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I - EVOLUÇÃO DO PENSAMENTO DA GESTÃO.

BREVE HISTORIAL
Desde a antiguidade que nas mais diversas actividades, particularmente depois do
homem deixar de ser nómada e se tornar sedentário, foi necessário definir e estruturar
para satisfazer os diferentes e sucessivos tipos de necessidades sociais, técnicas,
culturais e económicas que se foram desenvolvendo. Desde o fogo, a roda, o ferro, os
materiais e os utensílios, a produção de alimentos, as habitações individuais, os
equipamentos colectivos, os monumentos, as artes, o artesanato e a produção manual
de bens e a prestação de serviços, foi necessário planear, organizar, motivar,
comunicar, liderar, executar e controlar, ou seja, gerir, as mais diversas actividades e
passos das decisões que essas actividades envolvem. Essas necessidades de
especialização aumentaram com a revolução industrial e a mecanização das actividades
manuais que levaram ao desenvolvimento das linhas de produção e, posteriormente, da
produção em série. À progressiva importância dos mercados e à sua “mão invisível” ficou
ligado Adam Smith, como um dos percursores do pensamento económico e da
especialização e preço do trabalho e dos bens e serviços por ele produzidos e
comercializados nesses mercados.
Os princípios da gestão como corpo organizado e coerente de conhecimentos, ou seja,
como ciência, resultam da resposta a essas necessidades e surgiram no princípio do
século XX. Referimo-nos aos contributos iniciais de Taylor de organização científica do
trabalho, bem como da sua aplicação por Ford à indústria automóvel, que foram, em
seguida, alargados por Fayol às diversas funções da gestão e aos passos do processo de
decisão, que ainda hoje são aspectos base do ensino da gestão.
Esta generalização envolveu outras contribuições iniciais, por isso englobadas na escola
clássica, como a teoria burocrática de Weber em que a organização se baseava em
princípios, políticas, orientações, procedimentos, regulamentos e regras prescritivas
orientadas para os serviços, nomeadamente, para os serviços públicos, óptica que
também representou uma contribuição relevante ao tempo. A pouca relevância dos
aspectos comportamentais característicos do sujeito prestador do trabalho, o homem,
e da pouca atenção que mereciam as condições de trabalho, a satisfação de
necessidades sociais básicas e de afirmação pessoal e profissional, as diferentes
personalidades, as implicações, as lideranças das organizações podem ter, marcado uma
corrente de pensamento que, depois dos clássicos, durante a primeira metade do século
XX, enfatizou estes aspectos e por isso conhecida por escola comportamental, em que
se destacaram as contribuições, que caracterizámos sucintamente de Herszberg,
Maslow, McGregor e Lewin, respectivamente. A II Grande Guerra Mundial e a premência
de resolução de inúmeras questões de diversa natureza, nomeadamente de transporte,
logística, apoio, alimentação, promoveu o desenvolvimento dos métodos e técnicas
matemáticas e estatísticas. A rápida progressão de ferramentas de cálculo automático
permitiu e promoveu a sua aplicação às mais diversas áreas incluindo a gestão.
A investigação operacional criou soluções para problemas tipo, como por exemplo de
transporte, de calendarização, de gestão de projectos, do caminho crítico, de filas de
espera, de árvores de decisão, que responderam sucessivamente a questões mais
complexas como o risco, com modelos estocásticos, de tempo, com modelos dinâmicos,
de mais que um critério, com programação multi-objectivo, inteira e por metas, de
relações matemáticas não lineares, com programação quadrática, entre muitos outros
desenvolvimentos. Estes métodos apoiaram a gestão formalizando e resolvendo esses
problemas de gestão e decisão desenvolvendo um campo de conhecimentos de
aplicação à gestão usualmente designada gestão científica, cujos contribuidores são
englobados na escola quantitativa, designação obviamente ligada à sua relação com os
métodos quantitativos que foram desenvolvendo e que caracterizam as suas
contribuições.
A necessidade de analisar de forma integrada e com uma perspectiva sistémica com um
conjunto de subsistemas interdependentes, relacionados entre si e com o exterior,
globalmente determinam a performance a o desempenho da organização, para que
primeiro contribuíram a escola socio-técnica, e as condições empíricas específicas de
cada situação, que são apontadas como fundamentais pela perspectiva contingencial, o
contributo de Fiedler, promoveram uma progressão de desenvolvimentos
contemporâneos da gestão e dos gestores orientados para várias direcções. A gestão
por objectivos de Drucker, os papeis Mintzberg, como que personagens que os gestores
têm que fazer, os arquétipos de personalidades propostos por Belbin, a filosofia de
gestão pela qualidade total proposta e implementada por Deming e Juran, e, finalmente,
o lean management e o foco no desenho e eficiência de processos de Champy e
Hammer, foram as perspectivas contemporâneas que entendemos selecciona

