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EQUIPE
Governador do Estado da Paraíba
JOÃO AZEVEDO LINS FILHO
Especialista Pedagógica
VIVIANNE DE SOUSA
Especialista em Gestão
JONATTA SOUSA PAULINO
Coordenação de Nivelamento
CLARA SUELEN CARVALHO PEREIRA
JARLEYDE ANDRESSA S. SALES DE OLIVEIRA
RENATO DA SILVA OLIVEIRA
Elaboração
ANA CARLA DIAS MEIRELES
ÂNGELA MARIA FERREIRA DE SOUZA BARROS
ANGÉLICA DENISE DA SILVA
AMANDA DIAS DA SILVA
CLARA SUELEN CARVALHO PEREIRA
MACELIO MACEDO DOS SANTOS
RENATO DA SILVA OLIVEIRA
RÍVIA VERÔNICA DA SILVA MAIA
Diagramador
FRANCISCO JEFFERSON RODRIGUES ROLIM
SUMÁRIO
PONTO DE PARTIDA····························································08
ATIVIDADE 1 ·········································································07
ATIVIDADE 2 ········································································10
ATIVIDADE 3 ········································································15
ATIVIDADE 4 ········································································20
O SAEB “TÁ ON” EM PROPULSÃO ····································24
REFERÊNCIAS
ANOTAÇÕES:
Disponível: https://www.politize.com.br/wp-content/uploads/2018/11/
Desigualdade-economica-imagem.jpg
RODA DE CONVERSA
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A partir dos pontos elencados, discuta com as(os) _____________________________________________
colegas: _____________________________________________
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• Quais são os grupos mais marginalizados em nossa _____________________________________________
sociedade? _____________________________________________
• Quais as condições que essas pessoas vivem ou sobre-
vivem? 3. Todo o corpo textual revela a condição de vida de
• Quais ações e/ou estratégias poderiam ser mobiliza- Carolina Maria de Jesus e seus filhos, a qual não lhes
das para suprir/sanar as necessidades dessas pessoas, era favorável, não havia facilidades, nem remunera-
dessas realidades? ção fixa que os ajudasse. Qual(is) é(são) o(s) trecho(s)
que evidencia(m) essa realidade?
Fique à vontade para construir outros questionamen- _____________________________________________
tos, bem como trazer outras reflexões para comparti- _____________________________________________
lhar com a sua turma. _____________________________________________
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DESFIANDO O TEXTO
4. No início do texto, a escritora chama-nos a atenção
1. O texto aqui apresentado compõe a obra ‘Quarto de para um episódio, uma cena. Que episódio é esse? O
Despejo’, na qual a autora relata sobre o seu cotidiano de que gerou o conflito entre as personagens envolvi-
catadora e denuncia a desigualdade social, da qual era das?
vítima, e constantes ataques por parte de sua vizinhança. _____________________________________________
Percebemos que existe uma forma (estrutura) de apre- _____________________________________________
sentar o texto, de modo que o particulariza, qualificando _____________________________________________
o gênero. Que gênero é esse? Quais são as suas principais _____________________________________________
características? _____________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________ 5. Para ‘costurar’ o texto de modo a fazer sentido a
_________________________________________________ construção das frases e de parágrafos, a autora utiliza
_________________________________________________ -se de pronomes do caso reto e do caso oblíquo para
fazer referência a algo que já foi mencionado anteri-
2. O registro escrito do dia a dia de Carolina Maria de Je- ormente por ela. No trecho a seguir, identifique a
sus evidencia o vasto conhecimento de mundo que a es- quem se refere cada um dos pronomes em destaque.
critora tinha consigo, fruto de suas leituras de materiais
coletados, ao passo que revela também os poucos anos “[...] Quando retornava encontrei o senhor Ismael
de estudo. Dessa maneira, existem algumas expressões com uma faca de 30 centimetros mais ou menos. Disse
ou palavras da língua que foram utilizadas de forma dife- -me que estava a espera do Binidito e do Miguel para
rente das normas ortográficas da Língua Portuguesa, mas matá-los, que eles lhe expancaram quando ele estava
que não causam prejuízos ao texto ou ao entendimento embriagado.
