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REVISTA CIENTÍFICA MULTIDISCIPLINAR NÚCLEO DO

CONHECIMENTO ISSN: 2448-0959

https://www.nucleodoconhecimento.com.br

O TRANSTORNO DE ANSIEDADE (TA) NA PERSPECTIVA DA


PSICANÁLISE

ARTIGO ORIGINAL

FERREIRA, Florência Cavalcante de Sousa 1

FERREIRA, Florência Cavalcante de Sousa. O transtorno de ansiedade (TA) na


perspectiva da psicanálise. Revista Científica Multidisciplinar Núcleo do
Conhecimento. Ano 05, Ed. 12, Vol. 02, pp. 118-128. Dezembro de 2020. ISSN: 2448-
0959, Link de acesso:https://www.nucleodoconhecimento.com.br/sem-
categoria/transtorno-de-ansiedade

RESUMO

A presente pesquisa traz uma discussão a respeito do Transtorno de Ansiedade (TA)


a partir da perspectiva da psicanálise, tendo como objetivo geral: compreender os
fatores e as consequências da ansiedade na saúde do paciente. A metodologia
utilizada para a elaboração desta pesquisa foi a análise bibliográfica de abordagem
qualitativa. A pesquisa bibliográfica foi realizada a partir da pergunta norteadora: qual
a perspectiva da psicanálise a respeito da ansiedade? Para a realização da coleta de
dados, foram utilizados diversos instrumentos, como, por exemplo: livros, capítulo de
livros, artigos científicos e publicações em sites especializados no assunto. Por fim,
foi feita a leitura, análise, discussão e redação final de texto, utilizando as informações
disponíveis. Este estudo evidenciou que, segundo a psicanálise, a ansiedade tem uma
relação direta com a expectativa e a necessidade de pertencimento de algo que atuam
como gatilhos para acionar os sintomas. O estudo concluiu que, os sintomas da
ansiedade não são um desfecho do processo intrapsíquico, mas uma decorrência do
esforço do sujeito de evitar situações conflitantes e que geram problemas.

Palavras-chave: Transtorno, ansiedade, psicanálise, Freud.

1 Pós-graduada em planejamento Educacional, graduada em Pedagogia.

RC: 67515
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1. INTRODUÇÃO

A ansiedade pode ser definida como um quadro patológico que provoca no paciente
uma preocupação exagerada sobre situações do cotidiano que podem se transformar
em gatilhos de disparos para sintomas de embaraço que prejudicam a interação social
e o desempenho em público.

Segundo Castillo (2000), tanto o medo quanto a ansiedade passam a ser


consideradas como sintomas patológicos a partir do momento em que se tornam
exagerados e desproporcional em relação ao estímulo. Geralmente, essas reações se
desenvolvem em pessoas com predisposição neurobiológica herdada.

O sujeito com ansiedade passa a ter preocupações com diversas situações e


pensamentos negativos que se apresentam de maneira exacerbada. Alguns sintomas
surgem com frequência nos pacientes com ansiedade, como por exemplo, fadiga,
dificuldades de concentração, irritabilidade, falta de ar, sensação de perigo, aumento
ou queda de pressão arterial, mal-estar, entre outros.

De acordo com Castillo (2000), as pessoas com ansiedade apresentam medo com
excesso, dificuldade de relaxar e geralmente são preocupadas com o julgamento de
terceiros em relação ao seu desempenho pessoal, necessitando de estímulo para
renovar a autoconfiança.

Dessa maneira, as situações comuns do cotidiano podem se transformar em ameaças


constantes, fazendo com que o sujeito fique em estado de paralisia. A ansiedade pode
afetar o convívio do paciente que passa a evitar situações em que possa existir risco
a vida ou a segurança. Atualmente, é considerada um mal do século e se tornou objeto
de estudo de diversos especialistas em psicanálise.

Segundo Silva (2020), a psicanálise está relacionada a vida e a obra de seu fundador,
o neurologista e psiquiatra Sigmund Freud. Utilizando-se de elementos existentes a
sua volta, Freud desenvolveu suas bases teóricas sobre a mente e o comportamento
do ser humano, com o intuito de compreender a gênese da histeria, da neurose e da
psicose.

