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Os códigos legislativos portugueses mais abrangentes eram denominados Ordenações do

Reino, que eram regulamentos que levavam o nome dos reis que as faziam elaborar ou
compilar e que pretendiam dar conta de todos os aspectos legais da vida dos súditos.

No Brasil colônia, aplicava-se a ordem jurídica portuguesa que encontrava suas bases nas
Ordenações do Reino, que compreendiam primeiro, as Ordenações Afonsina (1446), depois, as
Ordenações Manuelinas (1521), e quando Portugal estava sob domínio Espanhol, passou a
vigorar as Ordenações Filipinas, promulgadas no ano de 1595 e editadas em 1603.

As Ordenações Afonsinas foram a primeira grande compilação das leis esparsas em vigor.
Criadas no reinado de D. Afonso V, que reinou em 2194 Portugal de 1438 a 1481, são divididas
em cinco livros que tratam desde a história da própria necessidade daquelas leis, passando
pelos bens e privilégios da Igreja, pelos direitos régios e de sua cobrança, pela jurisdição dos
donatários, pelas prerrogativas da nobreza e pela legislação especial para os judeus e mouros;
o livro IV trata mais especificamente do chamado direito civil; e o Livro V diz respeito às
questões penais.

Esse período tinha como característica a criação das leis tendo como referência a retomada de
outras legislações já criadas, processo esse realizado pela segunda escolástica, tendo como
referência nesse processo o direito Romano, que devido sua organização e sua grande
quantidade de registros, se tornou extremamente conveniente a retomada das leis romanas
para a reorganização das leis antes estabelecidas na Europa durante a idade média.

Não apenas para organizar a legislação portuguesa, o direito romano também foi utilizado
como referência no entendimento europeu dos direitos internacionais, já que os romanos já
pensavam nisso em sua época é possuíam de forma positivada leis para lhe dar com outras
populações, como exemplo o conceito de Jus Gentium (relação entre os romanos com outros
povos), e países como Portugal e Espanha eram destaques globais nas navegações precisavam
elaborar sua legislação sobre isso. Os romanos colocavam em evidencia a ideia da Relação
política como lei natural entre qualquer comunidade, e um povo não deve ser conquistado a
força, pois todo povo tende a ter uma formação social com um líder e essa liderança deve ser
conquistada e merecida, padrão também observado na religião.

Esses estudos eram desenvolvidos por estudiosos presentes na igreja católica, e pode ser
destacado figuras como o Frei Francisco de Vitória, um dos primeiros que adaptaram o direito
romano para o direito internacional, e o Frei Dominicano Bartolomeu de las Casas. Ambos os
estudiosos citados estudavam na universidade de Salamanca na Espanha e trabalharam juntos
para levantar a discussão referente a Escravidão, pois com a retomada dos direitos romanos,
por exemplo, entender que existe normas e limites para a escravidão, defendendo a ideia de
que escravo como os índios, por exemplo, possuíam alma.

As Ordenações Manuelinas foram publicadas pela primeira vez em 1514 e receberam sua
versão definitiva em 1521, ano da morte do rei do rei D. Manuel I. Foram obra da reunião das
leis extravagantes promulgadas até então com as Ordenações Afonsinas, visando a um melhor
entendimento das normas vigentes. A invenção da imprensa e a necessidade de correção e
atualização das normas contidas nas Ordenações Afonsinas foram justificativas para a
elaboração das novas leis. A estrutura de cinco livros foi mantida, algumas leis foram
suprimidas e/ou modificadas e um estilo mais conciso foi adotado.
No Período dessa ordenação, várias leis foram estabelecidas após os estudos escolásticos, e
outras universidades começaram a se destacar na elaboração dessa revisão da legislação,
assumindo o direito romano como recurso auxiliar da lei Portuguesa, a utilizando em situações
que as leis recém elaboradas não supriam a demanda. Entre os pesquisadores de renome
dessa época está o professor da universidade de Coimbra, Doutor Martim de Azpilcueta
Navarro, um dos maiores professores da época e antigo professor de Salamanca. E outra
figura de destaque dessa época é o padre Manuel da Nóbrega que não conseguiu ingressar na
faculdade de Coimbra, mesmo com histórico acadêmico, devido um curioso caso de gagueira,
e devido a isso optou por se tornar da companhia de Jesus como Jesuíta levando com sigo
todos os entendimentos de como deveria ser realizado um processo de colonização e
escravidão retomado dos romanos, e ao chegar ao Brasil se deparou com abusos.

O período da escravidão no Brasil ocorreu justamente em meio ao ordenamento Manuelino.


Na chegada de Nóbrega foi levantada a discursão no Brasil sobre a escravidão e as abordagens
do direito Romano que a colocava como um recurso situacional, como exemplo, numa guerra
justa, evitar a morte dos derrotados ou a escravidão voluntária em caso de Extrema
necessidade de um indivíduo, conceito que foi deturpado pelos colonos e suas ações de
escravidão forçada pelos indígenas brasileiros. Nobrega informou ao Rei Sobre como a
colonização no Brasil estava desalinhada com os conceitos aceitos em Portugal e assim ouve
mudanças na legislação abrandando a agressividade contra os indígenas, ideal empregado por
boa parte dos Jesuítas.

