróleo na orla marítima, construção de projectos agroindustriais
nos municípios de Amboim, Porto Amboim, Quibala, Libolo e outras pequenas industrias.
Rede Viária:
• Por se encontrarem em curso vários projectos de reabilitação, modernização e construção
das principais estradas nacionais, secundárias e terciárias da província.
Turismo ecológico:
• Com as estradas melhoradas, localização geográfica da província, melhoria do acesso ao
crédito e potencialidades disponíveis em termos de recursos (praias, quedas de água, entre
outros) espera-se efectivamente que venha a melhor a centralidade da província. O governo
apostou na identificação, exploração e manutenção do turismo das zonas naturais:
cachoeiras do Binga, as furnas da Sassa, águas quentes da Conda, as sete ilhas de
Mussende, lagoa do Chinga/Bumba, escarpa do rio Cubal.
Ambiente:
• Medidas de combate à desmatação de áreas tornando desérticas as áreas florestais;
• Caça furtiva;
• Queimadas anárquicas.
Cunene Espera-se um território desenvolvido sectorialmente. Em relação aos problemas identificados,
admitem-se resultados a nível de:
• Águas superficiais e subterrâneas em aproveitamento, devidamente tratadas;
• Vias de acesso todas melhoradas, que permitirão a circulação mercantil e a mobilidade de
pessoas e bens;
• Implementacção dos instumentos de ordenamento do território que permitirão a
urbanização adequada da provincia;
• Construção de equipamentos de uso colectivo em número e qualidade suficiente,
possibilitando a melhoria do indice de desenvolvimento humano.
• Adequação da divisão politico-administrativa, que permitirá aproximar os serviços públicos
junto aos cidadãos, eliminar assimetrias e melhorar a imagem do governo.
Huambo Preveê-se que a província se tornará a capital ecológica e do conhecimento, assumindo-se
como auto-sustentável em diversos sectores, tais como:
• Agricultura: praticada em larga escala e voltada para o comércio nacional e internacional;
• Pecuária: diversificada e em grande escala;
• Energia: melhorada e extensiva a toda a provincia;
• Água: melhorada e extensiva a toda a provincia;
• Vias de acesso: toda a rede viária estará devidamente asfaltada, facilitando a livre
circulação de pessoas e bens nas comunicações inter-provinciais;
• Saneamento: sem constrangimentos;
• Industria: parque industrial operacional e eficiente;
• Educação: o parque escolar ocnseguirá satisfazer as necessidades identificadas, não se
verificando discentes a frequentarem aulas ao ar livre. Com a devida campanha, será
erradicado o analfabetismo;
• Saúde: Estará irradicada a malária e assistirá-se a um decréscimo da mortalidade materno-
infantil. Assim como, uma redução nas mortes por cancro da mama e útero;
• Reinserção Social: Dar-se-á o reassentamento total das populações interessadas em regressar
às suas áreas de origem. Redução dos níveis de alcoolismo e delinquência juvenil;
• Comércio: melhor ordenamento comercial;
• Hotelaria/Turismo: Aumento do número de alojamentos nos locais turisticos funcionais;
• Administração: Aumento do reforço institucional das administrações. Independência na
descentralização financeira das verbas alocadas;
• Defesa e Segurança: Aumentos das infra-estruturas de apoio à polícia nacional. Reforço dos
meios técnicos e humanos.
Huíla -

27
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

Luanda Teremos consideráveis melhorias nas seguintes áreas:


• Energia e Águas;
• Rede Viárias;
• Planos Urbanisticos em implementação;
• Acesso à habitação;
• Rede de transporte público e consequente mobilidade;
• Desenvolvimento da rede de equipamentos públicos.
No que toca ao saneamento básico, será notório o desenvolvimento da rede separativa
fluvial/residual garantindo-nos uma maior salubridade.
Outras metas desejáveis:
• Auto-suficiência em termos de água;
• Fornecimento de energia a toda a população;
• Oferta de transporte público mais abrangente;
• Bom planeamento e gestão urbanistica, com novos centros urbanos com todos os serviços;
• Rede de saneamento eficaz e eficiente;
• Rede viária suficiente e em bom estado de conservação.
Lunda Norte A provincia terá um desenvolvimento sustentável em vários sectores, que implicará uma melhoria
de qualidade de vida das populações resultante de:
• reabilitação das estradas em curso e melhoramento da rede de transporte e distribuição;
• a barragem;
• a construção da central térmica e mini-hidricas em todos os municipios;
• estruturas de captação de águas;
• construção de habitações, escolas, unidades familiares;
• criação de centros culturais, recreativos e turisticos.
Lunda Sul A perspectiva é que se verifiquem melhorias significativas mais e melhor energia eléctrica não só
para as residência mas como para a demanda das agro-industrias bem como água potável de
qualidade; Mais e melhor habitações com urbanização e saneamento básico. Mais e melhores
escolas (rede escolar), melhor assistência médica e medicamentos, quer em infra-estruturas
quanto ao atendimento de meios e equipamentos e especialistas.
Outros elementos critícos:
• Crescimento do pólo industrial;
• Desenvolvimento do turismo;
• Crescimento do tecido urbano;
• Crescimento na rede de distribuição de energia eléctrica;
• Expansão do ensino superior.
• Melhoria das condições socioeconómicas das populações de forma sustentável no presente
e das gerações futuras;
• Combate à pobreza;
• Escoamento da produção agro-pecuária do campo para a cidade.
Malange Com o aproveitamento das potencialidades existentes na provincia haverá melhores condições
de desenvolvimento económico e social.
Atendendo a localização geográfica e aos recursos disponíveis, Malanje será uma potencialidade
em vários dominios, como:
• Transporte rodoviário, agricultura, indústria extrativa bem desenvolvida, grandes superficies
comerciais e desportivas;
• Interligação e modernização das vias de comunicação em todos os municipios, bem como o
abastecimento de água e energia;
• Redes hoteleiras mais expandidas e desenvolvidas;
• Criação de vários institutos superiores;
• Auto-suficiência alimentar.
Perspectiva sectorial:
• Agricultura: mecanizada e de alto rendimento;
• Turismo e espaços de lazer: competitivos e gerador de receitas;
• Indústria: Moderna e multifacetada;
• Urbanismo: ordenado em toda a extensão da provincia;
• Património Histórico-Cultural: Catalogado e classificado no acervo nacional;
• Água: extensiva a toda a provincia;
• Energia: extensiva a toda a provincia.
Moxico Se os projectos a vários níveis forem integralmente materializados no tempo e no espaço, teremos
um desenvolvimento positivo em diversos sectores socioeconómicos da provincia,

28
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

nomeadamente:
• Transportes;
• Telecomunicações;
• Educação;
• Agro-pecuária;
• Comércio;
• Saúde;
• Turismo;
• Hotelaria;
• Património histórico-cultural;
• Urbanismo;
• Indústria e outras infra-estruturas integradas.
Namibe Perspectiva-se que venha a desenvolver-se nos seguintes sectores e aspectos:
• Aumento do emprego;
• Redução da pobreza;
• Melhoria dos serviços básicos à população;
• Aumento da oferta habitacional;
• Aumento da esperança média de vida;
• Redução da mortalidade infantil;
• Aumento da arrecadação de receitas por via do imposto;
• Maior circulação de pessoas e bens;
• Reactivação do sector das pescas.
O que permitirá à províncía:
• Tornar-se-num dos maiores destinos turisticos do país;
• Tornar-se num dos maiores polos industriais do país,
• Oferecer infra-estruturas integradas funcionais;
• Ter um crescimento económico e demográfico acentuado;
• Ter uma significativa redução do indice de analfabetismo, da mortalidade infantil e das
doenças endémicas;
• Ter uma melhoria na qualidade de vida dos cidadãos.
Espera-se que:
• Energia e água cheguem a todas as residencias da provincia;
• Vias secundárias e terciárias estejam em pleno funcionamento;
• Exista saneamento básico aceitável;
• O sector industrial seja eficiente;
• As infra-estruturas e equipamentos sociais estejam em pleno funcionamento;
• O sector das pescas volte a ocupar o lugar de destaque que ocupou no passado;
• Seja reactivado o sector agrícola na produção de citrinos, videiras, olivais, cereais,
leguminosas, raízes e tubérculos;
• Seja fomentada a pecuária, com a produção de leite e derivados, carne e curtumes.