do(a) leitor(a). Destaque e liste alguns desses vocábulos. Lhe aconselhei a não brigar, o crime não trás van-
Em seguida, apresente suas formas de acordo com as nor- tagens a ninguém, apenas deturpa a vida. Senti o chei-
mas ortográficas da nossa língua. Caso exista alguma pa- ro de álcool, desisti. [...]”
lavra ou expressão que não seja do seu conhecimento, _____________________________________________
registre, pesquise e escreva os seus possíveis significados. _____________________________________________
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ANOTAÇÕES:
2
A pandemia expõe de forma escancarada a desigualdade
social
Mônica Dias Martins
II. Mas quem define o que é desigualdade social? Segundo relatório do Pro-
grama das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de dezembro de
2019, o Brasil é o sétimo país do mundo com maior desigualdade social
(índice de Gini de 0,533), apesar do Índice de Desenvolvimento Humano
(IDH) relativamente alto (0,761). Seria aceitável entender a desigualdade so-
cial medida apenas pelo IDH, cujos indicadores são renda, educação e longe-
vidade? Talvez, seja decorrente de comportamento individual: pobre tem
muito filho, é preguiçoso, não sabe poupar, investir etc.? Ou ainda uma casu-
alidade, um efeito indesejado do sistema econômico, uma falha passível de
ser corrigida com política públicas compensatórias?
Compartilho da concepção que a desigualdade é estrutural ao capitalismo,
sistema socioeconômico que descarta e incorpora características da socieda-
de de classes existente em meados do século XIX, no Ocidente. É uma rela-
ção social que nos exige responder: desigual em relação ao que e a quem?
A sociedade brasileira moderna, industrial, urbana do século XX tem raízes
na sociedade colonial, patriarcal, escravagista. O que mudou de fato no Brasil independente e republicano? Em
que medida se alterou a estrutura social estabelecida em que milhares de pessoas das classes trabalhadoras, em
especial indígenas e negras, são:
Ao longo dos séculos, se construíram e consolidaram padrões sociais que vem pautando o comportamento pes-
soal e político da maioria da população brasileira. Se a sociedade não é democrática, mas extremamente desi-
gual, como ter um Estado democrático de direito? A igualdade é fruto de lutas por direitos, incluída nas constitui-
RODA DE CONVERSA
LEITURA:
‘MAIS DE 160 MILHÕES DE PESSOAS SÃO EMPUR- O texto aponta uma realidade do nosso país, que
RADAS PARA A POBREZA DURANTE A PANDEMI- se agravou nos dois últimos anos devido à pande-
A’ mia do vírus da COVID-19. O Brasil é um dos países que
Link para acesso: mais apresenta desigualdade social e isso se reflete em
https://almapreta.com/sessao/cotidiano/desigualdade-mata- diversos aspectos e esferas de nossa sociedade.
mais-de-160-milhoes-de-pessoas-sao-empurradas-para-a-
pobreza-durante-a-pandemia Para contribuir com a discussão, sugerimos alguns ví-
deos que permitem entender os conceitos e de quais
DICA DE FILME: maneiras as desigualdades sociais se caracterizam por
aqui.
Que horas ela volta? (2015) é um drama brasileiro que
ilustra a desigualdade social do país, representada por
meio da relação entre as personagens da mulher do- 1- ‘DESIGUALDADE SOCIAL: O QUE É?’
méstica Val, vivida por Regina
Casé, e sua empregadora Bárbara
(Karine Teles), mulher de classe
média alta. A partir dos contrapon-
tos de cada uma das realidades
apresentadas, é possível perceber
o abismo social no qual se funda
as relações de poder e oportunida-
des no Brasil.
