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A construção dos laços afetivos no ambiente escolar

des e signicações foi denominada pela psicologia social de processo de socia-


lização. Através da socialização, o sujeito passa a pertencer a um determinado
grupo social e os códigos, normas e regras básicas de relacionamento desse con-
junto social passam a integrar suas atitudes sociais.

Dessa maneira, a proposta é estabelecer o vínculo afetivo como alicerce do


trabalho pedagógico. É a partir do vínculo entre professor e aluno que ideias são
questionadas, alternativas são descobertas e conteúdos cognitivos são assimila-
dos e uma aprendizagem signicativa pode ocorrer. Para a construção de víncu-
los afetivos são utilizados instrumentos mediadores, como jogos e brincadeiras
adequados ao momento do desenvolvimento da criança ou adolescente.

O educador busca incentivar a postura participativa e uma consciência crítica


da criança, respeitando seus valores e levando em consideração suas vivências.
Objetiva desenvolver com elas um pensar sobre si mesmas em que, despertan-
do a autoconsciência e autoestima, possibilitam o despertar de novas poten-
cialidades referenciadas na tradição cultural, nos valores sociais, no coletivo e
colaborativo. Essa postura pedagógica propicia à criança o fortalecimento da
autoconança e ajuda a interromper o ciclo de violações dos direitos civis basea-
do na discriminação, no preconceito, na estigmatização e na exclusão escolar e
social que vivem essas crianças e adolescentes.

Pontos a reetir para a inclusão escolar de crianças


e adolescentes em situação de risco
 Oferecer oportunidade de construção de um novo projeto de vida para a
criança em situação de risco.

 Apropriação de uma proposta pedagógica e estabelecimento de parceria


da mesma junto ao grupo de professores e alunos, ou seja, os procedi-
mentos pedagógicos devem estar em consonância com o Projeto Político
Pedagógico.

 Organização da rotina cotidiana escolar. Cultivo de vínculos básicos para


a educação.

 Encontro individual e/ou de grupo aos educandos.

 Atendimento às famílias dos educandos, visando à restauração dos laços


familiares.

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A construção dos laços afetivos no ambiente escolar

 Acompanhamento da vida escolar dos educandos.

 Parceria entre comunidade e escola. Tecer as relações do tecido socioedu-


cacional.

 Manutenção da qualidade do ambiente escolar, com relação ao aspecto


humano e físico.

Texto complementar
16 mil jovens já assistiram à peça
Cidadão de Papel
(VALLE, 2009)

Em um ano, 16 000 estudantes de escolas públicas, privadas e de entida-


des como Travessia, Gol de Letra e Ayrton Senna já assistiram à peça Cidadão
de Papel. Escrita por Celso Cruz, ela é baseada em três das obras do jornalista
e diretor da ONG Cidade Escola Aprendiz, Gilberto Dimenstein: Cidadão de
Papel, Aprendiz do Futuro e Mano. O espetáculo é dirigido por Paulo Fabiano
e encenado pela Cia. Teatro X.

Segundo o diretor da peça, Paulo Fabiano, a montagem do Cidadão de


Papel pretende, entre outras coisas, mostrar que o teatro pode servir como
reexão crítica da sociedade. Com a mesma proposta do livro, o espetáculo
fala do cotidiano de violência vivido pelo brasileiro, levando ao centro da
cidade um garoto de classe média que vai procurar emprego. Roubado, o
garoto tenta recuperar sua “identidade” quando cruza com a exclusão social,
a violência, a agressão, a sexualidade, as drogas e, ao mesmo tempo, a soli-
dariedade e o amor.

Após a apresentação de cada espetáculo, a plateia participa de um debate


com os atores sobre temas como cidadania e respeito à vida. A peça, que ca
em cartaz até 10 de dezembro, está sendo encenada no Estúdio Teatro X,
no bairro paulistano de Santa Cecília. A Cia. Teatro X faz as apresentações
gratuitamente e a Cidade Escola Aprendiz organiza os colégios, públicos ou
privados, interessados em levar grupos para assistir ao espetáculo.

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A construção dos laços afetivos no ambiente escolar

Durante alguns meses ONG recebeu um real por aluno de doação das
escolas privadas e, com esse dinheiro, pagou ônibus para levar jovens de es-
colas públicas, centros comunitários e entidades para ver a peça. A primeira
apresentação de Cidadão de Papel aconteceu no dia 25 de setembro de 2001,
no Sesc Anchieta, São Paulo, e depois seguiu para o teatro Sérgio Cardoso, na
sala Paschoal Carlos Magno.

Dica de estudo
O lme Procurando Nemo, desenho infantil da Disney, oportuniza, de forma
lúdica, a compreensão sobre a inuência dos laços afetivos e a importância
destes para o aprendizado. Também oferece uma visão da importância do res-
peito à diversidade.

