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Os fundamentos para a
atuação em situações de
violência contra crianças
e adolescentes
Me. Iramaia Ranai Gallerani
Psicóloga (CRP-12/14108)
maiagallerani@gmail.com
@psi.iramaiagallerani
A Quebra do Sigilo
Os fundamentos para a atuação em situações de violência
contra crianças e adolescentes. Iramaia Ranai Gallerani.
Florianópolis: Instituto Ranai, 2023.
Encaminhamentos.
Referências.
Tríade do Preparo
Tríade do preparo é um método de ensino criado por mim, a partir de conhecimentos
adquiridos em 14 anos de atuação com pessoas em situação de violência, e enquanto
Psicóloga Assistente Técnica no Conselho Regional de Psicologia de Santa Catarina, na
produção de referências técnicas para atuação em Psicologia e Políticas Públicas, orientação
e fiscalização do exercício profissional, bem como tramitação de processos éticos movidos
contra psicólogas(os), e todos esses saberes com anos de atuação trouxeram consciência
sobre os pilares do preparo profissional: teórico, técnico e emocional, raízes da tríade do
preparo.
Esse método permite que você tenha uma atuação mais eficiente e segura, voltada para a
proteção de pessoas em situação de violência, ao construir os pilares que envolvem
conhecimento, prática e equilíbrio emocional, elementos necessários para assumir os casos
que chegam até você.
Além disso, remete ao conhecimento de que nada deve estar acima da vida e integridade dos
sujeitos, e é preciso que toda a rede de proteção esteja habilitada a dar prosseguimento do
caso, ainda que sejam necessárias medidas protetivas ao noticiante ou denunciante ou a
utilização de denúncia anônima.
Para adquirir maior segurança, também é importante que busque por qualificações, trocas
entre pares que subsidiem decisões, discussões de casos em equipe, supervisões
profissionais e até mesmo terapia pessoal.
Sobre o sigilo
Ao atuar com cenários de violência, diante de qualquer situação de risco à vida ou à
integridade das pessoas que atende e/ou de seus familiares, é preciso que se quebre o que
chamamos de “Sigilo profissional”. O limite dessa quebra tem como parâmetro as
informações pertinentes à proteção e ao provimento de cuidados da pessoa atendida e de
seus familiares, buscando o menor prejuízo e a reparação de possíveis danos advindos do
quadro de violência, na direção da proteção integral dos sujeitos.
Por isso, é de extrema valia que a(o) profissional realize bons contratos, sejam verbais ou
escritos, com as pessoas que atende, uma vez que elas devem ter ciência de suas
obrigações legais e atribuições profissionais, e que elas saibam que você age sempre em
favor do desenvolvimento saudável de crianças e de adolescentes. Não prometa o que não
pode cumprir, como o sigilo absoluto, compreendendo que a integridade e a vida das pessoas
devem estar acima do vínculo. A intervenção deve ser planejada e articulada, evitando-se
improvisos e amadorismos, trazendo maior segurança para profissionais e pessoas
envolvidas na situação de violência.
Lembre-se que o sigilo absoluto protege apenas uma pessoa: o autor ou autora de violência.
Não compactue com a lógica da violência e rompa com seus ciclos tão logo sejam
conhecidos, pois terá a possibilidade de evitar que se agravem. E você não precisa ter
certeza de nada para comunicar o fato, basta que haja suspeitas de violência para que faça
seu papel de proteção, em conjunto com sua equipe. Ainda que atue de forma individual e
particular, não se esqueça de que faz parte de uma rede, e nenhuma decisão precisa ser
tomada de forma solitária.
Preparo Teórico
O Preparo Teórico é um dos pilares que constrói uma atuação de qualidade, e
representa as razões pelas quais são fundamentados os atendimentos, os
registros dos dados, as comunicações às autoridades competentes e os
encaminhamentos necessários.
Qual a qualidade dos vínculos que mantêm com seus colegas de trabalho
e com as pessoas atendidas?