O filme Parasita (2019) também é Link para acesso: https://
uma ótima indicação sobre a temática da desigualda- www.youtube.com/watch?
de de classe. Quanto às perspectivas de gênero e ra- v=MdFkCbfizAM
ça, o longa-metragem Estrelas Além do Tempo (2016)
é uma ótima pedida.
2. ‘DESIGUALDADE RACIAL NO BRASIL- 2 MINUTOS pela autora Conceição Evaristo, tido como um dos
PARA ENTENDER!’ mais importantes romances me-
morialistas da literatura contem-
porânea brasileira. Conceição tra-
duz, a partir de seus muitos perso-
nagens, a complexidade humana e
os sentimentos profundos dos
que enfrentam cotidianamente o
desamparo, o preconceito, a fome
e a miséria; dos que a cada dia têm
a vida por um fio. Sem perder o
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch? lirismo e a delicadeza, a autora
v=ufbZkexu7E0
discute, como poucos, questões
profundas da sociedade brasileira.
3. ‘AS ESTATÍSTICAS QUE REVELAM A DESIGUALDADE
RACIAL NO BRASIL E NOS EUA’ (Fonte do texto: Amazon)
ANOTAÇÕES:
4. ‘IGUALDADE DE GÊNERO’
DESFIANDO O TEXTO
Link para acesso: https://www.youtube.com/watch?
v=fMspc9AtDpA 1. O texto apresentado pela professora Dra. Mônica
Dias tem um tom formal ou informal? O que nos faz
Ainda sobre a desigualdade social no Brasil, suge- perceber isso em relação à estrutura do texto?
rimos a leitura do livro ‘Becos da Memória’, escrito ______________________________________________
_______________________________________________ ANOTAÇÕES:
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A superação é a narrativa da Casa-Grande para encobrir a falta de políticas públicas para aqueles que o Brasil mantém
na Senzala
A ginasta Rebeca Andrade depois de receber a medalha de ouro em Tóquio .LINDSEY WASSON/REUTERS
Eliane Brum
03 AGO 2021 - 18:18 BRT
Rebeca é linda e, além de linda, Rebeca voa. Evocou o melhor do Brasil num momento em que o Brasil exibe
todas as suas tripas em praça pública, a começar por Jair Bolsonaro, nascido e criado nos intestinos do país que
mais longe levou a escravidão e o genocídio continuado dos pretos e dos indígenas. Me alegro com Rebeca e tudo
o que ela representa: a menina negra criada na favela por uma mãe solo que alcançou a medalha olímpica ao som
de funk, apesar de ter toda a estrutura de um país contra ela. E fez tudo isso no momento em que o Brasil que tem
vergonha — tem vergonha de si mesmo. É maravilhoso e precisamos muito de beleza. Mas sinto incômodo com a
narrativa da “superação” e sobre como a “glória” de Rebeca pode estar sendo usada, em muitos casos com boa
intenção, para encobrir as tripas. Ou para encobrir que o Brasil ainda é muito mais de Borba Gato do que de Rebe-
ca. Enquanto Rebeca voava como exceção, a violência corria solta na senzala que o Brasil nunca deixou de ser e,
com Jair Messias Bolsonaro, ampliou o sangue no chão.
De modo algum quero reduzir a realização de Rebeca. Ela fez uma enormidade. E ter uma menina preta da
favela fazendo enormidades é uma mensagem poderosa para outras meninas pretas e um recado certeiro para o
Brasil escravagista. Mas a narrativa de superação é prima-irmã da narrativa da meritocracia. Ela enaltece o indiví-
duo que teria conseguido por seu próprio esforço pessoal um feito extraordinário, uma espécie de milagre indivi-
dual do herói, no caso a heroína, que vence todas as adversidades por uma extraordinária força de vontade. Em
mais de 30 anos como jornalista, nunca vi nenhum ser humano assim, nem mesmo os considerados gênios. É claro
que há méritos pessoais, mas eles só se realizam porque por algum caminho houve oportunidades. Certamente um
perfil à altura da vida de Rebeca, de sua família e de seu país vai mostrar as oportunidades e encontros decisivos
que Rebeca teve na vida e contextualizar sua realização no campo do coletivo e da partilha, da comunidade e dos
(escassos) programas de Governos.