Uíge Poderá contar com todos os bens e serviços sociais básicos à população em todos os municipios e
comunas (escolas, centros médicos, centros culturais, desportivos, turisticos e administrativos).
Em termos sectoriais:
• Com o consumo de água potável, haverá melhorias no quadro sanitário;
• Com a estabilidade de energia eléctrica vai fomentar o sector industrial e o aumento de
emprego à juventude;
• Na identificação da área cadastrada haverá melhor gerência do território;
• Nos equipamentos colectivos haverá melhor prestação de serviços à população.
• Todos os municipios terão estradas e facilidade de acesso e todas as áreas com circulação
fluida de pessoas e bens;
• Haverá hospitais bem equipados para um atendimento médio e medicamentos a toda a
população;
• Maioria da população tem direito a um consumo regular de energia eléctrica e água
potável;
• Mais acesso dos alunos a educação de qualidade em todo o território nacional;
• Melhoramento da qualidade de prestação do desporto escolar e profissional nas
competições nacionais e internacionais.
• Franco desenvolvimento da rede viária;

29
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Províncias Visão de futuro do Ordenamento do Território (próximos 10 anos)

• Bom nível de desenvolvimento da produçao alimentar;


• Melhoramento do nível de vida social da população;
• Bom nível na prática desportiva e cultural;
• Grande crescimento da actividade turistica;
• Aumentos de equipamentos colectivos em toda a provincia.

Zaire -

Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

4.4 SISTEMATIZAÇÃO DE ACÇÕES E MEDIDAS ESTRATÉGICAS

Para cada Província foram identificadas acções e medidas estratégicas, orientadas para a
resolução dos cinco principais problemas detectados.

O quadro seguinte identifica as principais acções e medidas estratégicas sugeridas para o


conjunto de províncias que definiram determinado sector como crítico, apresentadas em função
da sua natureza (informação; formação; regulação e monitorização; intervenção
conjuntural/rectificativa; intervenção estrutural) e do respectivo horizonte temporal de
implementação (curto, médio e longo prazo).

Quadro 8: Ordenamento do Território – Principais acções e medidas estratégicas (por Sector


e Província)

Sectores Províncias Principais Acções e Medidas Natureza da acções e Horizonte


Estratégicas medidas estratégicas temporal

Estudos Informação Curto prazo


Levantamento das ravinas em
estado crítico em todo o território
da provincia

Promover seminários, palestras para Formação Curto/médio/lon


sensibilização e divulgação go prazo
Educação ambiental e sensibilizar a
população

Lunda Criação de brigadas de fiscalização


Norte, Proibição de construção em linhas Regulação/Monitorizaç Curto/médio/lon
Ambiente Lunda Sul, de águas ão go prazo
Malange,
Moxico Fiscalização rigorosa de abates de
árvores
Elaboração do projecto para o
repovoamento florestal nas áreas
devastadas

Estacamento das ravinas


envolvento todo o processo Intervenção conjuntural Curto/médio/lon
(plantação de árvores, entre outros go prazo
processos)
Arborização e plantação nas zonas
de risco

30
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Sectores Províncias Principais Acções e Medidas Natureza da acções e Horizonte


Estratégicas medidas estratégicas temporal

Criar sistemas de drenagem


Manutenção e controlo dos Intervenção estrutural
sistemas de drenagem Curto/médio/lon
go prazo
Aproveitamento turistico
Identificação de terras aráveis Informação Curto prazo
Levantamento e cadastro de todos
o terrenos ocupados no âmbito do
direito concessões

Levantamento e cadastro de todos


os terrenos aráveis e concedidos no
âmbito da Lei de Terras sujeitando-
os a prova de aproveitamento útil e
efectivo, nos termos da lei.

Formação de técnicos para a


agricultura mecanizada
(manuseamento de equipamentos) Formação Curto/médio/lon
Recrutamento de Recursos go prazo
Humanos Qualificados
Bié,
Cabinda,
Cuando Delimitar as áreas nas reservas
Cubango, fundiárias para o desenvolvimento Regulação/Monitorizaç Curto/médio/lon
Agricultura Cuanza da actividade agricola e industrial ão go prazo
Norte, Elaboração do plano director para
Cuanza o desenvolvimento do sector
Sul agrícola
Uíge
Flexibilização de acesso ao crédito
bancário (aquisição de
equipamentos e inputs) Curto/médio/lon
Investimento público (reabilitação Intervenção go prazo
das vias rodoviárias; acesso a água conjuntural/ estrutural
e energia; apoio à criação de
novas indústrias)

Investimento em equipamentos
para a actividade agrícola e agro-
industrial
Aquisição de equipamentos de
mecanização agrícola como
tractores, electrobombas,
motobombas, entre outros
Construção de centros comunitários
para a conservação dos produtos
Bengo,
Cabinda, Estudos e projectos Informação Curto prazo
Cuando
Cubango, Reforço do quadro técnico e
Cuanza administrativo
Norte, Programar a manutenção
Cuanza preventiva para os sistemas de Formação
Água Sul, captação e distribuição de água Curto/médio/lon
Cunene, Formar quadros para a operação e go prazo
Huambo, gestão destes sistemas Regulação/Monitorizaç
Luanda, Elaborar orçamento próprio para se ão
Lunda realizar as manutenções
Norte, Melhorar os mecanismos de
Malange, cobrança de água
Moxico,

31
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Sectores Províncias Principais Acções e Medidas Natureza da acções e Horizonte


Estratégicas medidas estratégicas temporal
Namibe, Reabilitação de pequenos sistemas
Uíge de água (Manivelos, chafariz e
fontenários) Alargamento da rede Curto/médio/lon
de distribuição de água Intervenção conjuntural go prazo
Construção e reabilitação de furos
artesianos nas povoações e aldeias
desprovidas de abastecimento de
água

Construção de represas de água


para reservas, abastecimento de Intervenção estrutural Curto/médio/lon
gado, irrigação e outras actividades go prazo
de carácter social

Construção de sistema de
captação, tratamento e
distribuição de água nos municipios
e comunas da província em função
da densidade populacional na
perspectiva de desenvolvimento
Estudos e projectos Informação Curto prazo

Reforço do quadro técnico e


administrativo Formação Curto/médio/lon
Formação de quadros para o go prazo
Bengo, asseguramento e gestão dos
Cabinda, sistemas
Cuando
Cubango, Expansão da rede eléctrica nos
Cuanza municipios
Norte, Manutenção da iluminação pública
Cuanza Ampliação da rede de distribuição
Sul, da ENE (ligações domiciliárias e
Energia Huambo, iluminação pública) Intervenção Curto/médio/lon
Luanda, Construção de Mini-Hidrícas (nos conjuntural/estrutural go prazo
Lunda municipios) e colocação de paineis
Norte, solares (nas comunas e ombalas)
Lunda Sul,
Malange, Produção (Reabilitação e
Moxico, manutenção das barragens)
Namibe Transporte (melhoramento da LAT)
Uíge Transformação (construção de
novas estações e subestações) Intervenção estrutural Médio/longo
Distribuição (melhoramento das prazo
LMT, LBT e IP)
Comercialização (substituição dos
contadores pré-pagos)
Ajustar as estruturas físicas das Regulação Curto/médio/lon
Bengo, administrações municipais e go prazo
Benguela, comunais ao actual figurino da
Bié, administração do território
Cuanza
Infra-estruturas Criação de incentivos de instalação
Norte,
e Formação de quadros no sector da
Cuanza
equipamentos saúde para a manutenção dos
Sul,
colectivos equipamentos médicos Formação Curto/médio/lon
Cunene,
Huambo, Formação de quadros para o sector go prazo
Namibe, da educação para o
Uíge melhoramento do sistema de ensino

Construção de escolas para todos

32
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Sectores Províncias Principais Acções e Medidas Natureza da acções e Horizonte


Estratégicas medidas estratégicas temporal
os niveis
Construção de unidades
hospitalares
Construção de bibliotecas e Intervenção estrutural Curto/médio/lon
mediatecas go prazo
Construção de quadras desportivas
Criação de zonas verdes
Localização de zonas geográficas Informação Curto prazo
para os pólos e parques industriais

Priorizar a indústria de conservação


Bengo, e transformação de produtos Formação Curto/médio
Indústria Lunda Sul, agrícolas, piscatórios e florestais prazo
Namibe
Fomentar o capital empresário a
investir na provincia
Politicas de atracção dos Regulação
investidores Curto/médio
Créditos bonificados prazo
Realização de estudos Informação Curto/médio
multisectoriais sobre o estado actual prazo
dos municipios
Sensibilização populacional
Ordenamento
Cunene Realização do Censo geral
do Território
Realização de cartografia e Intervenção estrutural
geodesia Curto/médio/lon
go prazo
Implementação de forma faseada
(divisão, adequação e elevação)
Estudo e elaboração de projectos Informação Curto/médio
Estudos de mobilidade viária prazo
Identificação das vias de acesso

Criação de brigadas de Formação/Regulação


Bengo, intervenção e manutenção das Curto/médio
Bié, vias prazo
Cuando
Cubango, Execução de obras de estrada e
Cuanza pontes
Norte, Abertura e prolongamento de
Cunene, novos eixos
Rede de
Huambo, Redimensionamento de algumas Intervenção
Transportes e
Luanda, vias conjuntural/estrutural
Acessibilidades
Lunda Reabilitação das vias secundárias e Curto/médio/lon
Norte, terciárias go prazo
Lunda Sul, Reabilitação das estradas
Malange, secundárias, incluindo a colocação
Moxico, de tapete asfáltico
Namibe, Reabilitação das estradas terciárias
Uíge (terraplanagem)
Construção e Reabilitação de
pontes e pontecos nas vias
secundárias e terciárias
Asfaltagem das vias secundárias e
terraplanagem das vias terciárias
Cuanza Adoptar medidas com vista a Apetrechamento/Regul Curto/médio
Norte, recolha selectiva de residuos sólidos ação prazo
Saneamento
Luanda, para reciclagem
Moxico Melhorar o sistema de recolha do

