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A Banda Desenhada como recurso

didático nas aulas de línguas


Centro de Formação de Basto – Escola Básica do Arco de Baúlhe

Sessões 1 e 2 | fevereiro e março de 2020

José António Costa joseacosta@ese.ipp.pt (ESE/PP) | Constança Amador constanca.a.a@gmail.com


OBJETIVOS
• Conhecer a origem e identificar propriedades visuais, linguísticas e textuais-discursivas da Banda
Desenhada, tendo em vista o seu reinvestimento pedagógico-didático;

• Desenvolver a sensibilidade estética a partir do conhecimento e análise de Banda Desenhada, como


ferramenta essencial ao reconhecimento das suas potencialidades pedagógicas;

• Analisar propostas pedagógico-didáticas de aprendizagem de línguas, no que concerne o recurso a


bandas desenhadas;

• Conhecer e criar abordagens multimodais para o ensino de línguas, com recurso à Banda Desenhada,
desenvolvendo uma atitude reflexiva e de investigação face a temáticas e práticas;

• Repensar a planificação de sequências de ensino tendo em conta abordagens de índole multimodal e


baseadas no Enfoque Comunicativo Experiencial.
CONTEÚDOS
1 - A origem da Banda Desenhada.
2 - Características formais da Banda Desenhada
a. Estrutura narrativa (prancha, tira, vinheta, orientação, sequencialização);
b. Propriedades visuais (signos cinéticos, metáforas visuais, cor, corpo de letra);
c. Propriedades linguístico-textuais e discursivas (legenda e cartucho, balão, onomatopeia);
d. Relação Texto/Imagem.
3 - A Banda Desenhada e o ensino de línguas
a. A Banda Desenhada nos documentos orientadores nacionais e europeus do ensino e
aprendizagem de línguas;
b. A Banda Desenhada nos manuais e em outros recursos didáticos;
c. A Banda Desenhada e o desenvolvimento de competências de compreensão escrita e oral e de
expressão oral e escrita.
CONTEÚDOS

4 - A Banda Desenhada como objeto e recurso didático


a. O Enfoque Comunicativo-experiencial e abordagens multimodais;
b. Possibilidades de exploração didática da BD;
c. Percursos didáticos de exploração da BD.
5 - Uso e criação de bandas desenhadas (analógicas / digitais)
a. Conceção/composição de pranchas de Banda Desenhada;
b. Noções básicas de guião – recurso ao Sketchbook.
SESSÕES – CALENDARIZAÇÃO A REVER
Número
Sessão Data Início Fim de horas Formador
1 2020-02-19 18:30 21:30 3 José A. Costa
2 2020-03-04 18:00 21:00 3 José A. Costa
3 2020-03-18 18:00 21:30 3,5 Constança Amador
4 2020-04-15 18:00 21:00 3 Constança Amador
5 2020-04-18 09:30 12:30 3 José A. Costa
6 2020-04-18 14:00 17:30 3,5 José A. Costa
7 2020-05-13 18:00 21:00 3 Constança Amador
8 2020-05-27 18:00 21:00 3 José A. Costa
AVALIAÇÃO

Avaliação resultante de registo de:


- observação direta de participação;
- elaboração de uma banda desenhada;
- elaboração de uma proposta didática;
- apreciação crítica da formação (reflexão individual presencial).
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA

• A noção de competência (Chomsky) aparece tradicionalmente associada ao


conhecimento que os falantes têm do sistema linguístico, por oposição a performance
(uso desse sistema).

• A partir dos anos 60/70, esta noção alarga-se à de competência comunicativa (Dell
Hymes, 1974) e envolve a adequação dos enunciados aos contextos situacionais e
socioculturais, tendo igualmente em conta fatores cognitivos e psicológicos.

• A competência comunicativa compreende, segundo Bitti e Zani (1993), a ADEQUAÇÃO ao


contexto.
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA

• Lyle Bachman (2000) fala em


habilidade comunicativa da
linguagem e considera
diferentes níveis:
• competência linguística
• competência estratégica
• mecanismos psicofisiológicos
COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
• Na sequência de estudos no âmbito das noções de multiculturalidade e de interculturalidade, e pensando no
ensino de línguas estrangeiras, Michael Byram (1997) propõe a noção de competência comunicativa
intercultural, envolvendo a capacidade de construir significados partilhados com quem apresenta
diferentes identidades sociais, bem como a capacidade de interagir com outros compreendidos na sua
complexidade.