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De acordo com Silva (2020), Freud percebeu que a ansiedade é uma condição que
afeta excessivamente o ser humano, pois seus distúrbios estão associados às
reações do organismo diante de situações estimulantes, sendo um estado altamente
desgastante e que tira as pessoas do controle de suas próprias vidas.

As mudanças de comportamento do ser humano e as novas exigências do mundo


moderno, marcado pelo excesso de informações e atividades, provocam o estresse e
elevam o nível de ansiedade na maioria das pessoas e afetam o convívio social. Por
ser considerada um mal do século, a ansiedade é um assunto bastante recorrente no
meio científico e necessita o máximo de atenção e estudo.

Diante do exposto surge uma problemática: De que forma a psicanálise aborda o


Transtorno da Ansiedade?

Dessa maneira, a presente pesquisa se justifica, pois se faz necessário trazer uma
discussão sobre a perspectiva da psicanálise a respeito do Transtorno de Ansiedade
(TA), a caracterização dos distúrbios, fatores desencadeantes e mecanismos de
defesa.

Por isso, a presente pesquisa foi se torna relevante, pois busca discutir a ansiedade
numa perspectiva psicanalítica, trazendo novos elementos que possam enriquecer o
debate a respeito do tema abordado.

Com o intuito de compreender o Transtorno de Ansiedade (TA) a partir de uma


perspectiva psicanalítica, a pesquisa tem como objetivo geral: compreender os fatores
e as consequências da ansiedade na saúde do paciente. Se tratando de objetivos
específicos, podemos citar: analisar a caracterização dos distúrbios; identificar os
fatores desencadeantes; relacionar os mecanismos de defesa aos sintomas da
depressão.

A pesquisa é um estudo do tipo bibliográfico e com abordagem de variável qualitativa.


A pesquisa bibliográfica foi elaborada a partir da pergunta norteadora: como a
psicanálise aborda o Transtorno de Ansiedade (TA)? A coleta de dados foi feita
através de estudos publicados sobre o tema no período entre 2010 e 2020. Após a

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coleta de dados, foi feita a seleção de estudos para análise completa do conteúdo, a
leitura analítica dos textos, o fichamento das principais informações, análise e
discussão dos resultados e, por fim, a redação final do texto.

2. O TRANSTORNO DE ANSIEDADE (TA) DE ACORDO COM A


PSICANÁLISE

Dentro dessa perspectiva, discutir a o Transtorno de Ansiedade (TA)a partir de uma


ótica psicanalítica “é um retorno à subjetividade, ao questionamento, à complexidade.
O que caracteriza a psicanálise é a investigação da subjetividade, e o seu rigor é dado
pela fidelidade aos seus pressupostos [...]” (PERES, 2018, p 13).

Silva (2020) corrobora que, a ansiedade sempre desafiou a compreensão teórica pois
se trata de um fenômeno bastante comum dentro da atividade clínica, sendo
necessário encontrar ideias abstratas corretas para que sejam aplicadas ao objeto de
observação com clareza.

Dessa maneira, Lent (2010) apud Silva (2020, p. 08) afirma que:

[...] o termo ansiedade é usado para se referir a um estado de tensão ou


apreensão devido a uma expectativa. Esta manifestação é uma reação
normal. Contudo, quando provoca sofrimento, passa a ser considerada
patológica, pois chega a provocar distúrbios orgânicos.

Percebe-se que o nível de intensidade do fenômeno é um fator de risco que pode


alterar o bem-estar da pessoa, provocando sintomas que podem desencadear
sofrimento psíquico e prejudicar o convívio do sujeito.

Neste sentido, “indivíduos ansiosos são capazes de selecionar certos objetos em seu
ambiente e ignorar outros, na tentativa de provar que estão certo ao considerar a
situação, muitas vezes inofensiva, amedrontadora [...]” (PERES, 2018, p. 11).

Desse modo, a antecipação de um evento futuro de forma temorosa gera instabilidade


psíquica, principal característica da ansiedade. Podemos dizer que se trata de um
estado de tensão diante de alguma expectativa. O que pode ser considerado normal

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se não houve sofrimento. Porém, esta manifestação se torna patológica quando


provoca algum tipo de distúrbio no sujeito.

