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Panorama dos tratamentos baseados em

evidências para o comportamento suicida


Ramiro Figueiredo Catelan
ramirocatelan
sintesespsi

Psicólogo (CRP 07/26017) - Porto Alegre/RS


Psicoterapeuta e supervisor clínico
Terapeuta certificado e membro do grupo de doutores da Federação Brasileira de Terapias
Cognitivas (FBTC)
Especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental (CEFI)
Especialista em Psicologia Clínica (CFP)
Treinamento Intensivo em DBT (Behavioral Tech, EUA)
Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências (InPBE)
Formação em Terapia Cognitiva Sexual (Aline Sardinha)
Mestre em Psicologia Social e Institucional (UFRGS)
Doutor em Psicologia (PUCRS)
Sócio da Sínteses - Centro de Psicologia Baseada em Evidências
Pesquisador de Pós-Doutorado do Instituto de Psiquiatria da UFRJ
Pesquisador de Pós-Doutorado do Departamento de Bioquímica da UFRGS
Integrante do International Consortium for Maladaptive Daydreaming Research (ICMDR)
Diretor de Diversidade, Equidade e Inclusão da International Society for Maladaptive
Daydreaming (ISMD)
Integrante da Society of Clinical Psychology (Division 12) da American Psychological Association
Integrante da World Professional Association for Transgender Health (WPATH)
Membro Fundador e Primeiro Tesoureiro da Associação Brasileira de Psicologia Baseada em
Evidências (ABPBE - Gestão 2022-2023)
ATENÇÃO
ESTE CONTEÚDO PODE SER SENSÍVEL PARA ALGUMAS PESSOAS. CASO
PERCEBA ALGUMA ATIVAÇÃO OU DESCONFORTO, INDICO ENTRAR EM
CONTATO COM O CVV (CENTRO DE VALORIZAÇÃO A VIDA), SERVIÇO
GRATUITO E 24H PARA APOIO EMOCIONAL E PREVENÇÃO DO SUICÍDIO.

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Conceitos
IDEAÇÃO SUICIDA TENTATIVA DE SUICíDIO
Pensamentos de morte Tentativa planejada ou
que podem ou não estar impulsiva que por algum
acompanhados de plano. motivo não foi consumada.

AUTOLESÃO SUICíDIO
"Automutilação" é um termo Tentativa
impróprio para se referir a atos consumada.
de agressão autoinfligida. (Zortea et al., 2020)
questão multifatorial
Transtorno mental associado
Fatores biológicos, culturais,
a outros fatores.
psicológicos e sociais: raça,
(Botega et. al, 2006)
classe, orientação sexual,
status geracional etc.
(Carvalho et. al., 2013)

Relacionamento familiar
(presença de conflitos e práticas Dor emocional e a
parentais negativas como desesperança - variáveis
invalidação e negligência). de impacto na
(Franck et al., 2020)
ideação suicida.
(Klonsky et
al. 2018)
Principais resultados
Os fatores de risco existentes são fracos e imprecisos em prever
pensamentos e comportamentos suicidas.
Diagnósticos com base em fatores de risco e proteção apresentaram precisão
pouco acima do acaso (e.g. cara ou coroa!).
Longos intervalos entre fatores de risco e variáveis de suicídio não aumentam
poder preditivo.
Nossa capacidade de prever pensamentos e comportamento suicidas não
melhorou/evoluiu nos últimos 50 anos (= 1965).
Categorias de fatores de risco tem se tornado cada vez mais homogêneas e
sobrepostas.
Nenhuma categoria de fator de risco ou subcategoria é substancialmente
mais forte na predição que qualquer outra.
Não há nenhuma evidência convincente de que qualquer variável específica
de suicídio (i.e. pensamento, plano, comportamento etc.) esteja associada a
um conjunto específico de fatores de risco.
Fatores de proteção raramente são estudados e geralmente são fracos em
predição.
Grupos de vulnerabilidade
Comparando 214.344 pessoas heterossexuais a 11.971 não-heterossexuais, King et al. (2008)
apontaram que minorias sexuais apresentam uma chance duas vezes maior de tentativas de suicídio.
Meta-análise com dados de 54 pesquisas sobre autolesão sem intenção suicida entre lésbicas, gays,
bissexuais e transgêneros (Liu et al., 2019). Alta prevalência ao longo da vida desse comportamento
em minorias sexuais (29,68%) e minorias de gênero (46,65%), enquanto entre pessoas heterossexuais
e/ou cis, a prevalência foi de 14,57%.
Na faixa etária acima dos 50 anos, quando comparados a indivíduos heterossexuais, indivíduos não-
heterossexuais tem 4,5 vezes mais chance de apresentar ideação suicida. Entre os que apresentam
ideação suicida, não-heterossexuais tem 17,2 vezes mais prevalência de planos suicidas em
comparação a heterossexuais (Capistrant & Nakash, 2019).
67,20% dos indivíduos transgênero apresentaram sintomas depressivos, 67,72% ideação suicida e
43,12% tentativa de suicídio (Chinazzo et al., 2020).
Grupos de vulnerabilidade

