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LIPÍDEOS – digestão, absorção e transporte

plasmático por lipoproteínas

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes

Professora de Bioquímica - PUC-Campinas


Doutora em Bioquímica – UNIFESP
Mestre em Bioquímica – UNICAMP
Bacharel em Terapia Ocupacional – PUC-Campinas

http://lattes.cnpq.br/2458531873910709
celene.bioquímica@gmail.com

Videoaula de "Bioquímica": LIPÍDEOS -


Digestão enzimática, absorção e
lipoproteínas. https://youtu.be/GSrZUw1g-WU
VISÃO GERAL DA DIGESTÃO DOS LIPÍDEOS – ação enzimática

 Bicarbonato –
neutraliza o pH
 Sais biliares –
emulsionam os lipídeos
 Enzimas – catalisam
hidrolise de ligação
éster

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 2 Referência: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009.
DIGESTÃO DE TRIGLICERÍDEOS – esquema geral

Enzimas
lipases

H2O
Ácidos graxos

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 3 Referência: Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M.,2007.
DIGESTÃO DE ESTERES DE COLESTEROL – esquema geral

Enzima
colesterol
esterase
H2O

R-COOH
Ácidos graxos

R = cadeia de carbonos  16 a 18 carbonos = cadeia apolar

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 4 Referência: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013.
SAIS BILIARES – EMULSIFICAM OS LIPÍDEOS

Sais biliares – constituintes da bile (sintetizada


no fígado e liberada no duodeno ou armazenada
na vesícula biliar)

Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009; Voet, D., Voet, J. G., Pratt, C. W., 2008, 2014;
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 5 Pinto, W. J., 2017.
TRANSFERÊNCIA DOS LIPÍDEOS DAS MICELAS PARA OS ENTERÓCITOS E
PRODUÇÃO DE QUILOMICRONS NA MUCOSA INTESTINAL

Quilomicrons = lipoproteínas constituídas de lipídeos + apolipoproteínas sintetizadas nas


próprias células da mucosa intestinal.

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 6 Referência: Pinto, W. J., 2017.


LIPÍDEOS – DIGESTÃO E ABSORÇÃO (pelo homem)

Formação de
lipoproteínas e
absorção dos
lipídeos

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 7 Referência: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013.
Lipoproteínas

Ácidos graxos de cadeias curtas (2 a 4 carbonos) e médias (6 a 10 carbonos) não necessitam da


participação de micelas para a absorção pela mucosa intestinal. Atravessam a mucosa e são
liberados para a circulação porta e transportados, pela albumina sérica, para o fígado.

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 8 Referência: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013.
Lipoproteínas

 núcleo central de lipídeos apolares (éster de


colesterol e triglicerídeos)
 camada externa de lipídeos anfipáticos
(fosfolipídeos e colesterol) + apoliproteínas
 formadas inicialmente nas células do parênquima
intestinal e transportadas pelos vasos linfáticos
até a veia subclávia
 possibilitam:
(a) solubilização dos lipídeos no plasma sanguíneo
(b) distribuição aos tecidos dos lipídeos provenientes da dieta e dos sintetizados
endogenamente
 Lipídeos plasmáticos presentes nas lipoproteínas:
triacilgliceróis, fosfolipídeos, colesterol, ésteres de colesterol e ácidos graxos livres

Referência: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013., Aizawa, Y. et al., 2015. Marzzoco, A., Torres, B. B., 2014.
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 9 Murray, R. K., et al., 2014
Lipoproteínas

Esquema geral de lipoproteínas.

4 classes de lipoproteínas visualizadas no microscópio eletrônico:


Quilomicrons (50 a 200 nm de diâmetro),
LIPOPROTEÍNA DE MUITO BAIXA DENSIDADE = VLDL (28 a 70 nm),
LIPOPROTEÍNA DE BAIXA DENSIDADE = LDL (20 a 25nm) e
LIPOPROTEÍNA DE ALTA DENSIDADE = HDL ( 8 a 11 nm).

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 10 Referência: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013.
Lipoproteínas – classificação considerando a densidade e a composição

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 11 Referência: Nelson; Cox, 2011, 2013; Aizawa, Y. et al., 2015.
Apolipoproteínas

As apoliproteínas diferem na composição de aminoácidos e na função


. Contribuem para a solubilização dos lipídeos no plasma – formação de lipoproteínas – Apo B100 e B48
. Constituem sítios de reconhecimento que permitem a ligação das lipoproteínas a receptores da superfície celular de
tecidos específicos - Apo B100 e E
. Cofatores enzimáticos – Apo CII, CIII e AI