De acordo com Silva (2020), Freud dividiu a ansiedade em três categoria: Realista,
Moral e Neurótica. Dessa maneira, a primeira se refere ao medo de algo existente no
mundo exterior. Já a segunda, se trata de um medo se ser punido pelo sentimento de
culpa. Por fim, a terceira está relacionada ao medo sem objeto reconhecido, ou seja,
um temor de algo que pode ou não existir.

A ansiedade pode ser considerada como um sinal indicador para o organismo de


necessidade de levantar defesas psicológicas. Dessa maneira, “a ansiedade
representa um papel central no funcionamento do aparelho psíquico” (SILVA, 2020,
p. 09). Neste sentido:

Sigmund Freud salienta que a ansiedade é consequência de traumas da


infância que foram rechaçados pelo Ego como um mecanismo de defesa
para a evitação da dor. O autor também salienta a relação entre
desamparo e a angústia de castração, onde a privação ou perda do
objeto equivale à separação da mãe, fazendo com que o indivíduo
vivencie a sensação do desamparo devido à sua necessidade pulsional,
como no nascimento. (OLIVEIRA; SANTOS, 2019, p. 34)

Portanto, é preciso reconhecer que o fenômeno vai além de processos neuroquímicos


como defende o discurso médico científico diante do diagnóstico de Transtorno de
Ansiedade (TA).

Utilizando-se da referência freudiana, os autores afirmam que a ansiedade também


pode ser um resultado de libido contida, seja pelos desejos não realizados, ou pelas
experiências traumáticas ocorridas na infância e que se manifestam na fase adulta em
forma de sintomas.

Por isso, discutir a ansiedade a partir de uma perspectiva psicanalítica é, segundo


Peres (2018, p. 75),“uma forma de ‘subjetivar o diagnóstico’, através do retorno à
subjetividade, ao sujeito, à fala, ao seu corpo, que é marcado por questões psíquicas,
sociais e culturais, e não somente biológicas”.

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Os transtornos de ansiedade, foram divididos em cinco categorias: transtorno de


pânico (TP), fobias, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno de estresse
pós traumático e transtorno de ansiedade generalizada (TAG), sendo, portanto, um
assunto complexo e que necessita de uma análise psicanalítica (SILVA, 2020).

Por fim, Peres (2018) afirma que, a ansiedade é definida pela psicanálise como uma
tentativa do sujeito de encontrar solução para seus conflitos psíquicos, por isso, as
pessoas com esse tipo de transtorno evita situações temidas ou as suportam com
muito medo e insegurança.

2.1 A CARACTERIZAÇÃO DOS DISTÚRBIOS DO TRANSTORNO DE


ANSIEDADE (TA)

Os distúrbios de ansiedade “estão relacionados a um grupo de respostas emitido pelo


organismo diante de estímulos ou situações” (MONTIEL, 2014, 172). É importante
destacar que, a ansiedade faz parte das reações normais do sujeito diante de
estímulos reais e de situações de perigo existente, porém, se torna patológica quando
essa reação é desproporcional à situação que a provoca.

A ansiedade pode ser considerada um estado emocional que envolve componentes


fisiológicos e, sobretudo, psicológicos, tendo como característica a reação autônoma
e as sensações subjetivas de antecipação.

Os distúrbios de ansiedade são definidos em função de diferentes


características, de acordo com o tipo de suas manifestações episódica
ou persistentes, sobre os fatores desencadeantes, problemas físicos ou
psicológico e se estão ou não associados a outros transtornos mentais
ou comportamentais. (MONTIEL, 2014, p. 173)

Partindo do pressuposto da “subjetivação o diagnóstico” a partir da psicanálise,


podemos dizer que a compreensão dos distúrbios de ansiedade está fundamentada
no processo de análise das informações, considerando a complexidade do fenômeno
observado.

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Dessa maneira, os distúrbios de ansiedade devem ser tratados como componentes


do estado emocional do sujeito, pois a ansiedade “revela um estado de desprazer
onde se dão momentos de descarga os quais existe a percepção destes” (OLIVEIRA;
SANTOS, 2019, p. 36).

Segundo Montiel (2014), pessoas que desenvolvem transtornos de ansiedade


possuem elementos cognitivos vulneráveis e catastróficos pré-existentes que podem
contribuir para o surgimento de sintomas. Esses pressupostos levam o sujeito a
estabelecer regras inapropriadas e desenvolver sintomas de vulnerabilidade.