A defesa sobre a manutenção de um sistema escravista, realizada pelos colonos, também tinha
referência argumentativa acadêmica, utilizando falas de Grandes pensadores, tendo destaque
a colocação feita por Aristóteles que em seu contexto histórico social, delimitava algumas
populações focadas na subsistência e afastadas das grandes cidades em que surgia grande
conhecimento para o desenvolvimento da sociedade e do indivíduo, como escravos naturais.

As Ordenações Filipinas, promulgadas em 1603, durante o reinado de Felipe II (1598 a 1621),


compuseram-se da união das Ordenações Manuelinas com as leis extravagantes em vigência.
No período conhecido como União Ibérica, no qual Portugal foi submetido ao domínio da
Espanha (1580 a 1640), foram concebidas as últimas leis que o reino lusitano teve até ver o fim
na monarquia. As novas Ordenações foram necessárias devido à atualização com o direito
vigente, pois algumas normas já estavam em desuso e outras precisavam ser revistas. Felipe II,
apesar de ser Espanhol, mostrando habilidade política, promulgou as novas leis dentro de um
espírito tradicional respeitando as leis portuguesas, mantendo-se, inclusive, a mesma forma
das Ordenações anteriores.

Em meio a esse Ordenamento o Brasil teve a chegada do Marques de Pombal. Nomeado pelo
rei de Portugal, Dom José I, Marquês de Pombal liderou entre 1750-1777, um período que
ficou marcado pela conciliação da monarquia absolutista com as ideias iluministas: o Período
Pombalino.

Em um período em que Portugal se encontrava dependente da Inglaterra após o Tratado de


Methuen e cheio de problemas socioeconômicos, foram realizadas uma série de reformas a
fim de melhorar o governo português, tendo ficado conhecidas como Reformas Pombalinas

As Reformas Pombalinas tinham como alvo todas as áreas da vida humana desde a política à
religião, tendo afetado diretamente as relações colônia metrópole com seus desdobramentos.
Tinha como fortes objetivos o protecionismo e a concentração do poder em um Estado forte.
Sendo assim, adotou medidas contra a nobreza e a Companhia de Jesus, uma vez que ambas
eram vistas como ameaças ao poder absoluto do rei e dificultavam o progresso. Suas ações
econômicas visavam um Estado forte e protecionista, reforçando as práticas mercantilistas no
espaço colonial. Além de criar estímulos fiscais para a instalação de pequenas manufaturas
voltadas para o mercado interno português.

Como o Brasil ainda era uma colônia, a sua administração econômica e política estava
vinculada às terras portuguesas. Sendo assim, as decisões jurídicas tomadas para fortalecer a
coroa, tinham como principais medidas referente a escravidão o entendimento de que não
comportava mais a escravidão indígena, já que os discursos construídos durante o tempo
sobre os direitos dos índios estavam se consolidando com a aparição da escravidão dos negros,
que para os Portugueses era mais conveniente comercialmente e também não havia posições
contra sua utilização como escravos fora alguns jesuítas.

Visando a assimilação dos indígenas perante a sociedade europeia, criou uma lei vantajosa
diante a união de colonos e mulheres indígenas, fazendo com que os europeus se tornem
detentores das terras locais. Querendo o governo português evitar a escravidão, criou-se o
diretório dos índios. E referente aos movimentos referentes aos negros, houve a Expulsão dos
Jesuítas do Brasil em 1759, pois visando favorecer o lado que ajudava a metrópole, buscou
acabar com os conflitos entre os colonos e os padres jesuítas. Uma vez que os jesuítas não
apoiavam a escravidão, e afirmavam que a integração dos índios perante a sociedade só se
daria a partir da educação, e em contrapartida, os colonos viam essas ações como ineficazes.

Os desenvolvimentos das leis durante os Ordenamentos tiveram influência determinante do


direito positivado romano que foi preservado por séculos nas igrejas e resistiram e se
mostraram superiores no momento em que ela foi toda registrada, e com o aperfeiçoamento
do entendimento de como esse direito seria útil a nova época em questão, Portugal e Espanha
consolidaram suas políticas de tratamento internacionais, internas e principalmente foi basilar
para o entendimento sobre a escravidão, mesmo que ela se mostre conveniente e influenciada
pelas demandas do mercado de forma diferente em cada ordenamento.

https://www.preparaenem.com/historia-do-brasil/periodo-pombalino.htm
https://m.historiadomundo.com.br/idade-moderna/periodo-pombalino.htm
https://beduka.com/blog/materias/historia/periodo-pombalino

Uma passagem pelas Ordenações Afonsinas, Manuelinas e Filipinas (jusbrasil.com.br)

Ordenações Afonsinas, Manuelinas, Filipinas. As Ordenações Portuguesas impostas no Brasil


(jusbrasil.com.br)

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