33
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Sectores Províncias Principais Acções e Medidas Natureza da acções e Horizonte


Estratégicas medidas estratégicas temporal
lixo
Aquisição de equipamento
apropriado para o depósito de
resíduos sólidos

Criação de aterros sanitários


Construção de rede de esgotos e
drenagem
Construção de novas redes de Intervenção estrutural Curto/médio/lon
esgotos go prazo
Construção de incineradoras
Construção de estações de recolha,
separação e reciclagem de
residuos sólidos
Construção de fossas sépticas e
latrinas
Substituição e expansão da rede de
esgoto nos municipios s
Construção de ETAR’S em todos os
municipios
Divulgação das políticas dos Informação Curto/médi
instrumentos de ordenamento o prazo
do território
Programa de sensibilização da
população

Aquisição de equipamentos e Apetrechamento/Formação Curto/médi


meios técnicos o prazo
Formação e superação e
capacitação dos recursos
humanos
Reforço quadro técnico
especializado (Direcções e
Benguela,
Administrações)
Bié,
Melhorar os serviços de
Cabinda,
acompanhamente e Regulação/Monitorização Médio/long
Cuanza
fiscalização de obras o prazo
Norte,
Cuanza
Elaboração e aprovação dos
Sul,
Urbanismo instrumentos de ordenamento
Cunene,
do território
Huambo,
Elaboração de instrumentos
Luanda,
de ordenamento do território
Lunda
ao nível municipal e provincial
Norte,
Elaboração de planos
Lunda Sul,
urbanisticos Intervenção
Malange,
conjuntural/estrutural Curto/médi
Moxico
o/longo
Licenciamento das operações prazo
de loteamento, obras de
urbanização e obras de
construção
Construção de reservas
fundiárias
Execução das operações de
loteamento e urbanização
Requalificação e
reordenamento do
Requalificação das zonas
urbanas e periurbanasterritório
Fonte: informação recolhida nas dinâmicas de grupo provinciais com responsáveis municipais

34
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

5. ESTADO DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO NA ÓPTICA DAS


COMUNIDADES LOCAIS

A informação que se apresenta neste capítulo resulta de um conjunto de 16 grupos de discussão,


realizados em 15 das 18 províncias do país, como refere o quadro seguinte:

Comunidades Tipologia Comunas

Urbanas Grande Luanda (Cazenga e Viana)

Médias Benguela (Lobito)


Huila (Chioco e Mapunda)
Fronteiriças Zaire (Mbanza Congo)
Cunene - Ondjiva
(Cuanhama)
Peri-urbanas Planalto Central Huambo (Caala)
Norte Uige (Negage)
Litoral Kuanza Sul (Porto Amboim)
Centro Bié (Andulo)
Rurais Norte Cabinda (Belize)
Litoral Namibe (Tombwa)
Sul Benguela (Cubal)
Rural Profundo Leste Moxico (Lumbala Nguimbo)
Norte Kuanza Norte (Banga)

Os critérios de selecção dos municípios tiveram em conta as características geográficas,


procurando abranger a diversidade de relevos, solo, clima, a proximidade litoral e interior, além
das dimensões urbano versus rural.

5.1 ÁREA TERRITORIAL URBANA

A área territorial urbana foi delimitada em duas grandes sub-áreas, urbana e periurbana. Por sua
vez, a área territorial urbana foi analisada em função do critério da dimensão: grande, média e
pequena. Subjaz a esta categorização a prespectiva de que as diferentes áreas definidas
enfrentam problemas específicos que as tornam, do ponto de vista do ordenamento do território,
distintas entre si.

35
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

5.1.1 VISÕES DO TERRITÓRIO

A recolha da informação relativa à área territorial urbana de grande dimensão foi realizada na
Província de Luanda, com a realização de dois grupos de discussão: um no Cazenga e outro em
Viana.

A visão que os participantes manifestaram sobre o território enfatizou os seguintes aspectos:

▪ o território urbano é habitado por uma população mista, oriunda de varios pontos
do territorio nacional;

▪ o crescimento demográfico tem-se processado de forma acelerada, por força da


grande mobilidade da população, relacionada numa primeira fase com o
conflito militar prolongado e, depois de 2002, com a procura dos centros de
decisão e dos locais de acesso às oportunidades de emprego e de negócio;

▪ constata-se a extensão e condições propícias à proliferação do urbanismo


informal, por força do efeito de atracção exercido pela capital mas também
devido à inadequação ou insuficiente capacidade de aplicação do plano
director, apesar do recente aparecimento das novas centralidades, de que a
cidade do Kilamba Kiaxi é exemplo paradigmático, ou dos programas de
requalificação e de realojamento que esão em curso em diversas áreas da
cidade;

▪ identificaram-se constrangimentos e um défice pronunciado ao nível do


saneamento básico, nomeadamente com a insuficiência e saturação da rede de
esgotos e com a ausência uma rede bem definida de escoamento das águas
residuais e pluviais;

▪ constatou-se a carência e insuficiente conhecimento das Infra-estruturas culturais,


recreativas e de lazer;

▪ referiu-se o carácter permanente de vias de acesso em mau estado;

▪ e a inexistência de Infra-estruturas desportivas nos bairros e nas escolas.

Foram ainda identificadas as características associadas à função económica, nomeadamente a


presença de infra-estruturas de comunicação com o exterior (aeroporto e porto comercial), a
actividade industrial (pólo industrial de Viana), a actividade agrícola realizada na cintura verde
do Kikuxi, bem como a extensão e importância socioeconómica das actividades informais,
nomeademente a venda nos mercados e a venda ambulante, que abrangem uma ampla
diversidade de comércios e de prestação de serviços.

36
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Os membros do grupo de discussão do Cazenga sublinharam a visão de um município em


processo de mudança e de requalificação, em que se registou uma retracção da actividade
industrial, praticamente confinada à fabricação de cerveja, em paralelo com o crescimento de
uma actividade comercial, formal, semi-formal e informal, em que pontificam os armazéns
detidos por comerciantes estrangeiros a par da presença e da participação dos nacionais no
pequeno comércio realizado nos mercados informais, como é o caso do mercado dos Kwanzas

O grupo de discussão de Viana acentuou a perspectiva de um município extenso, com um


processo de assentamento populacional recente e com um carácter dualista, com a
coexistência de áreas urbanizadas, em particular as que resultam da intervenção do Governo
Central associada à criação de condições para realojar a população da capital e à edificação
de novas centralidades habitacionais, com outras áreas onde a ocupação do terriório se tem
processado de forma anárquica e desordenada. Este carácter dual manifesta-se, no município
de Viana, no acesso aos equipamentos colectivos e serviços sociais, mas também ao nível da
base económica, em que o pólo industrial de Viana é apenas uma face de uma realidade em
que a maioria da população sobrevive em função da prática de actividades informais, quer
praticadas em mercados (como é o caso da praça do Cajueiro no bairro Km 12) quer nas ruas
(como é o caso do bairro Km 9). Num município que cada vez mais atrai residentes oriundos da
capital e onde uma significatica fracção da população se desloca diariamente para Luanda
onde desenvolve actividade profissional, empresarial ou somente resolve questões documentais,
processuais ou burocráticas. O assunto das vias de acesso e da mobilidade de pessoas e bens,
da sua racionalidade, da sua quantidade e qualidade, bem como da insuficiência, nalgumas
áreas quase absoluta, de meios de transporte foi repetidamente realçado.

A maior parte dos traços caracterizadores das áreas territoriais urbanas de média dimensão, com
base na informação recolhida em três comunas, uma da Província de Benguela (Lobito) e duas
da Província da Huíla (Chioco e Mapunda), é semelhante à que foi desenhada para as áreas
urbanas de grande dimensão. O crescimento populacional, com ocupação desordenada em
algumas áreas do território, a dificuldade no abastecimento geral e regular de água e de
energia eléctrica, a escassez e estado deteriorado das vias de transporte, nomeadamente das
vias secundárias e terciárias, a escassez de transporte público, a insuficiência de equipamentos
colectivos e o défice de qualidade dos recursos humanos são as referências mais frequentes. Os
centros urbanos de média dimensão são percepcionados como atractivos por oferecerem
possibilidades de acesso a ocupação produtiva formal no Estado ou no sector privado na
actividade industrial ou comercial.

