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O Princípio e o Presente

João M. Figueiredo Morais *

O Princípio e o Presente: a arqueologia na


redescoberta do passado em Moçambique

Introdução

São exíguos os meios técnicos disponíveis para o estudo do


passado. Na memória social poucos registos ficaram preservados
após os últimos séculos de acelerada transformação dos
padrões de vida da humanidade, permanecendo como únicas
testemunhas silenciosas os vestígios materiais abandonados no
decurso dos tempos. As mentalidades mudam, mas os objectivos
materiais produzidos, usados e rejeitados, conservam-se para
além do seu memorial.
A arqueologia oferece-se assim como o único meio para
recuar para lá do registo do texto escrito, da palavra transmitida
por tradição oral, do comportamento e da memória colectiva que
cada comunidade tem de si mesma. O eficiente desenvolvimento
do seu instrumental científico não será assim um caso, mas
uma necessidade. Evoluindo de uma actividade de museu onde
eram acumulados objectos exóticos que se presumiam como
de grande antiguidade; a arqueologia tem-se constituído nos
últimos decénios com o carácter de uma nova ciência aplicada.
Os seus processos de trabalho revelam a existência de meios
cada vez mais elaborados e afeiçoados em colaboração com
um conjunto de outras ciências, desde a geologia, botânica
e física até à linguística, antropologia e história. Esta maior
precisão instrumental e metodológica tem vindo a ser aplicada
na determinação dos processos de evolução do homem e das
sociedades, ajudando a reconstrução da fisionomia de paisagens
há muito desaparecidas e fornecendo uma preciosa dimensão
Figura 1. Conjunto filatélico
emitido pelos correios de temporal a outras disciplinas. Mas talvez a maior de todas
Moçambique, ilustrando alguns as vantagens adquiridas pela moderna arqueologia, embora
aspectos decorrentes da infelizmente menos quantificável, é potencializar o conhecimento
implentação do programa de
levantamento arqueológico de de nós próprios desde que existimos com uma consciência e um
Moçambique iniciado em 1976. património biológico e social comum. Neste sentido, a cooperação
em arqueologia é uma área privilegiada de acção entre nações,

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e um campo excelente de colaboração na redescoberta das


semelhanças que nos aproximam, ultrapassando assim o medo
hostil que no passado alimentava o confronto entre comunidades
que viam na diversidade humana uma ameaça à sua respectiva
territorialidade.
Por tudo isto congratulamo-nos com a Reunião de
Arqueologia e História Pré-Colonial que reuniu em Lisboa em
Outubro de 1989 todos os países de língua oficial portuguesa.
Esta iniciativa marcou o início de uma nova época de
desenvolvimento da cooperação científica entre comunidades
de grande afinidade cultural, e o incremento qualitativo dos
seus respectivos recursos científicos, no âmbito de colaboração
interdisciplinar e inter-regional no domínio da arqueologia e
ciências afins.
Com o intuito de exemplificar as grandes potencialidades
que fundamentam a necessidade de um melhor e maior
intercâmbio futuro, iremos adiante focar as recentes
contribuições da arqueologia moçambicana que documentam
etapas significativas do passado humano naquela região.
Queria contudo sublinhar desde já que os primeiros resultados
parecem-nos duplamente estimulantes e promissores, tendo em
conta que os constrangimentos herdados do passado são por
sua vez agravados por uma situação onde as necessidades de
satisfação de tantas outras prioridades materiais se sobrepõem
à consecução de investimentos no domínio da investigação
científica. Contudo, e pese o facto do programa de levantamento
arqueológico ter vindo desde 1976 a enriquecer significamente
o nosso conhecimento do passado naquela zona (ver figura 1),
outros países da região subaustral estão comparativamente muito
mais dotados de meios humanos, técnicos e de dados científicos
já recolhidos. Daqui que se torne também necessário ver esta
matéria na sua relação com os programas de desenvolvimento
económico coordenado ao nível inter-regional (nomeadamente a
SADCC, que tem esse propósito, como organismo impulsionador
do progresso económico na África Austral), uma vez que não
pode resultar uma modernização social sem uma correspondente
adequação cultural que fundamente e estabilize os factores de
ruptura ou transformação acelerada das mentalidades.
De molde a tornar mais discursiva a leitura do texto, optámos
por evitar a utilização de notas, remetendo o leitor interessado
em dados informativos adicionais para a consulta das referências
bibliográficas seleccionadas no final do presente artigo.