Defesa
A Garantia do acesso à justiça, ou seja, pelo recurso às instâncias públicas e mecanismos
jurídicos de proteção legal dos direitos humanos. Fazem parte deste eixo:
•Varas da Infância e Juventude;
•Varas Criminais, as Comissões de Adoção;
•Corregedorias dos Tribunais;
•Coordenadorias da Infância e Juventude;
•Defensorias Públicas;
•Serviços de Assistência Jurídica Gratuita;
•Promotorias do Ministério Público;
•Polícia Militar e Civil;
•Conselhos Tutelares;
•Ouvidorias; e
•Centros de Defesa da Criança/Adoles. (Cedecas)
Promoção Controle
De forma transversal e intersetorial, este eixo é Instâncias públicas colegiadas próprias
responsável por transformar o que está previsto na pelas quais se assegure a paridade da
lei em ações práticas. Por exemplo, quem realiza o participação de órgãos governamentais
direito à educação são os professores, e de entidades sociais, tais como:
coordenadores pedagógicos e todos os atores da Conselhos dos direitos de crianças e
comunidade escolar. O mesmo vale para os direitos adolescentes; Conselhos setoriais de
do campo da saúde, saneamento básico e todos os formulação e controle de políticas
outros que ocupam o leque das necessidades públicas; os órgãos e os poderes de
básicas das crianças e dos adolescentes. controle interno e externo.
Art. 4º. Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das
condutas criminosas, são formas de violência:
I - violência física
II - violência psicológica
IV - violência institucional
V - violência patrimonial
Violência física
Ação infligida à criança ou ao adolescente que
ofenda sua integridade ou saúde corporal ou que lhe
cause sofrimento físico.
(BRASIL, 2017)
Isolamento social;
Carência afetiva;
Regressão a comportamentos infantis;
Submissão e apatia;
Dificuldades ou problemas escolares;
Autolesão ou tendências suicidas.
Abuso sexual
Visto como toda ação que se utiliza da criança ou do adolescente para fins
sexuais, seja conjunção carnal seja outro ato libidinoso, realizado de modo
presencial ou por meio eletrônico, para estimulação sexual do agente ou de
terceiro;
Tráfico de pessoas
Intervenção Precoce
Deve contemplar:
Acolhimento e não culpabilização;
Vinculação positiva;
Fala livre de interrupções;
Suporte emocional;
Informações sobre direitos;
Encaminhamentos.
Questões primordiais:
(SANTOS; iPPOLITO, 2009)
Postura
Quebre a relação de autoridade;
Cuidado com a forma de contato;
Escuta ativa.
Cuidado!!!
Perguntas sugestivas (que trazem
uma informação nova);
Perguntas fechadas (que têm sim e
não como resposta ou uma resposta
específica);
Perguntas culpabilizantes.
Exemplos:
Foi fulano que fez Isso?
Por qual motivo não contou antes?
Você sabe que isso é muito sério?
Diferenciação entre escuta especializada
e depoimento especial
Escuta especializada
Atenção!
A escuta especializada é um procedimento realizado quando a rede de
proteção não dispõe de elementos suficientes para realizar a
proteção e o cuidado da criança ou adolescente e precisa conhecer
como a situação de violência se constrói - quem cometeu a violência,
onde; quando; quais os impactos para o corpo e a saúde emocional
daquela criança ou adolescente; necessidades de alimentação,
ensino, saúde e higiene; estrutura familiar; figura protetiva; riscos e
vulnerabilidades.
Depoimento especial
Atenção!
O depoimento especial serve para a produção de provas;
II - a descrição do atendimento;
IV - os encaminhamentos efetuados.
Importante: você irá informar o que é estritamente necessário para a proteção e o
provimento de cuidados na rede de proteção, por meio de relatórios, conforme
preconização na Lei 14.344/2022. As informações relevantes dizem respeito ao nome
das pessoas envolvidas na situação de violência, riscos avaliados, formas de
violência percebidas, local de ocorrência e momento de ocorrência (considerando,
principalmente, a efetivação de medidas de profilaxia de urgência), entre outras
informações que considerar pertinentes acerca da higiene, alimentação, educação,
relações interpessoais e saúde. Caso não disponha dessas informações, tenha em
vista apenas o nome dos envolvidos e possíveis situações de violências.
Para fazer uma escuta que
proteja, precisamos de:
Presença;
Conexão;
Intervenção necessária e fundamental;
Diálogo e articulação com a rede;
Comunicação e encaminhamento;
Ações de prevenção.
BRASIL. LEI N.º 8.069, DE 13 DE JULHO DE 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do
Adolescente e dá outras providências. Brasília, 1990.
BRASIL. Conselho Nacional dos Direitos das Crianças e Adolescentes. RESOLUÇÃO N.º
113, DE 19 DE ABRIL DE 2006. Dispõe sobre os parâmetros para a institucionalização e
fortalecimento do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente.
Brasília, 2006.
BRASIL. LEI N.º 14.344, DE 24 DE MAIO DE 2022. Cria mecanismos para a prevenção e o
enfrentamento da violência doméstica e familiar contra a criança e o adolescente.
Contatos:
maiagallerani@gmail.com
@psi.iramaiagallerani
Produção
Instituto Ranai - Ensino e Desenvolvimento