Relativamente ao Lobito, foram identificadas as principais profissões/fontes de subsistência da


população: um elevado número de trabalhadores do porto e de outras instituições como a
Companhia de Cimento, a Sonangol e os Ministérios e Administração Pública, no sector formal; e

37
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

a parte da população envolvida nas actividades informais, que integram a agricultura


periurbana, de subsistência, rudimentar e de pequena escala, a pesca, o comércio informal e os
transportes de passageiros, onde se destaca uma expressiva presença de jovens mototaxistas. A
importância da localização do município, e a sua dotação em infra-estruturas de transporte e de
comunicação com o exterior e com o interior do país (porto comercial e caminho de ferro de
Benguela), bem como o segmento industrial associado ao petróleo e à transformação dos
derivados foram referenciados como constituindo um potencial importante que seguramente irá
determinar a sua evolução no futuro próximo.

Chioco e Mapunda, foram os municípios da Província da Huíla onde se realizaram grupos de


discussão. A insuficiência e a deficiente qualidade das vias de acesso e dos transporte públicos,
de equipamentos colectivos direccionados para as áreas da cultura, desporto e lazer, as
dificuldades no acesso regular a água com qualidade, a ausência de espaços verdes e os
problemas de segurança pública resultantes da falta de iluminação pública e da reduzida
presença de efectivos policiais são perspectivas comuns a ambos os municípios.

Os participantes do grupo de discussão do Tchioco percepcionam o bairro como a porta de


entrada no Lubango, pela sua proximidade ao aeroporto e as vias de acesso a outras províncias,
com mais organização e com maior nível de urbanização do que os outros bairros da cidade e
habitado por uma população que se diferencia por ser mais qualificada, escolar e
profissionalmente, que as populações dos outros bairros. Foram também referidas a proximidade
ao centro da cidade, a construção de novas áreas residenciais e a existência de actividade
industrial, relacionada com a extracção de pedra, mármore e cerâmica.

Na Mapunda foi muito enfatizada a insuficiência de estabelecimentos escolares (número de


escolas insuficiente; não ha nenhuma escola do segundo ciclo; não ha ensino médio), a falta de
energia eléctrica, a escassez de emprego proporcionada aos habitantes do município pelas
unidades fabris aí instaladas e o desaproveitamento do potencial turístico associado aos recursos
naturais.

Relativamente às áreas territoriais periurbanas, a informação recolhida nos grupos de discussão


realizados nas Próvíncias do Bié, Huambo, Kwanza Sul e Uíge, salienta a insuficiência e deficiente
estado de manutenção das vias de acesso, com uma escassez significativa de meios de
mobilidade ao dispõr da população. A insuficiência de infra-estruturas de ensino e de saúde é
maior nas áreas mais afastadas da sede municipal/comunal mas o principal problema consiste
nas insuficiências a nível das condições de trabalho e das qualificações dos recursos humanos
que nelas desenvolvem actividade. As áreas periurbanas revelam constrangimentos de menor
expressão no que se refere às questões do urbanismo, pois trata-se de áreas de menor
concentração populacional e de menor proliferação de assentamentos espontâneos e

38
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

desordenados que enfrentam também menos dificuldades no acesso à água e à energia,


comparativamente às áreas urbanas de grande e média dimensão. A actividade agrícola e a
pesca, realizados com carácter artesanal e em escala reduzida, constituem juntamente com as
actividades informais (comércio e transporte) a base da função económica destas áreas, ainda
caracterizadas por uma reduzida actividade industrial.

Porto Amboim distingue-se das outras três localidades (Andulo, Caála e Negage) pela presença
da empresa estatal petrolífera Sonangol que, entre outros projectos, financia uma instituição do
ensino superior orientada para a formação de quadros técnicos para o sector.

No caso dos municípios fronteiriços, como Mbanza Congo ou Cuanhama, a actividade comercial
surge com maior expressão, a par da produção agrícola ou pecuária de carácter rudimentar. A
ligação ao outro lado do país emerge do discurso dos participantes dos grupos de discussão,
não apenas como uma consequência natural e necessária da proximidade que gera e potencia
mobilidade humana, fluxos comerciais e transferência de conhecimentos, mas como uma
relação mais profunda, de natureza sociocultural, que se perspectiva e se revê como uma
mesma família repartida pelos dois lados de cada fronteira.

Os participantes do grupo de discussão de Mbanza Congo referenciaram diversos projectos, que


se iniciaram em 2003/2004 e que melhoraram as condições de vida no município: as estradas
melhoraram bastante, existindo ligações por estradas a todas as comunas, ainda que nem todas
estejam asfaltadas; na área do ensino foram construídas mais escolas escolas (antigamente
havia muitas crianças fora do sistema de ensino); na área da saúde também se registaram
progressos e o acesso à água foi considerado suficiente.

Em sentido semelhante se pronunciaram os membros do grupo de discussão do município de


Cuanhama: melhorias rápidas no meio urbano, benefícios decorrentes da paz; ensino superior a
formar os primeiros licenciados; água canalizada em algumas áreas; existência de mais e
melhores estradas, de mais escolas, de mais postos médicos; falta de quadros técnicos; dever de
atender às necessidades dos grupos vulneráveis, nomeadamente dos grupos étnicos minoritários.

A informação recolhida permite identificar uma visão global, em termos urbanos, de que após o
final do conflito militar se iniciou um processo de mudança que está em curso. Há consciência de
que o ritmo dessa mudança nem sempre é o desejável e de que não é necessariamente igual
em todos os municípios. As vias de circulação primárias, a educação e a saúde são as áreas em
que foram referenciados mais progressos. Relativamente à educação foi frequentemente
identificada a fragilidade da qualificação bem como as deficientes condições de trabalho dos
docentes, a escassez de formação técnico-profissional e, por vezes, a limitada diversidade bem
como a desadequação da oferta formativa. A falta de oportunidades para os municípes no
acesso ao emprego formal local, a grande dificuldade no acesso ao crédito e aos meios

39
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

materiais para o exercício da actividade produtiva, a inexistência de actividade produtiva


agrícola ou industrial moderna e orientada para o mercado são algumas das constatações
comuns a diferentes municípios da área urbana.

Na generalidade dos grupos de discussão realizados em contexto urbano, é relaticvamente


consensual a necessidade de ordenamento do território e de existência e aplicação de regras
associadas ao uso/ocupação de terrras.

A preferência maioritária é a da requalificação dos espaços actuais face à opção do


desalojamento e realojamento noutros locais. Não se revelou qualquer preferência nítida entre o
modelo de intervenção do Estado na definição de regras e de implementação de
infra-estruturas de urbanização para promover a construção autodirigida ou a intervenção mais
completa no sentido da edificação das habitações, em contexto de centralidades ou bairros
sociais.

Os participantes referiram que as soluções dependerão de cada contexto, podendo ser


combinadas. Alguns dos grupos de discussão consideraram ser fundamental que essas opções
deveam ser antecedidas de informação e consultas prévias com os municípes. Importante é que
seja reduzido o défice habitacional e que os municípes possam desfrutar de condições de
habitabilidade modernas e adequadas. Em alguns dos grupos de discussão foi referida a
necessidade de clarificar as regras e mecanismos de acesso às habitações.

Consensual foi também a perspectiva de que é muito insuficiente a oferta actual de


equipamentos de cultura, desporto e lazer. Mudar mentalidades e educar civicamente a
população no sentido da utilização socialmente adequada dos equipamentos colectivos e da
sua perservação foi uma opinião transversal aos grupos de discussão realizados.

5.1.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS AO NÍVEL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Na área territorial urbana de grande dimensão, os grupos de discussão realizados possibilitaram a


identificação de problemas, com graus de severidade distintos, em diferentes áreas relacionadas
com o ordenamento do território: Vias de acesso e acessibilidade aos transportes públicos;
Energia e águas; Saneamento básico; Equipamentos de uso colectivo; Construção espontânea e
desordenada; Tratamento dos resíduos sólidos; Poluição ambiental e sonora; Património histórico-
cultural; e Arborização.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios do Cazenga e de Viana:

Municípios Principais problemas identificados nos Grupos de Discussão

Cazenga • Falta de infra-estruturas e de saneamento básico


• Escoamento das águas pluviais e das águas residuais
• Faltam postos de identificação e registo
• Construção anárquica
• Elevados níveis de consumo de alcoól e delinquencia juvenil
• Não ha esgoto, não há águas, falta a energia
• Há muito poucas zonas verdes
• Empresas do municipio não dao empregos as pessoas do Cazenga
Viana • Falta de espaço, os terrenos foram cedidos e cada um construiu a sua
habitação
• Ruas urbanizadas mas sem manutenção
• Ruas que dão acesso ao interior do bairro estão totalmente degradadas
• Ha um défice grande de polícia
• O Zango tem algumas escolas mas são insuficientes
• Não há um hospital geral, há pequenos hospitais que demoram muito a
atender e funcionam com muitas debilidades
• O transporte público é escasso
• Em alguns bairros,não há estruturas de estado, nem escolas, nem postos
médicos
• Algumas casas estão em locais de risco (construidas em zonas argilosas)
• Nova divisão administrativa coloca parte do bairro no município do Ccauaco o
que coloca algumas dificuldades de funcionar, ha conflitos de
responsabilidades entre os responsáveis de Viana e Cacuaco Equipamentos
existem mas são insuficientes
• Faltam centros de saúde, centros de lazer, recreativos
• Faltam centros de formação profissional
• Há apenas uma empresa a fazer a recolha de lixo, o que é insuficiente
Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Na área territorial urbana de média dimensão incluíram-se as Províncias de Benguela e Huíla. A


informação recolhida através dos grupos de discussão elencou os seguintes problemas
prioritários: Ocupação desordenada do território; Insuficiência de infraestruturas básicas (água,
energia, tratamento dos Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), saneamento e vias de comunicação;
Inexistência de instrumentos de ordenamento do território aprovados e publicados; Deficiente
gestão urbana;

