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O mercado financeiro continua o movimento de revisar para baixo a projeção para a inflação deste
ano, mas subir a do próximo, mostram dados do Relatório Focus divulgados nesta segunda-feira (8).
A estimativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 2022 caiu de 7,15% na semana
passada para 7,11% hoje, mas a de 2023 subiu de 5,33% para 5,36%. É a 6ª semana seguida de queda
na expectativa para este ano, mas a 17ª de alta para a de inflação do próximo ano.
Já a previsão para o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) deste ano subiu marginalmente, de
1,97% para 1,98%, aponta o levantamento semanal do Banco Central com mais de 100 instituições
financeiras. Para o próximo, a projeção ficou estável em 0,40% (após várias semanas de queda).
O mercado também manteve as estimativas para a Selic e para o câmbio de 2022, 2023, 2024 e 2025
(uma taxa básica de juros de 13,75%, 11%, 8% e 7,50% e um cãmbio de US$ 1 igual a R$ 5,20, R$ 5,20,
R$ 5,10 e R$ 5,15, respectivamente).
O movimento de queda da inflação neste ano mas alta no próximo é efeito das medidas aprovadas no
Congresso Nacional recentemente, com apoio do governo federal, para baixar os preços dos
combustíveis e da conta de luz e estimular a economia a poucos meses da eleição.
Apesar dos efeitos benéficos no curto prazo, as medidas tendem a piorar a inflação no médio e longo
prazos (e aumentam a desconfiança do mercado com o controle de gastos e compromisso fiscal do
governo). Além disso, a economia deve começar a desacelerar neste segundo semestre, como efeito
da alta de juros iniciada pelo BC em março do ano passado para controlar a inflação.
Dados Economicos da Semana
Resumo Inflação
O IPCA de julho apresentou queda de -0,68% m/m, abaixo dos -0,65% m/m esperados pelo
consenso de mercado, com desaceleração relevante ante a leitura do mês de junho, de 0,67 %
m/m. A queda dos preços Administrados (Energia Elétrica e Combustíveis) foram os principais
responsáveis pela deflação no mês. Além disso, a surpresa baixista em relação ao esperado
se deu, especialmente, no grupo de Produtos Industriais, que apresentou deflação no mês (-
0,11% m/m) e aceleração abaixo do esperado em Alimentação.
O CPI dos EUA (inflação ao consumidor), apresentou estabilidade (0,0% m/m), abaixo do 0,2%
m/m esperado pelo consenso de mercado e abaixo do desvio padrão das estimativas (0,1%),
desacelerando em relação ao mês de junho (1,3% m/m). O movimento se deu pela dissipação
da alta em Energia, Vestuário e Passagens aéreas.
O IGP-M apresentou arrefecimento em relação ao último mês, com uma alta de 0,21% m/m
ante 0,29% m/m esperado pelo consenso, impactado pela redução de impostos federais e
estaduais e queda nos preços das commodities.
IPCA
Embora o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) tenha registrado deflação
de 0,68%, em julho, o grupo de alimentos e bebidas seguiu com alta de preços. Segundo o
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que divulgou hoje (9) os dados da
inflação oficial do país, a alta de 25,46% no leite longa vida e de 14,06% em leites e
derivados, pressionou o grupo, que ficou 1,30% mais caro no mês.
De acordo com o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov, o grupo teve a maior variação positiva
no mês, após subir 0,80% em junho, impactado pelo período de entressafra do leite, que
está sendo mais forte do que nos últimos anos, e também pelo aumento do custo aos
produtores, incluindo transporte e energia elétrica.
setembro, outubro, quando as pastagens estão mais secas e prejudica a oferta do produto.
Mas também por uma alta dos custos ao produtor, como o de ração animal, principalmente
soja e milho, e de fertilizantes e outros insumos. Vamos lembrar que dois grandes
exportadores de insumos agrícolas são a Rússia e a Ucrânia, então a exportação foi
prejudicada com o advento da guerra no início do
Em junho, o leite longa vida já havia subido 10,72%. No acumulado do ano o produto ficou
77,84% mais caro e em 12 meses a alta é de 66,46%. Também subiram em julho derivados
como o queijo (5,28%), a manteiga (5,75%) e o leite condensado (6,66%). Com a alta do leite,
a alimentação no domicílio acelerou de 0,63% em junho para 1,47% em julho. Já a
alimentação fora do domicílio desacelerou de 1,26% em junho para 0,82%.
As frutas tiveram alta de 4,40% no mês e acumulam aumento de 35,36% em 12 meses. Por
outro lado, tubérculos, raízes e legumes tiveram queda de 15,62% em julho, com destaque
para o tomate (-23,68%), a batata-inglesa (-16,62%) e a cenoura (-15,34%). Porém, no
acumulado de 12 meses o tomate ficou 7,45% mais caro, a batata-inglesa 66,82% e a
cenoura está custando 37,82% a mais do que há um ano. A cebola acumula alta de 75,15%
no período.
CPI EUA
O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, referente ao mês de julho,
surpreendeu e veio abaixo do projetado por economistas. Na leitura mensal do dado, o CPI ficou
com variação zero em julho, enquanto avançou 8,5% na base de 12 meses, segundo dados
divulgados nesta terça-feira pelo escritório de estatísticas do trabalho no país. Houve uma
desaceleração tanto na comparação mensal quanto na anual, já que em junho o número na
margem foi de 1,3%, enquanto o acumulado ficou em alta de 9,1%.
O núcleo do CPI, que exclui a parte mais volátil de preços de alimentação e energia teve uma ligeira
alta de 0,3% em julho ante junho, desacelerando em relação à alta de 0,7% de junho. A expectativa
era de que o avanço de julho fosse de 0,5%. Na base anual, o núcleo do CPI anotou alta de 5,9%,
mantendo uma estabilidade em relação ao último mês. A expectativa dos economistas
Atá do COPOM
De acordo com a autoridade monetária, há vários canais pelos quais a política fiscal pode
afetar a inflação, incluindo seu efeito sobre a atividade, preços de ativos e expect ativas de
inflação.
Embora as medidas aprovadas tenham validade apenas até dezembro deste ano, o
presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, líderes nas pesquisas
de intenção de voto, já prometeram que manterão o Auxílio Brasil em 600 reais em 2023,
se eleitos.
devem dificultar uma avaliação mais precisa sobre o estágio do ciclo econômico e dos
impactos da política monetária
Após subir a taxa básica de juros em 0,5 ponto percentual na semana passada, a 13,75%
ao ano, e indicar que poderá encerrar o agressivo ciclo de aperto com um ajuste menor em
setembro, o BC acrescentou nesta terça que avaliará se somente a perspectiva de
manutenção da taxa básica de juros por um período suficientemente longo assegurará o
cumprimento de seu objetivo.
O tom é mais leve do que o comunicado da reunião anterior, quando o Bacen disse que
apenas manter a Selic em patamar elevado por período longo não seria suficiente.
magnitude, na próxima reunião, com o objetivo de trazer a inflação para o redor da meta
As metas de inflação são de 3,50% em 2022, 3,25% em 2023 e 3,0% em 2024, sempre com
margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
RISCOS GLOBAIS
Em seu balanço de riscos, o Copom citou maior persistência das pressões globais e
incerteza sobre o arcabouço fiscal como fatores que podem elevar os preços e as
expectativas de inflação no país. No sentido oposto, mencionou uma reversão da alta das
commodities e uma desaceleração da atividade mais forte do que a projetada.
Moedas
Produção e investimento