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CADEIA RESPIRATÓRIA

E FOSFORILAÇÃO
OXIDATIVA
Produção Aeróbica de ATP

Estágio 1
Geração de Acetil-CoA

Estágio 2
Oxidação da Acetil-CoA no Ciclo de Krebs

Estágio 3
fosforilação oxidativa (formação de ATP) na cadeia de transporte de elétrons
(cadeia respiratória)

2
Resumo dos 3 Estágios

Formação da acetil-CoA

complexo piruvato desidrogenase

Oxidação da acetil-CoA
no ciclo de Krebs

Fosforilação oxidativa na
cadeia de transporte de
elétrons 3
Cadeia Respiratória ou Cadeia
Transportadora de Elétrons

• A cadeia respiratória consiste de uma série de


proteínas que possuem grupos prostéticos
firmemente ligados às suas estruturas. Estes
grupos prostéticos são capazes de receber e
doar elétrons, isto é, funcionam como pares
conjugados de oxidação-redução ou pares
redox.
Quantidade de ATP que os seres humanos
precisam para viver
• Um ser humano sedentário de 70 kg precisa de
aproximadamente 2.000 kcal para 1 dia de atividade.
• São necessários 83 kg de ATP para atender a essa imensa
demanda de energia.
• Os seres humanos possuem apenas cerca de 250 g de ATP a
qualquer momento.
• A diferença entre o ATP que dispomos e o que necessitamos é
compensada pela reciclagem de ADP em ATP.
• Essa reciclagem ocorre primariamente por meio da
fosforilação oxidativa.
• Cada molécula de ATP é reciclada aproximadamente 300
vezes/dia.
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Mitocôndria
 Local onde ocorre o metabolismo oxidativo em
eucariotos (piruvato desidrogenase, enzimas do
ciclo de Krebs, enzimas da oxidação de ácidos
graxos, e enzimas e proteínas redox do transporte
de elétrons e fosforilação oxidativa).
 A membrana externa é altamente permeável
(contem porinas) e a membrana interna é
altamente impermeável (é somente altamente
permeável à O2, CO2 e H2O).
 As proteínas envolvidas no transporte de
elétrons e fosforilação oxidativa estão
associadas à membrana interna da
mitocôndria (assim como proteínas de transporte
de ATP, ADP, piruvato, Ca2+ e fosfato).
 A matriz (gel-like) contem altas concentrações
das enzimas solúveis do metabolismo oxidativo
(e.g., do ciclo de Krebs) e substratos, cofatores
nucleotídicos e íons inorgânicos.
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Fluxo de elétrons
• O fluxo de elétrons ocorre em quatro grandes complexos
proteicos que estão “imersos” na membrana mitocondrial
interna e juntos são denominados de cadeia respiratória ou
cadeia de transporte de elétrons.
• Três destes complexos utilizam a energia liberada pelo fluxo de
elétrons para bombear prótons da matriz mitocondrial para o
citoplasma (espaço inter-membrana da mitocôndria).
• Isto gera um gradiente de pH e um potencial elétrico
transmembrana que gera a força próton-motriz.

MITOCÔNDRIA: oval de 2 M de comprimento e 0,5


M de diâmetro (~ tamanho de uma bactéria). DNA
mitocondrial de humanos: 16.569 pb (codifica 13
proteínas da cadeia respiratória, RNA ribossomais e
tRNAs para traduzir todos os códons). Muitas proteínas
das mitocôndrias são codificadas pelo DNA nuclear
(relação de simbiose).
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Estágio 3: fosforilação oxidativa (formação de ATP) na
cadeia de transporte de elétrons (cadeia respiratória)

• A oxidação das fontes energéticas e a fosforilação do ADP


(formação de ATP) são acopladas por um gradiente de prótons
através da membrana mitocondrial interna.

• Coletivamente, a geração de elétrons com alto potencial de


transferência pelo ciclo de Krebs, seu fluxo através da cadeia
respiratória e a síntese associada de ATP (ATP Sintase) é
denominada respiração ou respiração celular.

