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(PARAMOS NO TOYOTISMO...

É PRECISO ENTENDERMOS QUE DETERMINADA ORGANIZAÇÃO FABRIL


SURGE A PARTIR DE CRISES. BRUSCAS MUDANÇAS NA SOCIEDADE.

FOI ASSIM COM O SURGIMENTO DO TAYLORISMO-FORDISMO (NO


PERÍODO DA PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL. Onde buscava-se produzir em
grande escala para países que tinham parado a sua produção para estar na Guerra. O
EUA lucraram muito com isso. Não à toa que história mostra os diversos interesses do
EUA em diversas partes do mundo, com início de guerras locais.

CONTEXTO: O surgimento do taylorismo se dá a partir da situação econômica, social


e cultural do Japão, pós-segunda guerra mundial. (mais ou menos no início dos anos 50
do século passado). Como estava o Japão? Arrasado economicamente. O TOYOTISMO
foi uma resposta ao crescimento lento do Japão em sua recuperação no pós-1945.

SE O JAPÃO CRESCIA LENTAMENTE, ERA NECESSÁRIO UM MODELO QUE


FOI COMPATÍVEL COM SUA SITUAÇÃO.

OBSERVAÇÃO: Em alguns livros, muitos irão se deparar com a concepção


toyotista somente a partir da década de 60, 70 e sendo expandido a partir da
década de 80. Por isso é importante lermos mais de uma fonte. Porque o Toyotismo já
vinha sendo pensado desde o final de 1948.

OBSERVAÇÃO2: Há milhares de livros, sites, etc, que falam sobre o Toyotismo, mas
na Universidade alguns sérios autores são mais lidos: Coriat (1993), Druck (1999),
Gounet (1999), Ichiyo (1995), Pinto (2011), Sayer (1986), Shimizu (1994), Kamata
(1982), Ohno (1997), Monden (1984) e aqui no Brasil o Antunes (2006).

MAS É BEM VERDADE QUE SUA EXPANSÃO SE DEU A PARTIR DE 1980


TAMBÉM POR CAUSA DE UMA CRISE: CRISE DO PETRÓLEO QUE AFETOU
VÁRIOS países e o capitalismo necessitava de uma resposta frente as perdas que teve
com essa crise.

SURGIDO A PARTIR DA EXPERIÊNCIA JAPONESA NA TOYOTA MOTOR


COMPANY – TOYOTISMO – SE CONFIGUROU NUM NOVO PADRÃO DE
ACUMULAÇÃO, ORGANIZAÇÃO FABRIL, COMBINANDO ELEMENTOS
DO TAYLORISMO-FORDISMO. (É preciso salientar que nas mudanças sociais –
todas as mudanças – o velho sempre vai convivendo com o novo até desaparecer. O que
estou querendo dizer é que, o Toyotismo apareceu e o Taylorismo-fordismo não
despareceu de maneira imediata. Geralmente ocorre uma hibridização).
CARACTERÍSTICAS:
- estabelece uma produção mais diretamente vinculada à demanda. Diferenciando-se da
produção em série ou de massa. (falar sobre o contexto do Toyotismo: o Japão vivia
uma situação que não era compatível com o modelo fordista de produção).
- ele se estrutura no trabalho em equipe. Rompe com o caráter parcelar típico do
fordismo.
- o processo produtivo é flexível. O trabalhador opera SIMULTANEAMENTE várias
máquinas.
- tem como princípio METODOLÓGICO “JUST IN TIME” (NA HORA CERTA),
que busca reduzir todo o “estoque” de tempo e de serviço. (É PRECISO AMPLIZAR
A CONCEPÇÃO QUE TEMOS DE “ESTOQUE”: São insumos (matéria-prima),
produtos e, TBM, TRABALHADORES).
- baseia-se num aparato de informação chamado de “Kanban”. “Kanban” significa
“CARTAZES”. (Essa técnica surgiu nos supermercados norte-americanos. Quando
faltava um produto, levantava-se um cartaz para informar a sua reposição.
OBSERVAÇÃO: SÓ QUANDO FALTAVA UM PRODUTO. OU SEJA, esperava
estar em FALTA para a reposição).
- SURGIMENTO DA “TERCEIRIZAÇÃO” (forma de organização estrutural que
permite a uma empresa transferir a outra suas atividades-meio, proporcionando maior
disponibilidade de recursos para sua atividade-fim, reduzindo a estrutura operacional,
diminuindo os custos, economizando recursos e desburocratizando a administração).

TODAS ESSAS INAVAÇÕES NA ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO PRODUTIVO


COMEÇOU EM 1947 ATÉ 1970, NO JAPÃO, NA EMPREZA TOYOTA, POR
KIICHIRO TOYODA (Presidente-fundador) E TAICHII OHNO (Engenheiro-
Industrial).

NUNCA ESQUECER: Esses experimentos germinaram em meio às particularidades


das relações trabalhistas japonesas no depois da segunda guerra mundial.

OUTROS ELEMENTOS DO TOYOTISMO:

- Implantaram o DESLOCAMENTO OU A PROMOÇÃO dos trabalhadores. Por


exemplo: se alguém se recusava a ir trabalhar em outro setor, era tido como falta de
comprometimento, rebaixando sua avaliação por mérito.
- Surgiram os benefícios: REFEIÇÕES, SERVIÇOS PESSOAIS, LOJAS, ESCOLAS,
CLUBES E ATÉ DORMITÓRIOS OU CASAS PROXIMOS AS FÁBRICAS (Citar o
exemplo de Horizonte com a vinda de grandes indústrias. Citar o exemplo do filme
“Indústria Americana” onde os trabalhadores incorporavam a sua vida ao cotidiano da
indústria).
- O emprego era bem menor e existia um “exército industrial de reserva” que os
trabalhadores cooperavam com a gerência para não serem demitidos. Os trabalhares,
de maneira individual, fazia os acordos com a empresa sem precisar do sindicato.
Ainda em relação ao SINDICALISMO, o que podemos perceber é uma integração da
vida do trabalhador a “vida” da fábrica. Na época surgiu o slogan “PROTEGER
NOSSA EMPRESA PARA PROTEGER NOSSA VIDA”.

