1) A Teoria dos Custos de Transação analisa os custos de se organizar o funcionamento do sistema econômico, dado a divisão das etapas do processo produtivo dentro e fora da firma.
2) Os custos de transação são maiores quando há racionalidade limitada, incerteza, oportunismo e especificidade de ativos nas transações.
3) Quanto maior a especificidade dos ativos e a recorrência da transação, maior a tendência de substituir transações de mercado por estruturas hierárquicas dentro da firma.
1) A Teoria dos Custos de Transação analisa os custos de se organizar o funcionamento do sistema econômico, dado a divisão das etapas do processo produtivo dentro e fora da firma.
2) Os custos de transação são maiores quando há racionalidade limitada, incerteza, oportunismo e especificidade de ativos nas transações.
3) Quanto maior a especificidade dos ativos e a recorrência da transação, maior a tendência de substituir transações de mercado por estruturas hierárquicas dentro da firma.
1) A Teoria dos Custos de Transação analisa os custos de se organizar o funcionamento do sistema econômico, dado a divisão das etapas do processo produtivo dentro e fora da firma.
2) Os custos de transação são maiores quando há racionalidade limitada, incerteza, oportunismo e especificidade de ativos nas transações.
3) Quanto maior a especificidade dos ativos e a recorrência da transação, maior a tendência de substituir transações de mercado por estruturas hierárquicas dentro da firma.
Tradicionalmente, a teoria econômica somente dá um maior enfoque, dentro da
questão dos custos, para os custos de produção. Através da função de produção dadas as quantidades de vários insumos necessários ao processo produtivo, produz-se uma quantidade y de produto, a partir disso e dos preços do produto e dos insumos calcula-se a quantidade de equilíbrio que maximiza o lucro da empresa. Nesse cenário, não se dava a importância necessária à questão dos custos de transação, acreditava-se que eles poderiam ser negligenciados porque o estudo era focado somente no mercado, porém uma série de etapas do processo produtivo ocorrem fora do mercado. Tal cenário começou a mudar com a publicação pioneira A Natureza da Firma de Ronald Coase, pensando no mundo real, o autor questiona-se “Por que existem empresas? Por que existem organizações dirigindo o processo produtivo em que relações hierárquicas, definidas pela subordinação dos empregados à direção da empresa, determinam como se deve organizar a produção?”. Na realidade, dentro de grandes unidades fabris organizadas hierarquicamente há uma integração das etapas do processo produtivo, não indivíduos que trocam entre si em todas as etapas do processo produtivo. Isso ocorre justamente devido a existência dos custos de transação, que são aqueles incorridos pela firma na atividade de comprar e vender. O estudo desses custos é foco da Teoria dos Custos de Transação (TCT), que aponta a relevância deles e como afetam a tomada de decisão de alocação de recursos da economia.
Natureza e Fatores Determinantes dos Custos de Transação
Alguns autores da TCT, como Coase, definem os custos de transação como
resultantes da divisão de tarefas no processo produtivo, ou seja, quando os agentes vão ao mercado para adquirir algum insumo necessário à produção, e é preciso negociar, redigir e garantir o cumprimento de um contrato. Nesse sentido, se os mercados não existissem, os custos de transação seriam nulos.
Porém, Oliver Williamson, apontando a falha da definição anterior, expande a
definição para além dos mercados, custos de transação são os custos de se organizar o funcionamento do sistema econômico, dada a divisão das etapas do processo produtivo dentro e fora da firma. Em outras palavras, são os custos resultantes quando um ativo passa de uma etapa do processo de trabalho para outra. Os custos de transação são diferentes dependendo do modo de organização e suas diferentes características. Os seguintes fatores fazem com que os custos de transação sejam importantes, pois geram problemas na contratação de uma transação via mercado:
a) Racionalidade limitada: o comportamento humano tenta ser racional, mas possui
limitações neurofisiológicas e de linguagem; b) Incerteza e complexidade: o ambiente econômico não é simples e previsível, conjuntamente com a racionalidade limitada, gera assimetrias de informação entre as partes envolvidas na transação; c) Oportunismo: manipulação de assimetrias de informação, visando à apropriação de fluxos de lucros. Gera problemas na execução e renovação de contratos devido a promessas feitas pelo agente que ele mesmo sabe que não cumprirá; d) Especificidade de ativos: devido ao número reduzido de produtores capazes de ofertá-los e os demandantes interessados em adquiri-los eles entram em uma relação quase exclusiva, o que torna uma parte refém da outra. Uma parte pode tornar-se vulnerável a ameaças da outra parte ameaça, que usará essas condições para obter condições mais vantajosas.