Percebe-se que, os pensamentos catastróficos precedem o comportamento, porém,


são inadequados à realidade, o que leva o sujeito a alterar sua percepção sobre a
intensidade do estímulo e a natureza da situação vivenciada. Essa situação pode
paralisar o sujeito ou fazer com que este passe a agir de maneira caótica, prejudicando
ações e o convívio.

Conforme Montiel (2014, p. 173):

Nos distúrbios de ansiedade a auto-imagem é distorcida, o meio


ambiente é considerado como apresentando situações de risco, o futuro
é caracterizado como algo incerto, fora de seu controle e como estando
além das suas habilidades em lidar com tais situações.

Tais distúrbios podem fazer com que o sujeito desenvolva uma posição reativa e uma
evitação fóbica, afastando-se de situações que possam provocar possíveis problemas
e até risco à segurança pessoal. Desse modo, “situações rotineiras podem apresentar-
se como ameaças constantes, fazendo com que o ansioso se encontre em um estado
paralisante” (OLIVEIRA; SANTOS, 2019, p. 35).

A partir dos estudos analisados, podemos perceber que as principais características


dos distúrbios de ansiedade são as expressões inadequadas de medo excessivo e os
padrões de pensamentos catastróficos que provocam comportamentos
desadaptativos, ou seja, comportamentos adquiridos na infância e que quando adultos
se tornam disfuncionais, provocando sofrimento no sujeito.

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2.2 OS FATORES DESENCADEANTES DO TRANSTORNO DE


ANSIEDADE (TA) E OS MECANISMOS DE DEFESA

No princípio, Freud considerava a ansiedade um fenômeno natural e acreditava que


era resultado de fatores herdados biologicamente, sendo um aspecto vital para a
sobrevivência humana. Entretanto, em seguida ele reformulou sua teoria e procurou
explicar a importância e o lugar da ansiedade na vida psíquica do sujeito (OLIVEIRA;
SANTOS, 2019).

Segundo os autores anteriormente citados, alguns fatores rotineiros como, por


exemplo, o desamparo social e a necessidade de ser aprovado ou pertencer algum
grupo ou classe, podem provocar gatilhos para o surgimento de sintomas relacionados
ao medo e à insegurança.

Ainda se tratando de fatores desencadeantes da ansiedade, vale destacar que, “é


bem provável que as causas precipitantes imediatas das repressões primitivas sejam
fatores quantitativos, como uma força excessiva e o rompimento do escudo protetor
contra os estímulos” (OLIVEIRA; SANTOS, 2019, p. 40).

As repressões primitivas podem se manifestar a partir de duas situações distintas:


“quando um impulso instintual desconfortável e de grande mal-estar é provocado pela
percepção do externo ou quando surge sem qualquer provocação (OLIVEIRA;
SANTOS, 2019, p. 40).

Podemos perceber que, as repressões primitivas acontecem devido aos mecanismos


de defesas do organismo diante dos estímulos externos existentes, ou seja, a tentativa
do ego de solucionar os impulsos provocados pela exposição ao fenômeno
desencadeante.

Segundo Silva (2020), os mecanismos de defesas são reações protetivas diante dos
possíveis estímulos, fazendo com que o sujeito passe a tomar medidas defensivas
exageradas, o que afeta seu comportamento e, consequentemente, seu convívio com
outras pessoas.

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Um mecanismo de defesa é uma manipulação da percepção que tem


como intuito proteger o indivíduo da ansiedade. A percepção pode ser
de episódios internos, tais como os sentimentos e impulsos, ou de
episódios exteriores, tais como os sentimentos dos outros ou as
realidades do mundo (SILVA, 2020, p. 10).

A partir da bibliografia analisada e de acordo com o vocabulário psicanalítico,


podemos descrever os mecanismos de defesas mais comuns entre o ser humano:
mecanismos de defesas psíquicas e sensoriais.

Segundo Silva (2020), são os mecanismos de defesas psíquicas: Regressão,


Recalque, Isolamento, Formação Reativa, Identificação, Projeção e Sublimação.

A regressão “dá-se esse termo, ao processo que conduz a atividade psíquica, a uma
forma de atuação já superada, evolutiva e cronologicamente mais primitiva do que a
atual” (SILVA, 2020, p. 10).