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1. No princípio: as mais antigas comunidades de caçadores-


recolectores

O Norte e Centro de Moçambique encontra-se inserido no


corredor da grande região onde, da Etiópia à Tanzânia, restos dos
mais antigos espécimes humanos têm sido encontrados. Embora
até ao momento ainda não tenham sido registados notáveis
achados fósseis, Moçambique apresenta grandes potenciais
de investigação neste domínio. Esta qualidade encontra-se
sobretudo patente nas áreas de influência tectónica representada
pelo prolongamento do vale do Rift naquele território, formação
geológica de onde provém desde há cerca de 5 décadas aquilo
que se conhece do processo de evolução do Homem (ver figura
2). Os conceitos tradicionais referentes à nossa origem foram
particularmente abalados desde que, em 1924, numa caverna

Figura 2. Simplificação das 5 etapas de evolução do homem no tempo. Cada hora do relógio
equivale a cerca de 1 milhão de anos. As 4 fases anatómicas superiores referem-se, da
esquerda para a direita, ao Australopitecus, Homo habilis, H. erectus e H. sapiens.

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no Transvaal (África do Sul), e em 1931 na garganta de Olduvai


(Tanzânia), foram descobertos restos fósseis de um primitivo
tipo humano que se convencionou chamar Australopitecus.
Mas foi sobretudo a partir dos anos 60 que a cadeia evolutiva
se clarificou com a revelação dos primeiros Homo habilis
que, a acrescentar ao bipedalismo dos primeiros hominídeos,
demonstram já capacidade de produzir utensílios de trabalho.
Esta longa série de eventos tem sido datada entre 4 e 1.8 milhões
de anos, período no decurso do qual as comunidades foram
evoluindo no sentido de um progressivo controle da natureza
que as levou desde a construção de abrigos à invenção do fogo.
Como resultado deste processo de evolução biológica e social,
e no decurso de etapas sobretudo documentadas a partir de há
cerca de 1.6 milhões de anos, surgiu um novo tipo humano de
ainda maior caracterização e diversidade anatómica, cultural
e geográfica: o Homo erectus. De todos os continentes, estes
testemunhos estão primeiramente registados na África Oriental
e Austral, valioso repositório destes processos. Em data pouco
posterior ao seu aparecimento naquelas regiões de África, os
agrupamentos de Homo erectus expandem o seu território para
a Europa e Ásia, alargando o seu habitat desde a Península
Ibérica à Índia. Como em todas as regiões onde as primeiras
manifestações de ocupação humana tiveram lugar, também em
Moçambique os vestígios arqueológicos registam a existência de
inúmeras oficinas de fabrico de machados, bifaces e lascas de
pedra talhada, produto de uma tecnologia basicamente idêntica (o
«Acheulense»). Embora indícios permitam deduzir a ocorrência de
uma multipliçidade de actividades e de instrumentos de trabalho
feitos de materiais de natureza mais perecível, são aqueles
primeiros artefactos um dos poucos testemunhos facilmente
identificados que chegam até nós em virtude da durabilidade da
matéria-prima empregue na sua manufactura.
Mas não só o processo de hominização teve primeiramente
lugar em África, como também é na região Austral, onde o homem
moderno (Homo sapiens sapiens) se desenvolve em data anterior
à sua expansão para o Próximo Oriente a partir de há cerca de
100 000 anos. De todo este longo processo de evolução que
decorre da mais antiga à mais moderna fisionomia humana,
Moçambique documenta um abundante e informativo espólio que
ilustra bem as diversas etapas de fabrico e uso dos instrumentos
de pedra ali produzidos, geralmente atribuídos às diversas fases
da indústria lítica do «Acheulense». Testemunhos significativos
desta longa evolução foram encontrados durante escavações
realizadas no Sul de Moçambique, em Massingir, e em outras

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estações do Sul do Save; no entanto, em cerca de 200 outras


colecções de artefactos localizados no centro e norte do país, a
evolução tecnológica encontra-se mais uma vez profusamente
documentada.
A dificuldade que se levanta ao estudo aprofundado deste
período é suscitado pela necessidade do investimento de
consideráveis recursos técnicos e financeiros, o que até ao
momento não foi possível dispor em Moçambique. É contudo
de esperar que essa situação possa ser um dia superada,
pelo que a temática continua a ser investigada em laboratório:
Paula Meneses, uma jovem arqueóloga do Departamento de
Arqueologia e Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane,
debruça-se de momento sobre o significado das indústrias
recolhidas nas diversas estações, preparando assim condições
para a realização de novos trabalhos de campo.