O que quero dizer é que não acredito em superação, acredito em políticas públicas. Sempre que se louva o
indivíduo como produto de si mesmo, se enaltece o capitalismo que produz uma desigualdade tão abissal que nega
à maioria das meninas negras a chance até mesmo de se alimentar de forma saudável. A narrativa da superação
comete ainda uma violência adicional contra os já tão violentados, a de que poderiam ter sido Rebeca se tivessem
se esforçado mais, a de que mães sozinhas, às voltas com o sustento e os filhos, aviltadas de tantas formas, teriam
“produzido” Rebecas se tivessem se dedicado mais. Também por Rebeca e por tudo o que ela representa, porque
representa, essa narrativa feita seguidamente em nome do bem precisa ser colocada abaixo como as estátuas dos
assassinos. Não devemos usar Rebeca contra todas as Rebecas. Nem mesmo quando precisamos muito de boas
notícias e de redenção.
E, assim, obrigatoriamente, precisamos falar da estátua de Borba Gato. Apenas alguns dias antes do salto de
Rebeca, Paulo Lima, conhecido como Galo, e outros ativistas botaram fogo na estátua do bandeirante Borba Gato,
em São Paulo. Realizaram o ato em nome da “Revolução Periférica”, duas palavras que colocadas juntas assustam
bastante a minoria mais rica do Brasil. Galo é a liderança mais interessante surgida no Brasil urbano do centro-sul
nos últimos anos. Articulador do movimento dos entregadores antifascistas, “preto e pobre”, Galo representa os
mais aviltados entre os aviltados pelo capitalismo contemporâneo, que assumiram particular protagonismo no mo-
mento em que fizeram a ponte entre aqueles que podiam fazer home office, durante a pandemia, e os supermerca-
dos, as lojas, as farmácias, os restaurantes etc., cortando as cidades e arriscando-se nas ruas e avenidas infectadas
pela covid-19 como um exército de escravos de um mundo distópico. São também eles a fazer o corte entre a su-
posta redenção tecnológica dos apps e mostrar que ela nada mais é do que uma nova fase da exploração do corpo
dos trabalhadores. Além de todo o conteúdo político do movimento, esse grupo de motoboys colocou-se frontal-
mente contra o fascismo no Brasil.
A repercussão ao incêndio da estátua de Borba Gato tirou a máscara mesmo de quem a usou corretamente
durante a pandemia e revelou todo o conservadorismo das elites brasileiras, mesmo as intelectuais. E de várias ma-
neiras, das mais explícitas às mais sutis. Anunciar-se como antirracista, sim, mas botar fogo numa estátua, mesmo
que a estátua homenageie, na figura de Borba Gato, os bandeirantes que destruíram, escravizaram e mataram ne-
gros e indígenas a partir do século 16, isso não. Não porque é arte, não porque seria o mesmo que negar a história,
não porque supostamente colocaria pessoas em risco, todos esses argumentos foram enfileirados de forma ele-
gante. Não porque tudo isso precisaria ser discutido publicamente, como se vários grupos e parlamentares não
estivessem tentando fazer isso há anos, sem sucesso. Não pelas mais variadas razões. E, como de hábito, houve
quem afirmasse que os ativistas não entendem nada de história porque Borba Gato nem seria tão ruim assim. O
último argumento a ser lançado como pedra é sempre o da ignorância dos protagonistas que ousaram agir sem
pedir autorização ou consultoria a quem realmente entende de História, assim, com “H” maiúsculo.
