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Não Diretiva em
Psicoterapia e
Psicologia Social
Max Pagès
Orientação Não-Diretiva em Psicoterapia
e em Psicologia Social
(Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ)
Pagès, Max.
P150 Orientação não-diretiva em psicoterapia e em psico-
logia social; tradução de Agenor Soares Santos. Rio de
Janeiro, Forense-Universitária; São Paulo, Ed. da Univer
sidade de São Paulo, 1976.
228p 21cm.
CDD 616.8914
301.1
CDU 615.851
76-0157 301 .151
SUMARIo
PRIMEIRA PARTE
Fundamentos da orientação não-diretiva
Capitulo I A teoria da personalidade em Rogers 41
Capitulo II Teoria da terapia 55
Capitulo 11 A noção de não-diretividade. Métodos
e técnicas de intervenção 64
Capitulo I V - Os paradoxos não-diretivos 96
Capitulo V - O processo terapêutico 104
SEGUNDA PARTE
BIBLIOGRAFIA 218
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CAPITULO IV
OS PARADOXOS NÃO-DIRETIOs
ATITUDE DO TERAPEUTTA
PERANTE OS SEUS VALORES
Os seus valores.
Já vimos que o terapeuta não pode aspirar ao desprendi-
mento do homem de ciência. Se ele é homem de
ciência, é
de maneira diferente da do homem de ciência clássico que
se esforça por separar completamente o dominio dos sentimen-
ciencia.
tos, que é o do homem privado, do domínio da
A atitude rogeriana é também diferente da do psicanalis-
a, ao menos enm certa perspectiva psicanalítica; o psicanalls
Ta se esforça por utilizar o conhecimento de seus sentimen
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confundidos em seu centro.
Sentimentos, valores, conheci-
são Os sentimentos do
mentos
são apresentados no
mesmo ato.
terapeuta não ssão fatos que ele contempla de fora e se resigna
a aceitar.
Entraneles, assume-os e os trabalha com0 seus
não verbaliza).
(trabalha, e
Na terapia, o terapeuta no é mais um terapeuta freudia-
no ou rogeriano, que desempenha um certo papel social, já
não é mesmo X ou Y, dotado de certa personalidade, desem-
nenhando certo papel pessoal, ele e uma pessoa, um eu que se
Dutras angus
Cxperiencia de si mesmo
mais superficial, a de
ooutras
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tias que recobrem a angústia fundamental
nos protegem e
de ser dominado e de dominar,
ontra
ela, o temor e o desejo
exemplo, so
nor exemplo,
pode ser ambivalente; ela é vivida ao mesmo
só pc
por angústia fundamental,
tempo
busca e
como
como recusa
da
experiëncia parcial do valor de si.
e limitada
como
Aí está o paradoxo central a partir do qual o precedente
ca aclara, assim como muitas das noções rogerianas.
com outremn?
A relaçao
Enquanto esta for fuga de mim mesmo e através de outrem
eu busco alguma união impossivel que me dispensa de mim
mesmo, me dispensa de minha solidão, a relação com
que
Outrem só pode ser ambivalente. O outrem é, então, o refle.
xo da minha angústia, de que a um temp0 eu fujo e persigo.
É a minha angústia de ser fraco que se exprime em uma força
sei que ela é minha
que amo e detesto a um tempo, porque
obra e na verdade não me protege contra a angústia. Minha
angústia de ser só, que elimino e reencontro em um amor míti-
co. A única relação não ambivalente que posso estabelecer com
outrem passa por, ou antes, existe, na aceitaç o da minha
angústia e da minha solidão, que me permite aceitar sua angús-
tia e sua solidão e, simultaneamente, o vínculo fundamental
que noS une.
É ao mesmo tempo a única condição para que eu perceba
outrem tal como ele é e cesse de nele perseguir a imagem de
mim mesmo. Neste momento, não há mais nenhum risco de
de
que eu afirme à custa de outrem nenhuma necessidade
ascese, de ""ceder lugar" a outrem renunciando ao meu. Perce
bo outrem como um ser separado e distinto de mim. Nada
tenho a pedir-lhe, nada lhe posso dar, a não ser permutar nos
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somente por sua condição comum
rados, unidos e
separados (1). serem
sem duvida, por que se pode d.
Vemos melhor, dizer
2er que a
é diferente de e mesmo
compreensão rogeriana opost à
Todo mecanismo de identificação em que há iden-
tificação. conîu.
Confu.
são entre mim e outrem e produzid0 pela angústia e
nece
riamenie ambivalente.
A empatia rogeriana se ObServa na consciência aou
da diferença, da guda dada
separação, da contingencia, individualidade
dois seres que se comunicam. É, a um tempo, percepção dos de
outrem e percepçao de mim mesmo, que não sou este
outrem
nem o serei jama1S.
E por iSso também que é um "ala.
um sentimento positivo sem emotividade. Quando esta aparece, frio",
me identifico
é sinal de que eu
No ponto em que nos encontramos, taivez possamos tam
bém esciarecer o conceit0 da neutralidade do terapeuta. Na
fundo, este conceito éé um pouco confuso. Pode designar, seja
não-seletividade, a incondicionalidade dos valores do terapeuta
(o terapeuta não estabelece "preferências nem entre as pes-
soas nem entre seus valores), se1a o nao-engajamento afetivo
do terapeuta: ele não experimenta nem sentimento positivo nem
negativo. Em geral, os dois aspectos são confundidos, em razão
da hipótese implícita de que são correlativos. Pensa-se, com
positivo é
efeito, que a unica jorma de engajamento afetivo
uma preferência, Acabamos, ao contrário, de ver, se nossas
angústia fundamental
a contra
Tanto
ao vínculo sexual quanto à agressividade; estas sao o nstula
postu
a
angústia, ao passo que, nas teorias psicanalíticas, em geral seagressivas
o invers0: a angústia é uma defesa contra pulsões sexuais ou
diferença
Ou para alguns, resulta do conflito entre as duas pulsões. Our tencial da
se prende a que, para nós, a angústia é a princípio um dado exis
(embora
situação, e noum grupo
produto da história do sujeito ou do ncontrar-se-á
101
udar se valorizacão
lraduZ por uma
di-lo a
fundo, por uma aceitação de que
dele laal como
dcle
ele . istlo e. no
ele não
O caráter paradoxal da terapia rogeriana salenão
mesm0, sem duvida,
revelação brutal doc
deste 0s muda,
olhos.
E
choea lanto e explica as reaçoes de defesa aua' paradox0 que
quando se expocm os principios desta terapia mais encontram
a contestação de habitos de pensamento e de ac inda a que
mene enra:zados. Assim, para ajudar alguém
con em forçá-lo na direçao da mudança, nem mesm
a mudarar, não
elementos dele.
Senão (se o feedback que n o sentido
imites, por conseguinte regulada.
Há, portanto,
Variação à saída), obtém-se u m efeito de amplificação. Rogers,
Vinculo entre a formulação cibernética" do pensamento de
SCrta no Capítulo I, e a que aqui propomos.
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