Referências: Nelson, D. L., Cox, M. M., 2011, 2013; Aizawa, Y. et al., 2015; Smith, C., Marks, A. D.,
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 12 Lieberman, M., 2007; Marzzoco, A., Torres, B. B., 2015; Devlin, T. M., 2007, 2011.
Conversão das
lipoproteínas

1.Ciclo exógeno – (a) lipídeos absorvidos do intestino para o plasma na forma de quilomicrons, (b)
degradação catalisada pelas lipases lipoproteicas (LPL) e (c) absorção dos quilomicrons remanescentes
para o fígado e tecidos periféricos.
2.Ciclo endógeno – lipídeos do fígado são transportados para o plasma na forma de VLDL. Por ação das
LPL as VLDL são transformadas em IDL e, posteriormente, em LDL, que transportam os lipídeos para os
tecidos periféricos e para o fígado.
3.Transporte reverso do colesterol – os lipídeos dos tecidos periféricos retornam para o fígado. HDL
nascente captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos, por ação da lecitina-colesterol
aciltransferase (LCAT), formando HDL madura. Outras lipoproteínas tb trocam colesterol com a HDL. CETP
= proteína transportadora de colesterol esterificado.
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 13 Referência: Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateroclesrose, 2017.
Conversão das lipoproteínas

LPL = lipase plasmática


FFA = ácidos graxos
LDLR = receptor de LDL
IDL = lipoproteína de densidade
intermediária entre VLDL e LDL

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 14 Referência: Fauci, A., et al., 2013.
Metabolismo de lipoproteínas - Quilomicrons

FA = ácidos graxos TG = triglicerídeos LPL = enzima lipase

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 15 Referência: Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M.,2007.
Metabolismo de lipoproteínas - Quilomicrons

Q = quilomicrons; TGAs = triacilgliceróis; C = colesterol; EC = éster de colesterol; ApoB-48, apo C-II e apoE = apolipoproteínas

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 16 Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009
Metabolismo de lipoproteínas - VLDL

Remanescentes dos quilomicrons

FA = ácidos graxos TG = triglicerídeos LPL = enzima lipase

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 17 Referência: Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M.,2007.
Metabolismo de lipoproteínas – VLDL, LDL

Q = quilomicrons; TGAs = triacilgliceróis; C = colesterol; EC = éster de colesterol; ApoB-48, apo C-II e apoE = apolipoproteínas

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 18 Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009
Metabolismo de lipoproteínas – VLDL, LDL

FA = ácidos graxos TG = triglicerídeos LPL = enzima lipase

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 19 Referência: Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M.,2007.
Conversão De HDL – transporte reverso do colesterol

Síntese de HDL e Transporte reverso do colesterol (remoção de colesterol dos tecidos periféricos e
formação de HDL madura). FC = fosfatidilcolina, liso-FC = lisofosfatidilcolina, FCCAT = fosfatidilcolina-
colesterol-aciltransferase, PTEC = proteína transportadora de ésteres de colesterol, ABCA1 = proteína
transportadora, C = colesterol , EC = éster de colesterol. (os tamanhos das lipoproteínas VLDL e HDL
estão invertidos).

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 20 Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009
Conversão De HDL – transporte reverso do colesterol

CETP = proteína de transferência de éster de


colesterol
LCAT = Lecitina colesterol acil transferase
LDLR = receptor de LDL
SR-BI = Receptor de HDL. Facilita a absorção de éster de colesterol e ressíntese de HDL nascente. O colesterol pode ser segregado através do ducto
biliar ou ser usado para sintetizar hormônios esteróides.

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 21 Referência: Fauci, A., et al., 2013.
Conversão das lipoproteínas

ABCA1 = transportador da apoproteína A1 ligada a efluxo celular de colesterol; LDLr, SR-B1 = receptores das lipoproteínas. A-I, A-II, A-IV, B-48, E, B-100
= apoproteínas. LCAT, HL = lipases. CE = ester de colesterol. CETP = proteína transportadora de éster de colesterol

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 22 Referência: Aizawa, Y. et al., 2015.


Lipoproteína LDL – endocitose mediada por receptores

Colesterol, ác. graxos, aa, etc

O processo de endocitose ocorre com o LDL ligado ao receptor específico de membrana. No interior
da célula os receptores retornam à superfície da membrana e o endossomo contendo LDL funde-se
com um lisossomo. As moléculas constituintes do LDL são hidrolisadas enzimaticamente, liberando
colesterol, ácidos graxos, aminoácidos, etc

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 23 Referência: Murphy, M., Srivastava, R., Deans, K., 2019. Alchetron, 2018
Lipoproteína LDL – inibição da endocitose e acúmulo no plasma sanguíneo