O espanto não deveria ser provocado pelo ato de incendiar a estátua de Borba Gato, mas pelo fato de que ela
continua lá, depois de tudo. Antes de seguir, preciso dizer algo sobre o fogo. Na Amazônia, o fogo é instrumento
dos destruidores. O fogo criminoso queima a floresta, incinerou grande parte do Pantanal, incendiou as casas e as
ilhas de ribeirinhos expulsos pela hidrelétrica de Belo Monte e, neste momento, tem incendiado as casas de lide-
ranças indígenas e camponesas, ateado pelas milícias armadas dos grileiros, base de Bolsonaro na floresta. Não
gostamos do fogo que queimou o Museu da Língua Portuguesa (agora finalmente reinaugurado) nem do fogo que
queimou o Museu Nacional nem do fogo que há pouco queimou a Cinemateca, estes sim incêndios criminosos, pa-
trimônio público deixado para queimar. Não gostamos de fogo, mas não serei eu a dizer como aqueles que têm a
história gravada a ferro — e fogo — no corpo devem lutar. O que quero dizer é que, na Amazônia, sabemos muito
bem que, no fogo contra fogo, é sempre o mesmo lado que acaba queimado porque, no Brasil, a matéria morta
das estátuas vale mais do que a carne viva dos negros e dos indígenas.
Este é outro ponto do nó. Borba Gato pegou fogo, mas quem queimou foi Galo. Ele assumiu a autoria do ato e
foi preso. Sua mulher, que estava em casa quando a manifestação política foi realizada, chegou a ser presa e só
depois foi libertada. A prisão é agora uma violência a mais em seu corpo preto. No momento em que este texto é
publicado, Galo segue preso. O clamor para que Galo seja solto é muito menor do que deveria porque a maioria
dos que costumam se declarar antirracistas querem que aqueles que lutem o façam com boas maneiras. Queimar
estátuas seria de mau gosto porque, em alguma camada subconsciente, quem tem privilégios tem medo de até
onde pode chegar o fogo. Então, por favor, vamos discutir tudo isso ao redor de uma mesa enquanto você segue
arriscando o seu corpo e eu o compenso com uma boa gorjeta.
No lado oposto, também há um problema. Como posso dizer ao Galo o quanto seu gesto foi extraordinário se
não é o meu corpo que está em risco, mas sim o dele. Penso que é necessário ter cuidado quando quem vai preso é
o outro. Se vou dizer a ele que, sim, que gesto histórico ele fez, preciso estar disposta a botar meu corpo ao lado
do dele, a dividir a prisão com ele. E a questão é que, sendo branca de classe média, isso jamais vai acontecer. Ou
jamais vai acontecer como acontece com ele. O meu risco é infinitamente menor do que o do Galo. Então, não bas-
ta bater palmas a ele. Se é para de fato se colocar ao lado de Galo na luta contra os Borbas Gatos contemporâneos,
num estado em que a sede do Governo se chama Palácio dos Bandeirantes, é preciso que estejamos dispostos a
pagar o preço de protegê-lo das arbitrariedades que virão. O que quero dizer é que não dá para fazer rebelião com
o corpo dos outros.
Um dia antes de Rebeca Andrade ganhar a primeira medalha de prata olímpica da ginástica artística brasileira
nasceu Suzi, uma menina também preta. Ela foi arrancada dos seios de sua mãe preta logo que saiu do útero, no
Hospital Universitário, em Florianópolis, porque o Conselho Tutelar decidiu que Andrielle Amanda dos Santos não
tem condições de criá-la. Adrielle tem apenas um ano a menos que Rebeca, chegou a viver na rua e usar drogas,
perdeu uma filha ainda bebê e perdeu a tutela de duas outras. Segundo reportagem do portal Catarinas, ela foi hu-
milhada durante o parto e impedida de seguir amamentando Suzi, que seguirá para uma instituição. Quando ten-
tou vê-la, disseram que as visitas estavam proibidas. Também os avós paternos foram impedidos de registrar o be-
bê. “Na senzala, levavam as nossas crianças. Daí, os nossos seios, cheios de leite, foram romantizados, e vejam só,
nos chamaram de mães de leite, de mães pretas, apesar das nossas crianças ancestrais terem sido vendidas, se-
questradas”, escreveu em suas redes sociais a professora e intelectual Jeruse Romão. A retirada da filha dos bra-
ços da mãe é considerada por movimentos sociais que apoiam Andrielle como um sequestro pelo Estado baseado
em racismo institucional.
