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Novos modos de morar e viver na velhice

A moradia tem um papel fundamental na vida das pessoas: as


condições e a localização da casa têm impacto direto na saúde, na
qualidade de vida e no acesso a oportunidades de
desenvolvimento.
Moradia não é só um teto que protege e abriga: é onde a vida
acontece e a saúde é criada.

• No tocante à moradia do idoso, o direito à moradia vem


acompanhado do adjetivo “digna”, conforme dispõe o art. 37 do
Estatuto do Idoso (Lei no 10.741/2003):
Art. 37 O idoso tem direito à moradia digna, no seio da família
natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares,
quando assim o desejar, ou ainda em instituição pública ou privada
(BRASIL, 2013).

Idoso que foi enviado à instituição


• Deste dispositivo legal se inferem três tipos de moradia,
podendo o idoso morar sozinho, com a família ou numa
Instituição de Longa Permanência para Idosos. A moradia numa
república de idosos deve ser acrescentada a este rol. Seja qual
for o lugar, ao idoso deve ser garantida a dignidade

• Moradia digna é aquela que é


resultado da livre escolha do
morador. Deve-se permitir ao idoso
escolher aquele lugar que ele
considera o melhor para a sua
moradia, um lugar que não seja
imposto por terceiros.

• O idoso pode considerar que o asilo não é um lugar digno para


ele, ou pode preferir morar sozinho, ao invés de junto da família. E
o papel da sociedade é justamente o de não interferir nessa
escolha, viabilizando assim, direto fundamental.
Idoso morando sozinho
• Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas
(ONU) comparou os arranjos domiciliares dos idosos em 130
países (UNITED NATIONS, 2005). As principais conclusões
desse estudo foram:

o aproximadamente uma em cada sete pessoas idosas (90


milhões) vive sozinha e cerca de dois terços delas são
mulheres;

o existe uma tendência em favor de modalidades de vida


independente (sozinho ou somente com o cônjuge), mais
consolidada em países desenvolvidos;

o embora nos países desenvolvidos o arranjo mais comum


seja morar separado dos filhos, naqueles em
desenvolvimento a maioria dos idosos vive com seus filhos.
• Rosa (2009, p. 94) afirma que “a tendência atual dos idosos
morarem sós não tem sido interpretada, necessariamente,
como uma mudança qualitativa nas relações entre as gerações
na família”.

• Muitos idosos moram com a sua


família, especialmente nas regiões
brasileiras onde as famílias tem
menor poder aquisitivo.

• O idoso morar com a família, pode signgicar que o idoso se


mudou para a casa dos filhos ou, ao contrário, os filhos
mudaram-se para a casa dele. Também é possível que os filhos
jamais tenham saído da casa dos pais. A partir deste contexto,
várias questões podem ser levantadas, tais como o papel social
desempenhado pelo idoso dentro da família, que espaços ocupa
dentro de casa, se sente-se útil ou um incômodo para seus
familiares, entre outros.
• Nem sempre morar com a família corresponde a uma moradia
digna, pois o fato de o idoso viver com seus filhos não garante o
respeito ou a ausência de maus-tratos (DEBERT, 1998). O fato
de morar com a família não implica automaticamente numa
proteção maior ao idoso.

• Muitos idosos moram com


a sua família,
especialmente nas regiões
brasileiras onde as famílias
tem menor poder aquisitivo.

• Observa-se que a renda da aposentadoria muitas vezes passa a


ser a principal renda da família, obrigando tanto o idoso quanto
os familiares a uma convivência que nem sempre representa o
que desejariam. A presença dos idosos nesses casos é
responsável por reduzir o grau de pobreza.
Tipos de residências para idosos
• Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI)
o Em casos de doenças incapacitantes como, por exemplo, o mal
de Alzheimer, o idoso torna-se uma pessoa dependente de
cuidados por terceiros, ficando totalmente fora de questão a sua
escolha a respeito de moradia.
o Eventualmente, os idosos podem divergir de
seus familiares no tocante a um assunto
que lhe é de extrema importância, a própria
moradia. A despeito da possível divergêrcia
de opiniões, não é a vontade do idoso que
muitas vezes prevalece. A idade avançada
faz com que não apenas o seu corpo perca
força, mas também a sua vontade. A família
passa a “saber” o que é melhor para o
idoso.
o A internação, segundo Foucault (1978) na obra História da
loucura na idade clássica, é referida como uma solução para um
problema social; a sociedade interna o doente mental para livrar-
se do problema. Já a internação do idoso na ILPI parece ser um
jeito que a família dá de não ver a velhice de perto. A escassez
das visitas remete a esta postura.

o Soares (2010) concluiu que “a falta de flexibilidade nas rotinas


(horários para alimentação, banhos, acomodações coletivas) não
permite a adaptação de idosos com hábitos diferenciados,
adquiridos durante sua vida, antes da ILPI”.

