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Dentre as diversas obrigações que a área de Recursos Humanos

precisa cumprir está o eSocial — Sistema de Escrituração Digital das


Obrigações Fiscais Previdenciárias e Trabalhistas —, um projeto do
governo federal, instituído pelo Decreto nº 8.373, de 11 de dezembro
de 2014.

Em vigor desde 2018, o eSocial tem por objetivo desenvolver um


sistema de coleta de informações trabalhistas, previdenciárias e
tributárias, armazenando-as em um Ambiente Nacional Virtual, a fim
de possibilitar aos órgãos participantes do projeto, na medida da
pertinência temática de cada um, a utilização de tais informações para
fins trabalhistas, previdenciários, fiscais e para a apuração de tributos
e da contribuição para o FGTS.

E por ser tão abrangente, esta obrigação impacta em diversos


processos da empresa e, principalmente, do RH, que precisa se manter
sempre atualizado para não cometer equívocos e acabar sofrendo
penalizações.

eSocial: o que é?
O eSocial é um projeto do governo federal que, gradativamente,
unifica o envio de informações pelo empregador em relação aos seus
empregados. Este, então, integra o Sistema Público de Escrituração
Digital – SPED (decreto nº 6.022/2007).

Trata-se, portanto, da geração digital da folha de pagamento e demais


informações fiscais, previdenciárias, trabalhistas e de apuração de
tributos e do FGTS com a padronização das rubricas da folha de
pagamento, de layout e de registro de empregados. Substituindo,
assim, progressivamente, as obrigações acessórias atuais existentes.
Isto é, o eSocial estabelece a forma com que passam a ser prestadas
essas informações (trabalhistas, previdenciárias, tributárias e fiscais)
relativas à contratação e utilização de mão de obra onerosa, com ou
sem vínculo empregatício, e de produção rural.

Dessa forma, concluímos que não se trata de uma nova obrigação


tributária acessória, mas uma nova forma de cumprir obrigações
trabalhistas, previdenciárias e tributárias já existentes. Com isso,
ele não altera as legislações específicas de cada área, mas apenas cria
uma forma única e mais simplificada de atendê-las.

Ou seja, a prestação das informações pelo eSocial substitui o


procedimento do envio das mesmas informações por meio de diversas
declarações, formulários, termos e documentos relativos às relações de
trabalho, digitalizando esse processo.

Assim, através do cruzamento de dados, o eSocial substitui as


seguintes obrigações acessórias, até então enviadas separadamente:

Obrigações acessórias do eSocial:

 Livro de Registro de Empregado (LRE) - já substituído;


 Folha de Pagamento – Estabelecimentos/Obras;
 CTPS – Carteira de Trabalho e Previdência Social - já
substituído parcialmente;
 GPS - já substituído parcialmente ;
 GFIP;
 RAIS - já substituído parcialmente;
 CAGED - já foi substituído parcialmente;
 DIRF;
 DCTF;
 GRF e GRRF;
 Quadro horário de trabalho - já substituído pela informação do
evento S-2200;
 MANAD;
 Comunicação de Dispensa (CD);
 Comunicação do Acidente de Trabalho (CAT);
 Perfil Profissiográfico Previdenciário (PPP).
Neste sentido, também há os princípios do eSocial. Conheça abaixo:

Princípios do eSocial:

 Dar maior efetividade à fruição dos direitos fundamentais


trabalhistas e previdenciários dos trabalhadores;
 Racionalizar e simplificar o cumprimento de obrigações
previstas na legislação pátria, relativa à cada matéria;
 Eliminar a redundância nas informações prestadas pelas pessoas
físicas e jurídicas obrigadas;
 Aprimorar a qualidade das informações referentes às relações de
trabalho, previdenciárias e fiscais; e
 Conferir tratamento diferenciado às ME/EPP.

