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Livro Tornar-se Negro

Capítulo I - Introdução
O objetivo deste livro é trazer relatos de experiências de negros
que vivem em uma sociedade com ideologias, comportamentos,
estética e exigência da classe branca. Esse olhar se detém
particularmente sobre a experiência emocional do negro, que
vivem a ascensão dessa sociedade, resultando na conquista de
valores e prerrogativas brancas;
Uma forma de buscar e realizar sua própria autonomia é possuir
um discurso sobre si mesmo, discurso que faz muito mais
significativo quanto mais fundamentado no conhecimento
concreto da realidade que vivemos.
Ser negro é passar pela vivencia de ter sua identidade
massacrada, ter suas expectativas submetidas e estar dominado
pelas exigências da sociedade branca. Sendo uma experiência de
conseguir resgatar a sua historia;

Para obter a conquista de ascensão social, o negro se afasta de seus


valores, crenças e origem, transformando como modelo de
identificação o branco , sendo a única alternativa para estar no
meio social.
Relação com o caso de Joice
Joice vem construindo sua própria autonomia e o seu papel
social, conseguindo mostrar, perceber e reconhecer algumas de
suas próprias características no meio em que vive, visando à
realidade em que esta inserida atualmente. Em outro momento
de sua vida, passou por bullying, não conseguindo ter
autonomia, nem seu próprio discurso, por conta do sofrimento
passado preferia ficar sozinha, em muitos momentos utilizava
formas de se defender para pertencer neste meio social.
Outro ponto do livro que se relaciona com a paciente Joice é
estar inserida em uma sociedade que predomina a classe
branca e o sofrimento trazido diante desta situação. Em vários
momentos de sua infância e adolescência se sentia “diferente”
dos outros por ser negra, tendo a estética diferente da maioria
das outras pessoas, por conta disso já quis ter cabelos lisos e
pele clara para se sentir pertencente. Percebemos neste
momento que Joice busca identificação com a sociedade
branca com o objetivo de se sentir que pertence ao grupo,
entretanto isso causa sofrimento físico e emocional por não
ter autoaceitação.
Capítulo IV - Narcisismo e o Ideal do Ego
É necessário um modelo ideal que o individuo possa seguir para
recuperar o narcisismo original perdido. Essa recuperação pode
ocorrer através de uma mediação idealização de seus pais
ou substitutos e ideais coletivos. Esse modelo é o Ideal do Ego;

O primeiro lugar onde é construído o Ideal do Ego é o ambiente


familiar, guiando o caminho a ser percorrido, depois esse percurso
é guiado na rua, escola, trabalho, ambiente social. São nestas
experiências novas que o Ideal do Ego reforça o seu caminho e
adquiri significado e eficácia de modelo ideal para o sujeito.
O Ideal do Ego é # do Ego Ideal

É referente ao domínio da
articulação, simbólico e registra É a instância regida pelo signo do
ao qual pertence à ordem poder e marcada pelo registro do
simbólica e a lei que a imaginário, sendo definida pela
fundamenta, funciona também idealização maciça e pela dominação
como lugar do discurso. das representações fantasmáticas.


A formação do Ideal do Ego é

composta pelo modelo racista e


capitalista presente na sociedade,
sendo fundada na dupla opressão
de classe e de cor

Ideal do Ego

É o suporte para a produção da O Ideal do Ego do negro é branco por


conexão da normatividade libidinal viver em uma ideologia exigida pelos
com a cultura. A tranquilidade e a brancos, tendo que seguir a esse
harmonia interna do indivíduo é dada modelo como ideal a ser alcançado por
pelo nível de aproximação do Ego e significar poder, inteligência,
do Ideal do ego condição econômica e social boa, e

poder.
Pode existir uma tensão entre o Ego

e o Ideal do Ego, surgindo um


sentimento de culpa ou de
inferioridade
Essa rejeição por não se encaixar no modelo imposto dos brancos
causa sentimento de tristeza e desespero no físico, ocupando o
corpo erógeno. Conseguimos observar esse comportamento em
um relato apresentado neste capítulo:

"Contavam que quando pequena falava muito na frente do


espelho: era uma sensação de me reconhecer. Achava-me muito
feia, me identificava como uma menina negra, diferente: não
tinha nenhuma menina como eu. Todas as meninas tinham o
cabelo liso, o nariz fino. Depois eu senti que aquele negócio de
olhar no espelho era uma coisa ruim. Um dia eu me percebi com
medo de mim no espelho! Fiquei um grande tempo sem me ver
no espelho com medo de reviver aquela sensação." (Luisa)
A impossibilidade de realizar o Ideal do Ego por ser constituído
pelos ideais do branco, dando duas alternativas cair nas
punições do Superego ou lutar buscando novas saídas
Ao eleger o branco como Ideal do Ego, cria-se uma ferida
narcísica, sendo curada com outra construção de Ideal do Ego,
expressando nele seus próprios valores e interesses, trazendo
referencia a história. Independente dos modos de compreender o
sentido da prática política, seu exercício é representado para o
negro como o meio de recuperar a autoestima, de afirmar sua
existência e de marcar o seu lugar.
Relações com o caso de Joice
Como no relato de Luiza, Joice também se sentia diferente das
outras meninas na escola na época de sua infância e adolescência,
não tinha nenhuma como ela, a maioria das meninas tinham
cabelo liso, se olhando pouco no espelho, muitas vezes só se via
quando passava em algum lugar que havia um, vendo apenas o
seu reflexo, mas que não gostava muito de se olhar, por este fato
tem uma grande dificuldade em receber elogios de outras pessoas,
por não enxergar isso em si mesma.
Observamos que no caso de Joice sua criação deu os primeiros
passos para guiar os seus caminhos, quando mais velha foi
adquirindo experiências novas em sua escola, no ambiente social,
trazendo significados em sua vida, como o bullying passado,
acarretando em uma baixa autoestima e insegurança em confiar
nos outros, porem isso foi trazendo ferramentas para ir se
conhecendo e construindo o seu modelo ideal.
Existe um sofrimento quando elegemos o branco como Ideal do
Ego, conseguimos perceber isso em Joice quando se sente
diferente das outras meninas por não ter cabelo liso, por exemplo,
não querendo se ver no espelho por se achar feia. Ah uma
transição quando Joice começa a se olhar e achar bonita, trazendo
a si os seus próprios valores e interesses

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