• RESPIRAÇÃO: Um processo de geração de ATP no qual um


composto inorgânico (como oxigênio molecular, O2) atua como
último aceptor de elétrons. O doador de elétrons pode ser um
composto orgânico assim como um composto inorgânico.
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O potencial de transferência de elétrons é medido como
potencial redox


G  nFE ´
0
n=número de elétrons transferidos.
F=96,48 C mol-1=96,48 kJ mol-1 V-1=23,06 kcal
mol-1 V-1 (constante de Faraday=carga elétrica
de 1 mol de elétrons). 1V=1J C-1.
2
E0`=potencial de redução (redox) em Volts.
G 0`=energia livre padrão (em bioquímica
pH=7) em kJ mol-1 ou kcal mol-1.

 O ciclo de Krebs remove elétrons da acetil-CoA que são utilizados na formação de NADH e FADH2
(formas reduzidas: carreadores de elétrons). E0` (potencial de redução em Volts) com valor positivo:
maior afinidade por elétrons (redução) do que H2 (definido como V=0 em físico-química e -0,42 V em
bioquímica), portanto agente oxidante (vai se reduzir = receptor de elétrons).
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O potencial de transferência de elétrons é medido como
potencial redox ½O2 + 2H+ + 2ē  H2O
NADH  NAD+ + 2ē + H+
½O2 + NADH + H+  H2O + NAD+

Uma diferença de
potencial de 1,14 V
(0,82V + 0,32V) entre
NADH e O2
impulsiona o
transporte de elétrons
ao longo da cadeia e
2 favorece a formação
de um gradiente de
prótons.

NADH = agente redutor forte porque doa elétrons e tem potencial de redução negativo (E0`).
O2 = agente oxidante forte porque aceita elétrons e tem um potencial de redução (E0`) positivo.
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Como se pode quantificar a energia associada a um
gradiente de prótons?

 c2 
G=energia livre para uma espécie ser transportada de compartimento com c 1
para compartimento com c2 (separados por uma membrana).

G  RT ln    ZFV
Z=carga elétrica da espécie transportada
V=potencial transmembrana em volts
R=constante dos gases (8,315 x 10-3 kJ mol-1 deg-1 ou 1,987 x 10-3 kcal mol-1 deg-1).

 c1 
T=temperatura em Kelvin (C + 273,15)
F=constante de Faraday=96,48 kJ mol-1 V-1=23,06 kcal mol-1 V-1 (carga elétrica de
1 mol de elétrons).

V=0,14V (com o exterior sendo positivo)


Em condições típicas para a membrana  c2 
ln    1,4
Z=+1 para prótons
mitocondrial interna, o pH externo é 1,4
1
unidade mais baixo que o pH interno:
 c1  pH  log 
  log[ H  ]
[H ]

Substituindo os valores: G=21,8 kJ mol-1 (5,2 kcal mol-1).


Cada próton que é transportado da matriz para o lado
citoplasmático corresponde a 21,8 kJ mol-1 de energia livre.
 A soma dos termos de concentração e carga elétrica é denominada potencial eletroquímico ou
potencial de membrana: a mudança de um soluto sem carga elétrica do lado 1 (concentração c1)
para o lado 2 (concentração c2) mais a mudança de um soluto com carga elétrica (cuja distribuição
desigual através da membrana gera um potencial elétrico).
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Estágio 3: fosforilação oxidativa (formação de ATP) na cadeia de
transporte de elétrons (cadeia respiratória)

Complexos proteicos que bombeiam


prótons através da membrana interna da
mitocôndria:
I : NADH-coenzima Q oxidorredutase
III: Coenzima Q-citocromo c
oxidorredutase
IV: Citocromo c oxidase

Note que o complexo proteico denominado


succinato-coenzima Q redutase (II), que
contém a succinato desidrogenase que gera
FADH2 no ciclo de Krebs, não bombeia H+
para fora da matriz mitocondrial.
Estágio 3: fosforilação oxidativa (formação de ATP) na cadeia de
transporte de elétrons (cadeia respiratória)

Denominações dos complexos proteicos:


I : NADH-coenzima Q oxidorredutase
II: Succinato-coenzima Q redutase
III: Coenzima Q-citocromo c oxidorredutase
IV: Citocromo c oxidase

Note que a succinato-coenzima Q


redutase (complexo proteico que
contém a succinato desidrogenase
que gera FADH2 no ciclo de
Krebs) não bombeia H+ para fora
da matriz mitocondrial.

