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Amanita Muscaria

Hoje a nossa aula é sobre o Amanita Muscaria... um ótimo momento para você conhecer mais sobre o cogumelo
vermelho do Super Mário!

Amanita corresponde ao gênero do fungo (contendo várias outras espécies de cogumelos... alguns extremamente
venenosos)... Como as Amanitas Phanterina e Phalloides.

Muscaria corresponde à espécie... onde o fragmento “Musca” é originário do latim... Musca = mosca.

Simplesmente porque esse cogumelo, na Europa, era pulverizado sobre o leite para matar as moscas. Ou seja, além de
um enteógeno e alucinógeno, era utilizado também como inseticida!

Há uma discussão na literatura sobre seu efeito inseticida... e alguns trabalhos batem o martelo dizendo que isso deve-
se ao ácido ibotênico... um de seus famosos constituintes (que jájá vamos falar sobre ele).

Outra informação importante é que... foi neste cogumelo que se isolou primeiramente o alcalóide muscarina... E é
basicamente por isso que o alcalóide se chama muscarina...

Parte 1 – Ocorrência e Biologia

Ele é originário do hemisfério Norte... muito utilizado em rituais religiosos e recreativos na Sibéria, no Nordeste da Ásia
e na Índia.

Ele foi visto no Brasil pela primeira vez na década de 80 (em Curitiba). Algo muito incomum... e isso provavelmente é
resultado da importação de sementes de Pinus de regiões de onde o cogumelo é nativo. Ou seja... as sementes de Pinus
vieram contaminadas com os esporos desse fungo!

E de fato, esse cogumelo gosta muito de viver em bosques, principalmente sob coníferas (Pinus = conífera). E logo
depois... ele foi visto também no RS e SP, que também são fortes produtores de Pinus.

Assim como todos os cogumelos, o Amanita pertence ao reino fungi,


(sim, ele é um fungo)... todos os cogumelos são frutificações (frutos Fungos
de determinados fungos)... Frutíferos
(Filos)
Mas apenas determinados filos do reino fungi formam essas
frutificações! Por exemplo, os filos Ascomycota e Basidiomycota... E é Ascomycota
do filo Basidiomycota que o Amanita Muscaria pertence. Basidiomycota

Então, entrando na fisiologia da Amanita, temos aqui o:

1) Micélio = é a parte vegetativa... age como a raiz de uma árvore (comunica e capta nutrientes)...

Realiza processos de SIMBIOSE (associação c/ outras espécies = troca de nutrientes e água);

2) Volva = forma de copo na base do cogumelo;


É basicamente o que sobra do véu universal (tecido que envolvia o cogumelo quando jovem).

(Vejam esse cogumelo, sua volva é muito mais destacada).

3) Estipe/caule = sustenta o chapéu, então podemos dizer que este fungo é estipitado.

4) Anel = é também o que sobra de um tecido que envolvia o cogumelo quando jovem (véu parcial);

5) Píleo/Chapéu = é a estrutura onde se encontra o himenóforo (tecido responsável pela produção dos esporos para
reprodução).

Então... o Amanita Muscaria surge bem pequenino, como uma massa esférica de cor branca/amarelada (chamada de
ovo, ver imagem).

Então ele vai se desenvolvendo... forma o chapéu arredondado e o caule branco e pequeno.

Segue crescendo... seu chapéu vai abrindo... podendo atingir (em estados avançados) um diâmetro de até 20 ou 50
cm... com formas variadas (convexa, plana ou côncava).

Com seu estipe podendo atingir até 20 cm de altura.

Parte 2 – Farmacologia e Composição Química

A forte intoxicação/envenenamento por esse cogumelo em específico... é raro... mas quando ocorre se dá
principalmente por efeitos neurológicos... por disfunções do SNC... e mais raro ainda é encontrar casos letais pelo
consumo DESTE COGUMELO.