A taxa ajustada de mortalidade por suicídio entre indígenas é 4,4 vezes superior a dos não indígenas
no estado do Amazonas (Souza & Orellana, 2013).
A taxa de mortalidade por suicídio aumentou de 3,5 óbitos em 1990 para 5,3 óbitos/100 mil
habitantes em 2015 quando, a cada 64 minutos, uma morte foi registrada (Palma et al. 2020).
Houve predominância de óbitos masculinos em todos os períodos, e as variáveis idade e raça/cor
apresentaram alterações.
Alta taxa de mortalidade entre jovens e indígenas foi observada no último triênio.
As taxas altas, que se concentravam no Sul, se dispersaram para outras regiões, especialmente
muito altas no sul de Mato Grosso do Sul.
Altas taxas entre desempregados e com baixa escolaridade (Félix et al., 2016).
TRATAMENTO
Resultados
Hospitalização: tratamentos mostraram eficácia na redução de hospitalizações, de forma
geral.
Ideação suicida: tamanho de efeito das intervenções se mostrou bastante reduzido,
embora significativo.
Tentativa de suicídio: tratamentos não mostraram efeito significativo na redução de TS.
Morte por suicídio: intervenções não mostraram resultado significativo na redução de
mortes por suicídio.
Os efeitos gerais de intervenção foram pequenos em todos as variáveis de explicação.
O número de estudos aumentou exponencialmente ao longo de cinco décadas, mas a
eficácia da intervenção não mostrou melhora.
Todos os tipos de intervenção para suicídio resultaram em efeitos pequenos, e nenhuma
intervenção foi significativa e consistentemente mais forte do que qualquer outra.
Resultados
A DBT não reduziu significativamente ideação suicida, tentativas de suicídio ou autolesão
não-suicida.
TCC reduziu variável de explicação mista "suicidalidade" e ideação suicida.
TCC não reduziu significativamente tentativas de suicídio ou morte por suicídio.
Os resultados mostraram que os efeitos da intervenção foram igualmente pequenos para
intervenções que visam principalmente psicopatologia ou suicídio.
Nenhum tipo de alvo de intervenção foi associado a grandes ou mesmo moderadas
reduções em suicídio. Isso significa que nenhuma das abordagens funcionou bem.
Não há evidência robusta de intervenção altamente eficaz para suicídio e não há evidência
consistente de que intervenções específicas funcionem muito melhor para certos
fenômenos de suicídio ou para certas populações.
ORIENTAÇÕES
(Zortea et al., 2020)
HISTÓRIA DE PENSAMENTOS E COMPORTAMENTOS SUICIDAS
(1) Você já tentou se suicidar ou tentou suicídio?
(2) Você já pensou em tirar a própria vida, mas nunca tentou fazer
isso?
(3) Você já perdeu alguém por suicídio?
(4) Você já se machucou sem a intenção de morrer?