A fim de simplificar um projeto tão complexo, os órgãos responsáveis,


denominado de Comitê Gestor do eSocial, composto pela Secretaria
Especial de Previdência e Trabalho; Secretaria Especial da Receita
Federal do Brasil; Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e
Competitividade; Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e
Governo Digital; e Instituto Nacional do Seguro Social, classificou os
eventos a serem enviados como Eventos de Tabelas, Eventos
Periódicos e Eventos Não Periódicos. Todos eles são formados por
outros eventos, conhecido como os “Ss”, que possuem prazos de
envios diferentes. Confira quais são eles a seguir.

Eventos de Tabelas, Eventos Periódicos e Eventos Não


Periódicos

 Eventos iniciais:
Os eventos iniciais são aqueles que identificam o
empregador/contribuinte, contendo dados básicos de sua classificação
fiscal, estrutura administrativa e respectivo cadastramento inicial dos
vínculos (empregados ativos e afastados).

Faz parte desta classificação o evento S-1000 - Informações do


Empregador/Contribuinte/Órgão Público, onde são fornecidas pelo
empregador/contribuinte as informações cadastrais, alíquotas e demais
dados necessários ao preenchimento e validação dos demais eventos
do eSocial, inclusive para apuração das contribuições. Este é o
primeiro evento que deve ser transmitido pelo empregador/
contribuinte.

 Eventos de Tabelas

São os eventos que montam as tabelas do empregador, responsáveis


por informações necessárias para validar os eventos não periódicos e
periódicos. Estes são fundamentais para a recepção dos eventos do
eSocial e cálculos corretos das bases de cálculo e dos valores devidos,
devendo ser observados os respectivos tempos de vigência.

São compostos por:

 S-1005 - Tabela de estabelecimentos, obras ou unidades de


órgãos públicos;
 S-1010 – Tabela de Rubricas;
 S-1020 – Tabela de Lotações Tributárias;
 S-1070 - Tabela de Processos Administrativos/Judiciais.

 Eventos não periódicos

Os eventos não periódicos são as informações resultantes da relação


jurídica  entre o trabalhador e o empregador durante todo o período
laboral. São compostos por:

 S-2190 - Admissão de Trabalhador - Registro Preliminar;


 S-2200 – Admissão / Ingresso de Trabalhador;
 S-2205 – Alterações de Dados Cadastrais do Trabalhador;
 S-2206 – Alterações de Contrato de Trabalho;
 S-2210 - Comunicação de Acidente de Trabalho;
 S-2220 - Monitoramento da Saúde do Trabalhador;
 S-2230 - Afastamento Temporário;
 S-2231 - Cessão/Exercício em outro Órgão;
 S-2240 - Condições Ambientais do Trabalho - Fatores de Risco;
 S-2298 – Reintegração;
 S-2299 – Desligamento;
 S-2300 – Trabalhador sem vínculo de emprego/estatutário
(início);
 S-2306 – Trabalhador sem vínculo de emprego/estatutário -
alteração  contratual;
 S-2399 – Trabalhador sem vínculo de emprego/estatutário
(término);
 S-2400 - Cadastro de Benefícios Previdenciários;
 S-2405 - Alteração de Dados Cadastrais do Beneficiário - Entes
Públicos;
 S-2410- cadastro de Benefícios Ente Público;
 S-2418- Reativação de Benefícios;
 S-2420- Cadastro de Benefícios - Entes Públicos - Término;
 S-3000 – Exclusão de eventos.

 Eventos periódicos

Os eventos periódicos são os necessários para compor a folha de


pagamento digital, suas contribuições e outras informações
previdenciárias ou fiscais. São compostos por:

 S-1200 – Remuneração do trabalhador  vinculado ao Regime


Geral de Previdência Social;
 S-1202 – Remuneração de servidor vinculado ao Regime
Próprio de  Previdência Social;
 S-1207 – Benefícios previdenciários RPPS;
 S-1210 - Pagamentos de Rendimentos do Trabalho;
 S-1260 - Comercialização da Produção Rural Pessoa
Física;
 S-1270 - Contratação de Trabalhadores Avulsos Não
Portuários;
 S-1280 - Informações Complementares aos Eventos
Periódicos;
 S-1298 - Reabertura dos Eventos Periódicos;
 S-1299 - Fechamento dos Eventos Periódicos.

