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Ciúme Patológico

Incluído em 14/02/2005

Em questões de ciúme, a linha divisória entre imaginação, fantasia, crença e certeza


freqüentemente se torna vaga e imprecisa. No ciúme as dúvidas podem se transformar em
idéias supervalorizadas ou francamente delirantes. Depois das idéias de ciúme, a pessoa é
compelida à verificação compulsória de suas dúvidas. O(a) ciumento(a) verifica se a pessoa
está onde e com quem disse que estaria, abre correspondências, ouve telefonemas, examina
bolsos, bolsas, carteiras, recibos, roupas íntimas, segue o companheiro(a), contrata
detetives particulares, etc. Toda essa tentativa de aliviar sentimentos, além de
reconhecidamente ridícula até pelo próprio ciumento, não ameniza o mal estar da dúvida.

Entre absurdos e ridículos, há o caso de uma paciente portadora de Ciúme Patológico que
marcava o pênis do marido assinando-o no início do dia com uma caneta e verificava a
marca desse sinal no final do dia (Wright, 1994). Mais absurda ainda é a história de outro
paciente, com ciúme obsessivo, que chegava a examinar as fezes da namorada, procurando
possíveis restos de bilhetes engolidos (Torres, 1999).

Os ciumentos estão em constante busca de evidências e confissões que confirmem suas


suspeitas mas, ainda que confirmada pelo(a) companheiro(a), essa inquisição permanente
traz mais dúvidas ainda ao invés de paz. Depois da capitulação, a confissão do
companheiro(a) nunca é suficientemente detalhada ou fidedigna e tudo volta à torturante
inquisição anterior.

Os portadores de Ciúme Patológico comumente realizam visitas ou telefonemas de surpresa


em casa ou no trabalho para confirmar suas suspeitas. Os companheiros(as) desses
pacientes vivem dissimulando elogios e presentes recebidos ou omitindo fatos e informações
na tentativa de minimizar os graves problemas de ciúme, mas geralmente agravam ainda
mais.

O que aparece no Ciúme Patológico é um grande desejo de controle total sobre os


sentimentos e comportamentos do companheiro(a). Há ainda preocupações excessivas sobre
relacionamentos anteriores, as quais podem ocorrer como pensamentos repetitivos, imagens
intrusivas e ruminações sem fim sobre fatos passados e seus detalhes.

O Ciúme Patológico é um problema importante para a psiquiatria, que envolve riscos e


sofrimentos, podendo ocorrer em diversos transtornos mentais. Na psicopatologia o ciúme
pode se apresentar de formas distintas, tais como idéias obsessivas, idéias prevalentes ou
idéias delirantes sobre a infidelidade. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC), o ciúme
surge como uma obsessão, normalmente associada a rituais de verificação.

Ciúme - conceito
O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser difícil
a distinção entre ciúme normal e patológico(1). Na verdade, pouco se sabe sobre
experiências e comportamentos associados ao ciúme na população geral, mas num estudo
populacional, todos os entrevistados (100%) responderam positivamente a uma pergunta
indicativa de ciúme, embora menos de 10% reconheceu que este sentimento acarretava
problemas no relacionamento (Mullen, 1994).

Ciúme seria um conjunto de emoções desencadeadas por sentimentos de alguma ameaça à


estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado. As definições de ciúme
são muitas, tendo em comum três elementos:

1) ser uma reação frente a uma ameaça percebida;


2) haver um rival real ou imaginário e;
3) a reação visa eliminar os riscos da perda do objeto amado.
A maneira como o ciúme é visto tem variações importantes nas diferentes culturas e épocas.
Assim, no século XIV relacionava-se à paixão, devoção e zelo, à necessidade de preservar
algo importante, sem conotações pejorativas de possessividade e desconfiança.