IDEAÇÃO SUICIDA
(1) Quando você começou a pensar em suicídio?
(2) Com que frequência você pensa em suicídio?
(3) Quanto tempo esses pensamentos duram?
(4) Quando / em que situações esses pensamentos geralmente
surgem?
(5) O que você faz quando tem esses pensamentos?
INTENÇÃO SUICIDA E PREPARAÇÃO
(1) Você fez um plano para se matar? Se sim, diga-me os detalhes.
(2) Você fez alguma preparação? Se sim, diga-me os detalhes.
(3) Qual é a probabilidade de você realizar seu plano?

ACESSO AOS MEIOS


(1) Você tem acesso aos métodos para uso em uma tentativa de suicídio? Se sim,
quais são e onde estão?

EVENTOS ESTRESSORES E ESTRATÉGIAS DE COPING


(1) Você experimentou algo especialmente estressante recentemente?
(2) Quando você está se sentindo angustiado ou emocionalmente mal,
como você lida com isso?
PLANO DE SEGURANÇA

(Zortea et al., 2020)


Reconhecendo os gatilhos e o contexto
(1) Detalhe os sinais de alerta: quais são os pensamentos, humores, imagens,
comportamentos, contexto e outros gatilhos que indicam que uma crise pode estar se
desenvolvendo?
Uso de estratégias de enfrentamento individuais
(2) Liste as atividades que o paciente pode fazer para regular suas emoções e pensamentos
sem entrar em contato com outra pessoa (por exemplo, distrações, técnicas de relaxamento,
atividade física).
Interação com pessoas e ambientes sociais que proporcionam distração
(3) Liste os nomes e dados de contato de pessoas e locais que podem proporcionar
distração, sem revelar os sentimentos e pensamentos suicidas.
Contato com pessoas que podem fornecer ajuda
(4) Liste os nomes e detalhes de contato de pessoas fechadas (por exemplo, família e
amigos) com quem o paciente se sente confortável para revelar e falar sobre seus
sentimentos e pensamentos de suicídio.
Reconhecendo os gatilhos e o contexto
(1) Detalhe os sinais de alerta: quais são os pensamentos, humores, imagens,
comportamentos, contexto e outros gatilhos que indicam que uma crise pode estar se
desenvolvendo?
Uso de estratégias de enfrentamento individuais
(2) Liste as atividades que o paciente pode fazer para regular suas emoções e pensamentos
sem entrar em contato com outra pessoa (por exemplo, distrações, técnicas de relaxamento,
atividade física).
Interação com pessoas e ambientes sociais que proporcionam distração
(3) Liste os nomes e dados de contato de pessoas e locais que podem proporcionar
distração, sem revelar os sentimentos e pensamentos suicidas.
Contato com pessoas que podem fornecer ajuda
(4) Liste os nomes e detalhes de contato de pessoas fechadas (por exemplo, família e
amigos) com quem o paciente se sente confortável para revelar e falar sobre seus
sentimentos e pensamentos de suicídio.
Contato com profissionais de saúde, agências ou instituições que podem ajudar
(5) Liste os nomes e detalhes de contato de médicos, linhas diretas de suicídio e
departamentos de emergência que podem fornecer ajuda durante uma crise suicida.
Tornar o ambiente do indivíduo seguro
(6) Discuta com a pessoa e familiares ou pessoas próximas sobre a redução do acesso a
meios letais de suicídio (por exemplo, remover armas de fogo, reduzir a quantidade de
medicamentos disponíveis).
Razões para viver
(7) Liste os nomes das coisas que são positivas para a pessoa e representam as razões
pelas quais elas estão vivas.
Follow-up
(1) Estabeleça compromissos de acompanhamento para atualizar as avaliações clínicas e
revisar a implementação do plano de resposta e segurança à crise.
(2) Entre em contato com o paciente por meio de ligações, cartas ou cartões postais para
demonstrar a disponibilidade de assistência médica e suporte.
MUITO, MUITO
OBRIGADO! 
ramirocatelan@gmail.com sintesespsi@gmail.com
(51) 99155-5327 (51) 99475-3169
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