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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA, URBANISMO E PAISAGISMO


CADASTRO MULTIFINALITÁRIO

ALANA MARINA BAZ BORGES


LETÍCIA SOUZA DA COSTA
MARIA CHRISTIANE BORBA
RAFAEL DE ALCANTARA BORGES
ROBERTO HENRIQUE ALBUQUERQUE DO NASCIMENTO
THAÍS MONTEIRO CABRAL
THIAGO CLÁUDIO DA SILVA

TRABALHO FINAL DA DISCIPLINA

Trabalho apresentado para a disciplina de


Cadastro Multifinalitário da Universidade
Federal de Pernambuco, como requisito
avaliativo.

Professor(a): Andrea Flávia Tenório Carneiro

Recife
2021
1) Defina estratégias para a atualização do mapeamento do município.
2) Defina os cadastros temáticos que podem ser integrados à base do CTM,
considerando as características do município.
3) Defina mecanismos de acesso aos dados (internet, solicitação direta à
prefeitura, gratuito ou não, acesso limitado ou não, etc...)
4) Estabeleça estratégias para o financiamento e para a sustentabilidade do
cadastro do município em questão.

PERFIL DO MUNICÍPIO 2 :
Município pólo de região metropolitana, com economia baseada na indústria
e serviços. Apresenta população total de 800 mil habitantes, sendo que 90% é
urbana. Apresenta vários cursos d’água na área urbana, sendo que a maioria está
canalizada. Os não canalizados, em quase todos os casos, apresentam ocupação de
suas margens pela população de baixa renda.
A área central é consolidada, com poucos vazios urbanos, possui rede de
abastecimento de água, esgoto, drenagem e coleta de resíduos sólidos. A periferia é
marcada por loteamentos mais carentes e várias ocupações irregulares.
Por outro lado, alguns condomínios residenciais de alto padrão estão sendo
implantados em áreas distantes do centro, apesar de não existir legislação
municipal que regulamenta a implantação deste tipo de parcelamento. Cabe
destacar também que o município foi contemplado pelo programa habitacional do
governo federal e estão sendo construídas 3 mil unidades habitacionais, em três
áreas distintas, embora o déficit habitacional esteja perto de 20 mil unidades. O
plano diretor é de 2004.
O restante da legislação urbanística é anterior e precisa de atualização, bem
como a planta de valores, que está desatualizada. O licenciamento das atividades e
os alvarás de construção ainda são emitidos segundo a legislação antiga. O setor de
tributação da prefeitura possui um mapa, em AutoCAD, não georreferenciado. Neste,
estão mapeados os principais equipamentos públicos, como escolas, praças, postos
de saúde, e outros. O Conselho das Cidades tem pouca atuação no município.
Análise do munícipio feita pelo grupo com os dados fornecidos

O município é caracterizado por ser uma cidade industrial e de fornecimento


de serviços. Dessa forma, supõe-se que o território precisa de planejamento para
trânsito de pessoas e mercadorias, além de vias para entrada e saída de carga para
o restante do estado.
Também podemos entender que o centro é uma parte importante da cidade,
visto que muitos habitantes fazem migração pendular, buscando melhor qualidade
de vida e empregos. Por isso, é necessário grandes infraestruturas para suprir a
necessidade de todos os moradores (abastecimento de água, coleta de resíduos,
drenagem urbana, iluminação pública, fornecimento de energia, transporte público
etc.). Por conta da diferença de classes sociais e formas diferentes de morar,
podemos concluir que acontece uma grande especulação imobiliária na região,
vemos isso nas formas de ocupação perto dos cursos d'água e na periferia, em
contraste com os condomínios fechados de luxo que vêm sendo construídos,
trazendo uma expansão sem limites para o território do município. É como se o
urbano invadisse o rural, podendo trazer vários problemas no traçado da cidade,
com a irregularidade dos tipos de parcelamento, principalmente devido à legislação
desatualizada que possivelmente não atende a todos os novos tipos que vêm
surgindo nas cidades. Isso tudo faz a cidade precisar crescer junto, com criação de
vias e infraestrutura para abarcar todo esse crescimento desenfreado e sem
planejamento.
Além disso, há a questão do déficit habitacional, onde podemos analisar
grande desigualdade social, mas não podemos reduzir esse conceito à falta de
moradia, já que não sabemos como esses dados são calculados, pela falta de um
cadastro multifinalitário.
O plano diretor desatualizado nos faz refletir o quanto a cidade pode estar
tomando uma forma que não conhecemos, já que não há acompanhamento ou
atualização desses dados com frequência. Para o mapeamento e a atualização de
dados funcionar, é necessária a participação popular, representada pelo Conselho
das Cidades, e isso se reflete na falta de consciência da Prefeitura sobre a
importância de reunir e uniformizar todos os dados e informações sobre o
município.

1) Defina estratégias para a atualização do mapeamento do município.

