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O Que São Grupos e Como Se Organizam
O Que São Grupos e Como Se Organizam
1. O que é GRUPO?
Além dos elementos acima mencionados, que dizem respeito mais à ESTRUTURA
do grupo do que à sua FORMA, podemos considerar algumas características formais ou
DESCRITIVAS dos grupos que vêm a influenciar o seu processo e suas relações. Dentre
elas, podemos selecionar: o número de participantes ou tamanho do grupo, a rotatividade da
participação, a homogeneidade ou heterogeneidade dos participantes e a duração do grupo
no tempo. A escolha dessas características na formação de um grupo variará conforme a
natureza e o objetivo do grupo.
O TAMANHO de um grupo influencia no desenvolvimento do tipo de relações
dentro do grupo. Grupos menores propiciam maior cumplicidade entre os participantes
mas também menor diversidade de pontos de vista. Muitas vezes, os participantes se
apressam a entrar em consenso para defender a mútua satisfação afetiva. Grupos maiores
aceitam a diversidade de pontos de vistas e os conflitos com maior presteza. Mas, neles, as
trocas emocionais são mais superficiais ou tendem a se limitar aos pequenos grupos.
Ao mesmo tempo, podemos lembrar que: o funcionamento democrático do grupo
aumenta a possibilidade de expressão de diferentes pontos de vista, mesmo nos grupos
pequenos e que grupos grandes mas com um funcionamento autoritário podem coibir as
diferenças internas e enfatizar as trocas emocionais dentro de um padrão mais rígido e
repetitivo.
Assim, não se trata de dizer qual o melhor tamanho de grupo mas, sim, de se
perguntar, em cada caso, qual tamanho de grupo é melhor para uma dada proposta de
trabalho.
Para os trabalhos que envolvem reflexão e criatividade, e em especial quando existe
um grau maior de integração afetiva no grupo, a literatura da área tem recomendado grupos
de 5 a 8 participantes. Grupos até 12 participantes demonstram maior integração e
tendência ao consenso. Quando uma dimensão educativa é também almejada, ou quando os
objetivos do grupo estão limitados a uma intervenção focalizada, esse número pode subir
um pouco, digamos, para 15 participantes.
Esses números são como uma ESTIMATIVA de qualidade que servem para dar
uma referência aos coordenadores de grupo. Mas, não têm e nem poderiam ter o peso de
uma fórmula matemática, pois diversos fatores interferem na produtividade de um grupo.
O grupo pode ser "FECHADO", quando a rotatividade dos participantes é zero ou
pequena, ou "ABERTO" quando se admite a entrada e saída de novos membros ao longo do
processo. Uma rotatividade alta prejudica a formação de vínculos entre os participantes mas
uma rotatividade nula pode ser por demais rígida. Quando o grupo trata de questões mais
conflitivas ou emocionalmente mobilizadoras, por exemplo, um grupo de pacientes com
câncer, é mais difícil lidar com a rotatividade dos participantes. Mas um grupo que tem um
caráter mais preventivo e educativo pode até achar interessante acolher novos membros e
suportar a saída de outros. Por exemplo, um grupo de gestantes com diabetes pode
funcionar em uma estrutura aberta, permitindo a saída e chegada de novos membros
dependendo de sua inserção no acompanhamento pré-natal.
O raciocínio acima pode ser empregado para as outras características dos grupos. A
HOMOGENEIDADE pode ser produtiva e assim também a HETEROGENEIDADE,
dependendo das possibilidades de sua expressão, comparabilidade e de seu aproveitamento
no grupo. Alguns grupos podem se beneficiar mais da homogeneidade, por exemplo,
grupos de pacientes onde todos têm o mesmo problema de saúde. Outros se beneficiam da
heterogeneidade, assim como os grupos de criatividade em uma sala de aula. Podemos
dizer que, examinando as características dos participantes, haverá sempre um certo grau ou
tipo de homogeneidade e um certo grau ou tipo de heterogeneidade.
A DURAÇÃO do grupo no tempo, que pode ser pensada tanto em termos de
número de encontros quanto de extensão desses encontros ao longo de um período dado, é
um fator importante para se avaliar as possibilidades de aprofundamento de trabalho nesse
grupo. Também existe uma grande variação nesse aspecto. Podemos dizer que quanto mais
um grupo estende o seu trabalho no tempo ou intensifica os seus encontros, mais
possibilidades terá de aprofundamento em suas reflexões e interações. Assim, um grupo de
apoio para pacientes com depressão provavelmente precisará de uma maior extensão no
tempo do que um grupo de prevenção, educativa, do câncer de mama.
Não precisamos manter uma atitude do tipo "ou oito ou oitenta", isto é, ou o grupo é
rápido e meramente educativo ou é do tipo terapêutico e não terá tempo definido para
acabar. Mas, precisamos, sim, adequar a nossa proposta de tempo de funcionamento do
grupo aos objetivos e tipo de participantes.
Mais uma vez, não existe receita, mas critérios variáveis com a proposta do grupo.
Ao formar um grupo na área da saúde, os coordenadores examinam esses critérios, avaliam
a sua pertinência e propõem uma dada forma de funcionamento.
Veremos que, para se propor um trabalho com grupos, precisamos de uma teoria ou
MODELO DE INTERPRETAÇÃO dos elementos acima citados bem como de uma
METODOLOGIA de trabalho. Esses tópicos serão abordados em nosso curso, em
diferentes módulos.