2. Etapas finais das antigas comunidades de caçadores:


a especialização técnica e as primeiras manifestações de
arte
Os últimos 150 000 anos documentam, em particular
para a região da África Austral, transformações relativamente
aceleradas das tecnologias de produção de instrumentos de
trabalho e dos padrões de vida. Os fenómenos de mudança
são ainda mal conhecidos, mas encontram-se ilustrados
através da existência de uma maior diversidade de técnicas e
expressões instrumentais de feição pós-«acheulense». Estas
são caracterizadas pela produção de artefactos constituídos por
lascas e lâminas provenientes de núcleos preparados, muitas
delas retocadas, e encabadas em suportes de madeira para uso
como lanças ou raspadores. Contudo, em paralelo com estes
novos elementos de mudança, coexistem também artefactos
mais rudes, particularmente nas regiões a norte do rio Limpopo.
Esta diversificação regional estará decerto ligada à utilização
de territórios e recursos económicos específicos, bem como à
sobrevivência de padrões tecnológicos de períodos anteriores.
Relacionado com a primeira das causas, afigura-se-nos como
legítimo associar o aperfeiçoamento e a diminuição dos artefactos
com a especialização da caça de espécies animais de menor
porte. Esta particularidade técnica é registada a partir de há cerca
de 25 000 anos com uma tendência marcante para a redução das
dimensões dos artefactos de pedra, surgindo nomeadamente na
maior parte da região da África Austral aperfeiçoados instrumentos
microlíticos. Alguns dados provenientes de Moçambique
ilustram diversos fácies das indústrias líticas deste período,

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nomeadamente em Massingir Revez Duarte, Caimane e Bilene


P. O. (no Sul), Saibreira (Beira), Marissa, Zumbo (no Centro),
e Riane, Nakwaho, Musé, Chakota (no Norte). Embora nestas
estações arqueológicas se registe em abundância a ocorrência
de instrumentos de pedra, complementada nas do Centro e Norte
com a arte rupestre, somente foi possível obter até ao momento
dados adicionais relativos a formas de produção a partir de
trabalhos realizados em alguns países vizinhos. Decorrente das
investigações ali realizadas, as informações incluem provas para
a utilização da madeira em arcos e flechas, picaretas de madeira
com argola de pedra embutida, calços, bem como a confecção
de recipientes a partir da casca de árvore, e de vestuário e sacos
fabricados do curtume da pele de animais. Outra importante
constatação é a existência de rituais de enterramento. Mas de
todas as manifestações de espiritualidade, nenhuma é tão vivida
como aquela expressa através da gravura e pintura rupestres (ver
figuras 3 e 4). Estas encontram-se representadas nas paredes de
abrigos ou de pequenas cavernas rochosas, ou mesmo expostas
em afloramentos rochosos a céu aberto, o que as torna geralmente

Figura 3. Ilustração interpretativa de um momento da criação de um painel de pintura


rupestre.

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mais vulneráveis do que as suas congéneres europeias. Sendo


ainda impossível delas obter datações absolutas directas, o seu
estudo tem sido feito através da análise estilística comparativa,
bem como pela sobreposição dos traços e respectivos estilos,
quando esta assim ocorre nos painéis. Tipologicamente, os
motivos dividem-se entre figuras de cor vermelho-ocre de traço
naturalístico, realístico ou esquemático, e as de cor branca de
feição geométrica e simbólica. Não sendo possível atribuir mais
do que alguns milhares de anos para muitos dos painéis que
sobreviveram, é contudo legítimo presumir ser esta tradição, na
sua origem, tão antiga como aquela que ocorre na arte parietal
europeia. Esta antiguidade é especialmente inferida desde que
foram escavados no Sul da Namíbia (caverna de Apolo 11)
exemplares de figuras naturalísticas de animais pintados em
placas de rocha encontradas num contexto arqueológico datado
de 28 000 anos. Esta tradição de representação pictórica de
estilos e temática gradualmente mais abstracta prolonga-se até
ao presente milénio, atestando desta forma a grande interacção
cultural prevalecente ao longo do período, e em particular aquela
que deve ter existido entre as últimas comunidades de caçadores-
recolectores e as primeiras sociedades de agricultores nos inícios
do 1º milénio d. C.