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COMPONENTES HEME (GRUPOS PROSTÉTICOS) DOS
CITOCROMOS
(carreadores de elétrons)
Estágio 3: fosforilação oxidativa (formação de ATP) na cadeia de
transporte de elétrons (cadeia respiratória)

Dois carreadores de elétrons transportam os


elétrons de um complexo para outro:
1) Coenzima Q (Q): aka ubiquinona
2) Citrocromo c: proteína heme solúvel que
carreia elétrons da coenzima Q-citocromo c
oxidorredutase (complexo III) para
citocromo c oxidase (complexo IV), o
componente final na cadeia e o responsável
por catalisar a redução de O2 em H2O.

Heme c: ligado por duas


ligações tioéter com duas
cisteínas do citocromo c. citocromo c
(~100 aa) COENZIMA Q (Q): derivado de quinona contendo 10 unidades de isopreno em mamíferos (Q 10).

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Complexo NADH-coenzima Q oxidoredutase
(Complexo I ou NADH desidrogenase)
É o maior dos 4 complexos (>900 kDa).
Formado por 46 cadeias polipeptídicas,
incluindo 7 centros de ferro/enxofre (2Fe-2S e
4Fe-4S) em que ocorre conversões reversíveis
entre Fe2+ (reduzido) e Fe3+ (oxidado) e a
flavoproteína ligada ao FMN. Estrutura
tridimensional em forma da letra L.

Seu sítio de ligação com o NADH está voltado


para a matriz mitocondrial.

Os dois elétrons do NADH fluem para FMN daí


para os centros ferro/enxofre e finalmente para
a Coenzima Q. Este fluxo resulta no
bombeamento de 4 prótons para fora da matriz
mitocondrial (espaço intermembranas).

NADH + coenzima Q + 5 H+matriz  NAD+ + QH2 + 4 H+citoplasma


2Fe-2S 4Fe-4S
Complexo Succinato-Coenzima Q Redutase
(Succinato-Desidrogenase ou Complexo II)
FADH2 entra na cadeia de transporte de elétrons no
complexo II. Succinato desidrogenase: faz parte do
Complexo II e é a única enzima do Ciclo de Krebs que
está embebida na membrana interna da mitocôndria.

Possui 4 subunidades, incluindo duas proteínas com


grupos ferro/enxofre, e uma delas ligada ao FAD.

Fluxo de elétrons: de FADH2  centros Fe-S 


Coenzima Q (ubiquinona), formando ubiquinol (QH2).

Não bombeia prótons para fora da matriz mitocondrial


(espaço intermembranas): menos ATP será formado
quando comparado com NADH.

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Coenzima Q-citocromo c oxidorredutase (ou
complexo Citocromo bc1 ou Complexo III)
Enzima homodimérica com 11 cadeias polipeptídicas
distintas. Destino do ubiquinol (coenzima-Q
reduzida, QH2) formado pelos Complexos I e II 
citocromo c (oxidado) do complexo III (com
bombeamento de prótons).

O Complexo III é formado por três grupos heme:


dois tipos de citocromo b (bL e bH; L=low affinity,
H=high affinity) e um do tipo citocromo c1. Além
destes há uma proteína ferro/enxofre (2Fe-2S: centro
de Rieske) e entre 4 e 6 proteínas adicionais.

Citocromo: proteína que transfere elétrons e contém


um grupo prostético heme (Fe2+⇌Fe3+;
ferroso⇌férrico; ferro-protoporfirina IX como o
encontrado na mioglobina e hemoglobina).

2 QH2 + Q + 2 Cit cox (FeIII) + 2 H+matriz  2 Q + QH2 + 2 Cit cred (FeII) + 4 H+citoplasma
Coenzima Q-citocromo c oxidorredutase (ou
complexo Citocromo bc1 ou Complexo III)

Ubiquinol (QH2) transfere dois elétrons para o citocromo c (que só pode captar 1 elétron por vez) do complexo III

Ciclo Q: 2 QH2 se ligam consecutivamente cada uma doando dois elétrons e dois prótons. Estes H + são
bombeados para o espaço inter-membrana (citoplasmático). O primeiro ubiquinol (QH2) que sai do pool de Q se
liga ao sítio Q e os dois elétrons têm destinos diferentes:
 Um para 2Fe-2S do centro de Rieske H, depois para citocromo c1 e conversão deste na forma reduzida que
difunde e avança na cadeia respiratória.
 O segundo elétron passa por dois hemes do citocromo b para um ubiquinona oxidada em um segundo sítio de
ligação Q. Este Q é reduzido ao ânion semiquinona (Q-) pelo elétron do primeiro ubiquinol (QH2), Q é liberado,
e uma segunda molécula de QH2 reinicia o mesmo ciclo da primeira molécula de QH2 (captando dois prótons da
matriz para converter Q em QH2).

