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O batizado dos
recrutas: trote, socialização acadêmica e resistência ao novo ensino policial
brasileiro. Revista Capítulo Criminológico, v. 31. Abril, 2003.
Com isto, deve-se questionar se tais práticas não anulam o currículo policial
militar. Afinal, onde estão as atitudes de integração e liderança, que devem ser objeto de
estudo do oficial da polícia militar?
Por fim, no capítulo Reprodução e Transformação, os autores realizam um
contraste entre o trote tradicional e um novo modelo de adaptação a está prática. Deve-se
transformar tal erito num verdadeiro meio de integração e não de negação das diferenças
e direitos dos novos recrutas, como ocorre com o atual modelo.
Deve-se perceber que o trote tradicional, apresentam práticas inúteis (irracionais
e sem sentido educacional), e deve ser substituído por práticas úteis voltadas ao
desenvolvimento profissional.
Por trotes úteis, os autores consideram aqueles que dão lições de vida, que
disciplinam a convivência nos quarteis, que aproximam os veteranos dos recrutas e que
estimulam atitudes militares como coragem, abnegação, resistência à dor, privação e
exposição a situações de limite.
Ainda, os trotes úteis incluem sem problemas a exploração da força de trabalho
dos calouros para cuidar do fardamento, limpar bostas, lustrar fivelas de cintos, polir as
armas dos veteranos, e provas de esforço físico, já que há uma correspondência com as
atividades policiais.
Inúteis são aquelas desprovidas de valor, que caracterizam o trote como uma
forma velada de realizar vingança, arbitrariedades e humilhações.
31 alunos da APMBA foram confrontados com a hipótese de se acabar com o rito
do trote, onde 29 se posicionaram a favor do mesmo, mas com modificações. Mesmo os
recrutas mais adversos, não se posicionaram no sentido de excluir a prática em sim, mas
em reelabora-la no sentido de evitar lesões corporais e humilhações gritantes (Liliane, 19
anos). Existem aqueles que chegam a propor a substituição do trote por uma semana de
confraternização, com palestras e explicação do funcionamento da academia policial.
“Deveria ser mais instrutivo e não basear-se no besteirol” (Pedro, 21 anos).
Aqueles que se voltam para sua manutenção, a justificam como: força e sabedoria
na tradição que serve para testar a capacidade psicológica dos novos alunos.
Percebe-se as críticas e resistências ao trote, como as que acabamos de ver, não
são suficientes para acabar com esta prática, o que leva a gerações replicá-las no âmbito
da caserna.
Assim, os autores defendem o fim do trote, ou até mesmo a sua substituição por
práticas que favoreçam as virtudes militares a partir de celebração coletivas que
contribuam para o desenvolvimento profissional.