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D.

Sebastião I de Portugal
História:
Sebastião I de Portugal nasceu a 20 de janeiro de 1554 em Lisboa e morreu a 4 de
agosto de 1578 na guerra de Alcácer-Quibir.
Ascendeu ao trono ainda muito jovem, com apenas 3 anos de idade. Acabou por
assumir a coroa no ano de 1568, depois de completar 14 anos.
Por ter sido um herdeiro tão esperado pelo povo português, ficou conhecido como “O
Desejado”, embora tivesse outros sobrenomes, como, “O Encoberto” e “O Adormecido”.

Reinado:
Quando o seu avô faleceu, Sebastião tinha apenas 3 anos de idade e, durante a sua
menoridade, a regência de Portugal foi ocupada pela sua avó, a rainha Catarina de Áustria e,
posteriormente pelo seu tio-avô, o Cardeal D. Henrique de Évora.
Durante o curto reinado de D. Sebastião, a igreja continuou a sua ascensão. A
atividade legislativa centrava-se em assuntos do foro religioso, como, a consolidação da
Inquisição e a sua expansão até à Índia, a criação de novos bispados na metrópole e nas
colónias.

Guerra:
No ano de 1574, os turcos eram senhores de todo o norte de África, exceto Marrocos,
este estava a ser disputado por Mulei Mohammed (o xarife deposto), e o seu tio Mulei
Moluco, que contava com o apoio dos turcos. O Xarife pediu auxilio a D. Sebastião, e este
partiu assim, para a “Jornada de África”, que acabaria com a Batalha de Alcácer-Quibir.
D. Sebastião foi muito especifico acerca das suas razões para intervir em Marrocos.
Preocupava-lhe o facto que os turcos pudessem tornar Mulei Moluco (tio de Mulei
Mohammed e sultão de Marrocos desde 1576 até 1578) seu vassalo, pondo em assim em
perigo as praças portuguesas em Marrocos.
A batalha que para os portugueses ficou conhecida por Batalha de Alcácer-Quibir,
ficou para os marroquinos conhecida como a “Batalha dos três reis”, pois ali morreram os
sultões Abd al-Malik (Mulei Moluco) e Abû 'Abd Allah Mohammed al-Mutawwakil (Mulei
Mohammed) e o rei português D. Sebastião, três reis.

Desaparecimento/Morte:
A 4 de agosto, quando se deu a batalha de Alcácer-Quibir, os portugueses sofreram
uma enorme derrota às mãos do sultão Abd al-Malik, perdendo assim uma boa parte do seu
exército. Foi aqui que D. Sebastião acabou por falecer.
Conta-se, que o rei terá sido aconselhado a render-se e a entregar a sua espada aos
vencedores, mas ele terá respondido: “A liberdade real só há de perder-se com a vida.”. Estas
foram, portanto, as suas últimas palavras e, também se foi dito, que ao ouvi-las, “os
cavaleiros arremeteram contra os infiéis”.
Foi aqui, que D. Sebastião desapareceu no meio da multidão, deixando a dúvida sobre
o seu verdadeiro fim. Também há quem defenda que o seu corpo terá sido enterrado em
Ceuta, “com toda a solenidade”.
Houve quem também acreditasse que D. Sebastião teria aparecido em Itália por volta
de 1598 e terá sido preso em Veneza, Florença e Nápoles.

Consequências:
Com o desaparecimento do rei, Portugal ficou sem governante e a sua independência
foi posta em risco, criando assim, a crise dinástica de 1580.
O resgate dos sobreviventes agravou ainda mais a economia degradante em que o país
se encontrava.

