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AULA 6
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Consequentemente, esse movimento repercutirá nos demais elos, tais
como fornecedores de GGF (Gastos Gerais de Fabricação), de embalagem, de
transporte e outros. Por isso uma negociação bem-feita (ganha-ganha, claro) é
benéfica para todos os envolvidos na Cadeia de Abastecimento.
Os frutos das negociações devem ser favoráveis para a Cadeia, ou seja,
fica claro que é importante para todos. Mas nem sempre é assim que acontece,
devido principalmente à falta de preparo dos gestores, que não compreendem o
impacto das decisões que tomam.
Analisando a questão “negociação” sob o ponto de vista da Cadeia,
percebe-se que alguns elos têm mais poder de barganha que outros, devido
normalmente aos volumes e aos valores negociados.
No link a seguir você confere um texto complementar sobre a negociação
na Cadeia de Abastecimento:
http://www.hipersuper.pt/2012/08/01/tudo-sobre-a-negociacao-na-
cadeia-de-abastecimento-por-jose-antonio-rosseau/
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Entretanto, no modelo proposto, o próximo elo é o distribuidor que compra
toda a produção da indústria e revende para inúmeros varejistas. Então, nesse
exemplo, o elo mais forte, ou que tem o maior poder de negociação, é o
distribuidor.
Outro ponto que deve ficar claro em relação ao poder de negociação entre
os elos da Cadeia está atrelado à questão do tamanho e da visibilidade do
fornecedor. Se no modelo apresentado o elo mais forte era o distribuidor, isso
não acontece quando o fornecedor é, por exemplo, uma empresa do porte da
BR Foods, da Coca-Cola, da P&G e de outros grandes players do mercado e
que fazem parte de grandes Cadeias.
Essas grandes Cadeias adotam sistemáticas próprias de negociação,
mas um método bem conhecido é o “Acordo Geral de Fornecimento”, que é uma
negociação anual envolvendo todos os fornecedores participantes. É um
momento delicado e decisivo para manutenção dos acordos comuns da Cadeia
e todo esforço para fechar boas negociações, onde todos ganhem, faz a
diferença.
A negociação tem sido estudada por inúmeros teóricos, os quais têm
formulado suas proposições a partir de diferentes aspectos (ou diferentes
setores) de uma organização. Certamente, o termo “negociação” tem uma
conotação diferente para o setor da empresa. Trazendo para o enfoque da
Cadeia de Suprimentos, o fato é que o resultado de uma negociação deve
satisfazer os valores e interesses de ambas as partes envolvidas em um
processo de compras.
Zartmann (apud HILSDORF e SAMPAIO, 2014) propõe cinco princípios
básicos que norteiam uma negociação, os quais ele chama de “regras do jogo”:
1. Racionalidade: Cada parte negociante possui a mesma racionalidade, e o
resultado da negociação vai se construindo lentamente. Nesse caso, o que
se observa é que quando as partes não conhecem bem as demandas entre
si, acabam tentando obter vantagens individuais.
2. Soma positiva: As partes não se contentam em aceitar um resultado pré-
negociado, dessa forma cada parte negociará a partir do ponto que considera
seguro, ou seja, sem possiblidade de perdas.
3. Equivalência: As partes negociantes esperam resultados melhores ou
equivalentes aos resultados já alcançados em situações anteriores, que se
torna um “ponto de segurança” da negociação.
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4. Reciprocidade: Ambas as partes esperam flexibilidade nas negociações, o
que contribui de forma positiva.
5. Distribuição: Como a negociação ocorre no âmbito da decisão empresarial,
cada empresa quer garantir os seus próprios interesses. Além disso, ambas
as partes consideram que tem a melhor solução para todos, desde que essa
seja a melhor solução para ela mesma.
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As empresas organizadas em Cadeia precisam visualizar os custos de
transações além do preço e do frete, pois podem ocorrer gastos com
prospecção, desenvolvimento e acompanhamento do fornecedor, pesquisa de
preços, manutenção das informações, follow-up das negociações, recebimento
e controle. Alguns fatores que impactam na formação do custo da transação são:
Complexidade do produto;
Tolerâncias muito restritas;
Escassez, baixa disponibilidade ou sazonalidade da matéria prima;
Distância do fornecedor;
Frequência da transação, entre outros.
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impostos, custo social, custos logísticos e outros). O objetivo é que a empresa
saiba exatamente o custo da operação de compras de determinado produto.