A Natureza dos Contratos
Há quatro tipos básicos de contratos:
1) Contratos que especificam no presente uma determinada performance no futuro:
não permitem flexibilizações e não incorrem a custos significativos de transação; 2) Contratos de cláusulas condicionais: especificam no presente uma determinada performance no futuro, condicionada à ocorrência no futuro de eventos definidos antecipadamente. As dificuldades estão relacionadas ao problema de prever os eventos futuros e a necessidade de verificar com precisão e a baixo custo quais as circunstâncias que estão vigorando em um dado instante. Por isso, é limitado a situações não muito complexas e incertas, e a ativos que possuem moderada especificidade; 3) Contratos de curto prazo sequenciais: não estabelece um vínculo, realizado em um mercado à vista e ocorre quando há necessidade, por isso não é preciso antever eventos futuros. As dificuldades estão relacionadas à necessidade de um mercado à vista com baixos custos de acesso e à possibilidade de adquirir informações privilegiadas e, consequente, vantagem. Devem ser utilizados em situações onde não há o interesse em preservar os vínculos entre comprador e vendedor, e onde a transformação fundamental não se verifique; 4) Contratos com relação de autoridade: estabelecidos hoje com o direito de selecionar no futuro uma performance específica dentro do conjunto de performances estipulado previamente. Nesse caso, não é necessário prever os eventos futuros e mudar o contrato a cada mudança na situação. Esse tipo de contrato é incompatível com transações no mercado, é adequado a ativos altamente específicos, ambientes de complexidade e incerteza
Tipos de Transações e Estruturas de Governança
Relacionadas ao grau de especificidade dos ativos existem: transações com ativos
específicos, transações com ativos não específicos e transações mistas. Para as transações com ativos específicos é indispensável para fornecedores e compradores assegurar sua continuidade ao longo do tempo para estimular a decisão de investimento e preservar o investimento já feito, por isso são transações recorrentes, ao contrário do que ocorre com transações ocasionais. Em função da especificidade existem as seguintes formas de implementar as transações, através das estruturas de governança, que são o arcabouço institucional no qual a transação é realizada:
a) Governança pelo Mercado: adequada a transações não específicas (recorrentes),
não há esforço para sustentar a relação, na avaliação as partes precisam consultar apenas sua própria experiência. É o caso que mais se aproxima da noção ideal de mercado “puro”; b) Governança Trilateral: adequada a transações ocasionais (mistas ou específicas), uma terceira parte é especificada na avaliação da execução e na solução de algum conflito c) Governança Específica de Transação: adequada a transações específicas, valem a pena quando a transação ocorre recorrentemente Dois tipos de estruturas podem então surgir: contrato de relação (as partes preservam sua autonomia) e uma estrutura unificada e hierarquizada, isto é, uma empresa.
Com o aumento da especificidade dos ativos e da recorrência da transação, também
aumenta a tendência de substituição das transações por meio do mercado para transações com estruturas de governança mais específicas, o limite é a verticalização: a realização da transação dentro da própria empresa. A decisão em relação a forma institucional, via mercado ou via estrutura hierárquica da empresa, depende da comparação entre economias de escala e custos de transação. Isso, pois, as economias de escala pressupõem um mercado bastante extenso, ou seja, ativos não específicos, sem complexidade e risco, assim a firma pondera o custo de produzir ele mesmo o insumo e perder a escala tornado o produto mais caro e os custos de transação incorridos ao comprar no mercado.
São identificadas quatro fontes de especificidade dos ativos:
1) Especificidade de localização: decisões prévias, visando minimizar custos de
estocagem e transporte, podem gerar ativos com especificidade de localização, que uma vez estabelecidos o transporte pode ser difícil ou impraticável; 2) Especificidade física: características de design podem reduzir o valor do ativo em uma aplicação alternativa; 3) Especificidade de capital humano: surge por meio de processos de “aprender fazendo” dos empregados de uma empresa; 4) Especificidade de ativos dedicados: surge nos casos em que o fornecedor faz um investimento que, exceto pela promessa da venda de uma quantidade expressiva de produto para um determinado cliente, não seria feito.
Aplicações da Teoria dos Custos de Transação
a) Defesa da concorrência: mudanças na política de concorrência estadunidense nos
anos 1960 que considerava a verticalização como uma ameaça à concorrência, com a TCT passou-se a considerar que a empresa praticava a verticalização com o intuito de diminuir seus custos de transação b) Regulação econômica: contraposição ao argumento de que a regulação governamental seria desnecessária na concessão de serviços públicos e que deveria ser substituída por renovações periódicas por meio de leilão. Pois, como a TCT aponta, se os contratos fossem de curto prazo não haveria estímulo para investimentos de longa maturação e, mesmo se os contratos fossem de longo prazo, sugeriam os problemas da necessidade de cláusulas condicionais que antecipem todas as circunstâncias relevantes no futuro. Isso em ambiente de complexidade e incerteza pode dar margem a atitudes oportunistas por parte tanto da empresa regulada como do regulador.
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