“o interlocutor competente veria os seus


conhecimentos da outra cultura aliados à sua
proficiência linguística, sociolinguística e discursiva”
(Melo, 2006: 68).
COMPETÊNCIAS DO SÉC. XXI TIC: LE e LM: cidadania ativa
uso interativo uso adequado em grupo
• As competências do século XXI – relatórios:
• “Key Competences for Lifelong Learning European resolução
aprender
de problemas espírito crítico
Reference Framework” (CE, 2007) a aprender e conflitos
• “Learning for the 21st Century. A Report and Mile Guide
for 21st Century Skills” acesso
empreendedorismo colaboração
à informação
(com base em Sá & Paixão, 2015; Cruz & Orange, 2016)
• “The key competences all emphasize: critical thinking,
creativity, initiative, problem solving, risk assessment,
decision taking and constructive management of feelings” COMUNICAÇÃO

(KeyCoNet, 2013: 1).


PERFIL DOS ALUNOS

• A educação para todos, consagrada como primeiro


objetivo mundial da UNESCO, obriga à consideração da
diversidade e da complexidade como fatores a ter em
conta ao definir o que se pretende para a aprendizagem
dos alunos à saída dos 12 anos da escolaridade
obrigatória.
Guilherme d’Oliveira Martins

• O documento assume uma natureza necessariamente


abrangente, transversal e recursiva.
Introdução
PERFIL DOS ALUNOS

• O perfil dos alunos (ME, 2017) e a


pedagogia por competências:

Los términos aptitudes y habilidades se


encuentran de alguna forma relacionados con
el de competencias, si bien el primero da
cuenta de diversas disposiciones de cada
individuo, el segundo remite a la pericia que ha
desarrollado a partir de tales disposiciones.
Díaz Barriga, 2006, p. 12
PERFIL DOS ALUNOS

• Áreas de Competências:
• natureza diversa: cognitiva e metacognitiva, social e emocional,
física e prática.
• envolvem conhecimento (factual, concetual, processual e
metacognitivo), capacidades cognitivas e psicomotoras,
atitudes associadas a habilidades sociais e organizacionais e
valores éticos para uma efetiva ação humana. (ME, 2017, p.5)

• O perfil dos alunos (ME, 2017) dialoga com os Programas e


Metas Curriculares (2015), mas também com as Aprendizagens
Essenciais (2018), cuja organização reflete os princípios
subjacentes a um ensino da língua por áreas de competências.
PERFIL DOS ALUNOS

• O perfil dos alunos (ME, 2017) e a


renovação dos modelos de ensino:
“(…) las diversas estrategias: aprendizaje situado,
aprendizaje basado en problemas, aprendizaje
colaborativo, adquieren un sentido de posibilidad
que podría ser interesante examinar.
Díaz Barriga, 2006, p. 35

Modelos centrados na informação

Modelos centrados no desempenho


NOVAS PEDAGOGIAS

• Abordagem comunicativo-experiencial

(Shams & Seitz, 2008)

(Shams & Seitz, 2008)


NOVAS PEDAGOGIAS
• Estilos de aprendizagem
NOVAS PEDAGOGIAS

• Abordagem comunicativo-
experiencial
NOVAS PEDAGOGIAS

• Pedagogia da
gamificação
NOVAS PEDAGOGIAS

• Pedagogia da
gamificação
NOVAS PEDAGOGIAS

• Pedagogia da
gamificação
NOVAS PEDAGOGIAS

• Pedagogia da
gamificação –
modelo da Octalysis
(Chou, 2016)
PERFIL DOS PROFESSORES
• As competências e o perfil do professor:
• Funcionar como moderadores, inspirando e guiando os alunos para se descobrirem a eles próprios
• Refletir em voz alta sobre novas descobertas
• Encontrar oportunidades que promovam atividades colaborativas e a consciência de si e dos outros
• Desenvolver atividades criativas para que os alunos expressem o que aprenderam
• Promover o uso de recursos físicos e digitais
• abordar os conteúdos de cada área do saber, associando-os a situações e problemas presentes no
quotidiano da vida do aluno
• organizar o ensino prevendo a utilização crítica de fontes de informação
• promover de modo intencional, na sala de aula e fora, atividades que permitam ao aluno fazer escolhas
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
Filomena Venâncio, 2016
Joana Querido Gomes, 2010

A banda desenhada nos documentos orientadores do ensino:

• O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas (QECRL) defende a necessidade de contemplar fatores
afetivos como a motivação e o envolvimento na aprendizagem de uma língua estrangeira, pronunciando-se desta forma:
• “É provável que a execução de uma tarefa tenha mais sucesso se o aprendente estiver muito empenhado. Um nível
elevado de motivação intrínseca para realizar uma tarefa – em virtude do interesse pela mesma, pela sua pertinência, por
exemplo, para as necessidades reais ou para a execução de uma outra tarefa aparentada (interdependência das tarefas) –
promoverá um maior envolvimento por parte do aprendente” (CONSELHO DA EUROPA, 2001: 222-223) – exemplos: “a
audição, a leitura, a escrita ou a narração oral de textos criativos (...) incluindo banda desenhada”.
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
A banda desenhada nos documentos orientadores do ensino:

• No QuaREPE (2011), refere-se a Banda Desenhada como suporte possível no ensino dos textos escritos e indiretamente
falando-se das imagens como suporte à̀ compreensão de palavras e expressões, identificação do tema e do conteúdo em
textos (A1), interação em breves debates e construção de textos sobre imagens (A2).