Figura 4. Reprodução do friso de um grupo pertencente às últimas comunidades de caçadores


na zona centro de Moçambique: pintura rupestre em vermelho-ocre localizada num dos
afloramentos rochosos do Monte Chinhamapere (Vumba), Província de Manica.

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3. A agro-pecuária, o fero e a aldeia durante o 1º milénio d.C.,


os Bantu

O Sul de Moçambique assistiu à chegada de novas


sociedades portadoras de processos produtivos inovadores que,
a partir de há cerca de 1800 anos, foram rapidamente povoando
as zonas litorais e estuarinas, bem como penetrando as bacias
fluviais em direcção às encostas e planaltos do interior. Este
processo difusivo, também conhecido por «expansão bantu», que
à falta de melhor entendimento suscitou no passado ingénuas
explicações inspiradas numa causalidade directa atribuída a
fenómenos de invasão em massa e à ocorrência de uma abrupta
explosão demográfica, é actualmente interpretado como um
progressivo movimento de populações provenientes da região
do Lago Vitória. A considerável rapidez destes eventos é atestada
pelo facto das datações apontarem para a existência naquela
região das respectivas comunidades ancestrais durante os
últimos séculos do 1º milénio a. C., registando-se, a breve trecho
(durante o 2º/3º séculos d. C.) a presença de agrupamentos delas
derivados em áreas a cerca de 3000 km de distância no Sul de
Moçambique (Matola e Zitundo). As datações obtidas nestas
duas estações são as mais antigas para toda a região Austral,
e denotam a importância que deveria ter tido a faixa costeira
moçambicana no rápido movimento populacional para sul. O
conjunto das razões que justifiquem está relativa celeridade são
ainda desconhecidas, mas uma delas terá possivelmente a ver
com aspectos decorrentes dos notáveis progressos técnicos
introduzidos pela metalurgia do ferro e suas implicações ao nível
da produção, particularmente no domínio da agricultura.
Sendo fundamental o estudo de uma temática que se prende
a desenvolvimentos históricos determinantes de forças culturais
(nomeadamente linguísticas), ainda hoje activas, foi decidido
priorizar em Moçambique a investigação das manifestações desse
nosso passado relativamente imediato, através de um programa
de levantamento arqueológico executado a partir de 1976. É no
quadro dos resultados produzidos até hoje que grande parte do
que adiante é referido se fundamenta (ver também figura 5).
Assim, é curioso fazer notar que a afinidade de expressão verbal
(a família linguística bantu é hoje de representação maioritária na
região subequatorial) deverá ter também decorrido no passado da
presença de outros padrões de vida relativamente homogéneos
que ficaram conservados no registo arqueológico: a existência
de pequenas comunidades familiares agregadas em aldeias
de pau e adobe, praticando uma agricultura de subsistência

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Figura 5. Localização das principais estações das mais antigas comunidades agrícolas
em Moçambique. A distribuição espacial das tradições da Matola, Lydenburg e Gokomere-
Ziwa do Sul de Moçambique são individualizadas respectivamente pelos seguintes
símbolos: / / /, ≈ ≈ ≈ e ≡≡≡.
O ponteado refere hipotéticos prolongamentos das tradições de olaria no Sul de
Moçambique.