2 QH2 + Q + 2 Cit cox (FeIII) + 2 H+matriz  2 Q + QH2 + 2 Cit cred (FeII) + 4 H+citoplasma
Citocromo c oxidase (Complexo IV)
Enzima de 13 cadeias peptídicas, dois grupos
prostéticos (heme a e heme a3-CuB) embebidos na
membrana, um grupo prostético CuA/CuA próximo
ao espaço intermembrana (aceita inicialmente os
elétrons do citocromo c). Os centros de cobre
alternam-se entre a forma Cu+ reduzida (cuprosa) e
a forma oxidada Cu2+ (cúprica) nos processos redox.

CO(bb) representa um grupo carbonila do


arcabouço peptídico.

O heme a3-CuB é o sítio de redução de oxigênio em


água.

Um elétron flui do citocromo c para CuA/CuA , para


heme a, para CuB e, por fim, para O2. Os elétrons do
citocromo c são transportados, desta forma, até a
matriz mitocondrial onde vão reduzir em H2O.

A demanda de oxigênio para essa reação é o que


torna os organismos “aeróbicos”.

Redução com 4 elétrons (oriundos de 4 citocromos c)


de uma molécula de O2 para produzir H2O.

4 Cit cred (FeII) + 8 H+matriz + O2  4 Cit cox (FeIII) + 4 H+citoplasma + 2 H2O


Citocromo c oxidase (Complexo IV)

Dois citocromo c transferem sequencialmente elétrons para reduzir CuB e heme a3 (1-3).
CuB (Cu+1) e FeII no heme a3 reduzidos ligam-se a O2 para formar o peróxido (4-5).
O acréscimo de mais dois elétrons (de mais dois citocromo c) e mais dois prótons (6-7) cliva
a ponte de peróxido. O acréscimo de mais dois prótons resulta na liberação de água (8).
Oxidado: Cu2+ (cúprico) e FeIII (ferrico). Reduzido: Cu+ (cuproso) e FeII (ferroso)
4 Cit cred (FeII) + 8 H+matriz + O2  4 Cit cox (FeIII) + 2 H2O + 4 H+citoplasma
Citocromo c oxidase (Complexo IV)

4 Cit cred (FeII) (4 elétrons) + 8 H+matriz + O2  4 Cit cox (FeIII) + 2 H2O + 4 H+citoplasma

Complexo IV (Citocromo c oxidase): catalisa a transferência de elétrons da forma


reduzida do citocromo c para o oxigênio molecular (O2), o aceptor final.

ESTA REAÇÃO É O MOTIVO PELO QUAL O SER HUMANO PRECISA RESPIRAR


Hipótese Quimiosmótica
• Explica como a energia gerada pelo transporte de elétrons através da Cadeia de Transporte de Elétrons (Cadeia
Respiratória) é utilizada para produzir ATP a partir de ADP + Pi.
• À medida que os elétrons são transferidos do NADH e do FADH2 ao longo da cadeia de transporte de elétrons, a energia
liberada é utilizada para “bombear” os hidrogênios (prótons; H+) da matriz das mitocôndrias através da membrana
mitocondrial interna.
• Isso acarreta um acúmulo de H+ no espaço entre as membranas mitocondriais interna e externa: FORÇA PRÓTON-
MOTRIZ. O acúmulo de H+ é uma fonte de energia potencial que pode ser capturada e utilizada para recombinar o Pi
com ADP e formar ATP.
• O objetivo da cadeia de transporte de elétrons é mover elétrons através de uma série de citocromos para fornecer energia
que impulsione a produção de ATP nas mitocôndrias.

Força próton-motriz (p) = gradiente químico (pH) + gradiente elétrico ()

 pHexterno é 1,4 menor do que o pHmatriz


 Potencial de membrana é 0,14 V (com o
exterior sendo positivo)

23
ATP Sintase (Complexo V ou ATPase mitocondrial ou F1F0ATPase)

Até agora avaliamos o fluxo de elétrons de NADH (ou FADH2) para O2, um processo exergônico.

