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MATERIAIS DIDÁTICOS: TESTE DE JOGOS

Raquel Areias da Silva 1; Bianca Rauffmann2; Tatiana Comiotto3;

Acesse a apresentação deste trabalho.

Palavras-chave: Ensino-aprendizagem. Química. Jogos.

INTRODUÇÃO
Este artigo é um recorte do projeto de extensão Materiais
didático-pedagógicos para o ensino de química, que pertencente ao Programa de
Extensão: Ensino de Ciências e Matemática abordagens interdisciplinares, da
Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). No projeto são realizadas
construções e aplicação de jogos educativos adaptados às dimensões da criança e
do adolescente e ao desenvolvimento da autonomia e das habilidades científicas. O
seu objetivo principal é aplicar atividades diferenciadas no processo de
aprendizagem, unindo a teoria à prática, apoiando-se em materiais comuns no
cotidiano escolar. Dessa forma, visa a confecção de materiais para o ensino
fundamental e médio, materiais escolares e até mesmo reciclados que ajudem o
professor e os estudantes a entenderem e ensinarem determinados assuntos
complexos.
Durante este período de pandemia da COVID-19, um dos jogos
desenvolvidos pela bolsista e pelas voluntárias do projeto, coordenado pela
professora Tatiana Comiotto, é um jogo sobre vacinas. Seu objetivo principal é a
conscientização sobre a importância da vacina, que é um assunto bastante discutido
nos tempos atuais. Percebeu-se a necessidade de fazer um jogo sobre esse tema, e
que fosse algo divertido, mas que também ajudasse as pessoas a visualizar e a
entender como as vacinas atuam na defesa do organismo contra agentes

1
Licenciatura em Química, UDESC, raque.areiass@gmail.com
2
Licenciatura em Química, UDESC, bianca.rauffmann@gmail,com
3
Dra. em Educação Científica e Tecnológica, UDESC, comiotto.tatiana@gmail.com
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infecciosos e bacterianos. Além disso, nosso objetivo também é oportunizar uma
reflexão sobre o quanto as vacinas são capazes de salvar vidas e de nos livrar de
doenças como o Sarampo, Meningite, Coqueluche, Hepatite e o atual vírus do
COVID-19 entre outras que hoje estão controladas graças ao elevado índice de
imunização.

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nos últimos tempos, é comum ouvir que ensinar determinados assuntos de
química é muito complexo. O conhecimento científico tem uma linguagem própria,
contendo símbolos, fórmulas, equações químicas, dentre outros, que é muito
abstrato e visto como sem aplicabilidade e envolvimento com o cotidiano. Muito se
tem falado também que a forma como tem sido ensinado acarreta na "aprendizagem
mecânica" por parte dos alunos, que a eles está sendo apresentado o conteúdo de
forma tradicional. Nesse sentido os alunos sentem-se cada vez menos atraídos e
qualquer que seja a distração em sala de aula se torna um motivo para o fracasso
da aprendizagem.
Com a finalidade de tornar o ensino mais compreensível e significativo e tirar
esse pensamento de que a química é monótona, tediosa e desestimulante, com o
decorrendo do anos novas práticas pedagógicas foram surgindo e ganhando
espaço, uma delas em especial, que irá se abordar são os jogos. Como o jogo é
uma das atividades lúdicas mais antigas, teve, e ainda tem, um papel primordial na
aprendizagem de tarefas e no desenvolvimento de habilidades sociais, logo é
possível notar o papel social e cultural (ALVES, 2003). E sua utilização rompe com
as barreiras disciplinares, tornando-se um recurso fundamental para a ampliação e
representação do conhecimento (PESSOA, 2012).
A utilização dos jogos no ensino de química possibilita ao aluno uma nova
forma de se familiarizar com a linguagem química adquirindo com mais facilidade
conhecimentos básicos para a aprendizagem de outros conceitos. Utilizá-los na
escola como uma estratégia para a construção do conhecimento, vem ganhando

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bastante espaço, sendo cada vez mais bem aceito e trazendo bons resultados
(CUNHA,2012). Os jogos são uma ferramenta eficiente e que traz aos discentes um
ambiente livre de medo do certo e errado, um clima divertido, dinâmico, competitivo,
no qual possibilita aos alunos aprenderem sem receio e com ânsia de competir, além
de que a diversão proporcionada pelo jogo faz o mesmo compreender o conteúdo
abordado com a mesma facilidade conforme compreende as regras dos jogos
presente em seu dia a dia, considerações feitas pelos autores Felipe da Silva
Matias, Felipe Tavares do Nascimento e Luciano Leal de Morais Sales; como
também pela Luciana Munique Vieira e Ricardo Lima Guimarães. Ademais, vários
autores têm enfatizado a eficiência do jogo didático no ensino de química e que eles
têm despertado a atenção dos alunos, baseados no aspecto lúdico e que,
geralmente, produzem efeitos positivos no aspecto disciplinar também OLIVEIRA e
SOARES, (2005); EICHLER e DEL PINO, (2000); GIORDAN, (1999); RUSSEL,
(1999); SANTOS e MICHEL, (2009).

