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CHECKLIST - AULA 3
Estrutura do Laudo Psicológico:
Identificação
§ 2.º Neste item, a(o) psicóloga(o) deve fazer constar no
documento:
Descrição da demanda
§ 3.º Neste item, a(o) psicóloga(o), autora(or) do documento,
deve descrever as informações sobre o que motivou a busca
pelo processo de trabalho prestado, indicando quem forneceu
as informações e as demandas que levaram à solicitação do
documento.
I - A descrição da demanda constitui requisito indispensável e
deverá apresentar o raciocínio técnico-científico que
justificará procedimentos utilizados, conforme o parágrafo 4.º
deste artigo.
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Procedimento
§ 4.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo deve
apresentar o raciocínio técnico-científico que justifica o
processo de trabalho realizado pela(o) psicóloga(o) e os
recursos técnico-científicos utilizados no processo de
avaliação psicológica, especificando o referencial teórico
metodológico que fundamentou suas análises, interpretações
e conclusões.
I - Cumpre, à(ao) autora(or) do laudo, citar as pessoas ouvidas
no processo de trabalho desenvolvido, as informações
objetivas, o número de encontros e o tempo de duração do
processo realizado.
II - Os procedimentos adotados devem ser pertinentes à
complexidade do que está sendo demandado e a(o)
psicóloga(o) deve atender à Resolução CFP n.º 09/2018, ou
outras que venham a alterá-la ou substituí-la.
Análise
§ 5.º Nessa parte do documento, a(o) psicóloga(o) deve
fazer uma exposição descritiva, metódica, objetiva e coerente
com os dados colhidos e situações relacionadas à demanda
em sua complexidade considerando a natureza dinâmica, não
definitiva e não-cristalizada do seu objeto de estudo.
I - A análise não deve apresentar descrições literais das
sessões ou atendimentos realizados, salvo quando tais
descrições se justifiquem tecnicamente.
II - Nessa exposição, deve-se respeitar a fundamentação
teórica que sustenta o instrumental técnico utilizado, bem
como os princípios éticos e as questões relativas ao sigilo das
informações. Somente deve ser relatado o que for necessário
para responder a demanda, tal qual disposto no Código de
Ética Profissional do Psicólogo.
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III - A(o) psicóloga(o) não deve fazer afirmações sem
sustentação em fatos ou teorias, devendo ter linguagem
objetiva e precisa, especialmente quando se referir a dados
de natureza subjetiva.
Conclusão
§ 6.º Neste item, a(o) psicóloga(o) autora(or) do laudo
deve descrever suas conclusões a partir do que foi relatado
na análise, considerando a natureza dinâmica e não
cristalizada do seu objeto de estudo.
I - Na conclusão indicam-se os encaminhamentos e
intervenções, diagnóstico, prognóstico e hipótese diagnóstica,
evolução do caso, orientação ou sugestão de projeto
terapêutico.
II - O documento deve ser encerrado com indicação do local,
data de emissão, carimbo, em que conste nome completo ou
nome social completo da(o) psicóloga(o), acrescido de sua
inscrição profissional, com todas as laudas numeradas,
rubricadas da primeira até a penúltima lauda, e a assinatura
da(o) psicóloga(o) na última página.
III - É facultado à(ao) psicóloga(o) destacar, ao final do laudo,
que este não poderá ser utilizado para fins diferentes do
apontado no item de identificação, que possui caráter
sigiloso, que se trata de documento extrajudicial e que não se
responsabiliza pelo uso dado ao laudo por parte da pessoa,
grupo ou instituição, após a sua entrega em entrevista
devolutiva.
Referências
§ 7.º Na elaboração de laudos, é obrigatória a informação das
fontes científicas ou referências bibliográficas utilizadas, em
nota de rodapé, preferencialmente.
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Laudo psicológico
1. Identificação
Nome: Jonas
Idade: 16 anos
Escolaridade: 8º ano do ensino fundamental
Pais: Marta e Gilberto
2. Descrição da demanda
Jonas foi encaminhado ao centro de avaliação psicológica pela psicóloga do
posto de saúde, em razão de apresentar dificuldades de aprendizagem,
atenção e memorização. Os pais também se queixavam da falta de atenção do
filho e de sua dificuldade em se dar conta de quando eu precisava de ajuda. Os
exemplos trazidos pelos pais se referia a falta de iniciativa por parte do
paciente em situações em que precisava expor a sua vontade.
3. Procedimentos
Foram realizados nove encontros de avaliação, com duração de 60 minutos
cada, seguidos por um encontro de devolução.
4. Análise
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4.1. Dados da Entrevista de Anamnese
Jonas morava com a mãe, o pai e a irmã, Roberta, de 23 anos, no momento da
avaliação. De acordo com relatos paz, Jonas relacionada bem com a família
nuclear, mas eles conviviam pouco com a família extensa. Os pais descreveram
paciente como menino esforçado e carinhoso, mas que ficava incomodado
quando apontavam as suas dificuldades. Além disso, eles queixavam-se da falta
de iniciativa do filho.