No domingo em que Rebeca fez o salto que a colocou no ponto mais alto do pódio olímpico, Galo estava na
prisão por queimar uma estátua que celebra a escravidão e o extermínio dos corpos dos ancestrais de Rebeca, uma
estátua que celebra o avanço sobre a natureza em busca de ri-
quezas como o ouro da medalha de Rebeca. Uma estátua que
continua lá. Suzi e Andrielle estavam apartadas, a filha preta am-
putada da mãe preta como nos tempos da senzala. Em vez de
políticas públicas para amparar a mãe em dificuldades, sequestro
institucional. Sim, o salto de Rebeca é lindo e significa, mas não
há nenhuma superação. O Brasil segue esmagando os mesmos
corpos, queimando os mesmos corpos, atravessando à bala os
mesmos corpos. Não aviltemos Rebeca e seu salto forjando uma
mistificação redentora que é só isso mesmo, mistificação. Para
cada Rebeca que salta, há milhões de outras agarradas pelas per-
nas para que não possam saltar e violentadas de várias maneiras,
Estátua em homenagem ao bandeirante Borba Gato, em São até mesmo quando dão à luz a suas filhas pretas.
Paulo, danificada após incêndio. LELA BELTRÃO Borba Gato não é uma estátua à toa. Ela segue lá porque represen-
ta. Quem está na cadeia não são seus sucessores contemporâneos,
mas aquele que, em legítima defesa, reagiu a tudo o que os bandeirantes e a exaltação a eles representam. Quem
está na cadeia são os que sempre estiveram na cadeia. Quem está morrendo é quem sempre foi assassinado. Bor-
ba Gato está tão vivo quanto sempre e sua mais mal acabada versão é hoje presidente do Brasil. Se Rebeca conse-
guiu saltar é por representar séculos de resistência contra todas as formas de morte promovidas e apoiadas pelo
Estado brasileiro e suas elites. Não há redenção. Não há superação. Não há meritocracia. Há luta. E há luto. E o luto
tem a cor de Rebeca.
(Disponível em: https://brasil.elpais.com/opiniao/2021-08-03/rebeca-aterrissa-nas-tripas-de-borba-gato.html. Acesso em 04. ago.
2021 às 11h10.)
Texto 01
RODA DE CONVERSA
Texto 02 Texto 04
Texto 03 ANOTAÇÕES:
[...]
Qual o valor de uma vida negra?
Moïse estava empregado em um quiosque na praia da
Barra no Rio de Janeiro, trabalhava durante muitas horas
e recebia pouco, situação essa vivenciada por milhares
de pessoas nesse país, e principalmente ao povo negro,
povo esse que por conta do racismo estrutural está sujei-
to aos subempregos, povo esse que trabalha por jorna-
das exaustivas porque no final do dia precisa alimentar
sua família.
Moïse foi espancada até a morte pura e simplesmente
porque cobrou o pagamento de duas diárias que não ha-
via recebido, dinheiro esse que era fruto de seu trabalho,
trabalho esse mal remunerado e realizado em más condi-
ções, mas que era feito porque era a única opção para
ele naquele momento.
Moïse deixa sua família, amigos, e principalmente sua
mãe, e não há nada no mundo que recupere a perda de
um filho.
Hoje uma mãe preta chora pela perda de seu filho.
