O documento discute a Lei de Relicitação no Brasil. Ele argumenta que a lei estimula a irresponsabilidade estatal ao transferir o pagamento de indenizações do poder concedente para o vencedor da relicitação. Além disso, a lei cria desequilíbrio entre as partes contratantes ao impor termos de forma unilateral. Uma solução melhor seria promover uma ampla discussão pública sobre os valores envolvidos para chegar a um acordo equilibrado entre as partes.
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2019. DUTRA, Pedro. A Lei de Relicitação estimula a irresponsabilidade estatal - JOTA
O documento discute a Lei de Relicitação no Brasil. Ele argumenta que a lei estimula a irresponsabilidade estatal ao transferir o pagamento de indenizações do poder concedente para o vencedor da relicitação. Além disso, a lei cria desequilíbrio entre as partes contratantes ao impor termos de forma unilateral. Uma solução melhor seria promover uma ampla discussão pública sobre os valores envolvidos para chegar a um acordo equilibrado entre as partes.
O documento discute a Lei de Relicitação no Brasil. Ele argumenta que a lei estimula a irresponsabilidade estatal ao transferir o pagamento de indenizações do poder concedente para o vencedor da relicitação. Além disso, a lei cria desequilíbrio entre as partes contratantes ao impor termos de forma unilateral. Uma solução melhor seria promover uma ampla discussão pública sobre os valores envolvidos para chegar a um acordo equilibrado entre as partes.
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A Lei de Relicitação estimula a irresponsabilidade
estatal Em um regime que aspira à segurança jurídica, não pode haver desequilíbrio entre contratantes
PEDRO DUTRA
05/08/2019 15:37
Crédito: Pixabay
Entre os reiterados anúncios de novas concessões, vê-se o Governo Federal
buscando retomar os contratos de concessão de rodovias que não foram executados.
Dois fatores influentes, e relacionados, surgem nesse contexto. O embate
institucional entre órgãos de controle de jurisdição ampliada, órgãos da Administração Direta, aos quais o serviço concedido está ligado, e órgãos Buscar DUTRA E ASSOCIADOS reguladores setoriais tentando exercer a sua função.
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E, o outro fator, a degradação do instituto da concessão, hoje recipiente de
toda sorte de influência e experimentos, (sobretudo estrangeiros) nele impactados em confronto com a experiência jurídica brasileira.
Nesse quadro inédito da história da Administração Pública do país, em lugar
de, antes, ser feito um estudo, divulgado à sociedade, sobre as causas do problema que ora se quer vencer por meio de uma norma extrema, e sobre a atuação dos diferentes órgãos que intervieram, ou se omitiram, no curso da execução dos contratos, recorre-se ao hábito primário de nossa cultura política: edita-se nova lei salvadora.
A Lei de Relicitação, nº 13.448/2017, além da linguagem pouco técnica
(contrato vira parceria), indefinida (órgão ou entidade competente), contraditória (acordo entre as partes, mas a ser feito nos termos impostos unilateralmente pelo Poder Executivo), a acrescer a insegurança jurídica, traz prescrições altamente questionáveis.
Por exemplo. A lei prevê a adesão, irrevogável e irretratável, pelo
concessionário, à relicitação, devendo em sequência o concessionário aceitar a extinção amigável do contrato que firmou; firmada esta “extinção amigável”, as indenizações devidas ao concessionário pelo Poder Concedente não serão pagas por este, mas pelo eventual vencedor do processo de relicitação[1], que virá a ser contratado.
Qualquer leitor desse texto legal perceberá o estímulo à irresponsabilidade
estatal – seus débitos serão pagos por agentes privados – e, mais grave, a lei fere uma regra milenar dos contratos, privados e públicos: o equilíbrio que deve existir, e ser preservado, entre as partes contratantes.
Em um regime que aspira à segurança jurídica, não pode haver desequilíbrio
entre contratantes, muito menos desequilíbrio prescrito em lei.
Uma das formas de se assegurar a continuidade dos serviços concedidos,
um dever do Poder Concedente fixado na Constituição, seria o órgão regulador do setor promover uma ampla e pública discussão sobre os valores envolvidos, reclamados pelos concessionários e pelo Poder Concedente. Os valores incontroversos poderiam ser liquidados de imediato, Buscar DUTRA E ASSOCIADOS e os valores controversos deixados à decisão do Judiciário ou do juízo arbitral, assegurada a devolução da rodovia ao Poder Concedente para este PODER TRIBUTOS SAÚDE OPINIÃO & ANÁLISE COBERTURAS ESPECIAIS promover a relicitação.
Regras mal importadas, estranhas ao regime da concessão, e, sobretudo,
draconianas, estimularão a ida ao Judiciário frustrando o propósito do governo.
Cabe a advertência de San Tiago Dantas: a edição de normas é um
processo que se desdobra no tempo, colhendo e incorporando diferentes experiências sociais e econômicas, sem a avulsão de valores afirmados. Esses valores jurídicos, afirmados há mais de dois séculos de experiência de concessão de serviços públicos no Brasil, estão a indicar, para superar o impasse existente, uma saída negociada – equilibrada, e não imposta.
[1]Art. 15. § 1º Também poderão constar do termo aditivo de que trata o
caput deste artigo e do futuro contrato de parceria a ser celebrado pelo
órgão ou pela entidade competente: I – a previsão de que as indenizações apuradas nos termos do inciso VII do § 1º do art. 17 desta Lei serão pagas pelo novo contratado, nos termos e limites previstos no edital da relicitação;
ARTIGO - Parcerias Do Estado Com o Terc Eiro Setor - Impacto Da Lei N. 13019.14 Sob o Enfoque Da Insegurança Jurídica e Instabilidade Das Relações - GJO