NADH + ½ O2 + H+  H2O + NAD+ G0´ = -220,1 kJ mol-1 (-52 kcal mol-1)

Este processo é acoplado à síntese de ATP (processo endergônico) pela força próton-motriz

ADP + Pi + H+  ATP + H2O G0´ = +30,5 kJ mol-1 (+7,3 kcal mol-1)

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ATP Sintase (Complexo V ou ATPase mitocondrial ou F1F0ATPase)

 A subunidade F0 (10-14 subunidades c e a subunidade a


se liga à sua porção externa) está embebida na membrana
mitocondrial interna e contém o canal de prótons (H+) do
complexo V.
 A subunidade F1 contém a subunidade catalítica e
projeta-se na matriz mitocondrial: 5 tipos de cadeias
polipeptídicas (3, 3, ,  e ) formando um anel
hexamérico das subunidades  e  (as duas ligam
nucleotídeos mas as subunidades  é que participam da
catálise).
 A subunidade  forma uma espiral que passa pelo centro
do hexâmero 33 rompendo a sua simetria e resultando
em distintas interações entre as subunidades  e
diferentes superfícies da subunidade .
 As subunidades estão conectadas pela haste  central e
uma “coluna” externa (1 subunidade a, 2 subunidades b,
e 1 subunidade ).

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ATP Sintase (Complexo V ou ATPase mitocondrial ou F1F0ATPase)
UM GRADIENTE DE PRÓTONS IMPULSIONA A SÍNTESE DE ATP

 A cadeia respiratória e a ATP sintase são sistemas bioquimicamente separados, ligados apenas por
uma força próton-motriz.
 A função do gradiente de prótons é de liberar o ATP do sítio ativo da ATP sintase, e não de formá-lo
porque a interconversão entre ATP e ADP ocorre na ausência do gradiente de prótons (ATP e ADP
estão em equilíbrio no sítio ativo da ATP sintase). 26
ATP Sintase (Complexo V ou ATPase mitocondrial ou F1F0ATPase)
UM GRADIENTE DE PRÓTONS IMPULSIONA A SÍNTESE DE ATP

Mecanismo de síntese de ATP: 1) ligação de ADP e Pi, 2) síntese de ATP, 3) liberação de ATP. As
interações com a subunidade  resultam em diferentes estados conformacionais das subunidades . A
rotação da subunidade  impulsiona a interconversão das três formas das subunidades .
 Os três sítios catalíticos (subunidades ) em conformações diferentes: L (loose, flexível) liga ADP e Pi,
T (tight, rígida) de elevada afinidade por ATP e converte ADP e Pi em ATP, O (open, aberta) liga e
libera nucleotídeos de adenina. As formas L e T não liberam nucleotídeos ligados.
 Conversões: TO: formou e liberou ATP / LT: ligou ADP e Pi e converteu em ATP / OL: ligou e
manteve no sítio ADP e Pi. Evolução: TOLTOL. 27
ATP Sintase (Complexo V ou ATPase mitocondrial ou F1F0ATPase)
UM GRADIENTE DE PRÓTONS IMPULSIONA A SÍNTESE DE ATP

 1) a cadeia lateral do Aspartato-61 situada na região central das duas alfa-hélices da subunidade c
liga-se a um H+ do espaço inter-membrana que entra pelo canal citosólico da subunidade a, 2) rotação
da subunidade c, 3) liberação do próton pelo canal da matrix.
 O anel c está rigidamente associado às subunidades  e  e, portanto, à medida que o anel c (F0) gira,
as subunidades  e  sofrem rotação no interior do hexâmero 33 (F1). A coluna externa formada pelas
cadeias b e subunidade  impede a rotação do hexâmero 33. Cada rotação de 360 da subunidade 
resulta na síntese e liberação de três moléculas de ATP (~H+/ATP precisa fluir para a matriz). 28
Estágio 3: fosforilação oxidativa (formação de ATP) na cadeia de transporte de
elétrons (cadeia respiratória)
I : NADH-coenzima Q oxidorredutase; II: Succinato-coenzima Q redutase;
III: Coenzima Q-citocromo c oxidorredutase; IV: Citocromo c oxidase

