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Paulo Freire
Ainda registramos nos últimos anos que, com a eminência da inclusão esco-
lar, a situação se agravou. Hoje, não podemos ignorar a ansiedade e o desequilí-
brio que esse fato provocou nas escolas brasileiras. Na verdade, ele só veio revelar
o que já era real. O que vemos não vendo, a formação do professor deixa a desejar
quando não acompanha as exigências de sua prática. Quando suas competências
não se adaptam às diversidades do alunado.
Perrenoud (2000) salienta que o exercício e o treino poderiam bastar para que
mantivéssemos as competências essenciais se o contexto escolar fosse estável.
Por isso, ressaltamos que as competências devem ser atualizadas e adaptadas a
condições do trabalho em evolução.
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Resistências
Há que se reconhecer uma tendência histórica de se negar as transformações
reais que ocorrem na escola. As escolas demonstram resistência a mudanças.
Formar prossionais capazes de organizar situações de aprendizagem atenden-
do às necessidades que se modicam constantemente é algo desaador.
Forquim (1992) salienta que uma reexão sociológica sobre os saberes esco-
lares deveria contribuir para dissolver uma certa percepção natural das coisas,
de forma a promover um reconhecimento real dos conteúdos e dos modos de
programação didática desses saberes. O campo escolar, para o autor, é compos-
to de imperativos funcionais especícos como conitos e interesses que con-
cerne o controle do currículo e também, na conguração do campo social, suas
postulações ideológicas e culturais. Destacando a constituição da escola como
trunfo social, político e simbólico.
O mesmo autor ainda analisa que os efeitos sociais das políticas de escola-
rização dizem respeito à natureza do que se passa no interior das salas de aula,
incluindo as relações sociais que se estabelecem, o conteúdo e o modo de or-
ganização dos saberes. Aquilo que pode ser “socialmente construído” ou ideolo-
gicamente colocado nos conteúdos de ensino estaria destinado a permanecer
despercebido. Mais uma vez, nota-se as interfaces das relações saberes, culturas
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guém fora do Ensino Regular, desde o começo. A escola inclusiva procura valorizar
a diversidade existente no alunado – inerente à comunidade humana – ao mesmo
tempo em que buscam repensar categorias, representações e determinados rótu-
los que enfatizam os decits, em detrimento das potencialidades dos educandos.
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A visão de prossionalismo para Perrenoud et al. (2001) seria mais do que pro-
fessores limitarem-se a adquirir truques e/ou gestos estereotipados. Para os auto-
res, estudos sociológicos sobre as prossões demonstraram uma evolução clara no
decorrer dos anos na maior parte dos ofícios. Para corresponder a desaos sem pre-
cedentes que vêm ocorrendo no sistema educacional, o professor deve evoluir.
Algumas vezes o professor que possui anos de prática pensa que sempre fez
daquela forma e deu certo, então por que mudar? Mas, o que muitas vezes es-
quecemos é que isso seria viável se a escola, a sociedade e os alunos estivessem
estáticos. O que não é verdade! Por isso escutamos a frase: “a prática sozinha
anda em círculos”.
Entre o falar e o fazer, entre o discurso e a ação, temos contradições que re-
querem a participação de todos. A implantação, na realidade, de uma nova con-
cepção de educação requer a existência de prossionais bem formados, cujo
preparo permita levar adiante ecazmente o ensino, tanto no que diz respeito à
diversidade das necessidades educativas quanto em função das possíveis varia-
ções dessas necessidades em consonância com a construção de novos saberes.
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Práxis
Pedagógica
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A ação pedagógica muitas vezes ca limitada quando há uma lacuna entre
quem programa e quem executa. Em tempos de inclusão em que vemos a di-
culdade do professor em articular novas ações no cotidiano, pode-se entender
que algo está em descompasso. Numa ponta, especialistas de um saber pedagó-
gico são os responsáveis pelas propostas educacionais. Na outra ponta, os pro-
fessores como executores dessas propostas. Nesse sentido, solicita-se a partici-
pação do professor como produtor de saberes, mas, na prática, não se legitimam
as práticas docentes como espaço de produção de conhecimento. É comum
que o professor seja executor. Para Nóvoa (1995), se comparado a um jogo de
bridge, o lugar ocupado hoje pelo professor seria ao lugar do morto, estratégia
utilizada nesse jogo de cartas para manter um dos jogadores neutralizado. Este
é obrigado a expor suas cartas aos parceiros, que não poderão realizar nenhu-
ma jogada sem consultá-las; porém ele (o jogador morto) não poderá nem ao
menos interferir no desenrolar do jogo. Como no jogo de bridge, o professor
está presente no processo educativo, tem de ser levado em consideração, sua
imagem é constantemente utilizada, mas a sua voz, e, por conseguinte, o seu
saber e a sua experiência, não são reconhecidos como essenciais para orientar
ou denir o desfecho dos acontecimentos e das propostas de mudança na sua
prática cotidiana.
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Texto complementar
A ação: ensino-aprendizagem
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