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Resumo
A carnitina, colina e fosfatidilcolina são compostos intermediários essenciais para o metabolismo de
lipídios. A deficiência destes pode afetar o catabolismo de lipídios, entretanto não está claro se a
suplementação resultaria em maior catabolismo de lipídios, o que por sua vez poderia resultar em perda
de massa adiposa. Este trabalho teve por objetivo, através de uma revisão sistematizada, discutir os
resultados de estudos que apontem as relações da carnitina, colina e fosfatidilcolina no metabolismo de
lipídios e desempenho desportivo. A ação da carnitina como potencializador do catabolismo de lipídios
permanece controversa, entretanto sua ação antioxidante é comprovada. A colina é um composto
essencial a saúde corporal, entretanto a recomendação diária pode ser conseguida em diversos
alimentos. A fosfatidilcolina desempenha um importante papel na absorção intestinal de lipídios, sendo
encontrada em diversas fontes alimentares.
Unitermos: Carnitina. Colina. Fosfatidilcolina. Lipídios. Antioxidantes.
1/1
Introdução
A carnitina tem o papel de transportar ácidos graxos de cadeia longa para o interior da
mitocôndria a fim de produzir energia. Sua suplementação tem sido associada a melhora no
desempenho desportivo em indivíduos saudáveis por vários mecanismos, dentre estes: a
elevação na oxidação de ácidos graxos, alteração da homeostasia da glicose, melhora na
produção de acilcarnitina e retardo no aparecimento da fadiga muscular1.
A Colina é um componente dietético necessário para a função normal de todas as células. Ela
ou seus metabólitos, incluindo fosfolipídios, betaina e acetilcolina, asseguram a integridade
estrutural e funções sinalizadoras das membranas celulares2. A colina é um precursor para a
biossíntese de fosfatidilcolina (FC), um fosfolipídio predominante (>50%) na maioria das
membranas dos mamíferos3. A FC apresenta um importante papel na absorção intestinal de
lipídios. Por se tratar de nutrientes reguladores da digestão, absorção e metabolização dos
lipídios, carnitina, colina e fosfatidilcolina necessitam de atenção especial, uma vez que um
desajuste nas suas concentrações plasmáticas pode levar ao desenvolvimento de doenças,
deficiência no crescimento e da memória.
Este trabalho teve por objetivo, através de uma revisão sistematizada, discutir os resultados
de estudos que apontem as relações da carnitina, colina e fosfatidilcolina no metabolismo de
lipídios e desempenho desportivo.
Revisão de literatura
Após a digestão e absorção, os lipídios da dieta são transportados na linfa como partículas
de quilomícrons (QM). Os QM possuem apoB48 e apoE como principais apolipoproteínas. Eles
penetram inicialmente pelo ducto torácico para depois alcançar a circulação sistêmica4.
Nos capilares do tecido adiposo e muscular, dentro de poucas horas após a alimentação, os
QM sofrem a hidrólise de seus triacilglicerois pela ação da enzima lipase lipoprotéica, utilizando
como co-fator a apoCII. Após esta ação da lipase, formam-se os quilomicrons remanescentes
(QMr). Estes são rapidamente retirados da circulação pelo fígado através da interação entre a
apoE e seus receptores nas membranas dos hepatócitos4,5.
A lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL) é uma partícula rica em triglicérides derivada
do fígado e, além de outras apolipoproteínas, apresenta apoB100 e apoE em sua constituição.
Similar aos quilomícrons, a VLDL perde seus triglicérides por ação da lipase lipoprotéica
auxiliada pela apoCII, originando um remanescentes mais denso chamado lipoproteína de
densidade intermediária (IDL)4.
O potencial protetor de HDL na aterosclerose vem do fato desta lipoproteína ser capaz de
retirar o excesso de colesterol livre não só de membranas celulares como do próprio
subendotélio (na placa aterosclerótica)4,5 .
As enzimas responsáveis pela oxidação de ácidos graxos nas células se localizam na matriz
mitocondrial4. Os ácidos graxos livres não podem passar diretamente através das membranas
mitocondriais sem sofrer uma série de reações enzimáticas. Sendo assim, o grupo carboxílico da
carnitina (composto derivado da lisina) se une transitoriamente ao grupo acil-graxo sintetizado
na reação entre ácido graxo, CoA, ATP, formando o composto acil-carnitina, sendo então
transportado através da membrana mitocondrial interna por um transportador específico5. Na
matriz mitocondrial a acil-carnitina sofre a ação da carnitina aciltransferase, regenerando acil-
CoA e a carnitina que são liberados no interior da matriz. A carnitina retorna ao espaço entre a
membrana interna e externa4,5.