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complementada pela recolecção da fauna e flora silvestres,


eventualmente dispondo de gado bovino e ovi-caprino, e de
instrumentos de ferro. Um outro dos elementos comuns a todos os
agrupamentos, este especialmente diagnosticados da distribuição
das diferentes tradições culturais no espaço, é a manufactura de
olaria. Do estudo desta, correlacionada com dados cronológicos
obtidos através de datação absoluta, podemos afirmar ser a
tradição da Matola, ocorrendo na zona costeira do Natal (África
do Sul) ao Limpopo, no Sul de Moçambique, a mais antiga
manifestação destas primeiras sociedades agrícolas na África
Austral. Esta tradição deve ser complementada com a referência
à existência de outras duas tradições afins, mas de representação
geográfica e cronológica distinta, como são as de Lyndenburg
e de Gokomere-Ziwa, ocorrendo respectivamente no interior
oeste e noroeste do Transvaal (África do Sul) e Zimbabwe a partir
dos séculos 4º/5º d. C.. A primeira (Lyndenburg) parece estar no
contínuo cultural da tradição Matola, evoluindo com particular
expressão para o interior sul de Moçambique e do Transvaal
(A. Sul), enquanto que a de Gokomere-Ziwa se destaca como
tradição distinta de feição continental, resultante da expansão de
um conjunto de outras antigas comunidades bantu através dos
planaltos interiores da Zâmbia e Zimbabwe.
As contribuições de Moçambique para um melhor
conhecimento deste processo de grande impacto ecológico e
cultural são já significativas, tendo sido ali realizados trabalhos
de prospecção e escavação de um número de estações
seleccionadas como representativas de diferentes regiões e de
distintos ecossistemas. Destas unidades de amostragem podemos
referir que os mais antigos povoamentos parecem localizar-se
em zonas litorais e estuarinas (Xai-Xai, Bilene, Chongoene,
Campo Universitário, Matola e Zitundo), ao que se teria seguido
um período de preferência pelas bacias fluviais do interior
(Hola-Rola, Massingir, Caimane). Esta precedência cronológica
e fisiográfica terá igualmente a ver com determinados padrões
de ocupação do território, que julgamos ter sido relativamente
mais prolongada no período pós-Matola (i. e., Lyndenburg). A
natureza incipiente dos primeiros estabelecimentos da tradição
Matola ocasionaria eventualmente a existência de pequenas
comunidades de economia pouco especializada, na qual práticas
de recolecção teriam mais preponderância do que a agricultura e
a pastorícia. No entanto, é de referir a grande importância que a
metalurgia do ferro parece assumir desde muito cedo, surgindo
como actividade amplamente documentada nas estações mais
antigas deste período.

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Também o Norte de Moçambique tem sido objecto de


acções de levantamento arqueológico cobrindo as manifestações
destas primeiras comunidades agrícolas, trabalho especialmente
realizado desde 1981 por Leonard Adamowicz, do Departamento
de Arqueologia e Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane.
Sobre esta temática, e ao nível da região, as datações absolutas
atribuem maior antiguidade às comunidades representadas em
Riane e Chakota (séculos 3º/4º d. C.), sendo o conjunto da sua
olaria interpretada no sentido de a aparentar com as tradições
da Matola a Sul e Kwale a Norte (Tanzânia), com subsequentes
elementos de influência regional da olaria de Kamnama e
Nkope do interior da Zâmbia e Malawi. Igualmente é de referir
a singularidade de alguns fragmentos de olaria recolhidos no
abrigo rochoso de Namolepiwa, que se apresentam pintados com
a mesma tinta branca que foi utilizada para as representações
pictóricas rupestres do último período, associando assim um
valioso meio de datação relativa a uma interessante informação
de carácter cultural.
Durante o período pós-Matola, e a partir de cerca do século
V d. C., os povoados parecem atingir uma relativa estabilidade
suscitada pela exploração de territórios de maior produtividade
agrícola e de pastoreio, atingindo a produção metalúrgica
apreciáveis quantidades, eventualmente derivadas de um
incremento das actividades de troca. As relações de intercâmbio
estão cada vez mais patentes na existência de objectos
importados da costa para o interior (conchas marítimas), ou do
interior para a costa (missangas de cobre e defesas de marfim).
Esta complementaridade regional manifesta-se em ocorrências
arqueológicas patentes nas bacias fluviais interiores a norte
da foz do rio Limpopo (Massingir, Hola-Hola), e sobretudo em
áreas costeiras de propícia localização geográfica (Chibuene
e ilha do Bazaruto). Particularmente evidente é o facto dos
padrões regionais de troca serem gradualmente alterados com
a existência de produtos provenientes de mercados internacionais
do Levante e das costas do Mar Arábico a partir do terceiro
quartel do 1º milénio d. C., iniciando assim consideráveis
transformações ao nível das primitivas comunidades agrícolas
de auto-subsistência.

