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Heraclito ou Heráclito de Éfeso (Ἡράκλειτος ὁ Ἐφέσιος, Éfeso,
aproximadamente 500 a.C. - 450 a.C.) foi um filósofo pré-socrático considerado o "Pai
da dialética". Recebeu a alcunha de "Obscuro" principalmente em razão da obra a ele atribuída
por Diógenes Laércio, Sobre a Natureza, em estilo obscuro, próximo ao das
sentenças oraculares. <https://pt.wikipedia.org/wiki/Her%C3%A1clito> – 02/02/2020 às 18:12h
Em um novo despertar, agora, um pouco mais distante de toda proteção
fornecida pela natureza. A desigualdade não será só física; as potencialidades
individuais invocavam as paixões e os instintos morais, a inveja. Ademais, terá
como resultado as incompatibilidades de alguns. Assim como, conflitos e
tensões – que são atributos de convivência em sociedade.
Assim, àquele homem que ainda não estava socializado, mas, sentia-se
potencialmente livre; com uma disposição que o impulsiona cada vez mais em
direções ainda incertas. Com essas atitudes, faz com que ele descobrisse que
é possível tratar questões que doravante eram muito complexas para serem
enfrentadas. Por esse meio, por exemplo, os animais maiores não serão
motivo para que eles deixem de caça-los. Logo que, aprenderam a desenvolver
armadilhas ou até mesmo a se juntarem para surpreenderem as presas.
[...] a alma humana alterada no seio da sociedade por mil causas que
se renovam sem cessar, pela aquisição de uma multiplicidade de
conhecimentos e de erros, pelas mudanças sofridas na constituição
dos corpos e pelos continuo choque de paixões, adquiriu, por assim
dizer, outra aparência, a ponto de estar quase irreconhecível.
(ROUSSEAU, 1985, p. 40).
Cada família se tornou uma pequena sociedade, tanto mais unida por
ser apego recíproco e a liberdade seus únicos vínculos; foi então que
se estabeleceu a primeira diferença na maneira de viver dos dois
sexos, que até então só haviam tido uma. As mulheres tornaram-se
mais sedentárias e se acostumaram a tomar da cabana e das
crianças, enquanto o homem ia buscar a subsistência comum. Os
dois sexos começaram também, graça a uma vida um pouco mais
amena, a perder algo de sua ferocidade e de seu vigor [...].
(ROUSSEAU, 2017, p. 75).
O selvagem era livre para procurar seu alimento, descansar onde bem
lhe conviesse. Mas, foi a sua própria liberdade que veria a uni-los a um
progresso danoso e artificial. E apesar de só o homem possuir a faculdade da
perfectibilidade, ou seja, a faculdade de se aperfeiçoar; mudar seu espaço e a
si próprio. Essas mudanças acumuladas ao logo dos anos foram suficientes
para levá-lo a um estado deplorável. Assim, o homem que ativa a razão é o
mesmo que hora despreza a natureza, ao buscar para hoje o que a terra só iria
lhe fornecer amanhã.
Seria triste para nós vermo-nos forçados a convir que essa faculdade
quase ilimitada que o distingue, é a causa de todas as desgraças do
homem. É ela que, com o tempo o tira dessa condição originária, na
qual vivera dias tranquilos e inocentes; é ela que, com o passar dos
séculos, faz desabrochar seu saber e seus erros, seus vícios e suas
virtudes, quem, afinal, o faz tirano de si mesmo e da natureza.
(ROUSSEAU, 1985, p. 61).