Principalmente por conter concentrações baixíssimas e muitas vezes indetermináveis de poderosas


toxinas... que são comuns nessas outras espécies de Amanita, como as amatoxinas (grave disfunção hepática e renal,
hipoglicemia, convulsões, coma e, após 4-7 dias a morte).

Em comparação com outros cogumelos do mesmo gênero (Amanita Pantherina)... os efeitos da Amanita Muscaria têm
uma duração mais curta...

Farmacodinâmica = efeitos iniciam após 30 min – 2 h (alterações de percepção e humor; hipersensibilidade; distorção
do espaço e tempo; secura na boca e midríase/dilatação das pupilas (possivelmente por efeito da atropina)...

Então é um mix de substâncias provocando um mix de respostas fisiológicas.

após algumas horas desses efeitos... um sono profundo de 8 horas põe fim a todos esses efeitos fisiológicos (2° a
literatura)...

parei

Tratamento = é sintomático, apenas para combater os sintomas (difícil a identificação do cogumelo)!

Mas a recomendação primeira é eliminar essas substâncias do trato gastrointestinal (Ex.: xarope de ipeca para
promover vômito) = elimina frações de toxinas ainda disponíveis para agir ao longo do tempo. Faz a lavagem do
estômago também, administra carvão ativado e purga (taca laxante).
Composição química = muitas divergências surgem devido aos diferentes modos de seu preparo e
consumo.

A literatura científica diz que no México e Itália... todo o cogumelo (carpóforo) é cozido... e a água remanescente é
eliminada (substâncias ativas hidrofílicas eliminadas).

Na América do Norte, eles retiram a cutícula vermelha... o restante é seco e fumado. Ou seja, a composição e efeitos
fisiológicos dependem muito de como essas culturas consomem este cogumelo.

Outro fator importante, é a influência do processamento térmico (cozimento ou combustão).

Lá no grupo do whats eu vou mandar 2 artigos onde vocês podem conferir isso. Mas... em resumo...

Dois importantes constituintes são encontrados nesse cogumelo: ácido ibotênico e muscimol.

Reparem nas estruturas... ambas contém o isoxazol... com substituições nas posições 3 e 5 do anel... o que muda? A
presença de um grupo carboxila aqui.

Então... esses processamentos térmicos utilizados durante o preparo do cogumelo favorecem a descarboxilação do
ácido ibotênico (talvez quantitativamente) para formar o muscimol. Então... nesses casos a resposta fisiológica no
usuário... dentre estas duas substâncias... deve estar diretamente relacionada com a ação do muscimol.

Em um desses artigos que vou mandar no grupo... os autores fazem extrações em diferentes partes do cogumelo e
quantificam por CG/MS... E vejam que interessante...

A região de maior concentração dessas duas substâncias... é o chapéu do cogumelo... com até 2845 ppm para o ácido
ibotênico e 1052 ppm para o muscimol.

Foram encontradas também algumas triptaminas psicoativas, por exemplo, o famoso DMT... conhecido como a
molécula do espiritismo... que descalcifica e ativa a glândula pineal. E também alguns inibidores reversíveis da MAO.

Opa, temos o DMT e inibidores da MAO, juntas... o que isso nos lembra? Da Ayahuasca... um chá enteógeno utilizado
em vários rituais religiosos. Mas esse é um assunto para um próximo vídeo.

Então complemente essa pequena aula com os artigos que eu vou enviar para vocês ok? Existem várias outras
substâncias presentes no Amanita Muscaria, que não podem passar batido.

FIM

ARTIGOS

https://www.sciencedirect.com/science/article/abs/pii/S0953756208611582#:~:text=Amanita%20muscaria%3A
%20chemistry%2C%20biology%2C%20toxicology%2C%20and%20ethnomycology,-Author%20links%20open&text=The
%20fly%20agaric%20is%20a,by%20central%20nervous%20system%20dysfunction.

https://scihub.wikicn.top/10.1016/j.forsciint.2006.01.004

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