• Cadernos de Apoio Leitura e Escrita (Metas Curriculares de Português, 2015)


Objetivo 8. Ler textos diversos.
1. Ler pequenos textos narrativos, informativos e descritivos, poemas e banda desenhada.

• Programas de Português de 2009 - Váris referências, por exemplo, no referencial de textos a utilizar, no 1.º e n o 3.º CEB.

• Programa de Inglês – 10º, 11º e 12º Ano (2001) – referência nos tipos de texto a utilizar no ensino
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
A banda desenhada no ensino – vantagens pedagógicas (em diálogo com as funções estética e lúdica):

• clima de maior distensão e de espontaneidade e a consequente desinibição dos alunos


• facilitam a construção do conhecimento e desenvolvem práticas de socialização.
• associado à ludicidade e à motivação está o humor presente em grande parte dos livros de banda desenhada.
• a introdução da imagem acelera o processo de interpretação. Mais do que ilustrar, a imagem conta, agilizando a
compreensão da narrativa.
• sendo um meio de comunicação de massa, a banda desenhada funciona como um fresco social – instrumento para
trabalhar questões culturais em sala de aula.
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
A banda desenhada – implicações na didática da língua (materna e não materna)
• trabalho com o léxico, especialmente aquele que se emprega normalmente em linguagem coloquial;

• contributos para a didática da oralidade – “El cómic también puede ser de amplia utilidad por su argumento, que puede
ser utilizado como punto de partida para la elaboración de guiones de participación en mesas redondas o debates. A
este respecto, instituciones de salud y asistencia social distribuyen boletines en formatos de historietas que aborden temas
de salud, sexualidad o adicciones, que representan materiales excelentes para la consideración de estas cuestiones en el
aula”. (Borrego, 2002: 3)

• identificação de características relativas à estrutura narrativa;

• estudo das interações entre os elementos linguísticos e não linguísticos.


A BANDA DESENHADA NAS AULAS
§ Interações entre aspetos linguísticos e não linguísticos – EXEMPLO 1
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
§ Interações entre aspetos linguísticos e não linguísticos – EXEMPLO 2
A BANDA DESENHADA NAS AULAS
§ Interações entre aspetos linguísticos e não linguísticos – EXEMPLO 3
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• Bachman, L. F. (2003). A Habilidade comunicativa da linguagem. Linguagem & Ensino, 6, pp. 77-128.
• Bitti, Pio Ricci e Zani, Bruna (1993). A comunicação como processo social. Lisboa: Editorial Estampa.
• Borrego, J. (2002). “El empleo de la historieta como recurso didáctico para la enseñanza del español en la escuela secundaria” in Segundo Congreso
de Imagem y Pedagogía. Mazatlán: Sinaloa.
• Byram, M. (1997) Teaching and Assessing Intercultural Communicative Competence. Clevedon: Multilingual Matters.
• Cruz, M. & Orange, E. (2016). 21st Century Skills In The Teaching Of Foreign Languages At Primary And Secondary Schools. Turkish Online Journal of
Educational Technology. Special Issue for IETC, ITEC, IDEC, ITICAM, pp. 1-12. ISSN: 1303 - 6521
• Díaz Barriga, A. (2006). El enfoque de competencias en la educación. ¿Una alternativa o un disfraz de cambio?. Perfiles Educativos, vol. XXVIII, núm.
111, pp. 7-36.
• Gomes, J. Q. (2010). As potencialidades pedagógicas da banda desenhada nas aulas de Português língua não materna. Porto: FLUP. [Dissertação de
mestrado não publicada]
• Hymes, D. H. (1974). Foundations in Sociolinguistics. Philadelphia: University of Pennsylvania Press.
• Pepper, D. (2013). KeyCoNet 2013 Literature review: Assessment for key competences.
• Melo, S. (2006). Emergência e Negociação de Imagens das línguas em Encontros Interculturais Plurilingues em chat. Aveiro: Universidade de Aveiro
(Tese de Doutoramento).
• Ministério da Educação (2017). Perfil dos alunos à saída da escolaridade obrigatória. Lisboa: ME.
• Sá, P. & Paixão, F. (2015). Competências-chave para todos no século XXI: orientações emergentes do contexto europeu. Interacções, 39, pp. 243-254.
• Venâncio, F. (2016). Utilização da banda desenhada no ensino de Português Língua Estrangeira. Lisboa: FCSH/UNL. [Dissertação de mestrado não
publicada]

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