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios do Lobito, Chioco e Mapunda:

Municípios Principais problemas identificados nos Grupos de Discussão

Lobito • Precaridade das construções


• Novas centralidades não estão a ser construídas com qualidade
• Fiscalização muito permeável
• Estrada que dá acesso à zona alta esta permanentemente congestionada
• Elevada sinistralidade rodoviária
• Construção desordenada, sem infra-estruturas de urbanização, sem espaços de
circulação e esgotos, e em locais impróprios
• Zona 2 da Canata, a vala de drenagem está muito mal, por falta de limpeza e
manutenção regular
• Constrangimentos à circulação rodoviária em diversas vias do muncípio
• Agricultura necessidade de financiamento para apoiar os agricultores
• Falta de emprego, nomeadamente falta de oportunidaes para os jovens
• Escassez de infra-estruturas de cultura, desporto e lazer
Tchioco • Sondas de captação de água mas que funcionam sem conseguir dar resposta às
necessidades de população (cercad de 16 sondas para mais de 50000 habitantes)
• Transporte é um problema
• Falta um posto policial para minimizar os problemas de segurança
• Iluminação pública existe mas éinsuficiente
• Saneamento básico deficitário
• Não há transporte nem meios para a recolha de lixo
• Vias de acesso insuficientes e a precisar de requalifficação no interior do bairro
• Não há zonas verdes
• Não há acesso a serviços de emergência médica
Mapunda • Falta de energia eléctrica
• Não temos água (cacimbas secas, água canalizada zero, apenas funciona 1 sonda de
captação...)
• Problemas de segurança
• A polícia não chega (assaltos a estabelecimentos e a pessoas)
• Falta de iluminação pública
• Número de escolas insuficiente
• Não há nenhuma escola do segundo ciclo
• Não há ensino médio
• Não há transportes públicos, ha taxis e mototaxis e deslocação a pe
• Há vias não asfaltadas
• A Mapunda ainda depemde muito da agricultura familiar
• Processo de legalização dos terrenos é moroso
• Em alguns bairros não há espaços desportivos, nem bibliotecas, jangos, centros
recreativos...

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Para a caracterização da área territorial periurbana foram realizados grupos de discussão em


quatro províncias (Bié, Huambo, Kuanza Sul e Uíge). Foram identificados como problemas
prioritários: Redes de distribuição de água potável e energia eléctrica deficitárias; Construção
habitacional anárquica; Falta de infraestruturas sociais (escolas; unidades de saúde) nos
municípios e comunas.Rede de saneamento básico ineficaz e deficitária; Falta de equipamentos
de cultura, desporto e lazer; Ausência de indústrias transformadoras (ramo agro-industrial); Falta
de Quadros Técnicos.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios do Andula, Caála, Porto Amboim e Negage:

Municípios Principais problemas identificados nos Grupos de Discussão

Andulo • Problemas no transporte e comercialização


• Insuficiência de escolas de alfabetização
• Há necessidade de nos hospitais criar pessoal qualificado
• É insuficiente a divulgação do que esta a acontecer
• Falta ajuda à agricultura e fazer chegar a tempo e horas os inputs agrícolas
• Não existe agricultura de rendimento, mecanizada
• Não há locais de armazenamento que permitam instalar pequenas indústrias para
transformar esses produtos
• Muita produção de carvão
• Não há programas de reposição das árvores cortadas
• Queimadas desordenadas
• Empresariado local é muito reduzido
• Construções das novas centralidades não são adptadas ao modelo sociocultural
Caála • Expectativa por mais escolas
• Falta de Acesso – transporte escolar
• Insuficiente Acesso à formação para dar aulas e integrar os quadros da educação
• Necessidade de Formações em saúde e construção
• Insuficiência de ecntros de saúde
• Fraco acesso a medicação, farmácias fecham cedo sem informação clara sobre o horário
e seu cumprimento.
• Ainda não há associação de mototaxistas
• Elevada sinistralidade rodoviária
• Não há diversidade – oportunidades de emprego.
• Fraca Absorção dos estudantes formados
• Inexistência de Ocupação para ex-miltares.
• Não há lar de terceira idade
• Não há Centro recreativo
• Bairros sem arruamentos
• Habitações de construção precária
• Falta de orientações claras de construção.
• Nova centralidade está direccionada aos funcionários, mas não abrange a camada
jovem.
• Falta de manutenção dos espaços verdes e do cemitério.
• Perda de práticas tradicionais e históricas
Porto • A orla costeira está desprotegida há muito tempo
Amboim • Falta uma biblioteca
• Ncecessidade de ampliar numero de instituições universitárias com formações diversificadas
• Inexistência de uma estrutura de saúde estruturas central, equipada, com as mais
especialidades clínicas e capacidade de atendimento de uma maior numero de utentes
• Ainda existem bairros com problemas de abastecimento de agua e luz
• Ausência de iluminaçao publica no Bairro Kazua
• O INOT está a ser mal interpretado – estão a construir em zonas onde não deveriam
construir
• Existem problemas na distribuição de terrenos
Negage • Estradas entre a sede do municipio e as sedes comunais, e entre as sedes comunais e os
kimbos, precisam de ser reabilitadas, estão muito degradasdas
• Inexistência de infraestruturas desportivas operativas, há campos que precisam de ser
reabilitados
• Inexistência de centro infantil
• Falta de emprego, concursos públicos educaçãoou bancos , os jovens do Negage nunca
são chamados
• Falta de manutenção dos equipamentos
• Escolas sem professores porque não existem condições de habitação
• A maioria dos crianças das áreas rurais não sabe o que é sobretudo nas áreas rurais
• Clube desportivo funciona com dificuldades
• Existem postos médicos, com más condições de funcionamento e falta de qualidade dos

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Municípios Principais problemas identificados nos Grupos de Discussão

recursos humanos
• A luz eléctrica chega a alguns bairros mas com quebras constantes
• Falta de médicos, os pacientes são tratados pelos enfermeiros
• Não há transportes públicos, funciona tudo com os taxis e mototaxis
• Actividade pecuária não chega para stisfazer as necessidades da população
• Mercado municipal está em péssimas condições
• População vende em local com condições impróprias

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Nas áreas fronteiriças de Mbanza Congo e Cuanhama, os principais problemas detectados pelos
Grupos de Discussão foram: ocupação não planificada do território; insuficente provisão de
infra-estruturas de cultura, recreativas e e desportivas; falat de pessoal qualificado em alguns
sectores importantes como a educação e a saúde.

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios de Mbanza Congo e Cuanhama:

Municípios Principais problemas identificados nos Grupos de Discussão

Mbanza Congo • Infra-estruturas condignas de capital de provincia não existem


• Há algumas comunas onde a circulação interna é mais dificil
• Problema do espaço que é facultado é muito reduzido
• Há situações de ocupação desordenada
• Há poucos espaços para recreação e para zonas verdes
• Para além do estado, não existem empresas que empreguem muitas pessoas
• O acesso ao crédito é muito dificil, mesmo para os funcionários publicos
• A alimentação de energia eléctrica por grupos de geradores é insuficiente e o
abastecimento é irregular
• As empresas quando vêm trabalhar não empregam as pessoas locais
• No sector da saúde temos quadros bons mas há algumas especialidades em que falta
pessoal
• Falta transporte para escoamento de produtos (há 3 autocarros)
• Falta de emprego (há muitos jovens que são taxistas)
Cuanhama • Inundações, secas que prejudicam a actividade económica
• O exercicio da administração é muito dificil porque a distância entre as aldeias e entre
os kimbos é muito extensa
• Apesar da cultura ser a mesma, com a influência dos outros povos que habitam a
Namíbia importam comportamentos que depois replicam deste lado (falta de
solidariedade, comércio de bebidas alcoólicas, prostituição)
• Áinda faltam quadros
• Há um grupo étnico (khoisan, conhecido também como kamussekele ) que ainda vive
em sutuação primitiva, são nómadas, vivem da recolecção e da caça
• Tipologia das construções tradcionais não é respeitada no processo de reordenamento
• Maioria ainda usa água das cacimmbas que precisa de tratamento
• Os doentes são evacuados para a Namibia
• Parte das pessoas vão fazer consultas médicas ou estudar na Namíbia
• Problemas de coordenação de projectos e entre áreas diferentes de projectos (faz-se a
estrada e depois abre-se para colocar cabos e depois fecha-se e volta-se a abrir para
colocar esgotos...)
• Cunene é dasprovíncias que tem maior indice de VIH
• Inexistência de planificação antes da urbanização
• Faltam espaços culturais, desportivos e recreativos

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

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VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

5.1.3 EXPECTATIVAS

No contexto urbano, as expectaivas reveladas pelos participantes dos Grupos de Discussão


renviam para a resolução dos principais problemas identificados. A visão para os próximos 10
anos sugere uma leitura optimista, parcialmente sustentada nos avançõs registados na década
que se sucedeu ao final do conflito militar.