Sebastianismo:
A dúvida sobre o verdadeiro paradeiro de D. Sebastião gerou um movimento, O
Sebastianismo.
O Sebastianismo foi uma crença ou movimento profético que surgiu em Portugal nos
finais do século XVI. Como não havia nenhum corpo, acreditava-se que D. Sebastião
retornaria para salvar o Reino de Portugal.
A noticia que a “Jornada de África” tinha dado errado começou a chegar a Portugal a
partir do dia 10 de agosto de 1578. Segundo Jacqueline Hermann, primeiro tentara-se
esconder o mensageiro, a fim de não alardear (exibir) a noticia entre os que tinham ficado em
Portugal.

Em Portugal:
Após a morte do rei, foi o seu tio, o Cardeal D. Henrique quem assumiu o trono. Este
ficou apenas 2 anos no poder, pois morreu em janeiro de 1580.
Portugal estava sem qualquer governante, mas um colegiado de 5 governantes
assumiu o reino. Meses depois, quem reivindicou o trono foi o Prior do Crato, D. António,
sobrinho do cardeal.
A missão de D. António foi completamente em vão, porque o trono acabou nas mãos
do rei Filipe II da casa espanhola Habsburgo.
Mesmo passados 2 anos, a esperança que D. Sebastião retornasse tinha perdurado no
reino. Vários setores da população não acreditavam na morte do rei, transmitindo a lenda que
ainda se encontrava vivo, e à espera do melhor momento para voltar. Isso ecoava uma crença
no chamado “rei encoberto”, que povoara a Península Ibérica, e que se manifestara
fortemente durante as revoltas das “Germaníadas” em Valência, durante o reinado do
Imperador Carlos V.

Impostores:
Esta crença denominada de sebastianismo, foi ainda fortemente alimentada, quando
começaram a surgir os “falsos D. Sebastião” por toda a península Ibérica.

No Brasil:
O Sebastianismo também influenciou alguns movimentos brasileiros por todo o país,
desde o Rio Grande do Sul até ao norte do Brasil, principalmente no inicio do século XX.
António Conselheiro integrou-o em alguns dos seus discursos, dizendo que D.
Sebastião iria voltar para restaurar a monarquia no Brasil.
No Nordeste destacaram-se alguns movimentos de carácter violento e político-
religioso, chefiados por lideres fanáticos. O primeiro grande movimento, “A Tragédia do
Rodeador”, foi liderado por Silvestre José dos Santos, e ocorreu num local chamado de Sítio
da Pedra. Foi destruído em 1820, e esta destruição matou 91 pessoas e feriu mais de 100.
Apesar disso, mais de 200 mulheres e 300 crianças foram aprisionadas e enviadas para
Recife (cidade).
O segundo movimento é conhecido como, “A Tragédia da Pedra Bonita”, João
Ferreira, sucessor de João António, criador da localidade de Pedra Bonita, pregava que o rei
D. Sebastião apenas voltaria de a Pedra Bonita fosse banhada a sangue. Este massacre matou
87 pessoas.

Cultura e títulos:
Em 1689, John Dryden (poeta, dramaturgo e critico inglês) escreveu a peça “Don
Sebastian, King of Portugal”, inspirado na lenda do desaparecimento do rei.
Recebeu os títulos de “sua alteza real, O Príncipe Herdeiro de Portugal” a 20 de
janeiro de 1554 e “Sua Majestade, o Rei” a 11 de junho de 1557.
Enquanto foi monarca de Portugal de Portugal, D. Sebastião foi Grão-Mestre das
seguintes Ordens:
 Ordem dos cavaleiros de Nosso Senhor Jesus Cristo;
 Ordem de São Bento de Avis;
 Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem de Snt’Iago da Espada;
 Antiga e Muito Nobre Ordem da Torre e Espada.

Retratos:
Em novembro de 2010 foi descoberto um retrato do rei, na Áustria, que tinha sido
dado como desaparecido há 400 anos. A obra é da autoria de Alonso Sánchez Coello e foi
pintado na corte portuguesa no ano de 1562.
Um outro retrato foi descoberto em Itália, cuja a autoria ainda não foi identificada.

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