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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVERSUS VERITAS - UNIVERITAS

As emoções diante da perda e a visão da psicologia do processo psicológico


básico tristeza

Mariana Isabel da Silva

Thiago Michel Pereira Silva

Cleidiane Leopoldino Duarte

Paula Teixeira Viana

Belo Horizonte - 2021


As emoções diante da perda e a visão da psicologia do processo psicológico
básico tristeza

Mariana Isabel da Silva1

Thiago Michel Pereira Silva2

Cleidiane Leopoldino Duarte3

Paula Teixeira Viana4

Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar uma das emoções vividas
pela protagonista do filme brasileiro “Como Esquecer”, que é a tristeza, como
processo psicológico básico, à luz das perspectivas biológica e histórico-cultural.

Palavras-chave: Emoções – Psicologia – Processos Psicológicos Básicos

Introdução

A emoção é um dos processos psicológicos básicos que caracteriza um


estado mental subjetivo relacionado a sentimentos, comportamentos e
pensamentos, adquirida por fatores biológicos e em meio à interação social do
indivíduo e sua experiência individual.

1
Graduanda em Psicologia pela Univeritas – Centro Universitário Universus Veritas – Campus Belo
Horizonte – e-mail: marysabelmis@gmail.com
2
Graduando em Psicologia pela Univeritas – Centro Universitário Universus Veritas – Campus Belo
Horizonte – e-mail: thiagomkickboxer@gmail.com
3
Graduanda em Psicologia pela Univeritas – Centro Universitário Universus Veritas – Campus Belo
Horizonte – e-mail: cleideduartebh@hotmail.com
4
Graduanda em Psicologia pela Univeritas – Centro Universitário Universus Veritas – Campus Belo
Horizonte – e-mail: paula.viana.pp@gmail.com
2

O filme brasileiro “Como Esquecer”, produzido em 2010 por Elisa


Tolomelli e com direção de Malu Martino, narra a história contada pela professora
universitária de literatura Julia Serrano, interpretada pela atriz Ana Paula Arósio,
que, ao ser deixada pela sua companheira após 10 anos de relacionamento,
demonstra todo o percalço seguido diante da dor da perda de um amor.

No decorrer do filme, suas emoções são explicitadas em diversos


momentos e de formas diferentes, e a tristeza sentida pela personagem será
analisada no presente artigo à luz da psicologia, como processo psicológico básico.

A visão da emoção no contexto biológico e histórico-cultural nas ciências


sociais

Segundo Michael Gazzaniga (2018, p. 404), “uma emoção é uma


resposta negativa ou positiva imediata, específica para eventos ambientais ou
pensamentos internos. As emoções normalmente interrompem o que está
acontecendo ou desencadeiam mudanças no raciocínio e comportamento.”

Para o campo das ciências sociais, em especial a psicologia, a emoção é


composta de três componentes: um processo fisiológico, uma resposta
comportamental e uma sensação que é baseada na avaliação cognitiva da situação
e interpretação dos estados corporais. (GAZZANIGA, 2018, p. 404)

No decorrer do filme, Julia se mostra uma mulher desleixada, com os


cabelos despenteados, e por vezes, chorosa, seca, calada, cabisbaixa, sentimentos
e comportamentos estes que se resumem à emoção tristeza, que na conceituação
de Gazzaniga, é chamada de emoção primária, que é inata, evolutivamente
adaptativa e universal. (GAZZANIGA, 2018, p. 405)

Ou seja, para este autor, a emoção, sendo inata e universal, possui uma
predominância biológica, relacionando-a à ativação do sistema nervoso autônomo
para preparar o corpo para enfrentar os desafios ambientais. (GAZZANIGA, 2018, p.
406)
3

Em contraponto, as autoras Claudia Barcellos Rezende e Maria Claudia


Pereira Coelho trazem uma outra dimensão do campo das emoções. Elas afirmam
que, (REZENDE, 2010, p. 22)

“embora as emoções tenham uma dimensão psicobiológica, admite-se que


a sociedade influencie o modo de expressar os sentimentos. Assim,
reconhece-se a existência de regras de expressão que afetam a
manifestação dos sentimentos não apenas de acordo com os contextos
sociais, como também entre sociedades diferentes. Há, por exemplo,
normas para a expressão das emoções em uma situação de luto, que
independem do indivíduo sentir tristeza ou pesar pela morte de uma
pessoa. O luto, por sua vez, varia de sociedade para sociedade, de modo
que em certos lugares pode-se chorar copiosamente enquanto, em outros,
pede-se expressões mais contidas de pesar e tristeza. Nessa ótica, faz-se
uma distinção entre o sentimento, entendido como individual e não cultural,
e sua expressão, vista como regrada por prescrições sociais.”