Amanhã, outras milhares de mães chorarão também.
Qual o valor da sua vida? Quanto vale o sonho de um jo-
vem negro congolês de 24 anos? DESFIANDO O TEXTO
Bom, duas diárias… Eu acho.
1. O texto aqui apresentado provoca algumas refle-
(Disponível em: https://www.geledes.org.br/a-carne-mais-barata-do- xões acerca do cenário brasileiro, mesclando situações
mercado-continua-sendo-a-carne-negra/. Acesso em: 03 de fev. 2022.
diferentes, mas que encontram pontos em comum de
Adaptado.)
nossa realidade e contexto histórico. Percebemos que
4
TEXTO I —————————
Sobre a autora:
Existe a pandemia e o pandemônio
E a gente sabe muito bem quem é.
Aquele que faz pouco caso pras mortes
e justifica usando a fé.
A tua falta de respeito com a população brasileira me
consome
Ano passado, por causa dos teus desejos mimados,
Mais de 19 milhões de brasileiros passaram fome.
Você tem noção do descaso?
Não tem vacina no braço, nem comida no prato.
Apenas uma febre: que esse corona não nos leve
E uma vontade danada que o diabo carregue essa má
condução.
País que não se cuida do povo pobre
O estômago cola no chão. Fonte da imagem: Arquivo pessoal da cantora
Ah, é! Deus! Tem muito mais que um vírus querendo me (Instagram)
matar:
Ou de fome, ou de sede, o desejo do rico é fazer o po- Cantora, compositora, poetisa e rapper, Bianca Mani-
bre cada vez mais pobre ficar. congo, também conhecida por seu nome artístico Bi-
E, eu te peço, por todas as mães brasileiras que não po- xarte, é bicampeã estadual do Slam da Paraíba, finalista
dem parar o corre do Slam Brasil e ganhadora do Festival de Música da
Se correr, covid pega; se ficar, de fome morre. Paraíba. Aos 18 anos, lançou seu primeiro trabalho mu-
Quantas famílias vão precisar ser dilaceradas para essa sical, chamado "Revolução". E, aos 19, suas mixtapes
vacinação acelerar, "Faces" e "Faces Remix". Além de levar temas relacio-
Enquanto você brinca de ser político? nados à periferia e pretitude para as suas composições,
Tem um plano de extermínio indígena para vocês termi- Bixarte faz de sua vivência, enquanto pessoa trans, de-
narem de executar, né? núncia e reivindicação social por meio de sua voz.
Sônia Guajajara, nós não vamos te abandonar!
Se o penhor dessa igualdade conseguimos conquistar
de braço forte,
Pra o Brasil voltar a sorrir
É impeachment nele e vacina no braço para brecar a
morte.*
1. ‘VEREADORAS TRANS NO BRASIL ENFRENTAM RO- A) Lei Estadual n° 7.309/2003 e seu regulamento,
TINA DE PRECONCEITO, AMEAÇAS E VIOLÊNCIA’ Decreto nº 27.604/2006, proíbem e punem atos de
discriminação em virtude de orientação sexual;
TEXTO II
QUESTÃO 01.
Leia os textos para responder a questão abaixo:
TEXTO I
In: CEREJA, William Roberto. Português: linguagens, 9º. Ano. São
A moda e a publicidade
Paulo: Atual, 2006.
Ana Sánchez de la Nieta
Comparando os dois textos, pode-se dizer que tratam do
[...]
mesmo tema, porém
Se antes os ídolos da juventude eram os desportistas
e os atores de cinema, agora são as modelos. [...]. Se, no
(A) o texto 1 informa sobre o problema da anorexia e o 2,
passado, as mulheres queriam presidir Bancos, dirigir em-
de forma humorística, faz uma crítica à magreza das mo-
presas ou pilotar aviões, hoje muitas só sonham em desfi-
delos.
lar pela passarela e ser capa da “Vogue”.