O recalque, de acordo com Silva (2020), é a intervenção pela qual o sujeito procura
afastar ou manter no inconsciente as representações associadas a uma pulsão, como,
imagens, pensamentos e recordações.

O isolamento “faz com que se considera separado aquilo que a realidade permanece
unido, exemplo, quando da relação entre a cena traumática, o conflito ou o desejo
recalcado e o sintoma que foi reprimido” (SILVA, 2020, p. 10).

Outro mecanismo de defesa é a formação reativa. Segundo Silva (2020), trata-se de


uma proteção da ansiedade a partir da manipulação da percepção interna, fazendo
com que, o sujeito perceba de forma equivocada um sentimento exatamente oposto
ao seu.

A identificação, outro mecanismo de defesa citado por Silva (2020, p. 11), “representa
a forma mais arcaica de uma vinculação afetiva. Consiste em transferir as
representações do objeto para o eu/self. A identificação pode ser parcial ou total”. A
autora complementa ainda que a identificação pode ser: projetiva, introjetiva e por
deslocamento.

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Já a projeção é uma “operação na qual o sujeito expulsa de si e localiza no outro tudo


aquilo que é seu: qualidades, sentimentos, desejos que ele desconhece ou recusa.
Trata-se de uma defesa de origem arcaica” (SILVA, 2020, p. 11).

Vale destacar que a projeção é um mecanismo em que o sujeito passa a atribuir suas
próprias qualidades negativas a um objeto externo, como se fosse realmente uma
característica do objeto. De acordo com o estudo analisado, as formas de projeção
mais comuns são: depositada, fantasias projetivas, generalização projetiva,
pensamento reverberante e transferência de culpa.

Por fim, a sublimação consiste:

[...] na adaptação lógica e ativa as normas do meio ambiente, com


proveito para nós mesmos e para a sociedade, dos impulsos de id, re-
chaçados como tais pelo eu/self, numa função harmoniosa com o
superego. Isto se constitui uma forma de satisfação, visando o social.

A partir das informações, podemos perceber que, os mecanismos de defesas


psíquicas estão relacionados a tentativa do ego de manter o sujeito afastado do perigo
com o mínimo de estímulo possível e impedir que este seja dominado pelas três
variedades de ansiedade descritas anteriormente: realista, moral e neurótica.

Já os mecanismos de defesas sensoriais estão relacionados aos ajustes fisiológicos


que extrapolam os limites do Sistema Nervoso Autônomo e atingem o sistema
imunitário e endócrino.

Para exemplificar, Silva (2020) diz que, a glândula supra renal (localizada numa região
do corpo próxima aos rins), tem ligação direta com o Sistema Nervoso Autônomo
(hipotálamo, hipófise e medula espinhal) e por isso, o comando dessa glândula é um
mecanismo de defesa sensorial da ansiedade.

A autora corrobora que: “devido a ativação do eixo simpático, a adrenalina produzida


pela medula das glândulas suprarrenais, entra na circulação sanguínea e provoca
taquicardia e constrição dos vasos sanguíneos periféricos” (SILVA, 2020, p. 12).

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De acordo com Silva (2020), é importante destacar que, enquanto a medula das
glândulas suprarrenais produz adrenalina, o córtex dessas glândulas libera cortisol,
mais conhecido como o hormônio do estresse, que, quando produzido em
quantidades adequadas contribui na adaptação de situações estressantes, porém,
quando em excesso, pode provocar o aumento da pressão arterial, baixa imunidade
e déficit de memória.

Portanto, tanto os mecanismos de defesas psíquicas quanto sensoriais, agem no


organismo como reações de proteção diante dos estímulos, o que leva o sujeito a agir
de forma defensiva, afetando, sobretudo, o comportamento e o convívio com o meio
social.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo evidenciou que, a ansiedade é uma reação defensiva do organismo, ou seja,


uma espécie de sinal de alerta diante dos estímulos existentes e dos perigos
iminentes, sejam reais ou imaginários. Além disso, a ansiedade leva o sujeito a tomar
medidas de proteção para enfrentar uma ameaça, caracterizando-se como uma
resposta a uma ameaça vaga ou sem origem objetiva.

