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Doenças e Tratamentos

Conheça os principais vilões da alergia alimentar

Esta situação é mais corriqueira do que parece. Ao ingerir determinado alimento, sintomas
desagradáveis como diarreia, coceira, tosse e chiado no peito começam a aparecer. Esses são os
principais efeitos da alergia.

Os sintomas mais comuns de reação alérgica a alimentos são diarreia e cólica

De acordo com médica Neusa Falbo Wandalsen, coordenadora do Setor de Alergia e Imunologia
Clínica do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina do ABC, a alergia nada mais é
do que a resposta de um indivíduo a determinadas substâncias, que normalmente são inofensivas
para outros. Isso ocorre, por exemplo, em uma festa em que todos comeram camarão, mas
apenas uma pessoa apresentou coceiras e manchas vermelhas na pele. Trata-se de resposta
alérgica e a pessoa em questão apresentou urticária.
A médica alerta que não é possível classificar o tipo de alimento e sintoma alérgico causado, pois
variam muito para cada paciente. Nas alergias alimentares, os principais são digestivos e
intestinais, como diarreia, cólica, dor abdominal e obstipação intestinal; cutâneos, como urticária e
eczema (inflamação da pele com muita coceira e placas avermelhadas, com ressecamento e
crostas); anafilaxia, também chamado de choque anafilático, um episódio grave que reúne
sintomas como falta de ar, queda da pressão arterial e inchaço; e respiratórios, mais raros, mas
que aparecem em forma de tosse e chiado no peito.
De acordo com Melissa Carpi, engenheira de alimentos da Jasmine Alimentos, as pessoas
frequentemente apresentam mais de uma dessas manifestações ou as mesmas vão se
alternando. Por exemplo, na infância o principal sintoma é a diarreia; na adolescência, rinite; e no
adulto, coceira na pele.
A primeira medida terapêutica é chegar a um diagnóstico correto. Para isso, são realizadas
avaliações clínicas e laboratoriais completas, que englobam testes alérgicos, consultas
ambulatoriais e exames de sangue específicos para pesquisa de alergias. Depois, conhecendo-se
as causas, o próximo passo é afastá-las o mais completamente possível. “No caso de substâncias
inalantes fica mais difícil, porque as pessoas transitam por outros locais além da sua casa, como
escola, ônibus, locais de trabalho etc”, afirma a Neusa.

Tratamento
O tratamento medicamentoso vem a seguir, e depende do tipo da alergia. Anti-histamínicos,
higiene nasal e corticosteroides tópicos são indicados para a rinite. Em crianças, são necessários
alguns cuidados, como higiene nasal mais frequente, maior ingestão de líquidos, remédios
apropriados para a faixa etária, atenção às infecções secundárias ao processo alérgico e
prevenção com as vacinas disponíveis. “As vacinas de alergia são eficazes quando bem indicadas
e na impossibilidade de se afastar os alérgenos da vida do paciente. São indicadas para o
tratamento de asma, rinite, conjuntivite alérgica e alergias a insetos picadores, como abelhas,
vespas e formigas”, explica Neusa Falbo.
Vale ressaltar que quando se trata de uma alergia a medicamento é preciso sempre alertar o
médico, mesmo que você esteja tratando de outro problema. E jamais se automedicar.
Intolerância
A alergia alimentar é uma reação causada por um mecanismo do sistema imunológico, ou seja, do
sistema de defesa do organismo que o defende de forma errada e causa uma doença. Já a
intolerância alimentar caracteriza-se pelas reações não causadas por mecanismos imunológicos e
dependem das propriedades farmacológicas do alimento ou das características do paciente. Por
exemplo, quem tem intolerância à lactose apresenta na verdade uma reação ao açúcar do leite
por falta da enzima lactase no organismo. A lactase ajuda a digerir a lactose e sem ela ocorrem
má digestão e diarreia.
O endocrinologista Alfredo Cury, do Spa Posse do Corpo, afirma que não é sempre que é preciso
banir determinado alimento da dieta. Por isso, ele sugere composições com menos teor de
lactose, encontradas com certa facilidade no mercado.
A seguir veja os principais alimentos que causam alergias alimentares.
1. Leite
Cerca de 90% dos casos de alergia alimentar estão relacionados ao leite de vaca e surgem na
infância precoce. Ao contrário da intolerância à lactose, distúrbio que envolve apenas a deficiência
de uma enzima, a alergia às proteínas do leite envolve uma resposta maior do sistema
imunológico. Tal resposta pode ser imediata (os sintomas aparecem poucas horas após o
consumo) ou tardia (os sinais podem levar de três horas a três dias para aparecer). A alergia
tardia ao leite de vaca é a mais comum e, por seus sintomas aparecerem muito tempo depois do
consumo do alimento, tem seu diagnóstico bastante dificultado.
2. Ovo
A albumina, proteína do ovo, é usada em marshmallows, comidas congeladas e outras misturas
para alimentos. A clara também está entre os principais alimentos alérgenos.
3. Trigo, aveia, cevada e centeio
O glúten presente nesses alimentos pode causar alergia a crianças portadoras de doença celíaca.
4. Peixe
O peixe estragado apresenta altos teores de histamina (que causa reação alérgica intensa),
mesmo antes que haja alteração do sabor.
5. Frutos do Mar
Caranguejo, lagosta e camarão podem desencadear reações severas de alergia. Na China, por
exemplo, ocorrências alérgicas pela ingestão de camarão são as mais comuns.
6. Tomate
A reação alérgica a tomate está normalmente associada ao uso muito frequente desse alimento
na dieta.
7. Frutas cítricas
Pessoas alérgicas a frutas cítricas podem facilmente apresentar carência de vitamina C. Nesse
caso, é preciso recorrer a uma fonte suplementar dessa vitamina.
8. Refrigerante à base de cola e chocolate
A sensibilidade a esses alérgenos é facilmente identificada.
9. Leguminosas
Soja, ervilha e feijões também estão na lista dos alimentos que mais podem causar alergias.
10. Milho
O milho, além de outras fontes como amido de milho, óleo de milho e farinhas à base do grão
podem acarretar problemas alérgicos.
11. Castanhas e amendoim
Quando não controladas, as aflatoxinas presentes nestes alimentos podem causar reação
alérgica.
12. Temperos
Entre as principais especiarias da culinária, a canela é um alérgeno comum.
13. Aditivos alimentares
Corantes, conservantes e aditivos artificiais são alérdenos. Sulfitos, aditivos muito comuns
utilizados em picles, cervejas, vinhos, refrigerante de cola, frutas e vegetais secos, cerejas ao
marrasquino, batatas secas ou congeladas também podem provocar reações alérgicas.
14. Fermento natural
O fermento natural, muito presente em pães, também pode trazer reações alérgicas no
organismo.
Tratamento Natural nas Alergias Alimentares