Em sua visão histórico-crítica, a emoção não pode ser entendida apenas


no campo biológico, posto que a cultura e a história vivenciada por aquela
sociedade tem grande influência na forma de demonstração das emoções. Como
dito por ela, “torna-se difícil separar o que seria um fato biológico de um fato cultural.
Embora seja inegável que na espécie humana o corpo possui uma mesma estrutura
orgânica, a percepção da morfologia e da fisiologia corporal varia muito.”
(REZENDE, 2010, p. 26)

REZENDE ainda pontua: “na etnopsicologia ocidental moderna, a


expressão dos sentimentos é vista como um domínio sujeito às regras sociais que
regulam quando, como e para quem manifestar emoções. Em contrapartida, o
sentimento em si seria uma reação da ordem do natural ou mesmo do biológico que
pode ser distinguida das normas sociais. Seria, portanto, um fenômeno ao mesmo
tempo individual, no sentido de particular a cada um, e comum a todos como seres
humanos.” (REZENDE, 2010, p. 83)

Diante de tais considerações, é possível perceber que Julia demonstra a


sua emoção tanto pela visão do biológico quanto pela visão do histórico-cultural, a
chamada etnopsicologia. Biológico porque há alertas fisiológicos decorrentes do seu
4

sentimento, como lágrima, taquicardia, calafrios e desmaios; e histórico-cultural,


com o seu afastamento das atividades na universidade, o seu recolhimento social, e
a sua forma de lidar com a dor da perda diante da norma social instada no contexto
histórico ali vivenciado.

A dor da perda e o sentimento de tristeza da protagonista

“Já conheço os passos dessa estrada, / Sei que não vai dar em nada, /
Seus segredos sei de cor. / Já conheço as pedras do caminho / E sei também que
ali, sozinho, / Vou ficar tanto pior. / O que é que eu posso contra o encanto / Desse
amor que eu nego tanto, evito tanto / E que no entanto volta sempre a enfeitiçar? /
Com seus mesmos tristes, velhos fatos / Que num álbum de retratos eu teimo em
colecionar. (...)”. Esta canção, “Retrato em Preto e Branco”, na voz da saudosa Elis
Regina, marca o início do filme em meio a lembranças de uma viagem à Londres
que permeiam os pensamentos de Julia, que outrora se encontrava em plena
felicidade e paixão, e agora, trêmula, chorosa e ofegante, queima uma foto de sua
amada Antônia, apagando-a com sua mão direita, permanecendo em estado de
profunda tristeza.

Na cena seguinte, Julia expõe o seu sentimento: “A primeira grande


tarefa do ser que foi deixado, fora chorar copiosamente, é avisar ao mundo o
lamentável ocorrido.”

Esta frase, dita pela protagonista em forma de pensamento, revela o


sentimento de tristeza de Julia ao ser deixada por sua companheira.

Mais à frente do filme, Julia pede o afastamento de suas atividades


laborais na universidade, pelo que explicita o seu pensamento:

“Entrei com pedido de licença. Fiquei improdutiva durante semanas. Em


minha volta, uma ideia fixa acompanhava pelas salas, corredores... o tempo
não tem fim, mas ele é o fim! E aquilo ficava ecoando na minha cabeça
como mantra. Algum preço a gente tem que pagar quanto resolve fingir em
que a vida já voltou ao normal. Mas não é nada disso que tá acontecendo.”
5

A tristeza é um estado emocional caracterizado pelo desânimo,


decepção, angústia, dor, culpa, cansaço, baixa autoestima ou resposta negativa a
um sofrimento, surgido diante de uma perda de algo ou alguém, gerando uma
sensação de abandono, e, geralmente, as manifestações mais frequentes são o
choro, o afastamento e o silêncio.