o Para Goffman (1961), dentro da instituição, a pessoa se adapta


assumindo o papel de paciente “sem brilho, inofensivo e discreto”.
Fazendo com que o idoso se descarte de seu papel social.
o Para que a ILPI seja considerada uma moradia digna é
necessário que, além das instalações físicas e do atendimento
por profissionais da saúde qualificados, haja um ambiente que o
idoso possa chamar de lar.

o Uma ILPI “deve procurar ser uma residência, mostrando, tanto


nos seus aspectos físicos quanto em toda a sua programação,
detalhes que lembrem uma casa, uma moradia, a vida numa
família” (BORN, 2002).
• República de idosos ou coliving
o A república de idosos é um novo tipo de moradia na velhice.
Consiste no compartilhamento de uma casa pelos idosos, que
detêm autonomia para criar regras de convivência e administrar o
espaço. O Estado faz a sua parte cedendo a casa e pagando
algumas despesas, e os demais gastos são por conta dos
coabitantes, podendo este modelo sofrer variações.
o A república de idosos resulta de uma política pública de vanguarda,
que tem um olhar diferenciado sobre o idoso, entendendo-o como
um cidadão ativo, ao invés de encará-lo como uma vítima que
precisa ser assistida em tempo integral.

o Lima (2005) propõe “que se implementem políticas públicas para


idosos, visando a incrementar a autonomia, o autocuidado, a
integração social”, ao mesmo tempo que sugere a redução das
internações e a institucionalização desnecessárias.
o A república representa um avanço em relação a outras formas de
atendimento, favorecendo a autonomia dos envelhecidos, bem
como seu bem-estar, já que assegura novas possibilidades para
os idosos com vínculos familiares rompidos ou inexistentes e com
poucos recursos econômicos para enfrentar a problemática da
moradia (GUERRIERO, 2001).

o De acordo com Veras (1995), o


prolongamento da vida “só pode ser
considerado uma real conquista na
medida em que se agregue qualidade
aos anos adicionais de vida”. A
qualidade de vida invocada por Veras
remete à dignidade prevista em lei e
que os idosos relatam encontrar nas
vivências experienciadas nas
repúblicas.
o Por ser um modelo que não precisa necessariamente de
uma instituição para realizar o gerenciamento, as próprias
pessoas que decidirem morar em república podem se
organizar para escolher o local, a quantidade de
moradores, a divisão de tarefas etc.

o Os próprios moradores das repúblicas cuidam da limpeza e


organização/divisão de tarefas, que são feitas por todos.
Cada um tem suas responsabilidades, que são revezadas
para que todos façam um pouco de tudo. Tudo é decidido
em grupo. As casas possuem regulamentos e estatutos
decididos pelos idosos, e que muda de acordo com as
necessidades da maioria.

República de Idosos
• Residenciais para idosos
o Condomínios para idosos
Ø Atualmente, muitos idosos, fazem questão de manter a
individualidade, a privacidade e sua independência. Os filhos, por
sua vez, cada vez mais ocupados, também têm maior dificuldade
em abriga-los. É nesta realidade que surgiram os condomínios
para idosos. Eles vem se tornando cada dia mais acessível para
uma parcela significativa da população.

Ø Num exclusivo condomínio para a terceira idade, os idosos podem


morar com tranquilidade e conforto. Sem precisar se preocupar com
empregadas, cuidadores, encanadores, eletricistas, fisioterapeutas e
até atendimento médico. Esses serviços são realizados por uma
equipe de profissionais que atende todo o condomínio, rateando os
custos entre todas as unidades.
Ø Nos condomínios, os idosos convivem com outras pessoas da
mesma idade e ainda têm à disposição várias opções de lazer e
entretenimento. Claro que, como em todo tipo de moradia,
também no condomínio para idosos, há uma grande variedade de
tamanhos, localização, infraestrutura e, principalmente, preços.
Quanto mais opções de conforto e praticidade, mais onerosa fica
a moradia.

Ø Não importa o tipo do condomínio, o que não pode mudar é o fato


de atender às necessidades especiais dos idosos. Para garantir a
acessibilidade e a mobilidade, se torna necessário:
- Portas e corredores largos;
- Box de banho com apoiadores e de um bom tamanho para que se
possa, inclusive, movimentar-se com cadeira de rodas;
- Pisos sempre antiderrapantes;
- Móveis que atendam padrões de segurança;
- Ausência de escadas e degraus;
- Localização próxima de pronto-socorro e hospitais.
Ø Em sua grande maioria, os apartamentos, dentro dos
condomínios, são de tamanho pequeno com um quarto, cozinha,
banheiro e uma pequena sala de estar. O que realmente importa
não é mais o tamanho das acomodações em si, mas sim o que o
condomínio oferece em termos de serviços e atividades
socioculturais. Geralmente, eles oferecem:
- Piscina para hidroginástica;
- Salas para fisioterapia;
- Espaço para aulas de artesanato e/ou música;
- Salão de jogos;
- Sala de TV.