Para atualizar o mapeamento do município, vamos precisar seguir alguns passos:

● Precisamos sensibilizar os gestores sobre a importância do CTM e como ele


impacta positivamente na eficácia dos serviços públicos, e promove
transparência nos processos com uma base organizacional para setores
públicos e privados de forma conjunta;
● É importante ser elaborado um cadastro multifinalitário pela Secretaria de
Planejamento Gestão do município, em união com as outras secretarias, que
atuariam de forma coadjuvante na organização desse cadastro, para isso, é
necessário fazer um orçamento e captação de recursos junto a instituições
financeiras e ao Governo Federal;
● O cadastro faz-se necessário para conhecer o território e planejá-lo,
sistematizando as informações em camadas, logo, será preciso compor uma
base de dados de diferentes tipos, dados gráficos, econômicos, percentuais,
etc.:
○ levantamento aéreo de imagens para a construção da base gráfica
(georreferenciadas pelo Sistema Geodésico Brasileiro) → serve para
fim de delimitar as parcelas cadastrais pertencentes a pessoas, grupos
de pessoas ou entidades legais, que compõem o cadastro total;
○ levantamento terrestre da infraestrutura do local: localizar locais que
tenham ou não saneamento básico, transporte público, e demais, para
poder elaborar uma estratégia de melhoria da cidade, visando atender
as áreas mais necessitadas com maior urgência;
○ a nível de organização, é necessário ter uma lista de prioridade para a
coleta dos dados, dentro dos objetivos a serem alcançados, como na
ordem abaixo:
- malha urbana (logradouros, quadras, lotes e unidades
cadastrais)
- levantamento dos imóveis e atualização do valor predial
(uso, localização, idade)

● Fazer uso das melhores tecnologias disponíveis, visando a captação e


atualização rápida, eficiente e segura dessa base de dados:
○ equipamentos digitais que facilitem a coleta de dados, tanto de forma
aérea quanto terrestre, e até mesmo, de forma remota (por meio de
formulários);
○ Elaboração de um site que forneça parte das informações aos
cidadãos, aquelas mais necessárias e passíveis de serem
compartilhadas livremente, e também, que receba informações
trazidas pelos moradores, as quais passariam por um processo de
validação antes de ser devidamente compartilhada;

Por fim, unificar o sistema com os órgãos competentes para criar uma base
de informações compartilhadas e interligadas entre si, pois quanto mais completo e
atualizado for o cadastro, menor será a incidência de cadastros paralelos que
muitas vezes causam transtornos na gestão pública. Com tudo isso em mãos, o
próximo passo é definir os cadastros temáticos que podem ser interligados a base
do CTM.

2) Defina os cadastros temáticos que podem ser integrados à base do CTM,


considerando as características do município.

● Econômico (economia local baseada na indústria e serviços) → mapeamento


e localização desses, para poder adequar melhor a malha urbana e melhorar
a eficiência dessas atividades;
● Populacional (população de de 800.000 hab. - urbana de 720.000 e rural de
80.000) → com esse mapa temático, é possível acompanhar os dados para
entender o desenvolvimento urbano e rural e planejar as infraestruturas
necessárias para cada região;
● Cursos d´água (urbano - que sejam canalizados) → esse mapeamento pode
ajudar a entender os pontos de alagamento da cidade, e então a prefeitura
pode emitir alertas de alagamento para proteger a população e evitar
transtornos causados pela chuva, além de projetar drenagem urbana eficiente
para cada área ;
● Cursos d´água (não canalizados com ocupação irregular nas margens) →
mapear as áreas de ocupação irregular para conseguir acompanhar o
processo de ocupação como composição do tecido urbano informal, para
assim adotar políticas públicas de planejamento, melhoria de qualidade de
vida e fornecimento de infraestrutura para tais áreas, caso necessário;
● Área central consolidada e vazios urbanos → mapear vazios urbanos, já que
podem ser áreas de especulação imobiliária ou zonas com potencial de
projetos, para proteger os direitos dos cidadãos em casos de terrenos que
não estejam cumprindo sua função social, ou, prever a implantação de
equipamentos que possam atender melhor a população;
● Rede de abastecimento de água, esgoto, drenagem urbana e coleta de lixo →
com ajuda das concessionárias e do poder público, os mapas gerados
podem ajudar a entender o impacto e consumo geral desses sistemas,
evitando desperdícios ou faltas e entendendo os usos de cada tipo de
edificação, já que cada uso tem demandas diferentes. A concessionária pode
ajudar na coleta de dados para o poder público, sabendo quais edificações
estão sendo construídas ou com novos usos, além do poder público poder
atualizar o tipo de uso de cada edificação;
● Condomínios residenciais de alto padrão surgindo em áreas distantes do
centro x três mil novas unidades habitacionais em processo de implantação
no município → com a realização do cadastro, será possível aprimorar
infraestruturas e serviços, adequando-se à nova demanda e promovendo a
cobrança de taxas municipais, como IPTU, de forma mais eficaz;
Última atualização do Plano Diretor feita em 2004: a partir da estruturação do
cadastro municipal, é possível formular uma base de dados feita por diferentes
áreas da administração pública, extraindo informações e atualizando os dados,
beneficiando a gestão territorial em diversos aspectos, como possuir um
planejamento mais adequado à realidade. As atualizações do Plano Diretor podem
contribuir na redução dos conflitos por limites não definidos, ajudar na justa
tributação dos imóveis e tratamento da informalidade.
Para que esses pontos consigam ser eficientes, precisamos definir
mecanismos de acesso aos dados coletados, para ser um processo inclusivo.