4. Moçambique e a rede comercial do Índico


Estudos de documentação antiga, tradição oral, e de
linguística concorrem para, juntamente com a arqueologia,
explicar os mecanismos de gradual transformação das mais

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antigas comunidades agrícolas da África Oriental no quadro do


advento do comércio internacional naquela região. As fontes
documentais greco-romanas mencionam ¡á contactos com o
«Mar Eritreu» (costas da actual Etiópia e Somália), onde se
fixam pequenas comunidades provenientes do Sudoeste Arábico
a partir dos inícios do 1º milénio d. C., ainda antes da expansão
do Islão, que irá intensificar esse processo alguns séculos mais
tarde. Mas é sobretudo nas narrativas dos primitivos geógrafos e
viajantes árabes, a partir do século IX d. C., que as relações de
comércio com as zonas costeiras da África Oriental se encontram
melhor caracterizadas. Nas palavras de al-Ma’sudi (século X),
as populações que para ali se deslocam são, sobretudo numa
primeira fase, provenientes da região do Golfo Pérsico. Esta
influência é igualmente confirmada pela existência de objectos
de cerâmica vidrada exportados de Siraf (porto de Shiraz, na
antiga Pérsia) e presentes entre os espólios escavados em
Chibuene na baía de Vilanculos, em contexto arqueológico datado
daquele mesmo período (ver figura 1: selo de 2,50 mt). Esta
mesma jazida constitui simultaneamente um dos mais antigos e
meridionais pólos da presença mercantil árabe no oceano Índico,
representando desta forma o extremo sul da região costeira do
Canal de Moçambique, designada na altura por «Bilad as Sofala».

Figura 6. A costa oriental africana em 1154, segundo o escritor árabe al-Idrisi. In. Chittick &
Rotberg, op. cit., 1975, p. 138.

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A antiga Sofala não seria assim uma localidade determinada, mas


antes uma vasta região com vários estabelecimentos mercantis
administrativamente dependente de proeminentes entrepostos
costeiros muçulmanos, alguns, como Sayuna, ainda por localizar
(foz do Zambeze?), ou de Unguja Ukuu (Zanzibar), Kilwa (Sul da
Tanzânia) ou Manda (ilha a norte de Lamu, no Quénia). Durante
este período de finais do 1º milénio d. C., segundo al-Ma’sudi,
as sociedades costeiras eram já governadas por um rei ou reis
dali originários, aparentemente eleitos, e com um exército sob
o seu comando. A produção alimentar incluía sobretudo cereais
de possível domesticação local como mapira e a mexoeira,
coexistindo também um sector complementar ao de subsistência
representado pela mineração do ouro, este especificamente
destinado à exportação.

Figura 7. Amuralhado do zimbabwe de Manyikeni, Província de Inhambane: levantamento


topográfico e alguns indicadores arqueológicos de superfície.

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As nossas próximas fontes árabes são al-Biruni e al-Idrisi,