Em relação ao desenvolvimento de Jonas seus pais planejaram a gravidez, a
mãe realizou pré-natal e não utilizou medicação nem substâncias psicoativas
durante a gestação. O parto foi cesárea, com Apgar 9/10. Jonas mamam no peito
até os cinco meses de idade e aos seis meses foram introduzidas frutas e
papinhas. Engatinhou por volta de um ano e caminhou com cerca de um ano e
meio de idade. O controle de esfíncteres Deus e por falta de um ano e meio
diurno e de dois anos de idade noturno. No que concerne a linguagem,
balbuciou as primeiras palavras por volta de um ano. Com dois anos e meio de
idade palavra “enrolado” - segunda mãe, só ela entendia. Nessa época, fez
tratamento Com uma fonoaudióloga, e passar a falar fluentemente. No momento
da avaliação, o paciente estava aguardando exames para verificar se
apresentava déficit auditivo. O pai de Jonas, Regis, possuía diagnóstico de
transtorno bipolar e não realizava tratamento no período em que a avaliação foi
realizada.
Quanto aos antecedentes sociais, Jonas iniciou o primeiro ano escolar com sete
anos de idade. Estudou em quatro escolas diferentes em razão de mudanças de
residência da família. Ele reprovou na sexta e na oitava séries do ensino
fundamental. Desde pequeno, tinha poucos amigos próximos, mas relatou ter
interesse em se mostrou capaz de fazer amizades. Havia cerca de cinco anos, a
família mudou-se de um sítio na área rural para área urbana, e foi relatado por
Jonas e pelos pais que ele sofreu bastante com a mudança, pois gostava de
ficar em contato com a natureza. No momento da avaliação, o paciente disse
estar bem adaptado ao local onde estavam morando havia começado a trabalhar
como empacotador em um hipermercado, no turno inverso da escola,
totalizando 48 horas semanais de trabalho estudo. Ao final da avaliação, Jonas
optou por sair do emprego.
No que se refere a rotina, Jonas relatou que acordava cedo, preparar o seu café,
tomava banho e se dirige a escola. Ao chegar do colégio, almoçava ia trabalhar.
Nos dias de folga, relatou descansar, ficar com a família e ir ao cinema ou
realizar algum passeio com os amigos próximos.
4.2. Dados de observação durante avaliação
Jonas pareceu ser um adolescente discreto educado. Compareceu a todos os
atendimentos acompanhado do seu pai. Desde o início, o paciente teve uma
atitude positiva frente à avaliação; todavia, demonstrou certo retraimento e
queixou-se de cansaço em alguns momentos.
4.3. Avaliação das funções cognitivas
A Escala de Inteligência Wechsler para Crianças 4ª edição (WISC-IV), avalia o
desempenho global e específico de crianças em termos de tarefas cognitivas,
que envolve o raciocínio visuoespacial, verbal, memória de trabalho e
velocidade de processamento. O valor do QI total foi 87, o que sugere que o
desempenho global de Jonas encontra-se na média esperada para sua idade.
Entretanto, com relação aos Índice de Memória Operacional e Velocidade de
Processamento deste instrumento, Jonas obteve um desempenho considerado
abaixo da média. Quanto a velocidade de processamento, apresentou
dificuldades de concentração, de
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atenção e velocidade psicomotora lentificada, quando comparado à amostra
normativa de sua idade. Além disso, foi possível verificar prejuízo na
memorização e na manipulação de informações em um curto espaço de tempo
(memória de trabalho).
Os Índices de Compreensão Verbal e Organização Perceptual do paciente
ficaram na média quando comparados à amostra normativa. Essas são medidas
de raciocínio verbal e não verbal, e os resultados nesses índices apontam bom
entendimento de tarefas que envolvem conhecimento verbal adquirido e
raciocínio fluido (compreensão verbal), atenção para detalhes e integração
visuomotora (organização perceptual).
O desempenho de Jonas foi considerado abaixo do esperado quando comparado
às pessoas de sua idade em tarefas que envolviam agilidade mental, atenção,
memória auditiva e visual de curto prazo e velocidade de processamento. O
paciente também apresentou déficit em tarefas que exigem discriminação visual
e atenção concentrada.
Em uma tarefa que avalia a capacidade do indivíduo para raciocinar
abstratamente e modificar suas estratégias cognitivas como resposta a pistas
fornecidas pela examinadora (flexibilidade cognitiva), Jonas apresentou
desempenho deficitário. Essas dificuldades se referem as funções executivas,
que se relacionam a um conjunto de habilidades que nos permitem planejar,
executar ações direcionadas a um fim específico e adequar comportamentos, o
que corrobora os achados em subtestes descritos anteriormente. Em tarefas de
atenção concentrada e de memória verbal, Jonas apresentou desempenho médio
e inferior ao esperado para sua idade, respectivamente. Verificou-se durante
avaliação de alguns algumas técnicas de avaliação, que o paciente entendia o
que era solicitado; entretanto pouco tempo depois, executava uma ordem
diferente da que havia sido proposta, o que sugere déficit na memória de
trabalho.
O paciente relatou dificuldades em recordar informações recorrentes do dia dia,
como algo solicitado, por exemplo, o que também era uma queixa dos pais. Além
disso, Jonas mencionou que gostava de literatura, mas esquecia o que lia, tendo
a necessidade de reler uma página de livro, por exemplo, antes de seguir lendo a
página seguinte. Ademais, Jonas referiu que sua atenção se dispersava
facilmente, e que sentia dificuldades em retomar o que estava fazendo, quando
isso ocorria. Jonas pareceu dar-se conta de suas dificuldades.
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