METODOLOGIA - DESENVOLVIMENTO
O jogo que será apresentado aqui é uma versão de “War”, que é um jogo de
tabuleiro de guerra e estratégia que consiste em completar missões, criado para ser
disputado por três a seis jogadores, lançado no Brasil pela empresa Grow em 1971,
baseado no jogo americano "Risco" (do inglês: "Risk" de Albert Lamorisse).
O jogo "La Conquête du Monde" ("A Conquista do Mundo") foi
criado na França em 1957, e popularizado após a
norte-americana Parker Brothers lançá-lo com o nome de Risk
dois anos depois. No princípio da década de 1970, o paulistano
Gerald Reiss conheceu o Risk na Europa, e sugeriu a seus
colegas da Escola Politécnica de São Paulo a criação de uma
versão, visto que no Brasil não existiam jogos do tipo. Assim, em
1972, criaram e o batizaram com o nome "War''.

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Objetivo do jogo original: Cada jogador recebe uma missão dentre os 14
existentes, essas missões são, conquistar um ou mais continentes; conquistar um
número x de territórios; ou derrotar um outro jogador; os jogadores nesse jogo
independente da missão precisam competir um com os outros invadindo e
conquistando territórios, e para ganhar território é necessário tirar nos dados um
número maior que seu adversário.

Objetivo do jogo sobre a versão da vacina: Será jogado apenas por duas
pessoas e ao invés de tirar no dado quem ganha o território, essas pessoas terão
que responder corretamente sobre vacinas nas cartas que escolherem. As cartas do
jogo são separadas por continentes, Ásia, Oceania, América do Sul, Europa, África e
América do Norte e para cada um deles se tem 20 perguntas com três respostas
(A,B e C), e só uma delas é a resposta verdadeira, o jogador na sua vez de invadir
ou imunizar, não pode pegar a carta com as perguntas, seu adversário quem deve
pegá-la e a ler para ele. O jogo também contém um tabuleiro com os continentes e
territórios numerados (Figura 1).

O jogo funciona da seguinte maneira, os jogadores decidem quem dará início


a partida. Antes de começar, para cada jogador serão sorteados 21 números (aquele
que der início ao jogo, começa com 22 números), esses números são os territórios
que cada jogador deve colocar suas peças no tabuleiro.
Figura 1 – Tabuleiro

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).

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Peças que também serão escolhidas por eles: as peças vermelhas são os
vírus/bactérias e as verdes as vacinas/imunização (Figura 2).
Figura 2 – Peças

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


Quem inicia no jogo, escolhe um território do adversário que deseja invadir
(infectar ou imunizar). Esse território deve fazer fronteira com o território escolhido
(ou onde liga as linhas tracejadas). O adversário vai pegar uma carta com a cor do
continente onde o território desejado está situado e ler a pergunta ou curiosidade,
em que terá várias respostas e somente uma é a correta. Se o jogador acertar, a
carta fica de lado (não coloca de volta no monte) e o jogador continua invadindo
territórios até errar ou se desejar parar, passando a vez para seu adversário e
quando um jogador perde seu território ele deve retirar sua peça e o adversário que
o ganhou colocar a sua. Se errar só passa a vez e coloca a carta novamente no final
do monte (essas cartas podem ser utilizadas novamente) (Figura 3).
Figura 3 – Cartas

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Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).
O jogador que conquistar um território inteiro sozinho, ganha uma carta que
pode ser utilizada apenas uma vez, em qualquer momento do jogo. Essa carta serve
para ajudar a eliminar uma das respostas de alguma pergunta à escolha dos
jogadores (Figura 4).
Figura 4 – Cartas

Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).


O jogo termina quando as cartas acabarem e/ou um dos jogadores conquistar
mais territórios que o outro ou todos os continentes.
Antes de dar início a este jogo, foi pensado e discutido muito a respeito de
como seria feito e como iríamos proceder, pois o jogo em si não é sobre os temas
relacionando a química e sim sobre vacinas. Fugimos um pouco da nossa zona de
conforto para abordar um assunto importante nos dias de hoje. Quando um jogo é
produzido, ele é testado no Laboratório de Psicologia da Educação para o Ensino de
Ciências - LAPSI, e lá é reunida uma equipe dos alunos que fazem parte desse
projeto de extensão, junto dos coordenadores para ajudar nos testes para ver se
eles estão corretos, se funcionam e se a teoria condiz com a prática. Somente
depois desses testes podemos dizer que os jogos estão prontos e assim os
liberamos para aplicar em escolas e fazer empréstimos a todos aqueles que tenham
interesse (alunos, professores e a comunidade em geral).
A ideia de fazer um jogo relacionado a vacinas surgiu através da
coordenadora do projeto, Profª Tatiana Comiotto. Devido a pandemia, não tivemos