L-Carnitina
A Carnitina é um componente vital no metabolismo dos lipídios pela produção de ATP por
meio da -oxidação e subseqüente fosforilação oxidativa6. Existe um decréscimo da
concentração de carnitina no sangue e nos tecidos em condições de hiperlipidemia7.
A redução da síntese protéica com a idade, devido ao decréscimo na produção de ATP, reduz
a atividade dessas enzimas. A suplementação de carnitina pode elevar a produção de ATP, e
consequentemente, melhorar a síntese protéica global (e suas enzimas) nas células. Além disso,
L-carnitina, sendo um antioxidante, pode proteger estas enzimas de danos peroxidativos9.
L-carnitina tem demonstrado poupar a atividade do tiol e metionina, sugerindo que esta
otimize a capacidade antioxidante9.
A vitamina C (ácido ascórbico) foi reportada como co-fator para a biossíntese de carnitina10.
A suplementação de carnitina pode poupar vitamina C, conseqüentemente elevando os níveis
desta vitamina9. Como vitamina C tem a capacidade de regenerar vitamina E, o concomitante
aumento na concentração de vitamina E em ratos velhos pela administração de carnitina
possivelmente se deva ao decréscimo no estresse oxidativo ou aumento dos níveis de vitamina
C9.
A deficiência de vitamina C aumenta a excreção de carnitina, entretanto esta redução não foi
significativa no período de nove semanas10. A deficiência da vitamina C demonstrou elevar
triglicerídios no plasma acompanhando de decréscimo tecidual de carnitina em porcos da Índia,
atribuindo-se a alteração no metabolismo de lipídios ao transporte limitado de ácidos graxos de
cadeia longa para o interior da mitocôndria10.
L-Carnitina e exercício
A ingestão de dois ovos por dia contêm aproximadamente a necessidade diária de colina, até
que mais alimentos sejam avaliados em relação a seu conteúdo de colina, mulheres grávidas
podem incluir ovos em sua dieta. Um ovo possui aproximadamente 300 mg de colina,
principalmente na forma de fosfatidilcolina20. A Tabela 2 apresenta a Ingestão Adequada
Relações entre colina e carnitina têm sido estudadas por muitos anos, mas o foco principal
tem sido no prejuízo do estado de carnitina em deficiência de colina28. Estudos apresentam
resultados conflitantes a respeito da suplementação de colina, resultando na conservação de
carnitina em humanos29. A suplementação de colina promove o aumento de carnitina nos
tecidos, particularmente na musculatura esquelética em porcos30 e fígado de ratos31. A
suplementação de colina da dieta diminui o percentual de gordura e elevou o percentual de
proteína sem aumento significante da massa corporal ou da relação de troca respiratória em
porcos29. A combinação de colina, carnitina e cafeína com ou sem exercício reduz a massa
corporal por meio da redução da gordura e do total de lipídios como também da leptina sérica
em ratos32.
Fosfatidilcolina
As principais fontes de lecitina são encontradas no fígado, gema do ovo, feijão de soja,
amendoim, espinafre e trigo4. A fosfatidilcolina não é um nutriente essencial porque o
organismo produz quantidade que é necessária4. A lecitina da dieta é digerida antes de ser
absorvida, portanto, os suplementos são de pequeno valor4. Devido suas propriedades
emulsificantes, a lecitina é adicionada aos produtos alimentares, como a margarina, bolachas e
confeitos4.
Peculiaridades da Fosfatidilcolina
Considerações finais
Este estudo apresentou aspectos relevantes destes nutrientes, assim temos dados mais
precisos a respeito das suas interações no organismo em diversas situações.
Mais estudos devem ser elaborados a fim de estabelecer a relação entre suplementação
destes nutrientes com as possíveis melhoras nos rendimentos esportivos, biodisponibilidade
corporal e nos desajustes metabólicos ocasionados pelo processo de envelhecimento,
dislipidemias e na função antioxidante.
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