As reações faciais da tristeza incluem o rebaixamento das


extremidades dos lábios, elevação leve das bochechas, resultando no aperto dos
olhos, elevação do centro das sobrancelhas e inclinação das pálpebras superiores,
geralmente acompanhada do olhar para baixo (EKMAN, 2003). A voz costuma ter
pouca variação de tons, que são baixos, com um discurso pausado e mais lento, em
volume mais baixo (JUSLIN & LAUKKA, 2003; SCHERER, 1995).[1]

Depois de um dia de trabalho na universidade, a protagonista


retorna à sua casa, que, por estar vazia, trouxe à tona diversas lembranças felizes
vivenciadas antes de ser deixada por Antônia.

Por conta disso, Julia descreve, em pensamento, a sua sensação de


abandono e o seu questionamento quanto ao que é o contrário do amor:

“Desde o dia em que Antônia foi embora da minha vida que eu me


pergunto: o que será que é o contrário do amor? Pra maioria, o contrário de
amor é o ódio. Não! Muito óbvio! Eu cheguei à conclusão que o contrário do
amor é o estado permanente de perplexidade. A perplexidade ferida, que te
prende numa armadilha, de onde você só vai conseguir escapar com a
ajuda de quem te abandonou... O que será que é o contrário do amor?”

A dor vivenciada era tanta, que, num dado momento, chegou a pegar
numa arma, guardada por seu amigo Hugo, interpretado pelo ator Murilo Rosa, e
assim pensou: “De repente, a morte passou a me atrair sem nenhum charme,
nenhum glamour, apenas com a seca promessa de ser melhor que o resto.”

Em casos de extrema e contínua tristeza, o indivíduo poderá ser


acometido pela depressão, que é um transtorno psicológico afetivo que se
caracteriza por uma tristeza intensa e de longa duração, caminhando para um
6

estado de profundo vazio e comportamentos destrutivos, e acarretam alterações no


sono, na fala, nas capacidades de pensamento, na memória, no raciocínio lógico, na
organização das ideias e, inclusive, ocasionando pensamentos suicidas.

Segundo dados no portal do Ministério da Saúde[2], os sintomas da


depressão são:

1. “Humor depressivo: sensação de tristeza, autodesvalorização e


sentimento de culpa. Acreditam que perderam, de forma irreversível, a
capacidade de sentir prazer ou alegria. Tudo parece vazio, o mundo é visto
sem cores, sem matizes de alegria. Muitos se mostram mais apáticos do
que tristes, referindo “sentimento de falta de sentimento”. Julgam-se um
peso para os familiares e amigos, invocam a morte como forma de alívio
para si e familiares. Fazem avaliação negativa acerca de si mesmo, do
mundo e do futuro Percebem as dificuldades como intransponíveis, tendo o
desejo de por fim a um estado penoso. Os pensamentos suicidas variam
desde o desejo de estar morto até planos detalhados de se matar. Esses
pensamentos devem ser sistematicamente investigados;

2. Retardo motor, falta de energia, preguiça ou cansaço excessivo,


lentificação do pensamento, falta de concentração, queixas de falta de
memória, de vontade e de iniciativa;

3. Insônia ou sonolência. A insônia geralmente é intermediária ou


terminal. A sonolência está mais associada à depressão chamada Atípica;

4. Apetite: geralmente diminuído, podendo ocorrer em algumas formas


de depressão aumento do apetite, com maior interesse por carboidratos e
doces;

5. Redução do interesse sexual;

6. Dores e sintomas físicos difusos como mal estar, cansaço, queixas


digestivas, dor no peito, taquicardia, sudorese.”

As causas da depressão podem ser: fatores genéticos, alterações na


bioquímica cerebral, e eventos estressantes.[3]

Diante dos sintomas acima apresentados, é de fácil percepção que o


sentimento de Julia com relação ao abandono por sua companheira beirava a um
desenvolvimento deste transtorno psicológico afetivo. Como exemplo, Julia
recusava ajuda dos amigos, ingeria alimentos mais doces e carboidratos (biscoito),
7

tinha insônia, falta de vontade, sensação de tristeza, autodesvalorização e


sentimento de culpa.

Em um dado momento, a protagonista implora para que seu amigo Hugo


a amarrasse em uma cadeira com uma corda bem grossa, o que transpassou a
ideia de que a dor psicológica necessitaria passar primeiramente pela dor física.

Hugo a pergunta o motivo de se maltratar tanto, pelo que ela responde:

“... A dor da perda, pra mim, para ser concreta, primeiro tem que passar
pelo corpo... e sem falar que às vezes a gente precisa usar de certos
freios... Eu não posso ir atrás de Antônia, eu também não tenho espaço
para começar um novo relacionamento, mas eu tô viva, eu tenho pulsões,
instintos, desejos, como todo mundo! E eu prefiro deixar meu corpo
dormente e a mente ativa, pra me impedir de fazer um mal maior à mim e a
quem se aproxima de mim.”