Condomínio para idosos


o Cohousing

Ø Nessa modalidade de habitação se


reúne um pequeno grupo em um mesmo
terreno. Cada integrante ou núcleo
familiar possui sua casa, no entanto,
todos cultivam a interação, dividindo
tarefas e momentos de lazer em um
espaço comum, muitas vezes equipado
com cozinha, e em áreas como horta,
academia, piscina e tudo o mais que os
membros decidirem ter.

Ø “O cohousing permite escolher com quem você quer viver e


envelhecer. Essa solução habitacional permite lutar contra a
solidão porque recupera as relações de vizinhança e promove
um envelhecimento ativo”, ressalta o professor Pablo de
Olavide, especialista em moradia colaborativa
Ø Um aspecto muito valorizado no cohousing, é o cuidado mútuo
entre todos e o que se chama de ajuda integral centrada na
pessoa: promover a saúde de uma maneira personalizada, de
acordo com as necessidades de cada um dos inquilinos.

Ø “O segredo do sucesso é a
convivência”, afirma Moreno. A
determinação de evitar a solidão,
o idoso não se ver reduzido a ser
um fardo para os filhos e, em
suma, escolher livremente como
viver a aposentadoria e a velhice
de maneira autônoma é a base
comum sobre a qual constroem
sua relação com todos os sócios
das diferentes iniciativas de
cohousing.
Ø A forma mais frequente de propriedade no cohousing é a cooperativa
de habitações com concessão de uso. Isso significa que o imóvel
pertence à comunidade, mas seus habitantes têm direito a morar
nele e a utilizar os espaços comuns para o resto da vida. Esse
usufruto vitalício pode ser deixado como herança ou ser vendido
através da cooperativa, facilitando assim a mudança de residência.

Ø O mais habitual é que as comunidades


de cohousing adquiram um terreno e
construam, mas nem todas utilizam tal
alternativa. Algumas alugam imóveis
vazios e chegam a acordos com os
proprietários para habitá-los. Em
ambos os casos a cooperativa assume
todas as despesas originadas do
projeto — tais como o financiamento,
o aluguel ou a manutenção dos
espaços — através da contribuição
dos sócios.
Cohousing
o Residência Assistida
Ø A residência assistida consiste em um serviço de moradia para
idosos que apresentam algum sinal de dependência ou
cuidados no seu cotidiano, que, portanto, possuem
necessidades de auxílio em atividades da vida diária, mas
sempre objetivando manter ao máximo a autonomia e
independência funcional.
Ø As residências assistidas, contam com apartamentos e/ou
suítes individuais, que incluem cuidados médicos sete dias por
semana, e assistência 24 horas por dia, realizada por uma
equipe multidisciplinar
Ø Diariamente são realizadas atividades, propostas pelos
profissionais, especialmente pensadas para estimular o idoso
fisicamente e cognitivamente, além das atividades, culturais e
de interação social, que são planejadas para oferecer
entretenimento, lazer e diversão aos moradores.
Ø Na residência assistida, além de contar com uma equipe
multidisciplinar, o idoso ainda conta com:
- Refeições diárias, de acordo com sua necessidade;
- Serviço de lavanderia;
- Assistência no banho, higiene pessoal e vestimenta;
- Monitoramento e administração das medicações;
- Limpeza do apartamento;
- Assistência pessoal para participar das atividades propostas

Ø Nas moradias assistidas, as visitas são incentivadas, não


havendo restrição de dias e horários para as mesmas. Os
moradores podem receber amigos e familiares em suas casas,
incentivando e facilitando a socialização do idosos e
permitindo que os familiares acompanhem de perto os
serviços e atendimentos prestados.
Ø UNIDADES DE REABILITAÇÃO E TRANSIÇÃO
- As unidades especializadas no atendimento a pacientes
dependentes ou em recuperação hospitalar são planejadas
para oferecer a melhor estrutura médica e de enfermagem que
os pacientes com grau avançado de dependência necessitam.
Seja para uma necessidade de recuperação pós-operatória,
cuidados assistenciais integrais ou reabilitação
o Residência para idosos em Campo Grande
Ø O projeto de residência para idosos em Campo Grande, terá o
nome de ”Vila da Melhor Idade” . Serão construídas 40 moradias
para os idosos no centro da Capital.

Ø O condomínio será voltado a pessoas idosas de baixa renda. A


moradia será na modalidade de locação social, ou seja, o
morador paga uma quantia que pode ser simbólica.

Ø O projeto prevê 40 unidades habitacionais, com cinco salas


que podem ser comerciais ou de serviços, além de praça,
horta, janelas voltadas para o nascente e espaço de
convivência. A localização será próxima de serviços
importantes para os idosos, como um CCI (Centro de
Convivência do Idoso), área para atividades ao ar livre, centro
comercial, hospital.
Ø As mordias serão regidas pelo conceito de aluguel social. O
morador paga uma quantia que pode ser simbólica, por
exemplo, 10% do salário mais uma taxa de condomínio por volta
de R$ 35,00 - R$ 40,00.
Ø A modalidade também estimula a socialização e a constante
renovação da população, e neste projeto voltado para idosos,
tais pontos são bastante relevantes.

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