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Curso Psicologia 2022.

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Disciplina: Estágio Específico Psicologia Organizacional e do Trabalho
Aluna: Rayra Brielly Monte Alverne Nunes
Prof. Me. Elder

EDUCAÇÃO EM SAÚDE DO TRABALHADOR


Modelo Produção Material Informativo setembro Amarelo

Definição geral suicídio e suas gradações

 O suicídio é definido como o ato de o indivíduo retirar a própria vida, sendo essa prática presente
em diversas culturas, a qual tem seus determinantes e motivadores compreendidos de formas
distintas ao longo do tempo (Colucci & Lester, 2012). O suicídio é uma característica humana
complexa, que, nas últimas décadas, tornou-se um grave problema de saúde pública em todo o
mundo (LOUZÃ NETO; ELKIS, 2007).

 Segundo a OMS (2003), o suicídio é um ato intencional de um sujeito para aniquilar sua
própria vida. De acordo com Organização Mundial da Saúde (2003), o suicídio é uma questão de
saúde pública, que constitui uma das causas mais comuns de mortes, sendo a terceira causa
entre a faixa de 15 a 44 anos. Conforme a Organização, aproximadamente um milhão de pessoas
morrem no mundo em virtude do suicídio, ocorrendo um fato a cada quarenta
segundos.

Contextualização da Relação Suicídio-Trabalho

 A relação entre suicídio e trabalho vem sendo evidenciada com as mortes


e tentativas de suicídio acontecendo no local de trabalho, mensagens brutais dirigidas à
comunidade laboral, um convite para a sociedade refletir sobre o sofrimento. Posto que esse é um
tema tabu, pactuado pelo silêncio no núcleo das organizações e instituições, torna-se complexo
estabelecer o vínculo do trabalho com o suicídio, ainda que este seja um problema social em
ascensão e mereça notoriedade pública e científica (Sznelwar, Lancman, & Uchida, 2010).

 Não é possível ignorar que a organização do trabalho, modo operatório prescrito, tenha impactos
diretos na subjetividade do trabalhador, assim como, não é possível velar fatores que envolvem o
trabalho no desdobramento do suicídio.

 Voltando-se especificamente para a análise do suicídio nos contextos de trabalho, nota-se na


contribuição de Dejours (1997) uma leitura do fenômeno com maior ênfase em aspectos subjetivos
do trabalhador, os quais são mediados pelas desiguais e perversas relações laborais provenientes de
políticas neoliberais que incidem na precarização dos contextos e do significado do próprio
trabalho. Nessa interpretação, para Dejours (2010), por meio da psicodinâmica do trabalho, o
suicídio no trabalho pode ser analisado estruturalmente ou em uma dimensão sociogenética,
sempre apontando para o cenário de rivalidade, competição e avaliação providenciado pelas
organizações sobre a produtividade do trabalhador.

 Em relação às categorias profissionais, a existência de associação entre suicídio no trabalho e


profissionais da área da saúde e segurança parece se explicar pelo lugar social que ocupam. Esses
profissionais enfrentam situações conflitantes e dilemáticas na maior parte do tempo que os
colocam constantemente entre dinâmicas sociais contraditórias, como: pertencimento vs. exclusão,
saúde vs. doença, o que, em síntese, resume-se na dualidade existente entre vida e morte.

 Em conjunto com as questões do plano subjetivo, é provável que o contexto de trabalho altamente
sobrecarregado de tarefas, alta exigência e ansiedade depositada para manutenção da ordem social
nas instituições de saúde e militares levem esses profissionais a condições estressoras de trabalho
que implicam risco aumentado para suicídio no trabalho nesses grupos.

Fatores de risco individuais e relacionados ao trabalho

 Existem fatores que aumentam o risco de suicídio, dentre eles:

1- História de tentativas anteriores de suicídio: Corresponde ao de maior fator preditivo.


Um risco aproximadamente 100 vezes maior comparado a população geral.
2- Transtornos psiquiátricos: Cerca de 90% dos pacientes que tentam suicídio têm um
distúrbio psiquiátrico. Os mais associados são: depressão, transtorno bipolar,
transtornos de personalidade, abuso de substâncias e esquizofrenia, sendo que a
comorbidades tem o pior prognóstico.
3- História de abuso físico ou sexual: Está associado a maior risco de suicídio, assim como
outros eventos adversos na infância como pais divorciados ou transtorno psiquiátrico
familiar.
4- Desesperança e impulsividade: A desesperança pode persistir mesmo quando outros
sintomas de depressão tenham remitido. A impulsividade está associada a ação de
pensamentos suicidas.
5- Idade, Sexo e Raça: O risco aumenta com o aumento da idade, no entanto, os adultos
jovens tentam o suicídio mais frequentemente do que os adultos mais velhos.
6- Estado Civil: O maior risco ocorre entre aqueles que nunca se casaram.
7- Orientação para homossexuais, lésbicas ou bissexuais, ou identidade transgênero ou
não-conforme com o gênero: Relaciona-se a dificuldade de aceitação, principalmente
pela discriminação e preconceito ainda existentes na sociedade, sobretudo em meios
mais conservadores.
8- Ocupação: O suicídio pode ser maior em pacientes que atuam em ocupações não
qualificadas do que em profissões qualificadas. É maior em pessoas desempregadas.
9- Saúde: O risco aumenta com doenças físicas como câncer, DPOC, DAC, diabetes
mellitus, AVC, entre outras.
10- Dor crônica: Independente de outros fatores duplica o risco de comportamentos
suicidas.

