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Quadrilha
João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que
amava Lili que não amava ninguém.
João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre,
Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha
entrado na história.
Fórmula do sorriso
Mais importante que o sabor do creme dental é o seu agente terapêutico, a fórmula química
que serve para controlar as bactérias que provocam as cáries. Segundo a professora Lenise
Velmovitsky, da Universidade Federal Fluminense, que analisou 25 tipos de pasta de dentes em
sua tese de doutourado, a substância mais eficaz na escovação é o tricloson, um antimicrobiano
presente nas pastas de ação total ou global. O flúor recalcifica os dentes e também combate as
cáries. O bicarbonato de sódio é um abrasivo e remove manchas, mas em excesso desgasta os
dentes. A dentista recomenda o uso de escovas macias e uma quantidade de pasta equivalente
ao tamanho de uma ervilha, pelo menos três vezes ao dia. Além de fio dental.
Veja. 10 abr. 2002.
3) Segundo esse texto, deve-se evitar o excesso de bicarbonato de sódio por causa
A) das bactérias das cáries.
B) das remoções das manchas.
C) do controle das bactérias.
D) do desgaste dos dentes.
E) do sabor do creme dental.
“Bem, você conseguiu ferir meus sentimentos, mas eu aceito suas desculpas. Obrigada”.
Agradecendo a Deus
Um turista viaja para um safári na África. Durante a excursão na savana, se perde e acaba frente
a frente com um leão feroz. Ao vê-lo avançando em sua direção, pede a Deus que um espírito
cristão tome posse daquele leão. Nisto, ouve-se um trovão, seguido de um grande clarão no céu.
O leão ajoelha-se diante do assustado turista e começa a rezar, dizendo:
- Obrigado Senhor, por mais essa refeição!
11) O texto acima tem a intenção de provocar risos, é um texto humorístico. O que torna o texto
engraçado?
A) O trovão que clareia o céu tornando o leão bonzinho.
B) O desespero do turista frente a frente com o leão.
C) A forma como o leão agradece a refeição.
D) A atitude do leão ao agir como cristão.
O menino e o arco-íris
Era uma vez um menino curioso e entediado. Começou assustando-se com as cadeiras, as
mesas e os demais objetos domésticos. Apalpava-os, mordia-os e jogava-os no chão: esperava
certamente uma resposta que os objetos não lhe davam. Descobriu alguns objetos mais
interessantes que os sapatos: os copos – estes, quando atirados ao chão, quebravam-se. Já era
alguma coisa, pelo menos não permaneciam os mesmos depois da ação. Mas logo o menino
(que era profundamente entediado) cansou-se dos copos: no fim de tudo era vidro e só vidro.
Mais tarde pôde passar para o quintal e descobriu as galinhas e as plantas. Já eram mais
interessantes, sobretudo as galinhas, que falavam uma língua incompreensível e bicavam a terra.
Conheceu o peru, a galinha-d´Angola e o pavão. Mas logo se acostumou a todos eles, e
continuou entediado como sempre.
Não pensava, não indagava com palavras, mas explorava sem cessar a realidade. Quando
pôde sair à rua, teve novas esperanças: um dia escapou e percorreu o maior espaço possível,
ruas, praças, largos onde meninos jogavam futebol, viu igrejas, automóveis e um trator que
modificava um terreno. Perdeu-se. Fugiu outra vez para ver o trator trabalhando. Mas eis que o
trabalho do trator deu na banalidade: canteiros para flores convencionais, um coreto etc. E o
menino cansou-se da rua, voltou para o seu quintal.
O tédio levou o menino aos jogos de azar, aos banhos de mar e às viagens para a outra
margem do rio. A margem de lá era igual à de cá. O menino cresceu e, no amor como no cinema,
não encontrou o que procurava. Um dia, passando por um córrego, viu que as águas eram
coloridas. Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!
Desde então, todos os dias dava um jeito de ir ver as cores do córrego. Mas quando
alguém lhe disse que o colorido das águas provinha de uma lavanderia próxima, começou a gritar
que não, que as águas vinham do arco-íris. Foi recolhido ao manicômio. E daí?