Atividades
1. Pense no que você acha que seria fundamental para potencializar os laços
no contexto escolar. Baseado no texto da aula desenvolva um programa vol-
tado ao atendimento de crianças ou adolescentes em processo de inclusão
optando por uma das seguintes áreas:

a) Ambiente pré-escolar (creche)

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b) Programas para infância (contra-turno escolar).

c) Programas para jovens e adultos (inserção prossional, ocinas de teatro,


artes plásticas).

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2. Observe atentamente o quadro abaixo adaptado de Tonucci (1998, p. 144).


Depois redija um texto relacionando o quadro à aula.

(TONUCCI, 1998. Adaptado.)


Luis é vivo demais. Ana é desorganizada. Pierre é abúlico.

Henrique é deciente. Carlos é caracterial. Luísa é tímida demais.

Maria é mal-educada. Só José é normal. Assinado: a professora.

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Inteligências múltiplas

Maria de Fátima Joaquim Minetto


Irene Carmem Piconi Prestes
A Teoria das Inteligências Múltiplas sugere abordagens de ensino que se adaptam
às potencialidades individuais de cada aluno, assim como à modalidade pela qual
cada um pode aprender melhor.

Howard Gardner

A Teoria das Inteligências Múltiplas, do psicólogo americano Howard


Gardner (1995), diz que cada indivíduo não é dotado das mesmas compe-
tências, é uma alternativa que permite aos indivíduos uma performance,
maior ou menor, em qualquer área de atuação, o que caracteriza a multi-
plicidade de habilidades do ser humano.

Para Gardner o sucesso escolar está em descobrir alternativas que cola-


borem para o desenvolvimento das diversas competências do indivíduo.
A insatisfação com a ideia de QI (quociente de inteligência) e com a Teoria
da Inteligência Única fez com que, em 1985, apresentasse a Teoria das In-
teligências Múltiplas, tendo sido identicadas inicialmente sete inteligên-
cias. Na sua pesquisa, Howard Gardner estudou também:

 o desenvolvimento de diferentes competências em crianças nor-


mais e crianças superdotadas;

 adultos com lesões cerebrais e como estes não perdem a intensidade


de sua produção intelectual, mas sim uma ou algumas competências,
sem que outras competências sejam sequer atingidas;

 crianças autistas apresentam ausências nas suas competências


intelectuais;

 desenvolvimento dos estudos sobre o cérebro.


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Inteligências múltiplas

Gustavo Lourenção.
O psicólogo americano, de 56 anos, é pro-
fessor de Cognição e Educação e integrante do
Projeto Zero, um grupo de pesquisa em cognição
humana mantido pela Universidade de Harvard.
Também leciona neurologia na Escola de Me-
dicina da Universidade de Boston. Escreveu 18
livros.

O que cou

A escola deve valorizar as diferentes habili-


dades dos alunos e não apenas a lógico-mate-
mática e a linguística, como é mais comum.

Um alerta

Para que as diversas inteligências sejam desenvolvidas, a criança tem de


ser mais que uma mera executora de tarefas. É preciso que ela seja levada a
resolver problemas.

Jean Piaget (1983), estudioso suíço, desenvolveu muitas pesquisas sobre a


inteligência, introduziu uma concepção de inteligência voltada ao aspecto fun-
cional, estrutural e interativo do intelecto.

A Teoria das Inteligências Múltiplas tem como fundamento a pluralidade da


mente, e que inteligência não se mede. Dessa maneira, segundo Gardner, uma
criança pode ter um desempenho precoce em uma área (o que Piaget chamaria
de pensamento formal) e estar na média ou mesmo abaixo da média em outra
(o equivalente, por exemplo, ao estágio sensório-motor).

Gardner descreve o desenvolvimento cognitivo como uma capacidade cada


vez maior de entender e expressar signicado em vários sistemas simbólicos uti-
lizados num contexto cultural, e sugere que não há uma ligação necessária entre
a capacidade de desenvolvimento em uma área de desempenho e capacidades
em outras áreas.

Em consequência dessa constatação, Gardner diz que as habilidades huma-


nas não são organizadas num eixo horizontal; ele propõe que se pense nessas
habilidades como organizadas sob um eixo vertical, e que, ao invés de haver
uma faculdade mental geral, como a memória, talvez existam formas indepen-
dentes de percepção, memória e aprendizado, em cada área, com possíveis se-
melhanças entre as áreas, mas não necessariamente uma relação linear.
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Inteligências múltiplas

A inteligência apresenta, então, uma característica fundamental que é ser


criadora, e ter a capacidade de resolver problemas, de criar coisas que sejam
essencialmente úteis. Para o autor, os seres humanos dispõem de graus variados
de cada uma das múltiplas inteligências e maneiras diferentes com que elas se
combinam, organizam e se utilizam dessas capacidades intelectuais para resol-
ver problemas e criar produtos. Gardner ressalta que, embora essas inteligências
sejam, até certo ponto, independentes uma das outras, elas raramente funcio-
nam isoladamente.