 Situações negativas recorrentes no cenário do trabalhador são fatores de inclusão para


estressores mentais, que podem influenciar o pensamento suicida e o suicídio, os quais se
destacam, por exemplo: assédio ou bullying; depressão; Síndrome de Burnout; condições
do ambiente de trabalho; excesso de horas, entre outros. Assim, em uma perspectiva mais
ampla, relacionada à saúde do trabalhador, ao ambiente de trabalho e consecutivamente
baseada nas muitas maneiras pelas quais o suicídio pode estar associado, é possível que
haja uma intrínseca relação entre essas áreas de estudo.

Principais sinais de alerta para ajuda especializada

Preocupação com sua própria Crescente isolamento de


morte ou falta de esperança; amigos/família;

Expressão de ideias ou de Diminuição do rendimento escolar;


intenções suicidas;

Diminuição ou ausência Uso abusivo de drogas/álcool;


de autocuidado;

Mudanças na alimentação e/ Alterações nos níveis de


ou hábitos de sono; atividade ou de humor;

Fatores Protetivos relativos ao suicídio

Restringir e/ou dificultar o acesso Mídia abordar a temática com cautela,


a métodos que são perigosos; promovendo a conscientização;
Planejamento e adoção de políticas Identificação e cuidado de pessoas
de redução de uso nocivo de álcool e e comunidades com estresse
outras drogas, avaliando o risco de emocional agudo;
suicídio e automutilação;
Treinamento de profissionais de Acompanhar indivíduos que
Saúde não especializados para tentaram suicídio dentro dos
identificação e manejo do serviços em rede;
comportamento suicida;
Intervenções e programas de Ampliação do suporte social dentro da
capacitação em escolas para comunidade, capacitando as pessoas
promoção de habilidades emocionais; a reconhecer e buscar recursos e/ou
serviços;
Enfrentar os estigmas, discutindo-os; Atenção aos dados ofertados sobre
tentativas de suicídio dentro do
contexto em que a pessoa está
inserida.

Contatos de serviços de referência de urgência e psicossocial

 Serviço de Apoio Psicológico de maneira remota. Por meio do 0800 729 35 34, opção 2,
qualquer pessoa que sinta a necessidade de ajuda psicológica pode entrar em contato e será
atendido pelos profissionais da rede. Ele funciona de segunda a sexta-feira, das 7h às 19h.

 Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps) são unidades especializadas em saúde mental


para tratamento e reinserção social de pessoas com algum tipo de transtorno mental grave e
persistente. As equipes que atuam nessas unidades são compostas por psiquiatras,
psicólogos, terapeutas ocupacionais, psicopedagogos, educadores físicos, entre outros
profissionais. Dos seis Caps ativos, cinco funcionam em regime de plantão 24 horas, e um
em horário comercial, de segunda a sexta-feira. Quatro destes Caps atendem pessoas em
sofrimento psíquico e transtorno mental e dois atendem casos decorrentes do uso abusivo de
álcool e outras drogas. Os casos de surtos e urgências psiquiátricas são atendidos pelo
serviço de urgência mental do Hospital São José, contratado pelo município.

 O Centro de Apoio Psicossocial funciona na Clínica de Psicologia da Universidade


Tiradentes (Unit) e desde 2001 presta serviços à população. A clínica conta com núcleos de
ensino, pesquisa e extensão, nos quais são desenvolvidos muitos projetos gratuitos, pois
atendem à comunidade carente. Além disso, por meio de vários convênios firmados com
diversas entidades e instituições, são realizadas inúmeras ações inovadoras de trabalho da
prática do psicólogo em presídios, escolas, hospitais, entre outros locais.

Contato – (79) 3218-2212 ou 3218-2213.


Horário de funcionamento – Segunda à sexta, das 8h às 19h. Durante a pandemia os
agendamentos estão sendo realizados pelo e-mail clinicapsiunit@hotmail.com ou pelo
telefone 98107-9590.

 O CVV – Centro de Valorização da Vida realiza apoio emocional e prevenção do suicídio,


atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob
total sigilo, por telefone, email e chat 24 horas todos os dias.

Chat: https://www.cvv.org.br/chat/
Telefone: 188
e-mail: https://www.cvv.org.br/e-mail/

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