(B) o texto 1 critica as modelos por seguirem a civilização
A vida de modelo apresenta-se para muitas adolescen-
da imagem e o 2 defende a perspectiva da civilização da
tes como o cúmulo da felicidade: beleza, fama, êxito e
imagem.
dinheiro. [...]
(C) o texto 1 defende as modelos que sofrem de anorexia
[...] Os aspectos relacionados com o físico são engran-
e o texto 2 indica os problemas mais comuns das mode-
decidos. Esta é uma constante da chamada civilização da
los.
imagem, imperante na atualidade. [...] O tipo de atração
(D) o texto 1 explica os problemas decorrentes da anore-
que hoje impera é o de uma magreza extrema. Esta é a
xia e o texto 2 elogia a magreza extrema das modelos.
causa principal de uma enfermidade que ganha cada vez
mais importância na adolescência: a anorexia, uma per-
QUESTÃO 02.
turbação psíquica que leva a uma distorção, a uma falsa
Leia os textos abaixo.
percepção de si mesmo. Na maioria dos casos, esta enfer-
midade costuma começar com o desejo de emagrecer. Se
TEXTO I
alguém se julga gordo sente-se rejeitado por esta razão.
Vaca Estrela e boi Fubá
Pouco a pouco deixa de ingerir alimentos e perde peso.
Patativa do Assaré
No entanto, a pessoa continua a considerar-se gorda,
persiste a insegurança e começa a sentir-se incapaz de
Eu sou filho do Nordeste, não nego meu naturá
comer. Esta enfermidade leva a desequilíbrios psíquicos
Mas uma seca medonha me tangeu de lá pra cá
que podem acompanhar a pessoa para o resto da sua
Lá eu tinha o meu gadinho, num é bom nem imaginar,
vida e em não raras ocasiões provoca a morte.
Minha linda Vaca Estrela e o meu belo Boi Fubá
Quando era de tardezinha eu começava a aboiar
Fonte: http://www.portaldafamilia.org/artigos/artigo346.shtml
Ê ê ê ê la a a a a ê ê ê ê Vaca Estrela,
Ô ô ô ô Boi Fubá.
TEXTO 2
ESCALA DE DESEMPENHO
Atribua uma pontuação ao seu desempenho em cada um dos objetivos apresenta-
dos, segundo a escala:
ATIVIDADE 01
Consigo reconhecer o efeito de sentido decorrente da exploração 4 3 2 1
de recursos ortográficos e/ou morfossintáticos.
ATIVIDADE 02
Consigo reconhecer diferentes formas de tratar uma informação 4 3 2 1
na comparação de textos que tratam do mesmo tema.
ATIVIDADE 03
Consigo distinguir um fato da opinião relativa a esse fato. 4 3 2 1
ATIVIDADE 04
Consigo reconhecer o efeito de sentido decorrente da escolha de 4 3 2 1
uma determinada palavra ou expressão.
DESENVOLVIMENTO PESSOAL
Participei ativamente das aulas 4 3 2 1
Fiz e respondi perguntas pertinentes ao (s) conteúdo (s) estudado 4 3 2 1
(s).
Ainda preciso estudar mais para entender o que foi visto. 4 3 2 1
RESULTADO
Agora, somando todos os pontos atribuídos, verifique seu desempenho geral no
caderno e a recomendação feita por você.
REFERÊNCIAS
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, 2018.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB. 9394/1996. São Paulo: Saraiva,
1996.
Governo da Paraíba. Proposta Curricular do Estado da Paraíba - Ensino Infantil e Ensino Funda-
mental. Secretaria de Estado de Educação, da Ciência e Tecnologia. João Pessoa, 2018.
Governo da Paraíba. Proposta Curricular do Estado da Paraíba - Ensino Médio. Secretaria de Esta-
do de Educação, da Ciência e Tecnologia. João Pessoa, 2021.
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