respectivamente cronistas dos séculos XI e XII. Como registos
de interesse, o primeiro refere já como provável a ligação
dos oceanos Índico e Atlântico, e o segundo a existência de
uma série de entrepostos comerciais na costa oriental, ainda
por localizar, mas aos quais deveriam corresponder diversas
localidades da região de Sofala (isto é, Moçambique) (ver figura
6). Daghuta seria a última das cidades de Sofala, tendo a norte
um considerável estuário (Limpopo? Save?), à qual poderá
eventualmente relacionar-se a estação de Chibuene, acima
referida. Menciona ainda al-Idrisi a produção de ferro de grande
qualidade (aço) como um dos artigos exportados para a Índia.
Curiosamente, exemplo desta avançada tecnologia parece estar
representado pelo menos num fragmento de ferro analisado em
laboratório, derivado do espólio escavado no zimbabwe de
Manyikeni, amuralhado localizado a 50 km para o interior da
baía de Vilanculos e Chibuene (ver figura 7).
Ao século XIII correspondem novos e apreciáveis fluxos
migratórios de populações originárias da Península Arábica, a
maior parte das quais se estabelecem nos importantes entrepostos
de Zanzibar e ilha de Pemba. Neste período os principais pólos
administrativos são representados por novas dinastias políticas
fundadas em Kilwa e Mogadíscio. Da circunstância de poucas, ou
nenhumas, mulheres acompanharem os emigrantes, resultou o
facto de se ter atingido um elevado nível de miscigenação étnica
e cultural, uma das razões que está na base da emergência
do swahili. A expressão arqueológica desta unidade cultural e
linguística, essencialmente de raiz bantu mas com acentuada
influência islâmica e vocação mercantil, tem ultimamente sido
fruto de investigação mais sistemática num projecto coordenado
em Moçambique por Ricardo Teixeira Duarte, do Departamento de
Arqueologia e Antropologia da Universidade Eduardo Mondlane,
em Maputo. No âmbito do mesmo, importantes estabelecimentos
swahili na costa norte de Moçambique têm vindo a ser levantados,
nomeadamente os de Somaná, Pangane e Quisiva, que revelam
elementos arquitectónicos comuns aos dos outros centros urbanos
swahili da costa da Tanzânia e Quénia. A problemática mais vasta
das origens deste urbanismo nas costas do Índico levaram
ainda à definição de um projecto inter-regional, coordenado por
Paul Sinclair (Universidade de Uppsala e Serviço Nacional de
Antiguidades, Suécia), que agrega diversos investigadores de
Madagáscar, Comores, Somália, Quénia, Tanzânia, Moçambique
e Zimbabwe, e do qual se esperam respostas a algumas das
questões referentes ao povoamento e caracterização cultural
desta vasta e importante região, com especial incidência para o
período de transição do 1º para o 2º milénio.

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O Princípio e o Presente

Sendo a temática em questão essencialmente derivada


e acentuada pelo confronto de novos povos e expressões
civilizacionais, torna-se necessário avaliar os níveis de articulação
histórica entre o comércio internacional acima referido e as
sociedades domésticas de agricultores. No entanto, é de referir
que este processo foi facilitado pelas transformações verificadas
em finais do 1º milénio d. C., quando novas populações de
língua bantu se sobrepuseram às precedentes, constituindo
muitas delas maiores e mais complexos agregados políticos
surgidos da necessidade de se organizarem os circuitos da
produção e redistribuição do comércio local ou regional. Esta
relativa anterioridade da circulação económica regional em
relação ao comércio internacional no Índico prescreve assim
que se tenham em conta fenómenos de continuidade histórica:
o pequeno comércio incluía, pelo menos desde os séculos
VII-VIII d. C., contactos regulares entre a costa e o interior,
relações essas atestadas pela existência de missangas de vidro
e conchas marinhas no planalto zimbabweano (nomeadamente
em Makuru e Leopard’s Kopje). Mas é facto que em alguns casos,
e sobretudo a partir de cerca do ano 1000 d. C, à investida
do capital mercantil árabe na costa parece corresponder a
transformação de algumas pequenas unidades económicas
de auto-subsistência em emerentes organizações de estado.
Exemplo deste gradual desenvolvimento são os importantes
centros de Mapungubwe e Bambadyanalo, no curso médio
do Limpopo, onde, a par de sinais evidentes do incremento do
comércio com a costa (nomeadamente na troca de marfim e
ouro por missangas de vidro, panos e outros bens de prestígio),
existem indícios de uma grande preponderância da criação de
gado bovino, ambos os factores sugerindo a necessidade de
mecanismos de controle político cada vez mais elaborados. Este
processo de transformação evoluirá para a inequívoca formação
de centros e periferias económicas e administrativas no planalto
do Zimbabwe e zona costeira moçambicana entre o Limpopo e
o Zambeze, especialmente no período que decorre entre 1200
a 1500. A emergência de uma economia urbana centralizada é
especialmente evidente em Grande Zimbabwe (c. 1250-1450),
a primeira cidade da África Austral, que sabemos ter atingido o
considerável índice demográfico na ordem das 10 000 pessoas
(ver figura 8). Com ela relacionados, também outros centros
de menor aparato arquitectónico tiveram todavia expressão
histórica notável: na zona costeira destaca-se Manyikeni
(c. 1200-1650), e a partir de cerca de 1500, eventualmente
resultantes de fenómenos de desagregação ou desmultiplicação