A ansiedade pode prejudicar a capacidade do sujeito de discriminar situações,


fazendo com que este selecione e exclua objetos ao seu redor apenas com o intuito
de provar que estar certo ao ponderar a situação como perigosa. Neste sentido, Silva
(2020) afirma que a ansiedade pode levar o sujeito a fazer generalizações ou
considerar determinadas situações de maneira excessiva e mal adaptada.

Já os distúrbios de ansiedade estão relacionados às respostas emitidas pelo


organismo diante de situações que geram temor o risco a vida do sujeito e são
definidos a partir de suas características e do tipo de manifestação (episódica ou
persistente) diante dos fatores desencadeantes.

A partir da bibliografia analisada foi constatado que os distúrbios podem provocar


preocupações excessivas diante de determinadas situações corriqueiras,

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comprometendo, de maneira significativa, a qualidade de vida do sujeito e seu


convívio social.

A pesquisa constatou também que, o Transtorno de Ansiedade (TA) tem como fatores
desencadeantes, o desamparo social, a necessidade de pertencimento de grupo e de
aceitação pessoal. Esses fatores disparam gatilhos para o surgimento de sintomas
associados ao medo.

Portanto, podemos dizer que, a maior contribuição da psicanálise para a compreensão


do Transtorno de Ansiedade (TA) foi sem dúvida o retorno à subjetividade, ao
questionamento e à complexidade, ou seja, a “subjetivação do diagnóstico”. O sujeito
voltou ser considerado como um todo, seu eu, sua fala, seu pensamento, seu
comportamento, seu corpo e etc. Um sujeito marcado por questões sociais,
econômicas, culturais, psíquicas e não somente biológicas.

REFERÊNCIAS

BUENO, Laura de Oliveira. A ansiedade em situações escolares. Monografia


(Especialização em Psicologia Escolar) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS). Porto Alegre: UFRGS, 2011, 33 p. Disponível em:
<https://lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/62113/000867504.pdf?sequence=1&is
Allowed=y>. Acesso em: 21 out. 2020.

CASTILLO, Ana Regina Geciauskas Lage. et al. Transtornos de ansiedade. Revista


Brasileira de Psiquiatria, 22 (Supl. II), p. 20-3, 2000.Disponível em:
<https://www.scielo.br/pdf/rbp/v22s2/3791.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.

MONTIEL, José Maria; BARTHOLOMEU, Daniel; MACHADO, Afonso Antonio;


PESSOTTO, Fernando. Caracterização dos sintomas de ansiedade em pacientes com
transtorno de pânico. Boletim Academia Paulista de Psicologia, v. 34, n. 86, 2014,
p. 171-185.Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-
711X2014000100012&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 21 out. 2020.

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OLIVEIRA, Karina Marques Ferreira de; SANTOS, José Wellington dos.


TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA EM ADULTOS – UMA VISÃO
PSICANALÍTICA. Revista Científica Eletrônica de Psicologia. 33ª Ed. Garça-SP:
FAEF, v. 33, n. 01, p. 33-46, 2019. Disponível em:
<http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/FYY6Zr6VVlSRzo9_2
020-1-18-8-48-55.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.

PERES, Karoline Rochelle Lacerda. Transtorno de Ansiedade Social: psiquiatria e


psicanálise. Dissertação (Mestrado em Psicologia Clínica) Universidade de São
Paulo (USP). São Paulo: USP, 2018, 80 p. Disponível em:
<https://teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47133/tde-26102018-
165234/publico/peres_me.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.

SILVA, Maria Bernadete Lima Maia. As contribuições da Psicanálise na Neurometria


Funcional no controle da ansiedade. Revista Científica de Neurometria, Ano 4 -
Número 6 - abril de 2020. Disponível
em:<https://www.neurometria.com.br/article/vol6a1.pdf>. Acesso em: 21 out. 2020.

VIANA, Milena de Barros. Mudanças nos conceitos de ansiedade nos séculos XIX
e XX: da “Angstneurose” ao DSM-IV. Tese (Doutorado em Filosofia) – Universidade
Federal de São Carlos (UFSCar). São Carlos: UFSCar, 2010, 204 p. Disponível em:
<https://repositorio.ufscar.br/bitstream/handle/ufscar/4780/3194.pdf?sequence=1&is
Allowed=y>. Acesso em: 21 out. 2020.

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