Nas sociedades monogâmicas o ciúme se associa à honra e moral, sendo até um instrumento
de proteção da família, talvez um imperativo biológico ou uma adaptação à necessidade de
ciência da paternidade. Até bem pouco tempo atrás, dava-se grande ênfase à fidelidade
feminina, enquanto a infidelidade masculina era mais bem aceita. Mesmo em tempos
modernos, atribui-se um papel positivo a alguma manifestação ciúme, considerando-o um
sinal de amor e cuidado.

O conceito de Ciúme Mórbido ou Patológico compreende vários sentimentos perturbadores,


desproporcionais e absurdos, os quais determinam comportamentos inaceitáveis ou bizarros.
Esses sentimentos envolveriam um medo desproporcional de perder o parceiro(a) para
um(a) rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no
relacionamento interpessoal.

Alguns autores não consideram fundamental para o diagnóstico a crença superestimada da


infidelidade, sendo mais importante o medo da perda do outro, ou do espaço afetivo ocupado
na vida deste, para outros a base do Ciúme Patológico estaria em seu aspecto absurdo, na
sua irracionalidade, e não em seu caráter excessivo (Mooney, 1965).

Em psiquiatria o Ciúme Patológico aparece como sintoma de diversos quadros, desde nos
Transtornos de Personalidade até em doenças francas. Enquanto o ciúme normal seria
transitório, específico e baseado em fatos reais, o Ciúme Patológico seria uma preocupação
infundada, absurda e emancipada do contexto. Enquanto no ciúme não-patológico o maior
desejo é preservar o relacionamento, no Ciúme Patológico haveria o desejo inconsciente da
ameaça de um rival (Kast, 1991).

No Ciúme Patológico várias emoções são experimentadas, tais como a ansiedade, depressão,
raiva, vergonha, insegurança, humilhação, perplexidade, culpa, aumento do desejo sexual e
desejo de vingança. Haveria, clara correlação entre auto-estima rebaixada,
conseqüentemente a sensação de insegurança e, finalmente o ciúme. O portador de Ciúme
Patológico é um vulcão emocional sempre prestes à erupção e apresenta um modo distorcido
de vivenciar o amor, para ele um sentimento depreciativo e doentio. Esse paciente com
Ciúme Patológico seria extremamente sensível, vulnerável e muito desconfiado, portador de
auto-estima muito rebaixada, tendo como defesa um comportamento impulsivo, egoísta e
agressivo.
O potencial para atitudes violentas é destacado no Ciúme Patológico, despertando
importante interesse na psiquiatria forense.

As estatísticas policiais sobre as vítimas do Ciúme Patológico normalmente estão distorcidas,


tendo em vista o fato das mulheres raramente darem queixa das agressões que sofrem por
esse motivo. O Ciúme Patológico pode até motivar homicídios, e muitas dessas pessoas
sequer chegam aos serviços médicos. Para Palermo, a maioria dos homicídios seguidos de
suicídio são crimes de paixão, ou seja, relacionados à idéias delirantes de Ciúme Patológico
(Palermo, 1997). São, geralmente, crimes cometidos por homens com algum problema
psicoemocional, desde transtornos de personalidade, alcoolismo, drogas, depressão,
obsessão, até a franca esquizofrenia.

Ciúme e Doença Mental


Na prática clínica, o primeiro ponto importante quando diante de um indivíduo com
preocupações de ciúme seria avaliar a racionalidade ou não dessas preocupações, assim
como o grau de limitação ou prejuízo que acarretam. O grau de prejuízo costuma ser
diretamente proporcional ao caráter patológico. Não raro, atualmente, as preocupações com
fidelidade não chegam a ser absurdas e muitas vezes são bastante compreensíveis.

A seguir, deve-se buscar um entendimento psicopatológico do sintoma, diferenciar se o


fenômeno se trata de uma idéia obsessiva, prevalente ou delirante. Nesse sentido, é
fundamental avaliar o grau de crítica do indivíduo em relação a essas preocupações. Como
se sabe, uma pessoa pode estar delirante, ainda que o cônjuge de fato o(a) esteja traindo.
Isso ocorre quando a crença na infidelidade for baseada em fatos ou atitudes que em nada a
justifiquem, e se for inabalável e irremovível pela crítica racional.