Outro ponto de muito destaque nesta trama é a relação da história


vivenciada por Julia com o romance “O Morro dos Ventos Uivantes” de Emily Brontë.
Sendo uma professora de literatura, Julia estava desenvolvendo um estudo sobre as
emoções do autor com sua obra. À exemplo disso, a protagonista debatia com seus
alunos o romance de Emily Brontë, sendo alvo de críticas de sua orientanda
Carmem Lygia, interpretada pela atriz Bianca Comparato, na qual pontua que as
autoras inglesas da pré-modernidade tem dificuldades em lidar com sentimentos, a
exemplo da citada autora, que utiliza um pseudônimo como fuga de sentimentos ao
finalizar a sua obra.

Imersa em seus pensamentos e sem prestar atenção nas considerações


de Carmem Lygia, Julia não concorda com o seu posicionamento, sendo rebatida
por sua aluna, no qual afirmou que “não é só a Emily Brontë que confunde ficção
com realidade.” Aqui fica claro que a tristeza proporciona ao indivíduo uma falta de
concentração e de atenção que dificulta a percepção dos sentidos do mundo ao seu
redor.
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Uma passagem do livro de Emily Brontë traduz o sentimento de Julia, que


se refere à declaração de amor do personagem Heathcliff para sua amada
Catherine Earnshaw:

“Toma qualquer forma…

Enlouquece-me!

Mas não me deixes nesse abismo onde não possas te encontrar!

Oh Senhor!...

É inesprimível!

Não posso viver sem minha vida!

Não posso viver sem minha alma!”

Portanto, analisando o contexto da história de Julia, percebe-se que: a


tristeza, sendo de curta duração, acomete o indivíduo na sua forma de se relacionar
com ele mesmo e com a sociedade, através do desânimo, da angústia, da dor, da
culpa, do cansaço, do silêncio, do afastamento do convívio social e da baixa
autoestima, gerando uma sensação de abandono. A tristeza prolongada e
permanente está associada ao desenvolvimento de um transtorno psicológico
afetivo como a depressão, que é uma das doenças mais incapacitantes do mundo,
atingindo mais de 300 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial
da Saúde (OMS).

Vale ressaltar que em ambas as situações há a necessidade de um


acompanhamento, seja por um amigo, como feito por Hugo, seja por um profissional
da área da saúde psíquica, que por diversos momentos fora sugerido à Julia.
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A transformação das emoções

O sentimento de tristeza da protagonista vai se modificando


positivamente no decorrer do filme a partir dos contatos sociais, em especial, dos
amigos Hugo, que vivencia o luto pela perda de seu companheiro, e Lisa,
intrepretada pela atriz Natália Lage, que fora abandonada pelo namorado quando
esta revela sua gravidez, e em seguida, sofre aborto induzido por ela própria.

O fato de se deparar com problemas alheios e se tornar ouvinte de seus


amigos, faz com que Julia perceba o seu estado emocional e absorva melhor o
impacto, abrindo-se ao convívio social e mudando o seu comportamento.

Gazzaniga ilustra em sua obra as estratégias para o controle das


emoções, senão vejamos: (GAZZANIGA, 2018, p. 415/416)

a) O que não fazer: suprimir os pensamentos e ruminar a emoção;


b) Se colocar em determinadas situações e evitar outras, o que pode
influenciar na probabilidade de experimentos de determinadas emoções;
c) Mudar o significado das emoções, e reavaliá-los em termos mais
neutros;
d) Rir: o riso e o humor aumenta o afeto positivo, e com isso ajuda as
pessoas a se distanciar de suas emoções negativas e fortalece o vínculo
com os outros;
e) Distrair-se: pensar algo que não seja uma atividade preocupante ou
pensar em algo diferente é uma estratégia especialmente boa para
controlar a emoção.

Um exemplo de distração vivenciada pela protagonista foi a ida à praia


onde pode sentir o som do mar e o barulho do vento, o que em momento anterior
rechaçou a ideia de residir numa casa perto de uma praia com os amigos Hugo e
Lisa.