1.3 - ESCOLA CLÁSSICA DA GESTÃO

A Escola Clássica da Gestão (ou Escola Clássica da Administração) é assim denominada


por ter sido a primeira escola da gestão a surgir e a produzir uma literatura específica
dedicada às organizações em geral e às empresas em particular. É com a Escola Clássica
que são estabelecidos alguns dos princípios em que ainda hoje assenta a gestão, entre
os quais: a autoridade exerce-se de cima para baixo (princípios da escala hierárquica);
a organização é um todo mas deve existir distinção entre as diversas funções (princípio
da especialização); para que o comando seja eficaz, o número de subordinados deve ser
limitado. Existe assim uma tentativa da Escola Clássica da Gestão para encontrar as
regras ideais pelas quais se devem reger as organizações e pelas quais deve ser
organizado o trabalho sempre com o objectivo de procurar a máxima eficiência e
produtividade através da optimização do sistema produtivo.

Apesar dos méritos da Escola Clássica da Gestão para o desenvolvimento empresarial


do mundo ocidental no início do séc. XX, esta tentou desenvolver um modelo explicativo
do funcionamento das organizações, assentando a sua conceptualização num sistema
fechado, isolado do meio exterior e centralizado na tecnologia operativa, facto que
levou a fortes críticas e à sua substituição enquanto modelo de gestão.

A Escola Clássica da Gestão apresenta como expoentes máximos dois engenheiros, um


americano e outro francês: Frederick W. Taylor e Henri Fayol, respectivamente.

IMPORTÂNCIA DA ESCOLA CLÁSSICA DA GESTÃO

Na passagem para o século XX, em todo o mundo ocidental, a grande expansão das empresas
industriais e outras organizações demandou e inspirou o desenvolvimento de novos conceitos e
métodos de administração, entre elas a escola clássica da administração. Há três correntes
principais de ideias sobre a administração e as organizações marcaram essa época:

1 – Nos Estados Unidos, o movimento da administração científica e a linha de montagem móvel.


Essas criações surgiram num contexto de produção industrial e iniciativa privada, que se
expandiam na época. Os princípios que as orientaram viriam a alcançar todas as formas de
fornecimento de produtos e serviços, em todos os ramos de atividades, públicos e privados.

2 – Na França, as ideias de Henri Fayol a respeito do processo de administrar organizações. As


ideias de Fayol foram influenciadas pelas deficiências da administração pública na França e se
tornaram o padrão universal para explicar a atividade dos administradores.

3 – Na Alemanha, a explicação de Max Weber para as organizações formais, o tipo ideal de


burocracia.

Os clássicos tiveram as ideias originais: eles criaram as primeiras soluções para os problemas dos
sistemas produtivos, que a sociedade industrial potencializou. Essas soluções continuam e
continuarão a influenciar a prática da administração das organizações, porque os problemas a
que se aplicam são atemporais. Com outros nomes, as ideias dos clássicos sempre farão parte
do repertório das técnicas da administração, para todos os tipos de organizações.

O estudo da administração sob a perspectiva da escola clássica transcende de muito o interesse


histórico. A escola clássica deixou muitos “descendentes”, que continuam a influenciar as ideias
e as práticas da administração. Ao estudar a escola clássica, entendemos as raízes da
administração.
1.4 - ABORDAGEM SISTEMÁTICA DA GESTÃO

Abordagem Sistémica da Gestão (ou Teoria de Sistemas) é uma teoria da gestão surgida em
meados do século XX, juntamente com a Abordagem Contingencial, na sequência da detecção
de diversas limitações das escolas de gestão anteriores, nomeadamente as Escola Clássica e a
Escola Comportamental.

O pressuposto que serviu de base à Abordagem Sistémica da Gestão foi o de que, numa
organização, as pessoas, as tarefas e a gestão são interdependentes e são componentes de um
sistema que é a própria organização; tal como num sistema orgânico, qualquer mudança numa
das partes afecta obrigatoriamente as restantes. Este sistema pode ser entendido como um
conjunto de elementos, dinamicamente relacionados afim de atingir um objectivo específico
através da actuação sobre dados, informação, energia, trabalho, matéria-prima e capital
financeiro (inputs) de forma a fornecer informação, energia e produtos ou serviços (outputs).

Além de identificar a organização como um sistema, a Abordagem Sistémica foi ainda mais longe
ao considerá-la como um sistema aberto, um sistema permeável a influências quer internas,
quer externas. Daqui surge uma nova forma de pensamento para identificação dos problemas e
suas causas e avaliação do impacto das diversas alternativas de solução desses mesmos
problemas.

Dois dos principais nomes da Abordagem Sistémica são os psicólogos norte-americanos Daniel
Katz e Robert Kahn que dedicaram grande parte da sua obra ao estudo das organizações como
um sistema social. Esta abordagem é apresentada em detalhe na obra escrita pelos dois em co-
autoria, «The Social Psychology of Organizations» (1966).

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