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Texto 05 Flamengos e Ibricos No Nordeste
Texto 05 Flamengos e Ibricos No Nordeste
BRASILEIRO
Maria do Socorro Ferraz Barbosa
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primeira tentativa, na Bahia. Com. mais experiência nas lutas contra
os ibéricos chegavam os holandeses para enfrentar a estratégia luso-
brasileira que combinava "poder naval e defesa local". Dessa forma,
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Extracto
Das Ordens, que os Diretores da
Companhia expedirão ao Conde
Maurício de Nassau
Em fevereiro de 1641
Achando-se a Companhia em diferentes circuns-
tancias, depois da Revolução de Portugal, para
mandar socorros ao Brasil; ordenou ao Conde
que aproveitando-se das ocazioens que se lhe
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prezentassem,. cuidasse seriamente em delatar
as Conquistas dos Hollandezes no Brazil;
Continuando gloriosamente a guerra naquelle
Continente, antes que as operaçoens Militares
Se suspendessem ou terminassem pelos Tracta-
dos de Paz: Que ainda então tudo era permitti-
do ao vencedor: Que pela Convenção, que se hou-
vesse de fazer, estipularia ficarem as Partes
com o que possuíssem e não poderia estender-
se a mais. Que elles Directores não podião
dar Ordens especificas a respeito das operaçoens
que se hão executar; porquanto se deviam
estas regualar pelas circunstacias ocorrentes
dos tempos, dos lugares, das forças, e dos Inimigos.
Que comtudo dezejavão muito, que o Conde
ajuntando todas as Tropas Hollandezas que
se achavam dispersas, e incorporando-lhes as
Milícias compostas do Naturaes do Brazil, marche a
Invadir de novo a Bahia de Todos os Santos, pela gran-
de utilidade do seu Porto, proprio para a cons-
trucção de Naôs; e pela segurança, e defeza de
todas as mais Terras, que se achão ocupadas
pelos Hollandezes: Que fizesse todo o esforço,
e diligencia, que o seu talento, capacidade,
e industria Militar lhe suggerisse, para
conseguir esta Conquista, ou por força, ou
por estratagema. Quando porem lhe pareça
dezesperada esta empreza, ao menos
bloquee aquela Cidade, lhe embarace a com-
municação; por ser de muita importancia
os sitios das cidades, e os apertos para se
renderem, quando se trata de armistício.
Idêntica política está contida em outra carta que os Estados
Gerais dirigiram ao Conde Maurício de Nassau, também em fevereiro
de 1641 em resposta ao pedido de demissão do próprio Nassau:
Extracto
da Carta que os Estados Geraes das Províncias
Unidas dirigirão ao Conde Maurício de Nassau
em resposta do que o dito Conde lhes havia escrito
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pedindo a dimissão do Governe) da Terras
do Bra7.il ocupadas pelos holandeses
em fevereiro de 1641
Os Estados Geraes, considerando o estado actual
das suas Operações no Brazil, e na Europa, tem
assentado, que o inconveniente, e intempestiva à pre-
tendida dimissão que o perfeito conhecimento, que
o Conde tem, da terras do Brazil, e do gênio da-
quelles povos, lhe facilitaram os meyos de os governar.
Que dilatando as conquistas do hollandezes, e des-
truindo por todas as partes os seus inimigos, abate-
ram a soberba destes, e faram perder o medo, que os
habitantes do Brazil tem concebido, de serem mal-
tratados pelos hollandezes. Que as grandes revo-
luçoens, com que Portugal se achava agitado, sub-
trahindo-se a dominação de El Rey Filipe, e ac-
clamando ao mesmo tempo o Rey o Duque de
Bragança, darão ao Conde opportunidade de em-
prender ilustres, e gloriozas acçoens naquellas
partes, que El Rey de Hespanha tinha guar-
necido com tropas Portuguezas. Que os Estados
Geraes uniformemente tinha rezoluto auxiliar
o Duque de Bragança contra o Inimigo agora
commum dos Portugueses, e Hollandezes. Que
na certeza destes Tactos, * ~~
não duvidãõ os Estados Geraes, que o Conde
pelo grande amor, que tem a Republica haja de sofrer
com paciência prorrogar-se-lhe por alguns an-
nos o Governo, de que se acha encarregado. Que
se devia aproveitar da opportunidade, que resul-
ta das revoluçoens actuaes do inimigos, para
dilatar as Conquistas entre aquellas discórdias;
achando-se as forças dos Hespanhoes enfraquecidas
com as declaradas rebelioens dos seus Vassalos.
Que conclua com sua prezença e sabido-
ria as operaçoens, que tinha principiado com
tanta felicidade. Que a fama das suas proezas,
os seus bons costumes, com que sabe ganhar
os ânimos dos Homens, e o seu aspecto amavel
ainda aos mesmos inimigos, lhe tinhão conciliado
a obediencia, a vontade, e o amor de muitos. Que
reputarão por grande benificio,
o querer o Conde con-
tinuar por algum tempo mais o seu Governo
tão bem principiado. E que lhe não faltará aos
Pays da Patria animo, e vontade
de premiar, e honrar condignamente
as suas obzequiosas condescendencias.
Como se pode observar pelo que foi exposto, a Restauração
de Portugal em 1640 influenciou tanto brasileiros e portugueses (a
Revolução de 1645) quanto as atitudes da Companhia Holandesa.
Com a exceção do período de 1637 a 1645 - período que
corresponde ao governo de Maurício de Nassau - todos os anos de
1630 a 1637 e de 1645 a 1654 foram anos de guerras. O primeiro
período a "guerra lenta" e o segundo onde se forjou a Restauração
Pernambucana: refletindo mais demoradamente sobre a guerra, todos
os anos, incluindo o período nassoviano, foram vividos sob tensão.
Foi durante este último citado que os holandeses alargaram suas
conquistas tanto para o Norte quanto para o Sul. Os contornos da
ocupação holandesa se firmam: ao Norte até o Ceará e ao Sul até o
Rio São Francisco, expulsando populações luso-brasileiras do interior
e fazendo alianças com várias tribos indígenas.
NOTAS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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