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ATP-ADP TRANSLOCASE
ATP e ADP não se difundem livremente através da membrana mitocondrial interna. Os fluxos de ATP e
ADP são acoplados: o ADP só entra na matriz mitocondrial se o ATP sair (e vice versa). Mecanismo da
ATP-ADP TRANSLOCASE (30 kDa): 1) ligação do ADP do citoplasma, 2) eversão do transportador, 3)
liberação do ADP na matriz mitocondrial, 4) ligação do ATP na forma evertida, 5) eversão de volta à
conformação original, 6) liberação de ATP no citoplasma. O potencial de membrana positivo favorece o
transporte de ATP para fora da matriz mitocondrial (em respiração ativa).
(1) (2)

(3)
(6)
(4)
(5)
LANÇACEIRA DO GLICEROL-FOSTATO (músculo)
Uma das funções da cadeia respiratória é a reoxidação de NADH citoplasmático em NAD+ em condições aeróbicas para ser utilizado na
glicólise. A membrana interna da mitocôndria é impermeável para NADH e NAD+. Os elétrons do NADH citoplasmático (em vez do
próprio NADH) são transportados por esta lançadeira gerando 1,5 ATP (FADH2) ao invés de 2,5 ATP (NADH).

Membrana interna da mitocôndria


LANÇACEIRA DO MALATO-ASPARTATO (coração e fígado)
Os elétrons do NADH citoplasmático em NAD+ são trazidos para as mitocôndrias por esta lançadeira que é mediado por dois carreadores
de membrana e quatro enzimas. Lembre: a membrana interna da mitocôndria é impermeável para NADH e NAD+. O NADH
citoplasmático transportado por esta lançadeira gera 2,5 ATP (NADH) ao invés de 1,5 ATP (FADH2).

Aspartato aminotransferase

Malato desidrogenase do CK

Aspartato aminotransferase
DESACOPLAMENTO DA FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA PARA
PRODUÇÃO DE ATP RESULTA NA GERAÇÃO DE CALOR
1. Manutenção da temperatura corporal: animais que hibernam, recém-nascidos, e sobretudo em
mamíferos adultos adaptados a climas frios.
2. Tecido adiposo marrom (rico em mitocôndrias): adaptado para a termogênese sem calafrio.
3. UCP1=proteína desacopladora=termogenina (na membrana mitocondrial interna).
4. Fluxo de prótons do citoplasma para matriz (curto-circuito na bomba de prótons) liberando calor
(dissipando gradiente de prótons para produção de ATP).
5. Temperatura corporal  Liberação de ácidos graxos a partir de triglicerídeos Ativando termogenina.
A fosforilação oxidativa pode ser inibida em vários estágios
1. Inibição da cadeia de transporte de elétrons: rotenona
(veneno para insetos e peixes) e amobarbital (sedativo
barbitúrico) bloqueiam a transferência de elétrons da NADH-
coenzima Q oxidorredutase (complexo I) impedindo a
utilização de NADH como substrato. A antimicina A interfere
no fluxo de elétrons provenientes do citocromo bH na
coenzima Q-citocromo c oxidorredutase (complexo III). O
cianeto e a azida reagem com a forma férrica (Fe3+, oxidado)
do heme a3 (complexo IV), enquanto que o monóxido de
carbono inibe a forma ferrosa (Fe2+, reduzido).

2. Inibição da ATP sintase: a oligomicina (anti-fúngico) e a


diciclohexilcarbodiimida (DCC) impedem o influxo de
prótons através da ATP sintase (parando a cadeia de
transporte de elétrons e síntese de ATP).

I : NADH-coenzima Q oxidorredutase; II: Succinato-coenzima Q redutase;


rotenone amytal antimycin III: Coenzima Q-citocromo c oxidorredutase; IV: Citocromo c oxidase
A fosforilação oxidativa pode ser inibida em vários estágios
3. Desacoplamento do transporte de elétrons na síntese
de ATP: o 2,4-dinitrofenol (DNP) faz com que o
transporte de elétrons de NADH para O2 não seja
alterado mas não há formação de ATP pela ATP Sintase
porque a força próton-motriz através da membrana
mitocondrial é dissipada (prótons fluem a favor de seu
gradiente de concentração). A energia é dissipada na
forma de calor.

4. Inibição da exportação do ATP: atractilosídeo


(glicosídio vegetal) e ácido bongkréquico (antibiótico
proveniente do mofo) inibem a atividade da ATP-ADP
translocase.

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