12) “Mas logo se acostumou a todos eles”. O termo em destaque refere-se no texto a
A) animais no quintal. C) cadeiras e mesas.
B) sapatos e copos. D) jogos de azar.
15)“E daí?” A frase final da crônica demonstra que a opinião do narrador sobre o destino
do menino é de
A) pena e desespero. C) simpatia e aprovação.
B) indiferença e conformismo. D) esperança e simpatia.
16) “Desceu pela margem, examinou: eram coloridas!” No trecho, os sinais de pontuação
empregados assinalam
A) o tédio do menino. C) a surpresa do menino.
B) a dúvida do narrador. D) o comentário do narrador.
17) O autor quer mostrar como são eficientes as associações protetoras de animais nos
Estados Unidos, por isso foi possível fazer a piada.
Sobre a tirinha de Charles Brown & Snoopy, pode-se AFIRMAR que
A) O texto não verbal é capaz de traduzir a mensagem pretendida sem o texto verbal.
B) O uso reduzido de texto verbal é suficiente para desconstruir o humor no texto.
C) O autor, para tornar o texto dinâmico, dá preferência à linguagem não verbal.
D) A ausência de texto verbal se dá, pois uma das personagens é um animal.
18) Que palavra MELHOR substituiria o adjetivo “quente” no título?
A) Insinuante.
B) Incessante.
C) Polêmico.
D) Desastroso.
As cocadas
Eu devia ter nesse tempo dez anos. Era menina prestimosa e trabalhadeira à moda do
tempo.
Tinha ajudado a fazer aquela cocada. Tinha areado o tacho de cobre e ralado o coco.
Acompanhei rente à fornalha todo o serviço, desde a escumação da calda até a apuração do
ponto. Vi quando foi batida e estendida na tábua, vi quando cortada em losangos. Saiu uma
cocada morena, de ponto brando, atravessada de paus de canela cheirosa. O coco era gordo,
carnudo e leitoso, o doce ficou excelente. Minha prima me deu duas cocadas e guardou tudo
mais numa terrina grande, funda e de tampa pesada. Botou no alto da prateleira.
Duas cocadas só... Eu esperava quatro e comeria de uma assentada oito, dez mesmo.
Dias seguidos namorei aquela terrina, inacessível de noite, sonhava com as cocadas. De
dia, as cocadas dançavam pequenas piruetas na minha frente. Sempre eu estava por ali perto,
ajudando nas quitandas, esperando, aguardando e de olho na terrina.
Batia os ovos, segurava a gamela, untava as formas, arrumava nas assadeiras, entregava
na boca do forno e socava cascas no pesado almofariz de bronze.
Estávamos nessa lida e minha prima precisou de uma vasilha para bater um pão-de-ló.
Tudo ocupado. Entrou na copa e desceu a terrina, botou em cima da mesa, deslembrada do
seu conteúdo. Levantou a tampa e só fez: Hiii... Apanhou um papel pardo sujo, estendeu no chão,
no canto da varanda e despejou de uma vez a terrina.
As cocadas moreninhas, de ponto brando, atravessadas aqui e ali de paus de canela e feitas
de coco leitoso e carnudo guardadas ainda mornas e esquecidas, tinham se recoberto de uma
penugem cinzenta, macia e aveludada de bolor.
Aí minha prima chamou o cachorro: Trovador... Trovador... e veio o Trovador, um
perdigueiro de meu tio, lerdo, preguiçoso, nutrido e abanando a cauda. Farejou os doces sem
interesse e passou a lamber, assim de lado, com o maior pouco caso.
Eu olhando com uma vontade louca de avançar nas cocadas.
Até hoje, quando me lembro disso, sinto dentro de mim uma revolta – má e dolorida – de
não ter enfrentado decidida, resoluta, malcriada e cínica, aqueles adultos negligentes e partilhado
das cocadas bolorentas com o cachorro.
CORALINA, Cora. O Tesouro da Casa Velha. 3. ed. São Paulo: Global, 2000.p.85-6.