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25/08/2021 O DESAFIO DA INFLAÇÃO E DOS JUROS

O DESAFIO DA INFLAÇÃO E DOS


JUROS
O Estado de S. Paulo · 22 agosto 2021

Não foi uma semana fácil para o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. O comandante
da política de juros no Brasil teve de fazer várias aparições públicas para transmitir confiança de que
o BC vai controlar o processo de aceleração da inflação em meio à piora dos indicadores do mercado.
Na sexta-feira, o dólar, por exemplo, chegou a atingir um patamar próximo de R$ 5,50, e acabou fe
chando em R$ 5,38.

“Temos os instrumentos, podemos fazer o trabalho. Estamos comunicando ao mercado com mais
transparência como usamos nossos instrumentos”, disse Campos Neto, na quinta-feira, 19, com a
mensagem de que fará tudo o que for possível e necessário para atingir a meta de inflação em 2022.
Um trabalho também de coordenação das expectativas futuras da inflação, esforço que, como ele pró
prio admitiu, está sendo atrapalhado por um “fiscal descontrolado”.
Se o presidente Jair Bolsonaro contava com uma atividade econômica em recuperação e números
mais robustos para pavimentar seu caminho à reeleição, esse cenário está cada vez mais distante. A
espiral negativa é alimentada por ruídos políticos provocados pela percepção de que o presidente vai
gastar mais para se reeleger, o que eleva a volatilidade do mercado e provoca a alta do dólar, que im
pacta ainda mais a inflação, renovando o círculo vicioso negativo.
o alta do e apontavam, mês O mercado meses. acumulada IPCA, passado índice E não pior: na de em
param última oficial, 8,99% as 0,96%, previsões de pesquisa fechou em subir com doze 7,05% 3,90%
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um do Copom. segurar a atividade a É disseminação uma medida da economia da para eleva- esfriar e
ção é menos dos preços. crescimento A consequência em 2022. “Há diz uma Antonio tempestade Cor
rêa perfeita”, de Lacerda, Federal presidente de Economia do Conselho (Cofecon) de pós-graduação e
professor do em Programa Economia Política da PUC de São Pau- lo. Lacerda lembra que a divul- ga
ção do PIB no primeiro tri- mestre gerou euforia, mas, reti- rando o efeito estatístico, o cres- cimento
não será muito diferen- te do padrão de 2017-2018- 2019, ao redor de 1,5%.
A crise hídrica, que afeta os preços de alimentação e abaste- cimento de energia, chegou pa- ra com
plicar. “A crise hidrológi- ca tem um impacto grande so- bre a capacidade de expansão do PIB”, diz
Fabio Terra, profes- sor de economia da Universida- de Federal do ABC (UFABC).
https://digital.estadao.com.br/article/282312503153009 1/1

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