Municípios Visões para o futuro identificadas nos Grupos de Discussão

Cazenga • O Cazenga vai ficar marcado pelo projecto de requalificação


• Dentro do projecto de requalificação está previsto um espaço verde,
com lagos artificiais e parques infantis
• Revitalização do pólo industrial que existia antes
• Algumas indústrias já não são necessarias no Cazenga podem ir para
outras áreas
• As que interessam são as mais ligeiras (colchões, padarias, sapatos,
etc.)
• As antigas fábricas que agora são armazéns comerciais podiam ser
utilizadas para serem aproveitados em estrutura ou em espaços de
utilidade publica
Cazenga conhecido :
- Pelas actividades culturais
- Pela actividade industrial
- Pólo universitario (que podia ser construído no espaço das antigas
fábricas)
• Municipio acabará por ser a cidade do Cazenga
Viana • Mais mediatecas
• Mais campos desportivos
• Mais bibliotecas
• Revitalização do parque industrial de Viana
• Problemas da água e energia , educação, saude e vias de acesso
resolvidos
• Aeroporto novo vai ser positivo para viana, tal como o Porto seco de
Viana
• Daqui a uns anos o aeroporto vai estar rodeado de bairros
• Estado tem que ser mais preciso e mais rigoroso e Municipes têm que
ser mais disciplinados
• Construção dirigida e urbanizada
• Bairros desordenados requalificados
Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

O que diferencia os diferentes contextos urbanos é, essencialmente, a perspectiva vinculada à


resolução dos problemas específicos que diferenciam as áreas urbanas de grande dimensão
daqueles que foram enunciados para as áreas urbanas de média dimensão, para as áreas peri-
urbanas ou para as áreas fronteiriças.

Municípios Visões para o futuro identificadas nos Grupos de Discussão

Lobito • O Lobito deve ser um pólo industrial (refinaria, porto, caminho de ferro)
• Turismo de praia
• Cultura
• Trânsito ordenado e regulado
• Redução da sinistralidade rodoviária e da poluição
• Mais emprego
• Melhor saúde e saneamento, melhor drenagem, mais contentores
• Reabilitação das estradas secunf«dárias, mais escolas e universidade estatal
• Estrada asfaltada para o Egipto praia
• Acesso a energia eléctrica, acabar com energia dos geradores como fonte de
energia
• Melhorar as condições das escolas que estão legalizadas
• Iluminação pública por todo o município
• Mais infra-estruturas desportivas
• Zona alta requalificada
• Melhor atendimento nas instituições
• Redução do indice de criminalidade, droga e alcoolismo
• Reabilitação das estradas
• Mais pontes aéreas para pedestres nas estradas
• Serviços de assitência de emergência (ambulâncias)
• Mais enfermeiros e professores
• Aumento da formação dos jovens e bolsas de estudo
Tchioco • Nova centralidade deve providenciar habitação para os jovens
• Visão do bairro como exemplo de ordenamento
• Oferecendo serviços culturais e sociais, turismo
• Separação entre a área industrial e a área residencial
• Bairro mais arborizado
• Problema da água e energia e léctrica solucionado
• Mais equipamentos sociais (educação, saúde)
• Melhor saneamento básico
• Vias de acesso reabilitadas e transporte para quem trabalha ou estuda à noite
• Desenvolvimento industrial sem comprometer o ambiente
Mapunda Resolvidos os problemas prioritários: acesso à água; estradas recuperadas;
energia eléctrica suficiente e regular; melhor educação e saúde;
agricultura modernizada (incentivo); áreas desordenadas urbanizadas;
recuperação património histórico-cultural, prespectiva-se que:
• Mapunda será transformado em municipio
• Só existirão espaços urbanizados
• Acabar-se-á com os casebres
• Reactivação das Fazendas produtoras de produtos agrícolas
• Cintura verde , agrícola,a fornecer alimentos à população
Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Um outro elemento de diferenciação está correlacionado com a exploração na próxima


década do potencial específico associado a cada município em particular, como resultado da
sua dotação de recursos naturais, da sua localização geográfica ou da sua especialização
produtiva.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Municípios Visões para o futuro identificadas nos Grupos de Discussão

Andulo • Mais equipamentos sociais


• Melhoria nas sedes comunais
• Melhoria da agricultura (inputs, redes de escoamento,
aproveitamento da apicultura e frutos silvestres, criação de pequenas
indústrias de transformação)
• Indústria da cerâmica em funcionamento para apoiar actividade
construção
• Recuperação da barragem hidroeléctrica, para facilitar o
desenvolvimento industrial
Caála • Cidade mudada com espaços de lazer, aberta à modernidade;
• Melhorar a imagem das infraestruturas públicas (ainda se encontram
degradadas), vias públicas e construção de estruturas verticais
(prédios);
• Melhorar a ligação da cidade do Huambo à Caala – urbanizar em
direcção ao Huambo, conforme está Benguela-Lobito;
• Cidade cobiçada, moderna, com mais atracções;
• Cidade com fortes centros de formação profissional e académica – a
formação como centro de referência da Caala e desenvolvimento
industrial;
• Recuperação de fábricas e desenvolvimento industrial como motor
do desenvolvimento da Caala;
• Desenvolvimento sem perca de referências históricas, recuperação de
espaços de lazer – restauração, musica, espaços de convívio para
resgatar valores a afirmar a identidade cultural da Caala.
Negage • A produção do Negage é escoada
• Pólo industrial activo, empregando a população local
• Vida melhor para os seus habitantes, melhores vias de acesso e
melhores funcionamento dos serviços
• Requalificação das áreas desorganizadas
• Reordenamento pode ser feito no próprio bairro com colaboração
dos colaboradores
• Nivelamento de terreno, redistribuição da terra, e construção auto-
dirigida com kits
• Realojamento noutro local não seria opção
• No domínio da habitação está adormecido
• Qualidade da construção e do urbanismo tem que ser assegurada
nas novas centralidades
• O ministerio tem que reforçar a fiscalização e não aprovar materiais
que não garantam longa duração
• Exploração turística
Porto Amboim • Desenvolvimento do desporto, através da criação de clubes
desportivos para futebol e andebol.
• Construção de um gimnodesportivo.
• educação continue a demarcar-se pela positiva neste município/
província através da criação de um Instituito Politécnico e uma
Biblioteca.
• Serviços de saúde de qualidade também assumam contornos
fundamentais.
• Construção novo hospital Porto Amboim, Sumbe e Gabela.
• Criação de um Hospital modelo, com bons equipamentos e quadros.
• Reactivação da produção industrial
Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

Mas a visão comum é transversal às diferentes áreas consideradas, apontando para a resolução
dos actuais problemas, com o Estado a continuar a desempenhar o papel principal na
identificação dos problemas, na sua hierarquização, na identificação das soluções e na
disponibilização dos meios para as concretizar.

Municípios Visões para o futuro identificadas nos Grupos de Discussão

Mbanza Congo • Energia eficaz e água para todos


• Empregos na educação, saude, policia; devem-se atrair empresas
• Melhor oferta de serviços de Saúde
• Requalificação das estradas e urbana
• Mais áreas de lazer , ginásios e anfiteatros nas escolas e mais cursos
(deve haver cursos relacionados com a agronomia e com a história)
• Mais areas verdes
• Melhor acesso à água e energia
• Mais formação técnico-profissional, mais diversificada e melhor
adaptada às realidades locais
• Mais participação da população, mais consultas
• Mais ensino superior
• Tecnicos qualificados na educação e saude
• Promoção de actividades de lazer e desportivas
Cuanhama • Melhor coordenação nas diferentes intervenções institucioanais
• Indemnizações aos populares realojados
• Adequação do tipo de habitação nas novas centralidades
• Inexistência de urbanização antes da construção
• Sensibilização da população antes da expropriação
• Mais informação e divulgação
• Falta de comunicação entre AM e jovens
• Já há casa da juventude
• Faltam espaços para a pratica desportiva e falta uma casa de cultura
(esta a ser construída)
• Cinema, Teatro, Biblioteca em funcionamento
• Parques infantis, creches, jardins alinhados com necessidades
firmativas em contexto
Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Nas áreas urbanas de maior dimensão, o optimismo em relação ao futuro surge mais matizado:
por exemplo, no Cazenga foi observado que o processo de requalificação não vai abosrver a
totalidade dos moradores enquanto em Viana foi observado que, se o Governo não acautelar a
situação, muito rapidamente o novo aeroporto ira estar cercado por bairros de edificação
espontânea e anárquica.