O terceiro aspecto seria a busca do diagnóstico responsável pelo sintoma, o qual, como
dissemos, pode se tratar de uma obsessão, idéia prevalente ou delírio. Nunca é demais
ressaltar que, da mesma forma que a ocorrência de delírios não implica nenhum diagnóstico
específico, obsessões e compulsões não são sintomas característicos e exclusivos do
Transtorno Obsessivo-Compulsivo.

As obsessões podem acompanhar outros quadros psiquiátricos como, principalmente as


depressões, demências e esquizofrenias. Sintomas depressivos podem ainda ser co-mórbidos
e secundários ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo, o que ocorre com muita freqüência,
dificultando o diagnóstico diferencial.

Além da análise dos sintomas, investigando a natureza da preocupação de ciúme e a força


da crença, é fundamental avaliar também se o sofrimento gerado tanto para o indivíduo
quanto para o cônjuge, o grau de incapacitação no trabalho, na vida conjugal, no laser e na
sociabilidade, ver ainda o risco de atos violentos e a qualidade global do relacionamento.

Deve-se ainda considerar os fatores de predisposição emocional, como por exemplo, os


sentimentos de inferioridade e insegurança, os transtornos psicológicos atuais ou anteriores,
as experiências passadas de separação ou traição, traumas de relacionamento dos pais. Os
fatores precipitantes também merecem atenção, como é o caso do estresse atual, das
perdas, mudanças e comportamentos provocativos do cônjuge. É sempre necessária uma
avaliação cuidadosa e global em cada caso em particular.

O Ciúme Patológico pode coexistir com qualquer diagnóstico psiquiátrico. Entre pacientes
internados os delírios de ciúme foram encontrados em 1,1 % deles. As prevalências
diagnósticas foram as seguintes: psicoses orgânicas em 7%, distúrbios paranóides em 6,7%,
psicoses alcoólicas em 5,6% e esquizofrenias em 2,5% (Soyka, 1995). Em pacientes
ambulatoriais o Ciúme Patológico relaciona-se em grande parte a quadros depressivos,
ansiosos e obsessivos. A maciça maioria dos portadores de Ciúme Patológico, entretanto,
não está dentro dos hospitais e nem nos ambulatórios (Shepherd, 1961).

São bastante conhecidos os delírios de ciúme de alcoolistas, ao ponto desse sintoma ser
considerado, durante algum tempo e por alguns autores, característico do alcoolismo.
Destacava-se a impotência sexual proveniente do alcoolismo como importante fator no
desenvolvimento de idéias de infidelidade, relacionadas a sentimentos de inferioridade e
rejeição.
Nas mulheres, fases de menor interesse sexual ou atratividade física, como ocorre na
gravidez e menopausa, produziriam redução da auto-estima, aumentando a insegurança e a
ocorrência do Ciúme Patológico.

A prevalência do Ciúme Patológico no Alcoolismo gira em torno de 34% (Michael, 1995). A


evolução comum do Ciúme Patológico como sintoma do alcoolismo, pode ser, inicialmente,
apenas durante a intoxicação alcoólica e, posteriormente, também nos períodos de
sobriedade.

Na Esquizofrenia, a prevalência do Ciúme Patológico com características delirantes em


pacientes internados costuma ser de apenas 1 a 2,5%. Seria bem mais freqüente em
transtornos demenciais e em quadros depressivos do que na esquizofrenia (Soyka, 1995).
No Transtorno Paranóide, os delírios de ciúme costumam aparecer em 16% deles (Shaji,
1991).

