Você está na página 1de 3

Carta de Curucã Fuga – Wikipédia, a enciclopédia livre https://pt.wikipedia.

org/wiki/Carta_de_Curuc%C3%A3_Fuga

Carta de Curucã Fuga


Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Carta de Kurukan Fuga)

A Carta de Curucã Fuga[1] (Kurukan Fuga),[2] também chamada Carta do Mandinga, era
a constituição do Império do Mali. Recebeu seu nome em homenagem a planície de Curucã
Fuga, situada dois quilômetros ao norte de Cangaba, na qual ocorreu a cerimônia de investidura
de Sundiata Queita após sua vitória sobre Sumanguru Cante na Batalha de Quirina (c. 1235) e se
reuniu a Grande Assembleia (Bara) com chefes dos dezesseis clãs dos mandingas e aliados.[2][3]

Índice
Histórico
Características
Recuperação e proteção
Ligações externas
Referências
Bibliografia

Histórico
Após a queda do Império do Gana no século XII, a região entre o deserto do Saara e os rios
Níger e Senegal se fragmentou em pequenos Estados, entre eles o Reino Sosso, liderado por
Sumanguru Cante. Aos poucos, os sossos se expandiram, conquistando os mandingas e outros
povos. Já no século XIII, o príncipe Sundiata Queita organizou uma coalizão para combater os
sossos. A batalha decisiva aconteceu na região de Culicoro, hoje território do Mali, por volta de
1235.

Sundiata Queita venceu a batalha, abrindo o caminho para a instauração do Império do Mali.
Após a vitória, foi realizada uma assembleia reunindo os povos que formavam a coalizão. Queita
foi proclamado mansa ou magã (imperador), porém tendo que cumprir obrigações e direitos
estabelecidos na Carta.

Características
A Carta de Curucã Fuga é apontada como um dos primeiros modelos de constituição. Ela prevê
a defesa dos direitos humanos, determina a divisão de poderes, estabelece liberdades cívicas,
protege as atividades profissionais, a integridade física dos súditos do império e dos seus
bens[4]. Além disso, proibia maus tratos a escravos e impunha a obrigação de indenização por
danos sofridos[5].

Outro aspecto importante foi a divisão da população em clãs. Os malinquês e outros povos

1 of 3 15/12/2021 14:45
Carta de Curucã Fuga – Wikipédia, a enciclopédia livre https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_de_Curuc%C3%A3_Fuga

aliados foram divididos pela Carta em 16 castas de nobres, os "portadores de aljavas". Já os


marabus, entre eles alguns que professavam o islamismo, formaram os cinco clãs dos "guardiães
da fé". Os praticantes de ofícios, inclusive o de griô, foram repartidos entre outros quatro clãs.

Os Sossos, derrotados na batalha, tiveram que se fundir aos clãs de praticantes de ofícios, e
perderam suas terras, que foram consideradas domínio imperial.

A divisão conferia a cada clã um grau considerável de autonomia, permitindo que cada rei
conservasse os costumes de seu povo. A descentralização jurídica e administrativa era uma
característica do antigo Império do Gana, que o domínio sosso vinha tentando suprimir[6].

Recuperação e proteção
Em 2009, a Carta, na sua versão preservada pela tradição oral griô, foi incluída pela UNESCO
na lista do Patrimônio Cultural Intangível da Humanidade[7].

Ligações externas
▪ Texto da Carta (http://www.anpe-mali.org/news/la-charte-de-kouroukan-fouga) em francês

Referências
1. Silva 2009.
2. Niane 2010, p. 151.
3. Lopes 2017.
4. Debates do Parlamento Europeu (http://www.europarl.europa.eu/sides/getDoc.do?pubRef=
-//EP//NONSGML+CRE+20100907+SIT+DOC+PDF+V0//PT&language=PT), 7 de setembro
de 2010, p. 48
5. Anistia Internacional. Haki Zetu - Direitos Económicos, Sociais e Culturais na Prática (http://
www.amnesty.nl/sites/default/files/public/main_book_portugees_deel1.pdf). Amsterdã, 2011.
P. 16
6. WALDMAN, Maurício. Africanidade, espaço e tradição: a topologia do imaginário espacial
tradicional africano na fala "griot" sobre Sundjata Keita do Mali (http://www.casadasafricas.o
rg.br/img/upload/934803.pdf). África: Revista do Centro de Estudos Africanos, 20-21. São
Paulo: USP, 1997-1998. P. 255-256
7. The Manden Charter, proclaimed in Kurukan Fuga (http://www.unesco.org/culture/ich/index.
php?lg=en&pg=00011&RL=00290). UNESCO Culture Sector - Intangible heritage (em
inglês)

Bibliografia
▪ Lopes, Nei Lopez; Macedo, José Rivair Geral da África – Vol. IV – África do século
(2017). «Kurukan Fuga; Carta do XII ao XVI. São Carlos: Universidade de
Mandinga». Dicionário de História da São Carlos; UNESCO
África: Séculos VII a XVI. Belo Horizonte: ▪ Silva, Alberto da Costa (2009). «11 - Mali».
Autêntica A Enxada e a Lança - A África Antes dos
▪ Niane, Djibril Tamsir (2010). «6 - O Mali e a Portugueses. Rio de Janeiro: Editora Nova
segunda expansão manden». História Fronteira Participações S.A.
ISBN 978-85-209-3947-5

2 of 3 15/12/2021 14:45
Carta de Curucã Fuga – Wikipédia, a enciclopédia livre https://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_de_Curuc%C3%A3_Fuga

Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Carta_de_Curucã_Fuga&oldid=62578121"
Esta página foi editada pela última vez às 05h03min de 11 de dezembro de 2021.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0)
da Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de
utilização.

▪ Política de privacidade
▪ Sobre a Wikipédia
▪ Avisos gerais

▪ Programadores
▪ Estatísticas
▪ Declaração sobre ''cookies''

3 of 3 15/12/2021 14:45

Você também pode gostar