- Objetivo central do Toyotismo: ERA FLEXIBIZAR A PRODUÇÃO EM


PEQUENAS QUANTIDADES DE MUITOS TIPOS DE PRODUTOS NUM
CONTEXTO DE DEMANDAS OSCILANTES.

- Há uma redução extrema das instalações da fábrica, dos equipamentos e dos efetivos
de trabalho (Ou seja, dos trabalhadores).

- CONVENCIONOU-SE A CHAMAR DE “GESTÃO DOS OLHOS” (O olho que


tudo vê). (Essa metodologia de vigilância a partir do olhar, foi criado no século XVIII
por Bentham chamado de Panóptico. Michel Foucault vai mencionar o
PANOPTISMO (É UMA MÁQUINA – CONSTRUÇÃO QUE FICA NO CENTRO. É
UM ANEL PERIFÉRICO; UMA TORRE CENTRAL) em seu livro “Vigiar e Punir”. É
uma arquitetura de vigilância dos indivíduos. Foi usado em repartições públicas:
hospícios, escolas, cadeias, etc). E AGORA INCORPORADO A INDÚSTRIA PARA
VIGIAR OS “COLABORADORES” NA SUA ATIVIDADE.

- IMPLANTOU UM SISTEMA DE INFORMAÇÃO E DE ORGANIZAÇÃO DOS


POSTOS E DAS TAREFAS DE TRABALHO: a partir dos pedidos feitos NO
SETOR DE VENDAS.

- EM 1950, em prolongamento a “Gestão dos Olhos” aplicou-se um aparato fabril


chamado de “ANDON”. O QUE ERA O “ANDON”? UMA SÉRIE DE PAINÉIS
LUMINOSOS INSTALADOS ACIMA DE CADA POSTO, PELOS QUAIS ELE
PODIAM-SE EVIDENCIAR OS PADRÕES DE OPERAÇÃO E, COM UM BREVE
OLHAR, INFORMAR-SE SOBRE PROBLEMAS. (Hoje se vê muito painéis redondos
luminosos nas lojas de vendas, como quem se diz “estou lhe vigiando”).

- Surgiu a “AUTONOMAÇÃO”: Parada automática da produção quando evidenciava


algum problema na linha de produção. - Surgiu a “AUTOATIVAÇÃO”: Exigia dos
trabalhadores o acionamento de dispositivos, caso ocorresse algum problema,
paralisando o processo produtivo.

- OS TRABALHADORES FORAM INCOPORANDO VÁRIAS FUNÇÕES:


diagnóstico, reparo, manutenção, programação, fiscalização. FOI DESSA FORMA
QUE SURGIU O CONCEITO DE POLIVANTE. (Que se contrapõe a principal
característica do Taylorismo-fordismo: ESPECIALIZAÇÃO).
NÃO ESQUECER DESSAS TRÊS CARACTERÍSTICAS DO TOYOTISMO:
AUTONOMAÇÃO (não era o trabalhador-comum quem realizava essa ação; era
automático), AUTOATIVAÇÃO (o trabalhador passa a realizar a paralização da
atividade se observar algum problema) E POLIVALENTE (o trabalhador passa a
executar várias funções).

- E É NA PERSPECTIVA DO TRABALHADOR POLIVANTE que cria-se o


ordenamento fabril conhecido como CÉLULA DE PRODUÇÃO. O QUE ERAM AS
CÉLULAS DE PRODUÇÃO? 1, ou 2 trabalhadores ficavam envoltos de três ou
quatro máquinas exercendo várias funções.
A TOYOTA CRIOU UM CONJUNTO DE CÉLULAS NAS QUAIS TRÊS A
QUATRO MÁQUINAS DIFERENTES FORAM POSTAS LADO A LADO NUM
FORMATO DE FERRADURA, SENDO PERADAS NO CENTRO POR UM OU
DOIS TRABALHADORES.

- Com a crise do PETRÓLEO EM 1973, E A ENTRADA DA TOYOTA COMPANY


NO MERCADO ESTADUNIDENSE, OCORREU UMA EXPANSÃO DESSAS
TÉCNICAS QUE FOI CONVIVENDO COM AS TÉCNICAS TAYLORISTA-
FORDISTA.

O RESULTADO GERAL DO CONJUNTO DESSAS AÇÕES TOYTISTAS FOI:


a) Redução do número de trabalhadores;
b) Menos desperdício de estoque (insumos – matéria-prima -, tempo e força de
trabalho vivo);

DESSA MANEIRA, CONVENCIONOU-SE CHAMAR O MUNDO DA “EMPRESA


FLEXÍVEL”, DE ACUMULAÇÃO “LIOFILIZADA” (termo da química. Um
processo químico que seca a substância. Por isso, chamam de “empresa enxuta”).

Outros destaques:

- Não há mais divisórias no desenho organizacional;


- Aparentemente é um espaço mais “participativo” (os trabalhadores são
chamados a opinar e com isso fica mais vinculado a produção e a
empresa).
- Ele e Ela não são mais “trabalhadores” e “trabalhadoras”, mas
definidos como “colaborador” ou “colaboradora”, ou, “consultor” ou
“consultora”.

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