Pode-se ainda ter o delírio de ciúme bem sistematizado em sua forma pura, sem alucinações
ou deterioração da personalidade, numa apresentação monossintomática. Este quadro
atualmente denominado Transtorno Delirante de Ciúme, seria bem mais raro. No DSM.IV
os Critérios Diagnósticos para Transtorno Delirante (F22.0 - 297.1), onde se inclui o
Transtorno Delirante de Ciúme seriam:
A. Delírios não-bizarros que envolvem situações da vida real, tais como ser seguido,
envenenado, infectado, amado a distância, traído por cônjuge ou parceiro romântico ou ter
uma doença com duração mínima de 1 mês.
B. O critério A para Esquizofrenia não é satisfeito.
Nota: alucinações táteis e olfativas podem estar presentes no Transtorno Delirante, se
relacionadas ao tema dos delírios.
C. Exceto pelo impacto do(s) delírio(s) ou de suas ramificações, o funcionamento sócio-
ocupacional não está acentuadamente prejudicado, e o comportamento não é visivelmente
esquisito ou bizarro.
D. Se episódios de humor ocorreram durante os delírios, sua duração total foi breve
relativamente à duração dos períodos delirantes.
E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos diretos de uma substância, como por
exemplo, uma droga de abuso, um medicamento ou não se deve à uma condição médica
geral (onde se exclui o ciúme do alcoolista).
Especificar tipo (os tipos seguintes são atribuídos com base no tema predominante do(s)
delírio(s):
Tipo Erotomaníaco: delírios de que outra pessoa, geralmente de situação mais elevada, está
apaixonada pelo indivíduo.
Tipo Grandioso: delírios de grande valor, poder, conhecimento, identidade ou de relação
especial com uma divindade ou pessoa famosa.
Tipo Ciumento: delírios de que o parceiro sexual do indivíduo é infiel.
Tipo Persecutório: delírios de que o indivíduo ou alguém chegado a ele está sendo, de algum
modo, maldosamente tratado (grifo meu).
Tipo Somático: delírios de que a pessoa tem algum defeito físico ou condição médica geral.
Tipo Misto: delírios característicos de mais de um dos tipos acima, sem predomínio de
nenhum deles.
Tipo Inespecífico.

Há vários anos suspeita-se que o Transtorno Obsessivo-Compulsivo poderia se manifestar


como Ciúme Patológico. Nesse caso os pensamentos atrelados ao Ciúme Patológico seriam
indistinguíveis dos pensamentos obsessivos. Os pensamentos de ciúme seriam ruminações e
as buscas por evidências da infidelidade, rituais compulsivos de verificação. Muitos pacientes
teriam crítica e constrangimento por esses pensamentos e se esforçariam para afastá-los.
Albina torres et al citam a famosa frase de Barthes em Fragmentos de um discurso amoroso:
"Como homem ciumento eu sofro quatro vezes: por ser ciumento, por me culpar por ser
assim, por temer que meu ciúme prejudique o outro, por me deixar levar por uma
banalidade; eu sofro por ser excluído, por ser agressivo, por ser louco e por ser
comum"(Torres, 1999).

De algum tempo para cá, vários autores têm sugerido a relação entre Ciúme Patológico e
Transtornos Obsessivo-Compulsivos (Shepherd, 1961). Desta forma, pensamentos de ciúme
podem ser vivenciados como excessivos, irracionais ou intrusivos e podem levar a
comportamentos compulsivos, tais como os de verificação compulsiva. Ao se considerar os
tipos Ciúme Patológico, podemos observar que, enquanto no Ciúme Delirante o paciente está
solidamente convencido da traição, no Ciúme Obsessivo ele sentirá dúvidas e ruminações
sobre provas inconclusivas, em que certeza e incerteza, raiva e remorso alternam-se a cada
momento.

É importante ressaltar que em estudos sobre TOC, o tema do Ciúme Patológico é pouco
abordado, possivelmente por não ser um sintoma muito típico, e em trabalhos que estudam
o Ciúme Patológico em geral, sua apresentação como uma manifestação sintomatológica do
TOC também é pouco enfatizada, talvez por não estar entre os sintomas mais freqüentes.