3) Defina mecanismos de acesso aos dados (internet, solicitação direta à


prefeitura, gratuito ou não, acesso limitado ou não, etc...)
informações de uso mais corriqueiro e necessário a consulta pública por
direito à informação, como é no portal ESIG na cidade do Recife-PE. Outros dados,
porém,
Os dados devem estar disponíveis na internet, um meio que atualmente pode
atender à população de forma mais ampla, como uma versão limitada gratuita, com
devem ter acesso apenas com a autorização da prefeitura, por meio de pedidos
oficiais de civis ou empresas que necessitem de tal dado para um fim específico,
com exceção de dados privativos e pessoais, que não podem ser compartilhados ou
divulgados. Para o cadastro ser sustentável, alguns dados solicitados por empresas
privadas para fins comerciais, só poderão ser compartilhados após pagamento de
um valor simbólico para manter o sistema cadastral.

4) Estabeleça estratégias para o financiamento e para a sustentabilidade do


cadastro do município em questão.

O financiamento e a sustentabilidade de um cadastro multifinalitário estão


estreitamente interligados em um ciclo, o financiamento é necessário para que a
base de dados se mantenha atualizada, assim como a atualização dela mantém o
interesse dos financiadores. Outra forma de conservar esse interesse é a ampliação
desses dados, abrangendo cada vez mais grupos. Além disso, esses dois tópicos
também devem manter uma relação estreita com a publicidade dessas informações,
assim, o CTM terá uma estruturação coerente e eficaz.
O CTM tem um ponto positivo muito perspicaz para o seu financiamento, por
reunir diferentes tipos de informações, atrai interesse de um público muito variado,
assim, há a possibilidade de diferentes financiadores que buscam informações
diferentes de um mesmo local, município. Além da parceria financeira, também se
faz muito importante uma parceria operacional com universidades e instituições
técnicas que podem colaborar com a coleta e a organização desses dados, desde o
cadastro dos lotes, por exemplo, a elaboração de um site que disponibilize as
informações pertinentes à população, otimizando assim o processo cadastral.
Assim, a estratégia de financiamento indicada é uma parceria público-privada:
estabelecer parcerias com empresas que necessitem dos dados dispostos no
cadastro, como imobiliárias, concessionárias de serviços públicos, cartórios de
registros de imóveis, etc., de forma que essas empresas tenham acesso e detenham
dessas informações junto com a prefeitura de forma ilimitada, e que as mesmas
também possam cooperar com a adição de dados, além disso, uma forma de
também conseguir capital para a sustentabilidade do cadastro é aplicar uma taxa
sobre algumas informações que precisam ser mais resguardadas e restritas, assim,
para obter acesso à essas seria necessário uma solicitação documental de pessoa
física, para civis, ou jurídica, para empresas que não necessitam de forma frequente
desses dados, mas sim, em casos pontuais, assim haveria mais o devido controle
das informações que exigem isso. Outra opção seria a elaboração de um site onde
as pessoas pudessem fazer pacotes, mensais ou anuais, para obter acesso à essas
bases, isso sem privar a população das informações mais inerentes ao cidadão,
como dados socioeconômicos da área, demarcação de lotes, etc., nesse site
também, a população poderia contribuir para a atualização frequente do cadastro,
ao passo que a cidade fosse mudando, os próprios moradores poderiam informar
tais mudanças à equipe cadastral, que por sua vez se encarrega de verificar a
veracidade da informação. Ainda, a parceria com instituições possibilita e facilita a
manutenção desse sistema, por exemplo, universidades e institutos federais, podem
criar programas de estágio ou de extensão, onde os alunos poderiam participar
desde a coletagem de dados, até sua divulgação e manutenção, podendo envolver
diversas áreas e cursos, sendo assim uma via de mão dupla, onde a prefeitura
poderia manter uma equipe ativa e os alunos poderiam adquirir a experiência.
No entanto, sabe-se que a maioria das prefeituras, geralmente, não dispõem
do capital necessário para dar início ao CTM, nesse caso, os gestores poderiam ir
em busca de financiamento por meio de programas voltados para essa área, como
por exemplo, o Finem - BNDES (Financiamento para a modernização da
administração tributária, financeira, gerencial e patrimonial das administrações
municipais), entre outros à nível federal, isso serviria para dar o "pontapé" inicial no
projeto, que depois se manteria por meio das parcerias e do custeio pela própria
prefeitura.
Referências Bibliográficas

Cunha, E., Erba, D. (org.). Diretrizes para a Criação, Instituição e Atualização do


Cadastro Territorial Multifinalitário nos municípios brasileiros – Manual de Apoio.
Brasília: Ministério das Cidades. 2010.

MINISTÉRIO DAS CIDADES. Apoio: Instituto Lincoln de Políticas de Terra e Caixa


Econômica Federal. Zeca Dastro e as Diretrizes para o Cadastro Territorial
Multifinalitário.

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