7. Administração de Contratos: É um método bastante utilizado quando as
organizações querem garantir o fornecimento com condições pré-fixadas.
Nesse caso, existe um documento com força legal onde estão descritas todas
as condições de fornecimento acordadas por ambas as partes.
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Segundo Oliveira (2004 p. 131) “o desenvolvimento de fornecedores é um
programa que se inicia por uma etapa de seleção e avaliação, seguida de uma
etapa de aclaramento dos requisitos para a qualidade e, por fim, uma etapa de
certificação para avaliação e homologação do fornecedor”.
O mesmo autor menciona uma metodologia onde alguns passos devem
ser seguidos para um correto desenvolvimento. Acompanhe a seguir!
Importante!
A metodologia que será apresentada é apenas uma forma de iniciar o
processo de desenvolvimento de novos fornecedores e costuma ser onerosa
para as empresas clientes, fato que torna ainda mais crítica essa tarefa para o
setor de compras.
1. Estudo do produto: determinação da viabilidade técnica e comercial.
2. Pesquisa das fontes potenciais de fornecimento: verificação das
condições de atendimento às especificações exigidas.
3. Pré-seleção das fontes potenciais: coleta de informações técnicas e
comerciais sobre o fornecedor.
4. Avaliação técnica, comercial e da gestão empresarial: definição de
parâmetros de análise e julgamento da potencialidade do fornecedor,
segundo as diretrizes e necessidades da empresa contratante.
5. Diagnóstico: análise minuciosa dos dados obtidos para determinar os
pontos fortes e fracos no sistema organizacional do possível fornecedor.
6. Seleção dos fornecedores: julgamento do mérito e adequação das
propostas.
7. Elaboração do plano de desenvolvimento de fornecedor: programação
de palestras, cursos de formação, treinamentos, visitas técnicas e outros.
8. Execução do plano de melhorias: implantação das melhorias na empresa
fornecedora.
9. Encerramento das atividades de desenvolvimento: conclusão com
sucesso (quando o fornecedor assimila a metodologia empregada) ou
interrupção (quando se obtém resultados inexpressivos ou há falta de
comprometimento e apoio da alta administração do fornecedor).
10. Certificação do fornecedor: comprovação da qualidade do serviço
mediante a outorga de um certificado.
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TEMA 5 - PROSPECÇÃO E HOMOLOGAÇÃO
Cada empresa pode adotar uma política para gerenciar seu
relacionamento com fornecedores, mas o fato é que não deve haver
acomodação, pois pode-se perder inúmeras oportunidades de melhorias e
reduções de custos. Além disso, é necessário oxigenar as relações comerciais
frequentemente para se manter atualizado.
Isso não significa trocar de fornecedor por qualquer motivo, mas pesquisar
novos fornecedores potenciais auxilia a empresa a se manter atenta às
mudanças. O trabalho de prospecção e até mesmo de homologação de
fornecedores pode reduzir os riscos de ruptura no fornecimento, pois se o
provedor habitual tiver algum problema, outro poderá atender.
Aqui vale um adendo: a sistemática de uma Cadeia de Suprimentos é ter
fornecedores parceiros com relacionamentos de longo prazo. Mas se a empresa
desenvolve fornecedores e só compra desses quando os habituais falham, está
agindo contra os princípios da Cadeia e, naturalmente, isso não faz bem para a
imagem da empresa. Nesse caso, o bom senso é que vai determinar a ação do
gestor de compras.
Quando se busca um novo fornecedor, é melhor negociar com vários (e
ter a variedade como aliada) ou com apenas um (afim de individualizar o
atendimento)? O que você acha?
Normalmente, chama-se para negociação mais de um interessado, isso
porque, talvez, apenas um reduza a chance de sucesso. A sistemática de iniciar
o processo de desenvolvimento com mais de um candidato permite avaliação e
comparação de desempenho entre suas práticas comerciais.
Entre o início do desenvolvimento e a efetiva homologação há um grande
percurso, pois as empresas clientes são extremamente criteriosas com novos
fornecedores. É preciso garantir parcerias de qualidade, não é mesmo?
Em linhas gerais pode-se dizer que o processo inicial da homologação
segue uma dinâmica. Na próxima página, você confere cada uma das etapas!
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3. São avaliadas as questões documentais das empresas (consulta
CNPJ, avaliações financeiras, análises de balanço e outros).