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O Princípio e o Presente

do Estado Zimbabwe, Khami e Mutapa. Ao primeiro dos centros


correspondeu o Estado Torwa do interior oeste, e ao segundo
(igualmente conhecido pela designação de Monomotapa,
transmitida por via da documentação portuguesa) os territórios
a norte do planalto e curso médio do Zambeze, prolongando-
se até à zona costeira do centro de Moçambique. De todos os
estados afins, caracterizados pela tradição de construção dos
amuralhados de pedra «zimbabwe», o estado Mutapa é de entre
eles o de menor feição urbana, o que poderá corresponder a uma
fase de relativa desagregação do poder central de estado em face
de uma acentuada dependência externa. Estes factores poderiam
ter sido ademais agravados, a partir dos inícios do século XVI,
com os conflitos de interesse entre árabes e portugueses
pelo controle do comércio do Índico. Esta concorrência levou
particularmente os interesses portugueses a intervir de uma
forma aberta junto das fontes fornecedoras de mercadorias,
através do estabelecimento no interior de postos avançados,
como Sena e Tete. Da iniciativa resulta uma clara adulteração

Figura. 8. Grande Zimbabwe: perspectiva geral reconstruída do primeiro centro urbano da


África Austral.

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O Princípio e o Presente

das práticas mercantis até aí vigentes, contribuindo esta atitude


para a perturbação que virá a alterar, directa ou indirectamente, o
equilíbrio tradicional do poder político no seio daquelas formações
sociais.
Mas apontemos alguns dos elementos arqueologicamente
mais significativos: em Grande Zimbabwe, bem como na maior
parte dos outros centros políticos contemporâneos do período
mercantil árabe no Índico, as muralhas de pedra rodeando as
habitações da família real e dos dignitários religiosos no poder
separavam-nas simbolicamente do exterior. A importância destes
centros coordenadores do poder político e económico são
atestados pelo exotismo de alguns dos espólios arqueológicos
ali encontrados: missangas e outros objectos de vidro, cerâmica
persa e chinesa, objectos de adorno em ouro, cobre e marfim. A
diferenciação social patente no consumo dos bens de prestígio
importados reflecte-se também ao nível local, com indícios de
uma maior concentração dos mesmos nas zonas interiores dos
amuralhados ocupados pela elite dirigente. Esta, como no caso
de Manyikeni, tem igualmente uma olaria distinta e de carácter
mais elaborado, que pode indicar não só a estratificação social
como o eventual exercício do poder por uma camada etnicamente
distinta da restante massa camponesa. Igualmente diferentes
hábitos alimentares parecem ser atestadas pela maior incidência
de gado bovino e ovi-caprino consumido no interior das muralhas,
o que está em claro contraste com a ocorrência dos conjuntos
osteológicos de animais selvagens cujos restos são principalmente
numerosos nas lixeiras associadas às actividades das populações
que ocuparam o perímetro exterior do amuralhado.
No quadro evolutivo de algumas sociedades camponesas
na África Austral desde finais do 1º milénio, os factores de
consumo diferenciado acima apontados sugerem-nos uma
distinção social que procede embrionariamente da sujeição
política de comunidades estabelecidas em regiões de bons
recursos agro-minerais e caracterizadas por um considerável
índice produtivo. Esta evolução interna parece excluir a hipótese
de terem constituído os interesses mercantis árabes estímulo
único para o surgimento das diferenciações sociais especialmente
evidentes com a emergência dos primeiros estados durante o
século XIII. Mas resultante do processo externo de penetração
de uma economia mercantil que se alimenta da troca de produtos
manufacturados por matérias-primas, assiste-se gradualmente
ao aperfeiçoamento do controle político e dos mecanismos
internos de exploração do trabalho camponês, desígnios agora
voltados quase exclusivamente para a obtenção de mercadorias
que possam ser trocadas por bens de prestígio essenciais à

17
O Princípio e o Presente

manutenção da autoridade da elite local dirigente. Esta exigência


vem assim secundarizar os requisitos de auto-subsistência
das comunidades camponesas de quem depende em última
instância a reprodução social do conjunto orgânico do estado,
num encadeamento que arrasta consigo as sementes da sua
própria destruição. Deste fenómeno resulta a vulnerabilidade e
instabilidade do poder político, dele advindo o desmembramento
das formações centralizadas de estado, de que nos é já dado
conta em abundante documentação portuguesa a partir do século
XVI.

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