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mais acesso ao laboratório onde os jogos são produzidos, e assim começamos a
produzir não só jogos relacionados a química, mas também jogos relacionados a
COVID-19 e por fim, sobre as vacinas. A ideia era fazer esses jogos dos quais
qualquer pessoa pudesse obter em suas casas, além de conscientização, queríamos
que fosse algo divertido para distrair as pessoas e seus familiares nesses tempos de
pandemia. As regras do jogo são iguais às do jogo original, porém com algumas
mudanças mais simples.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Para testar o jogo, pedimos a ajuda e participação de nossos familiares e
pessoas próximas. Obtivemos as seguintes observações e comentários a respeito
do jogo:
O jogo é bem interessante e divertido, algumas questões são
difíceis, porém como é dividido por continente, não fica algo
impossível por que as próprias perguntas ajudam a responder por
pertencer a determinado continente e por ser de múltipla escolha.
Ele é um pouco longo para duas pessoas (mas o jogo original eu
conheço e também é), então é tranquilo, porém acho que deveria
conter punições e gratificações, para tornar o jogo mais
emocionante e mais competitivo, por exemplo, quem erra a
questão perde o território e quem acertar, ganha. Outra
gratificação, seria quem dominar um continente ganha a chance de
eliminar uma das respostas de alguma pergunta a sua escolha.
Poderia ser feito um tipo um "ticket" que a pessoa ganha e quando
ela resolve usar tem que devolver.
Testado por: Graduando de Física na UDESC-CCT, Joinville e Graduanda de
Química na UDESC-CCT, em Joinville.
Figura 5 – Testando o jogo

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Fonte: Elaborado pelas autoras (2021).
O jogo foi impresso e testado e a partir desse teste percebemos que foi
necessário fazer algumas mudanças, como adicionar mais regras. Na regra anterior
o jogo não tinha a opção de eliminar respostas, ou seja, não tinha essa ajuda, além
de outras como “punir” os jogadores, no caso de resposta errada perder o território.
Foi necessário também corrigir algumas perguntas e respostas, algumas coisas
eram complexas ou continham alguns erros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao dar início ao teste do jogo, percebemos sua importância e como é
necessário sempre testar esse materiais para avaliar sua jogabilidade, os conteúdos
e se realmente a prática condiz com a teoria. Assim conseguimos pesquisar e
estudar mais a fundo para arrumar os erros presentes em cada jogo quando criado,
trazendo para a realidade uma adaptação melhor.
Para o jogo da vacina, fizemos uma adaptação às regras do jogo original
“WAR”, elas são basicamente iguais, porém mais simples, pois as mudanças nas
regras foram necessárias para condizer com o tema abordado. Através do teste
observamos a eficácia do jogo e que o objetivo de fazer com que as pessoas
entendam a importância do assunto em que o jogo trás a tona, vai poder ser
aplicado agora que está pronto, pois nele contém a história e curiosidades de como
muitas vacinas funcionam em cada país e continente.

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REFERÊNCIAS

MATIAS, Felipe da Silva; DO NASCIMENTO, Felipe Tavares e SALES, Luciano Leal


de Morais. Jogos Lúdicos como ferramenta no ensino de química: teoria versus
prática. Revista de Pesquisa Interdisciplinar, Cajazeiras, n. 2, suplementar, p.
452-464, setembro de 2017.

MORENO, Esteban Lopez e HEIDELMANN, Stephany Petronilho. Recursos


Instrucionais e Inovadores para o ensino de Química. Química nova escola, São
Paulo. Educação em Química e Multimídia, vol. 39, n° 1, p. 12-18, fevereiro de 2017.

SILVA, Dhiully Priscilla Sousa e GUERRA, Emiliane Cristina da Silva. Jogos


Didáticos como Ferramenta Facilitadora no Ensino de Química. Orientadora:
Profª. Me. Danila Fernandes Mendonça. 2016. 51 folhas. Trabalho de Conclusão de
Curso- Licenciatura em Química, Instituto Federal De Educação, Ciência e
Tecnologia de Goiás, Campus Inhumas.

SOUSA, Hiale Yane Silva e DA SILVA, Celyna Káritas Oliveira. Dados Orgânicos:
um jogo didático no ensino de química. Holos, volume 3, ano 28. Submetido em
outubro de 2011 e aceito em junho de 2012.

VIEIRA, Luciana Munique e GUIMARÃES, Ricardo Lima. Jogos no Ensino de


Química: desenvolvimento de jogos didáticos no ensino da química orgânica para o
ensino médio. XXIII CONIC; VII CONITIC E IV ENICT.

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