Quando falamos de alergias alimentares, geralmente o que vem primeiro à mente são aquelas
reações mais clássicas como prurido e vermelhidão da pele, edemas pelo corpo etc. Esses são
sinais clássicos do que chamamos de alergia imediata, mas queremos lembrar que além deste,
existe um outro tipo de alergia muito mais comum, que corresponde a cerca de 98% das alergias
alimentares: são as alergias tardias, que recebem esse nome porque seus sinais se manifestam
entre 2 e 72 horas depois do contato com o alimento (1).
Diferente das alergias imediatas (que se manifestam imediatamente ou até 8 horas depois do
contato com o alimento, com grande atuação das imunoglobulinas do tipo E), as tardias nem
sempre têm diagnóstico fácil, exatamente pela dificuldade de se saber exatamente qual alimento a
causou. Com prevalência das imunoglobulinas do tipo G, os seus sinais podem aparecer de
diversas formas, seja por problemas respiratórios (rinite, bronquite, sinusite), otite, enxaqueca,
insônia, hiperatividade, ansiedade, depressão, dermatites, micoses, obesidade etc (1).
Seja qual for o tipo de alergia diagnosticada, a primeira conduta do tratamento é a exclusão total
do alimento alergênico por período que varia conforme a gravidade do caso (1,2). Há casos em
que a exclusão total precisa ser permanente, principalmente quando o alimento coloca em risco a
vida do paciente.
Confira os principais alimentos alergênicos e as sugestões de substitutos no tratamento (1, 2, 3, 4,
5, 6):

Alimento alergênico Sinais da alergia Sugestões para substituir

Leite e derivados Problemas respiratórios Couve, rúcula, mostarda,


(especificamente as (rinite, bronquite, sinusite, repolho, gergelim, brócolis,
proteínas caseína e asma, etc) e outras doenças tofu (queijo de soja)
lactoglobulinas) crônicas como diabetes e
artrite reumatóide

Trigo, aveia, cevada e Hiperatividade, depressão, Arroz e derivados (como


centeio (alimentos com infecções, dores musculares farinha de arroz), quinua,
glúten) (fibromialgia, por exemplo), trigo sarraceno, milho e
doenças auto-imunes derivados, inhame, mandioca
e derivados como a fécula

Ovos (proteínas ovalbumina, Insônia, sinusite, infecções Quinua, levedo de cerveja,


conalbumina) cereais integrais (arroz
integral, trigo sarraceno,
milho)

Soja Urticária, infecções Feijão azuki, ervilha, grão de


bico

Aditivos alimentares:

- tartrazina (corante Asma, urticária Sucos naturais, gelatina de


amarelo presente em ágar-ágar (natural), doces
gelatinas, balas e sucos naturais de frutas (sem
artificiais) aditivos químicos)

- sulfitos (conservadores de Asma, urticária Doces naturais de frutas


frutas secas, vinhos e sucos (sem aditivos químicos),
artificiais). Ex: metabissulfito frutas in natura e liofilizadas
de sódio (sem aditivos artificiais), suco
concentrado de uva (de
preferência, orgânico)

- glutamato monossódico Enxaqueca, depressão Ervas naturais (para


(realçador de sabor presente temperos), molhos caseiros,
em temperos e molhos macarrões instantâneos
artificiais, macarrões integrais com temperos
instantâneos convencionais, naturais (sem glutamato)
salgadinhos tipo snacks etc)
Outro ponto importante, que costuma causar confusão mesmo entre os profissionais é a diferença
entre alergia e intolerância alimentar. A alergia é uma reação imunitária que acontece a partir do
contato com as proteínas do alimento, já a intolerância refere-se a qualquer resposta anormal do
organismo a um alimento ou aditivo, mas que não ativa o sistema imunitário (2). Um exemplo
clássico dessa diferença é a alergia ao leite (citada na tabela acima) e a intolerância à lactose,
que acontece no trato digestório, quando há falta da enzima lactase (que digere a lactose). Os
sinais mais comuns da intolerância à lactose são diarréia, flatulência e sensação de estufamento
abdominal.
Tanto o diagnóstico das alergias quanto das intolerâncias não costuma ser simples, até porque,
principalmente no caso das alergias tardias, deve-se considerar outros fatores como
predisposição genética, exposição ambiental, fatores emocionais etc. A tarefa do nutricionista
clínico e do médico é fazer uma avaliação bem detalhada para trazer melhores resultados no
tratamento.

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