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O idealismo alemão surge posterior ao pensamento de Kant ser divulgado e teve como
preclaros Fitche, Scheling e Hegel. Esta corrente de pensamento dá origem a uma atmosfera
que abarcará diversos seguimentos, filosóficos, literário e também artístico: o romantismo.
A principal característica do idealismo e do romantismo é uma sede insaciável pelo infinito,
uma vontade de pertença a uma totalidade que ultrapassa a dimensão do entendimento. E
como consequência disso haverá um rompimento com a inacessibilidade da coisa em si e uma
insatisfação com a dicotomia sujeito e objeto.
A relação entre sujeito epistêmico e fenômeno é negada. No titanismo (característica do
Romantismo) percebemos que nessa corrente há como “contrapartida negativa a
inaceitabilidade do finito ou a impossibilidade de satisfazer-se com ele. Nessa inaceitabilidade
(ou insatisfação) estão as raízes da atitude de rebeldia contra tudo o que parece ser ou é limite
[...] (ROMANTISMO, 2012, p. 1019).
“O culto e a exaltação do infinito, o fato de não se contentar com menos que a infinidade,
constituem características marcantes do espírito romântico.” (ROMANTISMO, 2012, p.
1019).
Fiche, querendo completar a obra de Kant, faz uma passagem do “eu penso” Kantiano
(fundamento para que as sínteses aconteçam) para o “Eu puro” criador (intuição intelectual).
Para Kant o objeto (a coisa-em-si) é exterior a mim, por isso nunca terei capacidade de
conhecê-lo (dicotomia). Para Fichte o objeto não está fora de mim, eu apenas o percebo
fora de mim. Existe um eu criador, uma inteligência universal, um eu autoposto, uma
“força pela qual o mundo é produzido” (ROMANTISMO, 2012, p. 1017). Para Fichte o
“não-eu” (exterioridade) existe como criação do Eu puro.
Esse “Eu” pode ser identificado também como Eu infinito, Eu criador, como Autoconsciência
Absoluta (em Fitche), como Absoluto (Schelling) Ideia (em Hegel), mas todos esses termos
são identificados como “Princípio espiritual criativo”, constituindo a própria substância do
mundo. (ROMANTISMO, 2012, p. 1017)
O idealismo nega tudo que transcende o espírito, para ele tudo é ideia no mundo, ideia que
não provém de outrem senão do espírito.O panteísmo influência nesse processo, pois diz que
Deus está em tudo, e o espírito também estará em tudo. Não se está satisfeito só com o
fenômeno, mas quer a totalidade. É pela intuição que se alcançará o infinito.
“Fichte concebe idealisticamente toda a realidade, tanto espiritual quanto material, como uma
forma de produção do eu. Trata-se, naturalmente, de um eu universal, absoluto,
transcendental, isto é, Eu puro, de que o eu empírico, os diversos "eus empíricos"
seriam concretizações particulares, no tempo e no espaço.” (SLIDE 9)
Trata-se de um eu universal, absoluto, transcendental,” que cria tudo, desta forma, tudo está
reduzido à imanência do espírito. Por causa disto, até mesmo o que julgamos estar fora de nós
está, na verdade, nesse eu justamente por ser criatura dele. “Este computador não é exterior a
mim, posto que ele é criação do eu puro. Ao contrário ele está em mim.”
O processo chamando de consciência imediata ou intuição é que possibilita apreendermos a
unidade do cosmos. Esse processo só é possível quando o “eu empírico” é capaz de um
mínimo de atenção e, assim, retorna da atividade para dentro de si mesmo, reunindo toda
realidade na egoidade. O que nos leva ao erro de acharmos que o não-eu está fora de mim é a
mediação feita pelo entendimento quando os sentidos captam algo. É esse entendimento que
julga o não-eu como fora de mim.
É aqui que se dá a marca maior da passagem do criticismo Kantiano para o Idealismo alemão:
pelo fato de o sujeito e objeto serem um só no espírito, pois ambos são criação do Eu
absoluto, o limite de apreensão do que é externo é totalmente superado. Mergulhado no
espirito com aquilo que lhe é exterior, o sujeito epistêmico não vê limite para conhecer
qualquer coisa.
Não há separação entre sujeito e objeto e toda consciência do objeto também e
autoconsciência, pois tudo faz parte de um mesmo espírito. Somente o eu-empírico pode ter
consciência do não eu e é capaz de inteligí-lo como um consigo.
REFERÊNCIAS
ABBAGNANO, N. Dicionário de Filosofia. Tradução de Alfredo Bosi. 6. ed. São Paulo:
Editora WMF Martins Fontes, 2012.