4. Nova reunião para discussão de questões técnicas do produto e
cotações dos prováveis preços.
5. São realizadas visitas técnicas para conhecer as instalações (isso
ocorre com ambas as empresas).
6. Se o produto a ser negociado for tangível, a empresa cliente
solicitará uma amostra ou talvez um lote piloto para teste.
7. Todas as especificações técnicas, normas e restrições são
enviadas para o candidato a fornecedor.
8. A empresa cliente recebe o material para teste.
9. O teste é realizado e um relatório é emitido pelo Controle de
Qualidade da empresa cliente.
10. Caso haja necessidade, ajustes serão solicitados e talvez novos
testes necessários.
11. O Controle de Qualidade aprova, ou não, as amostras.
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produto, maiores serão as exigências da qualidade por parte da empresa cliente.
Segundo Francischini (2012 p. 65):
tão importante quanto ter critérios de seleção de fornecedores é ter
critério para a desqualificação de fornecedores. O trabalho do
departamento de compras não se encerra na elaboração da lista de
fornecedores selecionados, mas estende-se ao acompanhamento
sistemático do desempenho do fornecedor.
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Índice de Pontualidade de Entrega (IPE): considera a data de
entrega, comparando a data do pedido. Normalmente as empresas
trabalham com margens de 1 ou 2 dias para mais ou para menos.
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Os critérios de avaliação de fornecedores variam de negócio para
negócio, mas seguem algumas classificações básicas, segundo Francischini
(2012, p. 62-4):
Avaliação qualitativa pelo histórico: é muito frágil, normalmente é utilizada
na fase inicial do fornecimento.
Avaliação quantitativa pelo histórico: para esse método, cria-se um
sistema de pontuação que o fornecedor deve atingir para se manter
qualificado.
Avaliação por autoavaliação: é o envio de um formulário padronizado para
que o fornecedor preencha e devolva. Para que esse modelo seja efetivo, o
fornecedor deve comprovar sua consistência em vários processos.
Avaliação por auditoria: é um método oneroso para a empresa cliente, pois
deve se desmembrar em autoria de processo, de produto e de sistema, o que
requer mão de obra altamente qualificada.
Avaliação por certificação: é quando o fornecedor já é certificado por
normas internacionais que sejam aderentes ao que se propõem a fornecer,
como as ISOs 9000, 14000, 18000 e outras.
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http://solutions.3m.com.br/wps/portal/3M/pt_BR/Fornecedores/Home/Aco
mpanhamentoFornecimento/AvaliacaoFornecedores/
SÍNTESE
Nessa aula, foram apresentados conceitos pertinentes às negociações
entre os membros das Cadeias de Suprimentos, às formas de cotação utilizadas
e aos custos transacionais mais comuns. Além disso, vimos a importância da
parceria com os fornecedores, bem como as fases mais comuns no momento de
firmar contrato com eles.
O ponto de reflexão é que se deve compreender a Cadeia de
Abastecimento como uma prática colaborativa, mas para que isso se torne
realidade, a formação das alianças entre os elos é vital, o que resultará em
relacionamentos sólidos e duradouros, beneficiando todos os envolvidos.
Os conteúdos apresentados até o momento foram apenas pequenas
amostras de alguns elementos que são abarcados por esse tema. Muitos outros
poderiam ter sido abordados, mas o foco foi expor os pontos mais relevantes
que os colaboradores necessitam para compreender a magnitude do assunto.
A busca pela qualificação deve ser contínua, tanto para as empresas
quanto para os colaboradores, pois os cenários futuros ainda são
desconhecidos. Então, quanto mais preparo, conhecimento, técnicas e
ferramentas estiverem ao alcance de todos na companhia, melhor.
REFERÊNCIAS
FIANI, Ronaldo. Teoria dos Custos de Transação. In: Economia
Industrial. Rio de Janeiro: Campus, 2002. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1519-
70772004000400002>. Acesso em: 2 out. 2015.
FRANCISCHINI, Paulino; GURGEL, Floriano do Amaral. Administração
de Materiais e do patrimônio. São Paulo: Cengage Learning, 2012.
OLIVEIRA, Otavio (Org.) Gestão da Qualidade: tópicos avançados. São
Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2004.
ZARTMAN, A. P. Conceber a teoria da negociação como um meio de
resolver conflitos econômicos. In: DUZERT, Y. (Org.). Manual de Negociações
Complexas. 2. ed. Rio de Janeiro: FGV, 2007.
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