A perspectiva generalizadamente optimista não desapropria os participantes dos grupos de


discussão de uma perspectiva crítica em relação a algumas das intervenções estatais com
reflexos no ordenamento do território: por exemplo, no município do Cuanhama, alguns dos
participantes constestaram a adequação do modelo de casas que estão a ser edificadas à
matriz sociocultural das populações e reivindicaram mais informação, sensibilização e divulgação
por parte das entidades públicas em relação aos projectos em curso, às populações afectadas e

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

aos efeitos que deles irão resultar; em Mbanza Congo foi sublinhada a necessidade de maior
participação e de mais consultas às populações no sentido de acrescentar adequabilidade,
qualidade e eficácia às intervenções projectadas; no Negage foi sublinhada a necessidade de
uma acção de fiscalização mais efectiva por parte do Estado para garantir níveis de qualidade e
durabilidade elevados nas novas centralidades que estão s er construídas. Em alguns dos
municípios foram ainda manifestadas dúvidas e desconhecimento sobre os critérios que irão
presidir à distribuição dessas habitações pela população.

5.2 ÁREA TERRITORIAL RURAL

5.2.1 VISÕES DO TERRITÓRIO

Os grupos de discussão realizados nas Províncias de Benguela, Cabinda e Namibe deram suporte
à caracterização da área territorial rural.

Belize é um pequeno município fronteiriço enquanto Cubal e Tômbwa são sedes municipais com
dimensão significativa para o contexto rural (mais de 100.000 habitantes), com especificidades
relacionadas com a respectica localização (interior versus litoral) e especialização produtiva
(agricultura versus pesca).

As vias de acesso estão muito degradadas (um troço de 9 Kms esta em construção há 8 anos) e
a carência de transportes, quer públicos quer privados, concorrem para explicar esse isolamento
que também surge freflectido nos reduzidos níveis de acesso aos serviços sociais. Existem
docentes mas ha poucas infra-estruturas e mal apetrechadas: numa das aldeias a população fez
uma escola de adobe. A agua é sobretudo agua dos rios e as populações tem que se deslocar
por longas distancias para obter água, face à indisponibilidade de agua potavel. Permanecem
constrangimentos no acesso à energia (em determinadas áreas o gerador trabalha entre as
18:00h e a 01:00h) e não há fabricas nem empresas, nem empreendimentos hoteleiros.

O isolamento de Belize contrasta com a atractividade populacional do Cubal e de Tômbwa, o


que determina problemas diferenciados a nível da ocupação e do ordenamento do território.

Tômbwa por força da sua localização convoca problemas específicos, pela proximidade do
deserto e pelos efeitos ambientais suscitados pela invasão das areias e pelo processo de
desarborização. No município sede não ha problemas de acesso à água (a água que esta a ser
captada tem um grande indice de salinidade e não é tratada) e 80% dos bairros tem acesso a
energia eléctrica oriunda de geradores, sendo portanto uma energia cara.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

O município confronta-se com um déficit habitacional e com a insuficiência de diversos serviços


(serviços bancários, de transporte, portuários). Os participantes no grupo de discussão
referiram-se a níveis elevados de desemprego, e em particular ao desemprego jovem,
acrescentando que os empregos no funcionalismo público são atribuíeis aos concorrentes locais.
O potencial associado à pesca, à industrialização que a pesca poderá desencadear a
montante e a jusante, foi também algumas vezes referenciado, em paralelo com a necessidade
de o município se afirmar como destino turístico.

Os participantes do grupo de discussão do Cubal referiram a actividade de autocarros e taxis,


num contexto de rede de vias de acesso secundárias e terciárias degradadas e de sinistralidade
elevada. A resolução do problema da Energia é uma necessidade, uma vez que a utilização de
grupos de geradores, provoca, a prazo, externalidades negativas, nomeadamente problemas
ambientais.

No plano da educação e da saúde registaram-se progressos significativos nos últimos 10 anos: há


uma escola do 2º nível, uma Universidade privada (ciencias de educação; direito) e o polo
universitario Lusiada (sociologia, direito); Hospital do Cubal é um centro de referência no
tratamento da tuberculose. O município oferece oportunidades de trabalho na administração
pública (professores, enfermeiros, administração municipal e administrações comunais) Ee
também já existem empresas do sector privado, nas áreas do comércio e prestação de serviços,
que empregam cerca de 20 trabalhadores.

O meio rural profundo, aqui representado por um município do Norte, na Provínia do Kwanza
Norte, e por um município do Leste, na Província do Moxico, é fortemente atingido pelo
isolamento. Em qualquer das comunidades o principal problema identificado foi a insuficiência e
a deficiente qualidade das vias de acesso, que torna mais difícil a mobilidade de pessoas e bens
e que acentua as dificuldades das populações.

A agricultura de susbsistência, a pesca e a caça e a criação de animais são outras fontes de


recursos para as comunidades, geralmemente praticadas com tecnologia rudimentar, em
pequena escala e, essencialmente, para autoconsumo. Outro traço comum é a escassez de
serviços ao dispõr das populações e a insuficiência de infra-estruturas. Os traços distintivos entre
as duas comunidades, que se traduzem em problemas específicos, decorrem das características
dos respectivos ecossistemas, da dimensão dos grupos populacionais, e das suas características e
da especificidade da localização geográfica.

Lumbala Nguimbo situa-se numa zona de fronteira, absorve muita população com ligações à
República da Zâmbia parte da sua população é praticamente nómada. Muita população viveu
na Zâmbia e agora está a regressar por causa das oportunidades de trabalho (professores,
enfermeiros) ms enfrentam constrangimentos relacionados com a obtenção de documentação

50
Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

e de equivalências profissionais. Foi referido por alguns dos participantes que o Governo não esta
a conseguir aborver e potenciar o conhecimento técnico-profissional das populações que
regressaram da Zaâmbia. Exceptuando a sede do município, há carências acentuadas em
matéria de equipamentos colectivos relacioandos com a educação e com a saúde, tendo
também sido sublinhada uma grande escassez de quadros qualificados e de meios materiais
indispensáveis ao bom funcionamento das instituições.

A proximidade da fronteira acentua a orientação comercial da actividade da maioria da


população que esta generalizadamenre desprovida de acesso a equipamentos colectivos
vocacionados para a cultura, lazer e desporto. No domínio da disponibilização de equipamentos
colectivos a mobilidade de parte da população,a inacessibilidade de alguns dos locais e a
carência de condições de trabalho associadas ao funcionamento desses equipamentos (por
exemplo, as escolas não contemplam espaços residenciais para os professores) o que coloca
obstáculos difíceis de contornar para as políticas de ordenamento do território.

Os participantes do grupo de discussão realizado no município de Banga consideraram viver no


municipio mais subdesenvolvido da provincia, em que as alternativas profissionais se restringem à
educação, saúde e administração pública. Mesmo nesses segmentos foram enunciadas diversas
condicionantes: por exemplo, professores que não aceitam dar aulas, por não existir uma
residência para professores o que origina o abandono das escolas nas áreas mais afastadas da
sede.

Inexistência de padaria, peixaria e armazéns; escassez de água e de energia da rede;


iluminação pública é quase inexistente; Inexistência de infra-estruturas desportivas, de cultura ou
de lazer; vias de acesso escassas e degradadas; ausência de taxis, pelo que as dificuldades em
termos de condições de vida dos residentes em Banga são consideráveis.

5.2.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS AO NÍVEL DO ORDENAMENTO DO TERRITÓRIO

Os grupos de discussão realizados nas Províncias de Benguela, Cabinda e Namibe dão suporte à
caracterização dos principais problemas da área territorial rural: Rede viária (secundária e
terciária) em mau estado de conservação;Insuficiência de equipamentos sociais (infra-
estruturas); Ocupação desordenada do perímetro urbano; Sistemas de produção e distribuição
de energia eléctrica insuficientes; Redes de captação, tratamento e distribuição de água
insuficientes; Actividade agrícola e agro-industrial insuficiente.

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Relatório do Estado de Ordenamento do Território Nacional
VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios de Belize, Cubal e Tômbwa:

MUNICÍPIOS PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

Belize • Rede viária (secundária e terciária) em mau estado de conservação;


• Ocupação desordenada do perímetro urbano;
• Sistemas de produção e distribuição de energia eléctrica insuficientes;
• Redes de captação, tratamento e distribuição de água insuficientes;
• Actividade agrícola e agro-industrial insuficiente.
Cubal • Falta de postos médicos nos kimbos
• Na sede há muita gente, proveniente das áreas rurais, que vive de
rendimentos ocasionais
• Não há estruturas de irrigação para apoiar a produção nem estrururas
industriais de transformação e conservação dos produtos agrícolas
• Pessoas desapropriadas são reinstaladas em espaços urbanizados
• Maior parte das pessoas não têm titulo de propriedade
Tômbwa • Insuficiência na produção, tratamento e distribuição de água e energia;
• Deficiente sistema de saneamento básico (rede de esgotos, aterros,
tratamento dos resíduos);
• Rede viária (secundária e terciária) em mau estado de conservação;
• Insuficiência e equipamentos sociais (infra-estruturas);
• Ausência de infraestruturas industriais (nos sectores das pescas, agricultura,
hotelaria e turismo e extractivo - recursos minerais

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

A área rural profunda foi caracterizada com base na informação recolhida nas Províncias de
Kwanza Norte e Moxico, tendo sido identificados como problemas prioritários: Rede de
Equipamentos Colectivos Insuficiente; Rede Viária Secundária e Terciária em mau estado de
conservação; Crescimento desordenado dos assentamentos urbanos; Rede de infraestruturas
básicas de saneamento, energia eléctrica e água insuficiente; Inexistência de agricultura
industrializada.