Para entender quais informações são exigidas em cada evento, seus


prazos e requisitos, acesso o Guia Básico do eSocial aqui!

Grupos e fases do eSocial

Além dessa divisão por tipos eventos, para que o projeto pudesse
“rodar a pleno”, o Comitê Gestor estruturou o eSocial por grupos e
em fases. Assim, aos poucos, as empresas conseguiriam enviar suas
obrigações – não sobrecarregando a rede do receptor e organizando o
envio por parte das empresas. Atualmente, o eSocial conta com quatro
grupos:

 Grupo 1: Grandes empresas – aquelas com faturamento


superior a R$ 78 milhões em 2016;
 Grupo 2: Demais empresas – aquelas com faturamento inferior
a R$ 78 milhões em 2016, exceto empresas optantes pelo Simples
Nacional;
 Grupo 3: Empresas optantes pelo Simples Nacional;
 Grupo 4: Órgãos e entes públicos;

Após a divisão por grupos, foi necessário segmentar por fases, o que
determinou o que enviar e em que período. Assim, cinco fases foram
estabelecidas, confira:

 Fase 1: Cadastro do empregador e tabelas;


 Fase 2: Dados dos trabalhadores e seus vínculos com as
empresas (eventos não periódicos);
 Fase 3: Folha de Pagamento;
 Fase 4: Substituição da GFIP e compensação cruzada;
 Fase 5: Dados de segurança e saúde do trabalhador.

No vídeo a seguir, a nossa especialista em RH, compartilha algumas


dicas para passar pela 5ª fase do eSocial sem grandes impactos.
Confira!

https://www.youtube.com/watch?v=eSKpJ7zaxnw

Cronograma do eSocial
Grupo 1
Fase 1: janeiro/2018
Fase 2: março/2018
Fase 3: maio/2018
Fase 4: agosto/2018 para Previdência Social e aguardando
regulamentação da CEF para FGTS
Fase 5: junho/2021

Grupo 2
Fase 1: julho/2018
Fase 2: outubro/2018
Fase 3: janeiro/2019
Fase 4: abril/2019 e julho/2021 para Previdência Social e aguardando
regulamentação da CEF para FGTS
Fase 5: setembro/2021

Grupo 3
Fase 1: janeiro/2019
Fase 2: abril/2019
Fase 3: janeiro/2021
Fase 4: julho/2021 para Previdência Social e aguardando
regulamentação da CEF para FGTS
Fase 5: janeiro/2022

Grupo 4
Fase 1: julho/2021
Fase 2: setembro/2021
Fase 3: abril/2022
Fase 4: junho/2022 para Previdência Social e aguardando
regulamentação da CEF para FGTS
Fase 5: julho/2022

Para cada fase, como vimos, há um prazo diferente que os Grupos


devem cumprir. Este prazo foi estabelecido no cronograma oficial do
eSocial. Acesse aqui o cronograma do eSocial e tenha, de forma
visual, a relação de fases, grupos e prazos já estabelecidos

O não cumprimento dos prazos estabelecidos para a entrega dos dados


através do eSocial pode gerar graves observações e multas para a
empresa.

Neste sentido, é importante que os empreendimentos se organizem e


se preparem para a adoção ao sistema, tanto através da estruturação
dos processos eficientes, quanto por aqueles facilitam o registro e a
organização dos dados que precisam ser transmitidos.

A falta de registro referente a contratação de algum funcionário,


alteração nos dados cadastrais, falta de exames médicos, entre outros,
são alguns dos fatores que podem resultar na incidência de multas
aplicadas às empresas.

Por exemplo, a multa por falta de exames médicos pode variar entre
R$ 402,53 a R$ 4.0225,33 por empregado.

Já a omissão de dados por afastamento temporário pode chegar a R$


181.284,63.

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