Vamos conhecê-las:

(GAMA, 2009. Adaptado.)


Presente nos poetas, nos grandes escritores, nos oradores, na-
quelas pessoas que conseguem criar, representar e resolver pro-
blemas através da linguagem. É a habilidade para usar a lingua-
Inteligência linguística
gem para convencer, agradar, estimular ou transmitir ideias. Em
crianças, essa habilidade se manifesta através da capacidade para
contar histórias originais, com precisão, experiências vividas.
Responsável pelo pensar lógico como uma sensibilidade para
padrões, ordem e sistematização. É a habilidade para explorar
relações, através da manipulação de objetos ou símbolos, é a
Inteligência habilidade para lidar com séries de raciocínios, para reconhecer
lógico-matemática problemas e resolvê-los. É a inteligência característica dos advo-
gados, matemáticos e cientistas. A criança com especial aptidão
nessa inteligência demonstra facilidade para contar e fazer cálcu-
los matemáticos e para criar notações práticas de seu raciocínio.
É uma inteligência em que o corpo age liderado pelo cérebro
para criação e tomada de decisões. Implica na habilidade para
Inteligência corporal usar a coordenação grossa ou na em esportes, artes cênicas ou
cinestésica plásticas no controle dos movimentos do corpo e na manipula-
ção de objetos com destreza. O aprender fazendo é um aspecto
importante no aprender.
É irmã da inteligência corporal, segundo Gardner, visto que essas
duas inteligências têm uma responsabilidade pelo desenvolvi-
mento de uma certa espacialidade da inteligência. Descreve a
inteligência espacial como a capacidade de perceber o espaço
visual e espacial de forma precisa, as transformações que esse
Inteligência espacial
espaço sofre. É a inteligência dos pilotos de Fórmula 1, dos enge-
nheiros e dos arquitetos. Em crianças pequenas, o potencial es-
pecial nessa inteligência é percebido através da habilidade para
quebra-cabeças e outros jogos espaciais e a atenção a detalhes
visuais.
Essa inteligência nos permite trabalhar com pessoas, perceber
as pessoas. Ela está presente nos professores, políticos e vende-
dores bem-sucedidos. A inteligência interpessoal em crianças
Inteligência interpessoal
pequenas especialmente dotadas demonstram uma habilidade
para liderar outras crianças, uma vez que são extremamente sen-
síveis às necessidades e sentimentos de outros.

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Inteligências múltiplas

Essa inteligência é irmã da interpessoal. Representa a habilida-


de para ter acesso aos próprios sentimentos, sonhos e ideias,
para discriminá-los e lançar mão deles na solução de problemas
pessoais. É o reconhecimento de habilidades, da capacidade de
controle das próprias emoções, é o autoconhecimento. Como
Inteligência intrapessoal essa inteligência é a mais pessoal de todas, ela só é observável
através dos sistemas simbólicos das outras inteligências, ou seja,
através de manifestações linguísticas, musicais ou cinestésicas.
Como exemplo, os grandes líderes que muitas vezes conseguem
superar obstáculos imensos, e não perder a calma, não enlou-
quecer e liderar um povo.
Essa inteligência se manifesta através da discriminação de sons,
habilidade para perceber melodias, sensibilidade para ritmos,
Inteligência musical tonalidade, e habilidade para criar através da música. A criança
com habilidade musical percebe desde cedo diferentes sons no
seu ambiente e, frequentemente, canta para si mesma.

Segundo Gardner, todos os indivíduos, em princípio, têm a habilidade de


questionar e procurar respostas usando todas as inteligências. Todos os indiví-
duos possuem, como parte de sua bagagem genética, certas habilidades básicas
em todas as inteligências. A linha de desenvolvimento de cada inteligência, no
entanto, será determinada tanto por fatores genéticos e neurobiológicos quanto
por condições ambientais culturais. Assim, sugere que alguns dons, talentos só
se desenvolvem porque são signicativos em determinado ambiente cultural.

A inteligência pode ser assim denida como a capacidade de responder a


situações de maneira muito exível, dar sentido a mensagens ambíguas. Reco-
nhecer a importância relativa de elementos de uma dada situação. Encontrar
diferenças entre as situações, apesar das semelhanças que possam uni-las. For-
mular ideias que constituem novidades.

A diversidade de aprendizagem sob


a perspectiva das inteligências múltiplas
Descrevendo sobre o papel das múltiplas inteligências no processo de ensi-
nar e aprender, em primeiro lugar é necessário que a escola ofereça ambientes
de aprendizagem que possibilitem o uso de diversos instrumentos materiais, nos
quais se vislumbre possibilidades de construção do conhecimento que respei-
tem as diversidades na aprendizagem. Pois, Gardner alerta que a busca e a cons-
trução do conhecimento fazem parte da natureza humana, porém em muitas
situações, por privilegiar-se determinadas áreas do conhecimento e métodos de
aprendizagem, muitos acabam reprimindo seus propósitos e potencialidades.

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