No quadro seguinte apresentam-se os problemas identificados nos Grupos de Discussão


realizados nos municípios de Lumbala Nguimbo e Banga:

MUNICÍPIOS PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

Lumbala Nguimbo • A maioria da população tem falta de água potável


• A distância para arranjar água é muito longe
• Na sede municipal há escolas com professoras, as mais longe não há
professores
• Há mesmo muitas crianças fora do sistema (5000 crianças)
• Há crianças que nem sequer ainda entraram no sistema
• A construção das escolas não contempla as casas dos professores e a
qualidade nem sempre é boa
• Em algumas áreas o acesso é muito complicado
• E nem sequer se consegue colocar uma escola ali
• Há uma parte da população que se desloca, nem sempre está no mesmo sítio
• Nas áreas da chana, em função da água e da produção, a população vai-se
deslocando
• Algumas crianças vão trabalhar nas lavras e no pastoreio

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VOLUME II - Estado do Ordenamento do Território na óptica institucional e das comunidades locais

MUNICÍPIOS PRINCIPAIS PROBLEMAS IDENTIFICADOS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

• A luz existe praticamente só na sede


• Nos bairros é com os geradores e há bairros que não têm nada
• Mesmo as escolas não têm todas água
• Oxfam ajudou a fazer furos de água e cacimbas mas muitas ja estão
estragadas
Banga • Estradas são o problema
• No tempo das chuvas os funcionarios têm que se deslocar para receber o
salário e não aparecem carros
• Assim que chegam as chuvas a estrada fica mais péssima
• Também falta banco
• Municipio depende mais da agricultura, que é artesanal
• Não ha escola do 1º e 2º ciclo
• O BUE esta em funcionamento na maioria dos municipios do KN. Aqui esta tudo
parado
• Antena da Unitel existe mas ha problemas de comunicação
• Ha muitos jovens sem bilhete de identidade. Os documentos são tratados em
Ndalatando e quase nunca ha sistema no arquivo de identificação
• Estão a construir um pequeno mercado mas sem estrada
• Não ha padaria
• Falta iluminação pública

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

5.2.3 EXPECTATIVAS

Os grupos de discussão realizados nas Províncias de Benguela, Cabinda e Namibe permitiram


identificar a perspectiva que os participantes dos grupos de discussão têm para a evolução
futura da área territorial rural. Tal como no contexto urbano, as expectaivas reveladas pelos
participantes dios Grupos de Discussão assumem a convicção de que a maioria dos principais
problemas identificados irão ser ultrapassados.

MUNICÍPIOS VISÕES PARA O FUTURO IDENTIFICADAS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

Belize • Municipio melhor nos equipamentos e nas condições de vida


• Menos isolamento
• Mais actividade económica
• Mais transportes
• Circulação para outras áreas do nunicípio e província melhorada
Cubal • Boas perspectivas para o futuro
• Daqui a 3 anos vai ser a 3ª cidade da provincia
• Projecto agro-industrial para 8 anos
• Reabilitação do sistema de irrigação que vai alimentar o vale do Cavaco,
Caimbambo, etc
• Reabilitação da barragem
• HÁ 6 bancos no municipio e todos têm movimento
• Implantação de um pólo industrial no Cubal
• Porto seco, em conjunto comaestação do CFB, e com a implementação de
uma industria de fabrico de casas prefabricadas vão ser projectos estruturantes
• Jovens do meio rural vêm para a sede por falta de oportunidades e à procura
de empregos de subsistência
• Realojamento confere direitos de propriedade sobre os novos espaços e
permitem deixar como herança aos familiares
• Sinistralidade reduzida por intervenções ao nível da dimensão das vias de
acesso,pelo reforço da sinalização e educação dos condutores
• Energia reestabelecida e não dependente de grupos de geradores

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MUNICÍPIOS VISÕES PARA O FUTURO IDENTIFICADAS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

• Casa da Cultura e Casa da Juventude em funcionamento


Tômbwa • Centro de formação no Kuroka
• Orientação das decisões para as necessidades locais
• Em vez da construção civil, deveria haver cursos de formação orientados para
a a agro-pecuária
• Área do Kuroka ao Iona recebe um grande projecto agro-pecuário, com
fabrica de rações
• Mais equipamentos de cultura, lazer e desporto
• Mais parques infantis, geridos por operadores privados, em funcionamento
• Gestão privada por operadores
• Empregos no funcionalismo publico já não são atribuídos com base no
clientelismo e nas relações sociais
• Mais infra-estruturas escolares
• Outras áreas de formação
• Acesso à terra ou a habitação construída (criterios de redistribuição)
• Planos directores municipais e urbanisticos com consultas mais alargadas aos
locais

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

A visão para o futuro da área rural profunda foi caracterizada com base na informação
recolhida nas Províncias de Kwanza Norte e Moxico. Emergem três ideias fortes: a evolução
registada ao longo da década da paz suscita perspectivas positivas para a próxima década; os
problemas mais urgentes do ponto de vista da qualidade de vida das populações serão
solucionados, nomeadamente o acesso a infra-estruturas de transporte, água, energia e
saneamento e a equipamentos colectivos relacionados com a dimensão social (educação e
saúde) e com a dimensão sociocultural (cultura, desporto e lazer); a consciência da importância
da observação dos princípios do urbanismo em paralelo com a reivindicação de uma maior
participação dos munícipes, através de mecanismos de auscultação e de consulta.

MUNICÍPIOS VISÕES PARA O FUTURO IDENTIFICADAS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

Lumbala Nguimbo • Elevar o município a cidade


• Abertura de uma barragem
• Expansão urbana
• De 2002 para 2014 é muito diferente, houve evolução
• Urbanização da sede
• As autoridades devem definir linhas secundárias e terciárias Para as pessoas
construirem ao longo das vias, para dar uma boa imagem da cidade
• Mais participação da populaçao na definição dos processos de
desenvolvimento
• Movicel também devia colocar antena
• Problema da água e luz resolvido
• Qualidade da água melhorada e resolução dos problemas associados às
águas residuais
• Conflitos sobre distribuição de terras já nao acontecem
• Juventude integrada e apta a ensinar como se deve fazer um negócio
• Falta de medicamentos nos hospitais solucionada
Banga • Vias de acesso construídas e reabilitadas
• Ligação com comunas e bairros estabelecida
• Urbanismo e infra-estruturas são a base da visão para a o futuro
• Agricultura modernizada (incentivos e apoio)

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MUNICÍPIOS VISÕES PARA O FUTURO IDENTIFICADAS NOS GRUPOS DE DISCUSSÃO

• Acesso à água e energia deixou de ser problema


• Património recuperado
• Ambiente protegido
• Melhorias em todos os aspectos identificados

Fonte: Informação recolhida nos Grupos de Discussão

Tal como referido para a área urbana, a informação recolhida nos Grupos de Discussão
realizados em contexto rural indicia a capacidade das populações construírem uma perspectiva
crítica em relação a algumas das intervenções estatais com reflexos no ordenamento do
território: no grupo de discussão realizado no município do Cubal colocou-se a questão das
expropriações que são efectuadas para dar lugar a projectos de interesse económico e social
tendo sido referida a necessidade de maior investimento na sensibilização, informação e
esclarecimento dos grupos populacionais que vão ser afectados pelo processo; foi referido que
os processos de desalojamento e realojamento não têm sido convulsivos, que tem havido
capacidade de persuasão, dissuação e negociação e que os processos de realojamento têm
sido realizados com base em critérios de planificação e urbanização;

No grupo de discussão de Lumbala Nguimbo alguns dos participantes consideraram que a


opção de loteamento e autoconstrução dirigida favorecerá as pessoas com disponibilidade
financeira ou capacidade de aceder ao crédito, que por sua vez é bastante dificultado
(depende mais do salário ou das relações sociais, e menos da empregabilidade. Outros
participantes opinaram que as novas centralidades não vão contemplar as pessoas mais
desfavorecidas, tendo sido praticamente consensual a ideia de que a informação recolhida
junto das comunidades ajuda os decisores a identificar e a compreender melhor os problemas e
as expectativas dos cidadãos e, consequentemente, a encontrar soluções mais adequadas e
eficazes do ponto de vista do interesse social. Em suma, os participantes nos grupos de discussão
realizados nas áreas rurais consideraram ser importante existir mais participação da população
na definição dos processos de desenvolvimento.

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