Outro exemplo de transformação de Julia foi a ressignificação do


abandono, quando tem a percepção de que encontrou com Antônia na rua, e por
conseguinte, não mais se lembra do seu corpo.
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Ao final do filme, Julia conclui a sua turbulenta trajetória de emoções ao


se despedir de Helena, interpretada pela atriz Arieta Correia, com quem teve um
breve romance, com o seguinte pensamento:

“Talvez eu me arrependa, Helena, mas agora preciso descobrir o que


sobrou de mim mesma. Não posso te arrastar para uma vida de
comparações. Você merece coisa melhor do que alguém acampada numa
encruzilhada tentando enxergar o caminho, qualquer caminho. O amor
exige muito, e tenho muito pouco pra dar. Nem sei se com esse pouco se
faz vida. As emoções escorrem, nada penetra! Talvez eu me arrependa,
Helena! Talvez!”

Sem dúvida, o primeiro grande passo para o tratamento desta emoção é


o reconhecimento do seu estado emocional para validá-los e libertá-los, como feito
pela protagonista.

Como dito por Friedrich Nietzsche: “Temos de continuamente parir


nossos pensamentos em meio a nossa dor, dando-lhes maternalmente todo sangue,
coração, fogo, prazer, tormento, consciência, destino e fatalidade que há em nós.”

Considerações finais

O presente artigo teve como objetivo analisar a emoção “tristeza” vivida


pela protagonista do filme “Como Esquecer” ao ser deixada por sua companheira
após 10 anos de relacionamento.

No que tange ao aspecto biológico, a emoção pode ser composta por três
componentes: processo fisiológico, resposta comportamental e sensação baseada
na avaliação cognitiva da situação e interpretação dos estados corporais.
(GAZZANIGA, 2018, p. 404)

Quanto ao aspecto histórico-cultural, a emoção não é algo inato, posto


que a cultura e a história vivenciada por aquela sociedade tem grande influência na
forma de demonstração das emoções.
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A tristeza, tema de abordagem do presente artigo, foi analisada à luz da


história contada por Julia, protagonista do filme em comento, no qual explanou seu
curto estado emocional através das demonstrações de desânimo, decepção,
angústia, dor, culpa, cansaço, e baixa autoestima diante da perda de um grande
amor, gerando uma sensação de abandono, e, se manifestando através do choro,
do afastamento do convívio social e do silêncio.

A tristeza prolongada e permanente está associada ao desenvolvimento


de um transtorno psicológico afetivo como a depressão, que é uma das doenças
mais incapacitantes do mundo, atingindo mais de 300 milhões de pessoas, segundo
dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Tais considerações explicitam o extenso universo que é o estudo das


emoções. A emoção, como reação a um estímulo ambiental externo e cognitivo, traz
experiências bastante subjetivas, o que nem sempre é possível controlá-las, pois
envolve uma série de reações no cérebro. Além disso, as emoções humanas podem
ser consideradas positivas ou negativas e são inatas ou são aprendidas através do
convívio com outras pessoas.

Vale ressaltar que em ambas as situações há a necessidade de um


acompanhamento por alguém próximo, além de um profissional da área da saúde
psíquica.

O que se constata, portanto, é que o indivíduo é um ser biopsicossocial,


na medida em que suas emoções possuem variantes biológicas, psicológicas e
sociais.

Dito isso: O que é o contrário da tristeza, senão o amor?

Abstract: This article aims to analyze one of the emotions experienced by the
protagonist of the Brazilian movie “Como Esquecer” which is sadness, as a basic
psychological process, in the light of biological and cultural-historical perspectives.

Keywords: Emotions - Psychology - Basic Psychological Processes


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Referências bibliográficas

COMO ESQUECER. Direção: Malu de Martino. Produção de Elisa Tolomelli.Brasil:


Europa Filmes, 2010.

GAZZANIGA, M. HEARTHERTON, T. HALPERN, D. Emoção e motivação. In: ___.


Ciência Psicológica. 5ª Edição. Porto Alegre: Artmed, 2018.

REZENDE, C. B. COELHO, M. C. P. Antropologia das Emoções. Rio de Janeiro:


Editora FGV, 2010.

[1] https://www.scielo.br/j/pusf/a/FKG4fvfsYGHwtn8C9QnDM4n/?lang=pt ACESSO EM 02


OUT 2021.

[2] https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao ACESSO EM 02 OUT 2021

[3] https://antigo.saude.gov.br/saude-de-a-z/depressao ACESSO EM 02 OUT 2021

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