Sob vários aspectos constata-se que os pensamentos de ciúme partilham várias


características com os pensamentos das obsessões: são freqüentemente intrusivos,
indesejados, desagradáveis e por vezes considerados irracionais, em geral acompanhados de
atos de verificação ou busca de reasseguramento. Os indivíduos que avaliam suas atitudes
como inadequadas ou injustificadas teriam mais sentimentos de culpa e depressão, enquanto
os demais apresentariam mais raiva e comportamentos violentos.

Os pensamentos ou ruminações obsessivas de ciúme diferem das suspeitas de ciúme na


medida em que são facilmente reconhecidos pelo paciente como ego distônicos, ou seja,
irracionais e associados à resistência e culpa, enquanto as preocupações mórbidas são
sintônicas, consistentes com o estilo de vida e centradas em problemas realísticos do
indivíduo, raramente resistidas e só algumas vezes associadas à culpa.

Assim, nos pacientes obsessivos as preocupações de ciúme tipicamente envolvem maior


preservação da crítica, mais vergonha, culpa e sintomas depressivos, menor agressividade
expressa e muitas ruminações e rituais de verificação sobre acontecimentos passados. De
fato, há casos em que predominam comportamentos relacionados à depressão, tais como:
retraimento, dependência e maior demanda por demonstrações afetivas, por vezes
alternados com raiva, ameaças e agressões.

O ciúme considerado normal dá-se num contexto interpessoal, entre o sujeito e o objeto,
enquanto o ciúme no Transtorno Obsessivo-Compulsivo seria intrapessoal, só dentro do
sujeito. O ciúme normal envolveria sempre duas pessoas, e os pacientes melhorariam
quando sem relacionamentos amorosos (Parker e Barret, 1997).

No Ciúme Patológico o amor do outro é sempre questionado e o medo da perda é


continuado, enquanto no amor normal (ou ideal) o medo não é prevalente e o amor não é
questionado. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo há sempre dúvida patológica com
verificações repetidas, mesmo fenômeno que se observa no Ciúme Patológico. O medo da
perda é também um sintoma proeminente no TOC, tanto quanto no Ciúme Patológico. Neste,
a perda do ser amado não diz respeito à perda pela morte, como ocorre num relacionamento
normal, mas o temor maior, o sofrimento mais assustador é a perda para outro(a).

Segundo o DSM.IV, as Obsessões, seriam definidas por:


(1) pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento
durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e inadequados e causam
acentuada ansiedade ou sofrimento.
(2) os pensamentos, impulsos ou imagens não são meras preocupações excessivas com
problemas da vida real.
(3) a pessoa tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens, ou
neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação.
(4) a pessoa reconhece que os pensamentos, impulsos ou imagens obsessivas são produto
de sua própria mente (não impostos a partir de fora, como na inserção de pensamentos).

A ausência do termo ciúme nesses critérios seria o maior responsável pela relutância de
muitos autores em diagnosticar o TOC em casos cuja apresentação é centrada em
preocupações de infidelidade. Apesar de haver temas de idéias obsessivas mais freqüentes
no TOC, as possibilidades de conteúdos obsessivos e rituais compulsivos são infindáveis. Não
há também nenhuma regra proibindo as idéias obsessivas de envolverem o tema ciúme com
a mesma força que envolve a contaminação, sujeira, doença, etc.

Devido a essa resistência em se considerar o Ciúme Patológico como um Transtorno


Obsessivo-Compulsivo normal com a diferença única no tema da idéia obsessiva, existem
termos variantes do TOC, tais como Ciúme Obsessivo, Ciúme Obsessivo-Suspeitoso, forma
Obsessivo-Compulsiva de Ciúme Patológico ou Ciúme com Características Obsessivas,
evitando-se falar diretamente em Transtorno Obsessivo-Compulsivo. Talvez pelo tema ciúme
ter forte natureza paranóide, a aproximação mais natural do transtorno seria com idéias
delirantes e quadros tradicionalmente psicóticos.

Para referir:
Ballone GJ - Ciúme Patológico - in. PsiqWeb, Internet, disponível em
www.psiqweb.med.br , revisto em 2005

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