[LDL]
plasmático

Excesso de Colesterol
intracelular inibe a síntese da
proteína receptora de LDL e,
em consequência, aumenta a
concentração de LDL no
plasma sanguíneo

https://www.youtube.com/watch?time
_continue=4&v=XPguYN7dcbE&featu
re=emb_logo

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 24 Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009
Lesão isquêmica do músculo cardíaco
Placa de ateroma – participação da LDL

Oxidação
de LDL

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 25 Referências: Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R., 2009
Progressão da Aterosclerose

Filme aterosclerose

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 26 Referência – Disponível em: www.unifesp.br/dmed/cardio/ch/cardio.htm


Progressão da Aterosclerose

anos

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 17 Referência: Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateroclesrose, 2017.
Ross R. Atherosclerosis: an inflammatory disease. N Engl J Med.
1999;340:115–126
Tracy RP. Inflammation in cardiovascular disease. Circulation. 1998;97:2000 –2002.
Ross R. Atherosclerosis: an inflammatory disease. N Engl J Med. 1999;340:115–126.
Libby P, Ridker PM. Novel inflammatory markers of coronary risk.Circulation.1999;100:1148 –1150.
Plutzky J. Inflammatory pathways in atherosclerosis and acute coronary syndromes. Am J Cardiol. 2001;88:10K–15K.
Libby P. The molecular mechanisms of the thrombotic complications of atherosclerosis. J Intern Med. 2008;263(5):517-27.
Thim T, Hagensen MK, Bentzon JF, Falk E. From vulnerable plaque to atherothrombosis. J Intern Med. 2008;263(5):506-16.

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 28


Estágio de desenvolvimento da lesão aterosclerótica

A. Artéria normal com 3 camadas (camada íntima; média com células musculares lisas SMC e adventícia com terminações
nervosas, vasos, mastócitos e fibroblastos).
B. Adesão de leucócitos do sangue à monocamada endotelial ativada, migração para a íntima, maturação de monócitos (o mais
numeroso dos leucócitos recrutados) em macrófagos e sua captação de lipídios, produzindo Células espumosas
C. progressão da lesão com desorganização das células das diferentes camadas e interação com lipídeos e macrófagos mais
processo inflamatório com produção de citocinas
D. Ruptura da placa aterosclerótica e contato com o sangue e coagulação (trombo).

Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 29 Referência: Libby, P., Ridker, P. M., Hansson, G. K., 2011.
Profa. Dra. Celene Fernandes Bernardes - 30 Referência: Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateroclesrose, 2017.
Referências:
Aizawa, Y. et al., Chronic hepatitis C virus infection and lipoprotein Metabolism. World J Gastroenterol, v. 21,
n.36, p. 10299-10313, 2015.
Alchetron, 2018. Disponível em: https://alchetron.com/Low-density-lipoprotein
Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Ateroclesrose, 2017. Disponível em:
http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2017/02_DIRETRIZ_DE_DISLIPIDEMIAS.pdf. Acesso em 2019.
Champe, P. C., Harley, R. A., Ferrier, D. R. Bioquímica Ilustrada. 4. ed., Porto Alegre: Artmed, 2009.
Fauci, A., et al., Medicina Interna de Harrison, 18. ed., São Paulo: Artmed, 2013. 4016 p.
Devlin, T. M. Manual De Bioquímica Com Correlações Clínicas. 7. ed., São Paulo: Edgard Blucher, (2007),
2011. 1216 p.
Libby, P., Ridker, P. M., Hansson, G. K. Progress and challenges in translating the biology of atherosclerosis.
Nature, v. 473, p. 317–325, 2011.
Murphy, M., Srivastava, R., Deans, K. Clinical Biochemistry: An Illustrated Colour Text. 6. ed., Ed. Elsevier
Limited. 67, p. 134-135, 2019.
Marzzoco, A., Torres, B. B. Bioquímica Básica. 4. Ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015. 392 p.
Nelson, D. L., Cox, M. M. Lehninger - Principles of biochemistry. 6. ed., W. H. Freeman and Company, 2013.
Nelson, D. L., Cox, M. M. Princípios de Bioquímica de Lehninger. 5. ed., Porto Alegre: Artmed, 2011. 1274 p.
Pinto, W. J. Bioquímica Clínica. 1. ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2017. 628 p.
Murray, R. K. et al., Bioquímica Ilustrada de Harper. 29. ed., Porto Alegre: AMGH, 2014, 818 p.
Smith, C., Marks, A. D., Lieberman, M. Bioquímica Médica Básica de Marks. 2. ed., Porto Alegre: Artmed,
2007. 992 p.
Voet, D., Voet, J. G., Pratt, C. W. Fundamentos de Bioquímica. 4. ed., Porto Alegre: Artmed, (2008) 2014.
1168 p.

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